Harry Potter e O Legado de Gryffindor escrita por MLCarneiro


Capítulo 3
Capítulo 02 – A Emboscada




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Capítulo 02 – A Emboscada

Moody entrou no hall da casa dos Dursley, sendo seguido por Tonks e Lupin, e logo atrás por Arthur, Fred e Jorge, deixando o pequeno cômodo bem abarrotado. Todos foram cumprimentar Harry, mas não deixavam de expor o nervosismo em seus rostos.

— Harry! Tudo bem? Está tudo pronto? – Arthur foi até o garoto e apertou sua mão.

— Tudo, sim, está tudo pronto. – Tonks, Lupin e os gêmeos também foram cumprimentar o garoto. Harry pensou que iria ver mais rostos conhecidos ali – São apenas vocês que vieram?

— Por hora, sim, mas há mais membros da Ordem nos esperando.

— Como vamos, afinal?

— Nós pensamos em todas as possibilidades. – Lupin falou, passando a frente de Fred – Pó de Flu, chave de portal, aparatar, vassouras... Mas todas tinham suas falhas.

— Pois é. – continuou Arthur – A rede de Flu está sendo severamente fiscalizada pelo Ministério, e o Ministério não é mais confiável, há muitos Comensais infiltrados. A chave de portal seria o meio mais inseguro, seria muito fácil acharem o registro dela e prepararem uma emboscada.

— E aparatar – interveio Olho-Tonto –, pode parecer o mais fácil, mas é o mais perigoso. Você deve saber que o ministério sabe de todas as magias que um bruxo menor de idade faz, certo?

— Sei.

— Mas e como eles sabem disso, você sabe? Não, não é? É simples. Cada bruxo menor de idade tem um encantamento em si, que acaba no dia que ele faz 17 anos. Eles o chamam de O Rastro. Cada vez que um bruxo menor faz um feitiço fora da escola, esse feitiço deixa um tipo de rastro, que é detectado pelo ministério. Assim, eles sabem quem fez essa magia, quando ele fez, onde ele fez e na presença de quem ele fez. Portanto, tente aparatar, e assim que você aparecer do outro lado haverão centenas de comensais infiltrados do ministério apontando as varinhas para o seu pescoço.

— Entendi. Mas, e quanto às vassouras?

— É como nós iríamos – respondeu Lupin –, até sabermos que descobriram nosso plano. Portanto, para os olhos de Voldemort, nós partiremos amanhã, ao cair da noite, de vassouras. Mas agora não podemos nos dar ao luxo de usar esse meio de transporte.

— E como nós vamos, então? A pé?

— Quase isso, Harry. – disse Arthur, animado – Iremos disfarçados de trouxas. Pegaremos o trem até a estação mais próxima d’A Toca, e de lá iremos de carro.

— De carro? Que carros?

— Terá uma comitiva nos esperando. Não pense que só eu tinha carro no mundo bruxo, Harry. Agora vamos, já são quase três e meia, temos que nos apressar.

— Mas espera aí. Como nós vamos até a estação de trem? Os trens não começam a circular só às quatro?

— Por isso mesmo que devemos sair o mais rápido possível. Será uma longa caminhada até lá.

— O quê? A gente vai a pé mesmo? Eu estava brincando! Eu pensei que tinham montes de comensais aí do lado de fora, só esperando minha proteção acabar.

— Não, Harry, se acalme. – disse Lupin – Primeiramente, Voldemort não deixaria amontoados de Comensais mofando do lado de fora da sua casa. Ele talvez só faria isso depois do seu aniversário. E tem mais, a proteção que Dumbledore deu a esta casa não é simples. Voldemort nunca soube onde você mora, Dumbledore se preocupou com isso também. O Lorde das Trevas pensa que você mora no norte da Escócia, num chalé nas montanhas.

— Exatamente – Arthur interveio –, mas vamos logo, não queremos correr, queremos? Já são três e meia no meu relógio.

Harry pegou a gaiola de Edwiges, mas Fred e Jorge se incumbiram de levar seu malão. Abriram a porta da frente da casa dos Dursley, atravessaram a garagem e saíram, avistando a escura Rua dos Alfeneiros. Harry observou pela última vez a fachada do número quatro antes de dar as costas e seguir. Ele já sabia disso, mas não sentiu nenhuma ponta de saudade daquele lugar.

