Prisão escrita por Fur Elise


Capítulo 1
Minha própria prisão




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Tua existência é como uma cela e lembrar-me de ti é como submeter a mim mesma a um cárcere em uma prisão de segurança máxima. Como um pássaro numa gaiola de ferro, meu covil de trevas fechado e claustrofóbico só enferruja e range, o tempo está corroendo-a, mas ela nunca se degrada ao ponto de me deixar escapar.

Teu corpo de pele macia é como uma rosa. Delicado, bonito aos olhos, aveludado no toque, uma tentação àquele que ama. Tua alma, contudo, é espinhosa; não deixa ninguém se aproximar, afasta as mãos de curiosos e de quem quer cuidar de ti. És difícil de capturar para amar e senão for amor só no sentido sexo, impossível. Apesar de eu não poder reclamar da qualidade deste, ele não me supre mais, mia bella.

Teu sorriso largo, teu riso plácido, melódico, parece o cantar de pássaros, mas é apenas o ranger da porta da cela. Teu estilo próprio, grunge, todo largado, típico dos anos noventa e teus gostos, teus hábitos, teus hobbies, são todos típicos atos de rebeldia. Pensei que fossem teus, que tu fosse assim, mas é só moda — ou teu jeito de esconder a si mesma nessa pose indiferente.

Teus olhos brilhantes, azuis como o céu, curiosos como os de criança, parecem liberdade, mas são só droga; do tipo cristal, atrativa, que faz sentir bem ao ter, mas que vicia e dói quando falta.

Jogada, largada, chutada. Assim tu me deixou, com medo de mim te desvendar como um quebra-cabeça. Mas esquecesse de me tirar da sua cela, mi amore. E dessa forma pobre não posso viver.

Trancada junto a lembranças, viciada e perdida, com fome e sede de ti... Não entendes que só te quero bem e que só podes estar assim comigo? Eu também só posso ser feliz assim. Mas tu não me quer feliz, assim como não queres abrir-te para seres.

Insuportável dor. Todo dia, toda hora, a cada respiração, a cada lágrima. Tu sente isso? Como suportas? Eu não suporto mais.

Por sorte, conheço um jeito de abrir as minhas celas e ser livre sem você. Um único jeito. E tu saberá qual é.

Desculpa se por baixo desse teu véu de insegurança e rudeza há alguém que me ama e que sofrerá pela minha ausência. Nada poderei fazer por ela e também não me importará mais. Mas se ela sentir saudade, avise-a que poderá me procurar exatamente como eu te buscava, apenas em lembranças, sonhos e memórias que nunca somem.

Esse é um adeus definitivo, mia bella.


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Notas finais do capítulo

Uma história que precisava conter: Prisão, metanfetamina e anos 90.



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