Coração de Porcelana escrita por Monique Góes


Capítulo 26
Capítulo 25 - Trato Feito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625258/chapter/26

Capítulo 25 – Trato Feito

— O que você está fazendo aqui?

Jim olhou para seu irmão, enquanto lhe retirava os arreios para poder pastar um pouco. Mesmo sabendo que era errado de sua parte, a irritação brotou do fundo de seu ser, como um comando pré-determinado.

— Estou de passagem, e você? Escondendo mais alguma coisa?

Talvez houvesse esperado um soco ou uma resposta no mesmo nível, mas Vincent vacilou da mesma maneira como se houvesse lhe dado um soco no estômago – feito que nunca conseguira, aliás -, ao ponto de Niflheim mover-se, incomodado, ao seu lado.

— Jim, você...

— Eu já sei de tudo. Pelo menos, a parte que você e a mamãe esconderam todos esses anos.

Viu um loiro que não conhecia os olhando – o único além de James no momento, que de certa forma conhecia -, e soube que ele, de algum modo, sabia que algo tenso corria entre os dois.

Vincent se moveu, irrequieto.  

— Você...

— É. Rockstones, tentativa de assassinato, porque nós vivíamos nos mudando. Só falta saber em que tipo de tráfico você se envolveu pra ter aquele apartamento em Atlanta.

— Eu nunca me envolvi com tráfico. – se defendeu. – E quanto a todo o resto...

— Você provavelmente não quer falar sobre isso.

Ele se calou, com uma expressão estranha e a mente de Jim pareceu voltar a funcionar direito com isso, se obrigando a perceber o que vinha ignorando pelos últimos dois anos. Aquele não era o irmão que ele conhecera sua vida toda até o assassinato de Melissa, era alguma coisa que sobrara no lugar dele. Onde estava o Vincent que parecia ser um sol que fazia as pessoas orbitarem ao seu redor, que conseguia fizer todo mundo gostar dele e Jim sentia raiva mas ao mesmo tempo não conseguia?

Aquilo era uma sombra.

Forçou aquele pensamento sair de sua cabeça, mas continuava prestando atenção. Ele era a pessoa que vivia de cores escuras e era anemicamente pálido, não Vincent. Respirou fundo, forçando a sua parte que queria continuar sendo um bundão se aquietar.

— Certo, foi mal. – mordeu a própria bochecha com força, se arrependendo logo depois ao sentir o sangue lhe invadindo boca. O mais velho o olhou com uma expressão estranha ao ouvi-lo dizer aquilo. Talvez esperasse que, realmente, Jim continuasse a ser o cuzão de sempre. – Sim, você fez muitas coisas erradas e esquisitas nos últimos anos, mas foi para tentar manter eu e Michael fora de mira de um bando de assassinos loucos e coisas do tipo.

— “Erradas e esquisitas”. – murmurou. – Acho que não tem definição melhor. Mas... Onde está Michael?

O sangue ficou amargo em sua boca.

— Boa pergunta.

A expressão que Vincent fez foi como se um buraco houvesse se aberto sob seus pés, o que foi o suficiente até para Niflheim se apiedar e se aproximar dele e cutuca-lo com o focinho. Sentiu-se ainda pior com aquilo, e então contou tudo o que acontecera desde que ele havia entrado naquela viagem e deixara Jim e Michael sozinhos. Contou até mesmo a parte do pai de ambos, Ailith e Alphonsus.

A expressão dele não melhorou nem um pouco. Pelo contrário. Jim sentia energia estática no ar ao redor deles, o que fazia sua pele e os pelos de seu corpo se arrepiar.

Será que Vincent tinha um talento especial para eletricidade pelo fato da mãe deles ser uma Dalca? No momento, entretanto, estava preocupado demais em não pegar um choque para pensar isso.

— Hades era o nosso pai... Isso é demais para a minha cabeça. – Ele a sacudiu. – E olha que não vi pouca coisa.