Estava tudo muito escuro, os postes de luz elétrica quase não iluminavam o caminho, e isso deixava Harry bastante apreensivo. Realmente, não havia nenhum Comensal da Morte do lado de fora da casa de seus tios, mas poderia aparecer algum, agora que ele estava longe da proteção. As casas geminadas de Surrey pareciam guardar um perigo em cada tijolo, a cada esquina poderiam surgir homens encapuzados.

— Ainda bem que você está indo lá pra casa, Harry! – disse Fred, quebrando o silêncio – Você não sabe como vai ser de grande ajuda essa semana.

— Na verdade – disse Jorge –, ele quis dizer que a mamãe vai te encher de trabalho, ela está louca com as arrumações do casamento do Gui. E os franceses chegam essa sexta.

— Duvido que ela não pire até lá.

— Garanto que ajudar a desgnomizar o jardim vai ser muito mais divertido do que passar o dia no quarto. – Harry riu.

— Ah, isso porque você não sabe o que é montar um palco, lustrar os talheres cinco vezes, encapar duzentas cadeiras...

— Podar as 47 árvores do nosso jardim, cortar toda a grama...

— Sem mágica, é bom lembrar, Dona Moly não quer que nada corra o risco de dar errado.

— Ainda assim – disse Harry, rindo –, vai ser mais divertido.

— Se você diz... Você tem que visitar de novo a nossa loja, Harry, estamos com várias novidades, não é Jorge?

— Com certeza, Fred. Você vai adorar os mini-ovos de dragão, quebre-os jogando no chão e terá uma fogueira à prova d’água em qualquer lugar!

— E os dardos-de-cupido, ein? Acerte um deles numa garota e ela vai querer passar a festa inteira com você!

— Tente nos visitar depois do casamento, Harry, você sabe que sempre vai ser um cliente especial na loja.

— Obrigado, Jorge, pode deixar que eu passo lá assim que der.

Harry não entendia como os gêmeos conseguiam agir e falar tão tranquilamente numa hora daquelas, mas os admirava por isso. Era preciso muito bom humor e tranquilidade para se comportar daquela forma.

Passaram cerca de 20 minutos enquanto os sete andaram pelas ruas de Surrey, até chegarem à estação de Surbiton, que a essa hora ainda estava bastante vazia. Moody já tinha comprado os bilhetes e os distribuiu. Dirigiram-se à plataforma que seguia para o interior. Era bem estranho para eles, bruxos, acostumados ao movimento de King’s Cross e à plataforma nove e meia, esperarem a composição trouxa.

Em cinco minutos o trem chegou, parando com barulho à frente deles. Poucas pessoas o esperavam, apenas trabalhadores do campo ou de outras cidades do interior. Quando as portas se abriram, eles entraram e se dividiram em duas cabines, os Weasleys em uma e o resto em outra.

A viagem foi longa, mas tranquila. Quase não trocaram palavras, estavam todos atentos ao menor movimento suspeito. Felizmente, nada de extraordinário aconteceu. Harry passou o quase todo tempo admirando a paisagem rural da Inglaterra e pensando nos dias que estavam por vir. Finalmente reveria seus amigos, A Toca, Gina.

Já passava do meio dia quando o trem deu um solavanco e começou a parar na estação de Feniton. Era a mais próxima de Ottery St. Catchpole, o vilarejo onde ficava A Toca, além da casa dos Diggory e dos Lovegood. Lupin se levantou primeiro e foi à frente, sendo seguido pelos outros.

A pequena estação também estava vazia. Era bem antiga, quase toda feita de madeira, possuía alguns bancos para as pessoas esperarem o trem e uma pequena construção, onde ficava a bilheteria. As poucas pessoas que desceram nela seguiram para as estradas de terra, tomando o rumo das fazendas dali. O sol se colocava no ponto mais alto do céu, trazendo um pouco de calor em meio ao clima ameno de Devon.

Logo à frente da estação era possível ver três carros trouxas, pretos, estacionados em fila, e três homens perto deles, esperando.

— Porque três carros? – perguntou Harry, intrigado, ao patriarca Weasley – No seu Ford Anglia cabíamos todos nós.

— Como eu te disse, Harry, nada de transporte bruxo hoje. Somos trouxas até chegarmos À Toca.

