Eram 9 horas quando meus pais e meu irmão chegaram, desci correndo.

- Que bom que vocês chegaram. Demoraram hein?
- Nós levamos Gú ao médico e depois fomos à casa da sua tia Helen, ficamos conversando e esquecemos a hora. – meu pai disse, deixando as chaves do carro em cima da estante.
- Está tudo bem filha? – minha mãe me cumprimentou com um beijo na testa.
- Sim, tudo bem. – eu disse. E você Gú, está melhor?
- Siiiiim Jujuba. – ele pulou em cima de mim e meu deu um tapa na cabeça, pelo visto ele tinha melhorado mesmo.
- Ah, seu moleque! – eu tentei ir atrás dele, mas ele subiu correndo pra quarto. E não me chama de Jujuba. – eu reclamei.
- Deixa ele Jú. – meu pai disse rindo. Vai ficar aí assistindo televisão?
- Vou sim.
- Tá bom. Boa noite filha! – eu o abracei e ele subiu.

Minha mãe estava na cozinha, fui até falar com ela. Eu já era grandinha, queria saber de tudo. Não fiquei enrolando, perguntei logo:

- Mãe, fala a verdade pra mim, você e meu pai vão se separar?
- Nossa Jú, que pergunta hein. – ela abriu a geladeira e pegou água.
- Não enrola Dona Flávia, eu já ouvi vocês conversando sobre isso. Eu quero que você me conte. Nós sempre fomos amigas, não esconde isso de mim.
- Tudo bem. Eu e seu pai estamos pensando em nos separar sim! – foi difícil ouvir aquilo, eu já previa, mas ouvir da boca dela foi uma confirmação.
- Hum. – foi a única coisa que eu consegui dizer.
- Nós estamos pensando muito em você e no seu irmão, principalmente nele, por ser mais novo e não entender muito bem essas coisas ainda.
- E qual foi o motivo? – eu perguntei com medo da resposta.
- Motivo de que Júlia?
- Da separação.
- Não tem um motivo específico filha. Nós não estamos dando certo, e não é bom pra nós, nem pra vocês ficar ouvindo nossas brigas todos os dias aqui em casa.
- Eu nunca imaginava que você e meu pai não dariam certo. Vocês se amavam tanto mãe! – eu deixei uma lágrima escapar.
- Vai ser melhor assim meu amor. – ela me abraçou e acabou chorando junto comigo.

Ficamos um tempo abraçadas, em silêncio, até o Gú chamar ela lá em cima. Ela limpou meu rosto e subiu, pediu pra eu fazer pipoca que nós íamos ver um filme.

Quando ela desceu, eu estava vendo TV.
- Júlia!
- Que foi? – dei um pulo do sofá.
- A pipoca tá queimando.
- Desculpa mãe, eu estava vendo um programa ali, e acabei esquecendo.
- Tudo bem. – ela sorriu.

Pegamos a pipoca queimada e suco e fomos ver o filme, era de romance e minha mãe chorou o tempo inteiro. Terminamos de ver e subimos cada um para o seu quarto. Eu dormi rápido, e sonhei com o Felipe, o sonho eu não lembro, mas eu acordei feliz, acho que foi coisa boa.