— É.

— Então você está atrás da “tumba”, porque pode dar uma resposta de onde o Mike pode estar.

— Basicamente.

— E você está com um grupo de nobres adolescentes.

— Me disseram que era o mais inteligente a se fazer.

— Eles sabem o que estão fazendo?

— Em parte. Eu pretendia contar todo o resto quando chegássemos aqui, mas... Ameen foi mordido, e aí...

Agora tinha certeza que Vincent iria lhe dar um soco.

— Isso é loucura Jim. – ele sacudiu a cabeça. – Mesmo com tudo isso, você acabou de aprender magia. Sabe ao menos controla-la direito? E sem contar que o Santuário é perigoso. Há lugares que nem ela funciona direito.

— Bom, você também está aqui.

— Eu sei magia praticamente desde sempre e sei me defender sem ela.

— Oh, ótimo, jogue que você sabe mais coisa do que eu na minha cara, como sempre fez. – bufou, não conseguindo se reprimir.

— Sério Jim? Você vai entrar nesse assunto agora?

— Veio à tona, não veio? – Niflheim ficou arisco com a tensão, se afastando dos dois irmãos. – Você que começou.

Eu que comecei? Você que...

Um pigarreio fez os dois pararem e olharem. Era James, que era meio – muito – assustador para Jim. Ele estava de braços cruzados e cara fechada... Como sempre. Seus piercings faciais pareciam retinir.

— Já interrompendo este reencontro que parece estar se desenrolando muito bem... – ele apontou para a direção uma das xamãs que havia retornado, e que Jim não havia reparado. – Elas querem saber o que você quer.

Jim deu uma olhada para Vincent quando sentiu o olhar dele queimando em si, mas decidiu não se prender a isso. Viu o outro loiro se aproximando quando se afastou em direção das duas.

— Hm... – a anã velha o olhou de cima a baixo. – Você nem precisa dessa coroa nos olhos pra saber que é um Rockstone. Você lembra o Brynjar.

Ela era íntima o suficiente de Alphonsus para chama-lo assim?

— Lembro?

— É, esse seu jeito de andar. É bem leve. E parece que em todos esses anos, vocês mantém a capacidade em serem parecidos um com o outro. – Ela grunhiu, então deu uma volta ao redor dele, cutucando-o dolorosamente nas costelas com seu cajado. – Meio magricela, mas não parece ser incapaz de fazer as coisas... Você já viu sol na vida, garoto? Tu és muito pálido!

— Sair de casa não é o meu forte.

— Humpf. – Ela parou de volta à sua frente. – Mas como você é um Rockstone, prevejo que veio pedir um favor grande. Bem grande. Estou enganada?

Aquilo lhe parecia meio grave...

— Preciso... Precisamos ir até a tumba.

— Tumba? – Dhonugret franziu o cenho.

— “A” tumba.

Os olhos dela se arregalaram.

— Favor MUITO grande esse, não é?! – ela arreganhou os dentes. – Pra quê quer falar com os mortos?

— É um momento de desespero. O meu irmão mais novo sumiu, estamos envolvidos numa rivalidade de anjos, ele pode estar sendo usado, e... Bom, parece que pode ser um pouco pior do que esperado.

— Como assim?

—... Ailith me mandou para o Santuário.

O cajado dela bateu no chão.

— E Alphonsus me mandou para Dhor Faldor para pedir ao menos um guia.

— Você está envolvendo pessoas de muito peso com nosso povo. – Ela movia o maxilar de forme esquisita. Frente e trás, frente e trás. – O Santuário foi ideia de “Alphonsus”, usando o Véu, você sabia disso?

Negou com a cabeça, surpreso.

— Você sabe ao menos o que é o Véu?

— Não é o que separa o mundo dos vivos e dos mortos, e no Samhain se torna mais... Fino? O que permite aos mortos voltarem, temporariamente, ao mundo dos vivos?