Olho-Tonto foi à frente e cumprimentou os homens.

— Mundungo, Kingsley, Carlinhos. Tudo pronto?

— Perfeitamente, Alastor. – respondeu o negro – Nenhum gnomo à vista.

— Certo. E onde o dentuço geme, vocês poderiam me dizer?

— No sótão. – respondeu Carlinhos, calmamente.

— Muito bem. Podemos entrar?

— O garoto primeiro – dessa vez Mundungo –, não podemos arriscar a missão, o elfo o está esperando.

— Certo. – Moody deu as costas ao trio, se virando para os seis bruxos atrás dele – São eles mesmos. Vamos, rápido. Fred e Jorge na frente, com Carlinhos, vão. Remo, Ninfadora e Harry no carro do meio, com Kingsley. Eu e Arthur atrás, com Mundungo. Entrem. E lembrem-se: não importa o que aconteça com os outros carros, não parem, o importante é levar Harry a salvo para A Toca.

Lupin conduziu Harry pelo ombro até o carro do meio e abriu a porta do banco de trás para que ele entrasse, fazendo o mesmo logo depois. Pelo outro lado, Tonks entrou e fechou a porta. Instantes depois, Carlinhos acelerou e Shacklebolt o seguiu. A comitiva de três carros entrou na estrada de terra que levaria À Toca que, mesmo àquela hora, não tinha nenhuma viv’alma.

A única coisa que viam por todo o caminho era plantações de trigo e, esporadicamente, alguma casa. Em meia hora eles já estavam perto da casa dos Diggory e o sol parecia estar ainda mais forte. Harry já estava aliviado por estar tão perto da casa dos Weasleys e resolveu quebrar o silêncio.

— Alguma noticia de Snape?

— Nada. – respondeu Lupin – O desgraçado sumiu sem deixar nenhum vestígio, desapareceu do mapa. Creio que nem Voldemort saiba onde ele está.

— Imaginei.

— E o Ministério? Eu não podia receber o Profeta Diário na casa dos meus tios, então estou meio desinformado.

— Scrimgeour está trabalhando como um touro – disse Kigsley –, mas não tem conseguido muito resultado. O número de pessoas que desaparecem por dia é muito maior que o de comensais que são capturados. O exército de Voldemort cresce cada dia mais, enquanto o Ministro não consegue nem controlar seus funcionários.

— Mesmo com Scrimgeour existem comensais infiltrados no Ministério?

— Inúmeros. Não só comensais, mas funcionários sob a Maldição Imperius. A Seção dos Aurores está tentando há meses descobrir um jeito eficaz de identificar uma pessoa que tenha sido amaldiçoada, mas todo esse esforço tem sido em vão. Eu não duvidaria que até alguns dos aurores estejam sob efeito da maldição.

— Por Merlin! E o Ministro não faz nada a respeito?

— Faz. Interroga dezenas de funcionários por dia, tentando achar alguma atitude suspeita, e quando acha manda o pobre coitado direto para Azkaban. O problema é que os funcionários estão ficando amedrontados, e por isso parecem suspeitos, enquanto os comensais e os amaldiçoados conseguem passar ilesos pelo interrogatório. Desse jeito, logo, logo Voldemort vai conseguir dominar o Ministério sem mover nem um dedo.

— E ninguém consegue controlar Scrimgeour?

— Temos tentado, mas o máximo que conseguimos foram ameaças de sermos mandados para Azkaban. Agora que a existência da Ordem da Fênix é conhecida por muitos, o Ministro tem colocado boa parte de sua atenção para nós. Como nunca dizemos o que estamos fazendo, quem somos ou o que queremos, ele nos tem como suspeitos em potencial.

— Suspeitos em potencial? A Ordem? Não é possível... E o povo, o que acha disso?

— Grande parte da comunidade bruxa acredita no que o Profeta Diário diz, e o Profeta está, como sempre esteve, nas mãos do Ministro da Magia. Mas dessa vez não são todos que estão engolindo toda a baboseira de Rufo. As coisas estão péssimas e o povo está percebendo. Scrimgeour perde cada dia mais credibilidade, os bruxos não acreditam mais que ele possa libertar o mundo bruxo e nos salvar de Voldemort.