— Isso mesmo. E quando Enguerrand se tornou a anja odiosa que é hoje... Ailith nos mandou para criarmos nosso lar aqui, quando o mundo dos homens no caçava. A noite se tornou nossa amiga. – Ela soltou outro grunhido. – Consigo ver que consegue ter o sangue dos dois, mas ainda assim, eu preciso de alguma prova que você foi mandado para cá por eles. O que você tem para pagar como tributo?

Era basicamente o que ele estava esperando. Chamou Niflheim, que veio obedientemente em sua direção, e tirou o arco, a espada, além do escudo de suas costas. Os três traziam um brilho semelhante às penas de seu braço, diferentemente de antes, que havia se acoplado aos objetos quando os entregara à anja.

— O arco de Ailith, o escudo de Alphonsus e a espada de Augustus, que se casou com a filha dela, Tempesta. – Os olhos de Dhonugret quase pareceram saltar das órbitas quando os viu. Mais ainda quando percebeu o brilho deles. Ela pegou o arco com as mãos trêmulas. – Ailith ainda... Hã... Agraciou os três. Disse que seria o suficiente para que acreditassem em mim.

Ela olhou-o, incrédula.

— O suficiente?! – exclamou, e por um segundo Jim temeu estar errado. – Garoto, você tem ideia do que está entregando a nós?

— Hã... Três objetos agraciados para um favor muito grande.

Ela sacudiu a cabeça furiosamente.

— Isso... Isso é de um valor imensurável. Valem muito mais do qualquer valor muito grande que qualquer um poderia pedir. – respondeu. – Os três foram forjados por meu povo, e você os devolve com o poder de Ailith... – Os olhos dela brilharam. – Isso significa...

De repente, ela ficou extremamente séria.

— Vou falar com os Artesãos.

— Quem?

— Fiquem aqui, todos vocês. Se for o que estou pensando, vocês não sairão daqui apenas com um guia...

E equilibrando os três objetos como se segurasse um bebê, Dhonugret se foi com passos mais rápidos do que pensara serem possíveis para alguém de seu tamanho.

—... Uns elfos levaram o Ameen daqui. – Se assustou quando Anastasiya falou ao seu lado. – Desculpa. Te assustei?

— Bom, sim. – Murmurou. – E o que eles disseram?

— Aparentemente, vão ter que amputar a mão dele. – Ela parecia pesarosa, mas não era nem próximo do que Jim sentia. O garoto entrara lá por causa dele e ia perder a mão devido a aquilo... – Eles disseram que vão fazer isso enquanto ele está inconsciente, e vão passar alguma coisa para que ele não sinta dor quando acordar. E que se tivermos como pagar, os anões podem fazer uma mão nova para ele.

— Eu... Acabei de dar algumas coisas para Dhonugret e ela disse que valiam mais do que a ida à tumba. Espero que cubram uma mão nova.

Ela o encarou. Seu pai havia mencionado que os Tenov eram a família de Ailith, e pensando bem agora... Aqueles novecentos anos que separavam a época de Alphonsus a si, agora, se fossem humanos normais, cobriria algo como uns cem, cento e vinte anos. Assim, era visível que ela pertencia à mesma família que sua bisavó. Anastasiya tinha cabelos cacheados e pretos, puxados num rabo de cavalo, o rosto em forma de coração e olhos cinzentos. Também não era muito alta.

É, era bastante visível.

— Então... Aquele ali é o príncipe Alastair?

Era muito esquisito escutar alguém chamando Vincent daquele jeito. Assim como as pessoas o chamando de príncipe Raphael, sua Alteza e essas coisas.

— É.

— Vocês são muito parecidos. Podem se passar por gêmeos.

— O... Christian está indo por esse caminho. – deu de ombros. – E quanto à parte dos gêmeos, nós às vezes pregávamos peças antes sobre isso. As pessoas caíam.

— “Antes”?

Não sabia se havia sido muito óbvio, ou se ela percebera que o relacionamento dos dois não estava muito bom.

— Deu para perceber vocês dois brigando. – Ela começou.

— Por favor, não diga que estávamos gritando um com o outro e não percebemos.

— Não, vocês não estavam. – ela respondeu. – Mas era bem...

— Na cara.

— É.

Chutou um galho jogado ao chão com um pouco mais de força do que o esperado. Ele foi cair uns cinquenta metros à frente.

— Eu não vou perguntar o que aconteceu entre vocês dois porque é uma invasão de privacidade e eu mal o conheço, mas algo me diz que se manterem desse modo é ruim. Para as duas partes.

— Hm... – Esfregou os olhos, sentindo-se repentinamente cansado. Vincent estava falando com o loiro que vira antes, e não parecia feliz com isso. Quer dizer, definitivamente, ele parecia estar ouvindo de má vontade, como se o outro estivesse falando algo correto e ele não quisesse aceitar.

— Você está fazendo a mesma expressão de má vontade que ele.

Bufou.

— É um pouco complicado. – respondeu por fim. – Já estava meio ruim... Antes... E aí aconteceu o... Depois. É.

Anastasiya estava com uma expressão que não soube dizer se ela queria rir ou revirar os olhos, quase ao mesmo tempo em que Dhonugret retornava. A anã não disse nada, mas a russa se afastou do mesmo jeito, porém foi impossível não perceber que ela retornava com uma caixa do que parecia ser bronze, imensa, ladeada por um elfo vestido de preto, e um anão de vermelho. Suas túnicas lhe recordavam a de Ailith.

—... O que é isso?

— Antes das perguntas, ajudem-nos a descê-la.

— O que tem aí dentro? – Vincent questionou.

— A grande maioria não é da sua conta. – ela respondeu.

Os dois puxaram escadas da lateral da caixa e a abriram. Jim sabia que não era da sua conta ver o que havia lá dentro, por isso se manteve afastado, mesmo quando eles pularam dentro.

— Falando nisso, já pedi para fazerem uma mão para o garoto que foi mordido. – a anã continuou. – Ele nem vai perceber.

Ergueu a sobrancelha. Bom, se sua mão fosse cortada, tinha certeza de que sentiria alguma dor quando acordasse. Anastasiya se aproximou novamente para ver o que se passava e lhe olhou, enquanto os anões começavam a falar algo numa língua estranha, certamente a deles. Dhonugret subiu as escadas, sentando-se na borda.

—... O que ela está fazendo? – A morena lhe questionou, mas no fim deu de ombros, sem ter a mínima ideia.

— Você! – ela apontou para o loiro que falava com seu irmão, que estava mais afastado do grupo. Ele apontou para si mesmo, em tom de dúvida. – Sim, você mesmo, venha cá.

Ele se aproximou com passos incertos, mas ainda assim rápidos. Ele com certeza percebera que não parecia ser uma boa ideia deixa-la esperando, assim, prestou um pouco mais de atenção nele. Ele tinha a altura de Vincent, mas era mais magro – embora não tanto quanto Jim – e seu cabelo loiro era meio comprido.

Ela se abaixou para pegar algo com os anões, e então lhe estendendo uma sacola dourada. Dhonugret se abaixou e falou alguma coisa para ele, antes dele se afastar com uma expressão não muito boa.

Depois ela se abaixou de novo, e chamou tanto Jim quanto Vincent. Ela estava com uma sacola branca e prateada.

— Essa é do irmão de vocês que está sumido. E é melhor que vocês dois resolvam logo essas diferenças aí pra entregar isso pra ele. Tudo o que vocês forem precisar vai surgir aí dentro.

Quase escutou tanto a si mesmo quanto Vincent engolindo o seco. Ela então entregou um pra cada um e os enxotou, chamando Lilith logo depois.

Olhou para a sua. Era de veludo e sob a luz, ela emitia cores como se fossem fumaça, as mesmas cores de suas marcas: inicialmente parecendo negras, variando então entre tons escuros de várias cores. Deveria ter uns vinte centímetros de comprimento, e logo abaixo do cordame dourado que o mantinha fechado havia um desenho bordado de mesma cor: Um dragão.

Abriu-o e pôs a mão dentro, e afundou quase até o antebraço no nada, assustando-o inicialmente. Rolou os olhos, repreendendo-se por ter tal reação, e encontrou algo que pareceu um cabo ao fundo, puxando-o.

Admitiu que ficara satisfeito quando a espada bastarda saiu. Já estava pensando o que faria quando dera a de seu avô, junto com todo o resto, pois mesmo que não houvesse exatamente a usado – tirando para ser quase destruído por Alphonsus durante umas oito horas enquanto Ailith assistia -, era de longe a coisa que tinha uma noção melhor de usar.

A bainha era de um púrpuro profundo, com o chape e encaixe preto. O punho era prateado, o couro se assemelhando a escamas. O pomo era cabeça de um dragão, de metal de mesma cor que o couro, com olhos de ametista, seu guarda mão era ligeiramente redondo, dando voltas na lâmina como se fossem galhos. Desembainhando-a, sua lâmina era negra, com diversos desenhos gravados no metal, como se fosse feita de aço damasco.

E novamente na região do vinco havia runas, oito, no caso, que novamente não sabia o que significavam.

— Ansuz. – Se assustou quando Vincent falou, apontando para a primeira runa da lâmina. Ele desceu o dedo e continuou. – Laguz. Gebo. Thurisaz. Hagalaz. Eihwaz. Othila. Ehwaz.

— É, eu não sabia que você tinha uma noção de runas nórdicas.

— Internet serve para isso.

Lançou-lhe um olhar cético enquanto seu irmão mais velho abria a sacola dele. Era púrpura, pura e simples.

Vincent retirou uma espada longa. O cabo era branco e de metal, e o pomo era uma cabeça de dragão que parecia rugir, assim como outras duas se projetavam do guarda mão, com uma safira vermelha cravada no centro, como uma mistura do Lamento da Viúva e a Cumpridora de Promessas, de Game of Thrones. Só que ao invés dos leões Lannister, eram dragões, a bainha sendo de um púrpura profundo e elegante, de chape e encaixe dourados. Ótimo, poderia dizer que era a versão Targaryen da espada.

— Uma espada bastarda. – o mais velho constatou. – É... Uau. Mas eu não sei usar isso.

— Me dê um escudo e uma armadura, e eu estou pronto para sair coletando almas em Lordran.

Foi a vez de Vincent lhe lançar um olhar cético.

— A armadura do Artorias é minha. – continuou. - Pode ficar com a do Ornstein.

— Sério Jim, Dark Souls?

— Ué, nós dois ganhamos as armas que usamos no jogo. Ou você quer a Espada Grande da Lua Azul? Você teria que cortar...

— Vocês têm equipamentos de proteção aí. – Se assustou quando Dhonugret falou. Estavam relativamente afastados novamente, então não esperava que ela estivesse os ouvindo. Ela estava sentada, com os cotovelos apoiados nos joelhos, e parecia esperar os que estavam falando com Kisaiya. – Pros que vão pra tumba, é melhor usar. Tá tendo uma guerra entre alguns clãs no caminho, então muito provavelmente vocês vão passar pelo meio.

Franziu o cenho, e Anastasiya voltou para perto dele, com uma sacola cinza. Ela parecia ter percebido o que ele ia dizer.

— Antes que você perguntar... Nos Institutos, há aulas de equitação, arquearia e esgrima. Não a atual, mas com diversos tipos de espada. E tratamento e uso de armaduras.

— É, eu ia perguntar isso. Admito que eu fico surpreso de bruxos precisarem disso. Ainda mais na era atual.

— Algumas vezes, a maneira antiga é a melhor maneira. – ela deu de ombros. – Tecnologia não pega aqui, e quando há criaturinhas podendo te furar a qualquer hora, você tem que estar preparado a qualquer momento, além de precisar estar preparado para quando não usar magia.

— É, faz sentido. De volta à Idade Média.

— Acho que por ser uma sociedade baseada em magia, pode ser meio diferente, como por exemplo... – Vincent começou.

— Certo, vamos para um mundo de RPG. – Vincent lhe lançou aquele olhar cético de novo. – O que foi? É o mais próximo que temos!

Viu Dhonugret chamando James e lhe entregando dois também, o que o fez franzir o cenho. Ao mesmo tempo, daquele vale por onde os outros haviam entrado antes, saiu aquela garota baixinha que vinha montada com Vincent antes, juntamente com um cara que era claramente seu irmão. Lembrava que ele era um corvo, antes.

— Certo, - a anã falou antes. – vão os dois Near Toy.

— Dois? – O loiro que falara com o mais velho, que parecia ser um dos Nears, no caso – Near Toy, sério? -, questionou. Viu James a olhando como se quisesse esganar a velha, o que, para Jim, era assustador o suficiente.

— É, esse aqui é o outro. – Ela quase chutou a cabeça de James. Vincent parecia estar querendo prender o riso ao seu lado. Near olhou-o com o cenho franzido.

— Near James Toy. – Lilith respondeu, aparentando querer rir também. – Sinta-se honrado, ele provavelmente é o seu sobrinho neto ou coisa do tipo, que muito provavelmente foi nomeado assim por sua...

— Lilith, cala a... – James começou, mas a elfa que voltara os arrastou com ela.

— Certo, vocês dois. – ela apontou para os irmãos que haviam acabado de chegar e estavam indo aparentemente se sentar. A garota estava segurando o que aparentava ser uma fotografia. Eles deram meia volta e foram até ela, que entregou uma sacola verde escurecida, para o rapaz, uma para a menina que variava entre índigo, azul e prata, e ainda uma terceira, que era de um dourado pálido. – Não sei quando exatamente, mas vocês vão encontra-lo.

Quase ouviu Vincent questionando o que havia acontecido, devido a expressão que ela fez, mas ao invés disso, ficou quieto, se aproximando quando eles saíram de perto de Dhonugret e indo falar com ela. A garota era baixinha, batia nos ombros dele, então era um pouco esquisito de se ver, mas...

Ele já havia a visto antes, não...?

Demorou um pouco, mas se lembrou. Ela estudava na escola dele, mas não possuíam nenhuma aula juntos. Se recordava bem, ele a via mais quando ela tropeçava nos próprios pés, era acertada por alguma coisa ou caía. Momentos gloriosos do tipo. O nome dela era Claire, não?

— Espero que vocês tenham trazido um agasalho! – se assustou quando o anão que estava dentro da caixa exclamou. – Para os que vão até a tumba, o caminho é muito gelado!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Jim, o senhor das referências...
Só a passo de curiosidade, o aço damasco que ele mencionou: O Aço damasco é a união de dois ou mais aços de características diferentes, unidos pelo método de caldeamento. Uma barra de damasco pode ter várias camadas, que podem variar de 50 a 600. A grande vantagem do damasco, além da beleza da lâmina, é a flexibilidade que ele proporciona, pois geralmente o cuteleiro que forja damasco mistura um aço de alto teor de carbono com um de médio a baixo teor de carbono. É de difícil obtenção, o que faz encarecer o produto, porém é muito valorizado por colecionadores. (colado da Wikipedia). É utilizado principalmente na fabricação de katanas.
Para se ter uma ideia, é dito que o aço Valiriano de Game of Thrones é inspirado (e provavelmente, é a versão de lá) no aço damasco. Assim, o Jim tem uma SENHORA espada.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração de Porcelana" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.