— Sem contar – interveio Tonks –, que essa filosofia de “bater primeiro, perguntar depois” não tem agradado ninguém. Rufo pode ter sido um ótimo Chefe da Sessão de Aurores, mas é um bruto truculento que não sabe dialogar, e por isso tem sido um péssimo Ministro da Magia. Nós acreditamos que logo ele será deposto do cargo, isso se Voldemort não dominar o Ministério antes.

— Estamos chegando – falou Kingsley –, olhem, já podemos ver A Toca lá ao fundo.

— Que bom. – disse Lupin, aliviado – Felizmente a viagem foi um suces...

Um barulho de explosão fez Remo parar a frase no meio. Instintivamente, Harry se virou para trás e viu o carro que estava atrás dele capotando, com uma série de labaredas por baixo dele.

— Droga! – Lupin exclamou – Kingsley, acelere, estamos quase chegando à área protegida!

Shacklebolt atendeu ao pedido do amigo, quase batendo no carro da frente. Ele desviou, ficando lado a lado com Carlinhos, que percebeu o que acontecia e também acelerou. Vários metros à frente deles, surgiram vários de homens vestidos de túnicas pretas e máscaras prateadas.

— Comensais! – gritou Tonks.

Os homens agitaram juntos suas varinhas e logo os dois carros bateram com força em uma parede invisível. Shacklebolt bateu sua cabeça contra o volante do carro, mas os três que estava atrás foram segurados pelo cinto de segurança. A frente do carro ficou bastante destruída, e Harry percebeu que a mesma coisa tinha acontecido no carro ao lado.

Tonks agarrou o braço de Harry e, depois de tirarem rapidamente os cintos, abriu a porta, correndo para trás do carro. Lupin veio logo depois, e Kingsley, após se recuperar da batida, saiu do carro, defendendo-se dos feitiços que os Comensais já lançavam.

Atrás do outro carro os irmãos Weasleys estavam agachados e Carlinhos lançava alguns feitiços estuporantes, tentando ajudar Kingsley. Havia pelo menos oito comensais, e eles já lançavam inúmeros feitiços. Lupin se levantou e foi lutar ao lado de Shacklebolt, que se defendia como podia, e Harry quis segui-lo, mas Tonks impediu.

— Tonks! Para, eu também posso lutar!

— E você quer arruinar toda essa missão? Quer que eles lutem por você em vão? Você é o mais importante aqui, Harry. Vamos, dane-se o Ministério, segure-se em mim e vamos aparatar para mais perto d’A Toca.

— Mas, e eles?

— Eles podem se defender, Harry, vamos!

Harry pôde ver Fred e Jorge se levantando e atacando os comensais. Ele segurou o braço de Tonks e logo ele sentiu algo puxando seu umbigo. A última coisa que viu antes de sumir dali foi Carlinhos sendo atingido no braço por um feitiço.

Instantes depois os dois pousaram no chão um pouco antes da área protegida da casa dos Weasleys. Os carros estavam a pouco mais de 150 metros de onde apareceram, e logo vários comensais perceberam que ele tinha fugido e deram as costas para os membros da Ordem começaram a desaparatar.

— Corra, Harry!

Os dois correram o máximo que podiam, mas, instantes depois, Harry ouviu Tonks cair no chão, sendo puxada por uma corda mágica.

— Estupefaça! – Harry mirou seu feitiço no bruxo que prendia Ninfadora, mas errou por pouco.

— Não, Harry! Continua correndo! – o cabelo dela tomava uma cor vermelho fogo enquanto era arrastada.

Outro comensal que tinha aparecido lançou a maldição Cruciatus contra o garoto, mas ele a desviou com o feitiço escudo.

— Sectumsempra! – dessa vez ele tentou atingir a mão do comensal e conseguiu, fazendo-o soltar a varinha e liberar Tonks, que se virou e estuporou o segundo comensal. Harry a ajudou a se levantar e os dois continuaram a correr, entrando finalmente na área de proteção.

— E os outros? – perguntou novamente Harry, ofegante.

— Eles conseguem se virar. Espero. – Tonks se jogou no chão observando mais um homem encapuzado que surgia e não via nada além de grama à sua frente – Que feitiço foi aquele que você usou?

— Aprendi com Snape. – mentiu Harry, sentando-se também – Foi... O mesmo que usaram no rosto do Gui.

— Tome cuidado Harry, desse feitiço para as Artes das Trevas é só um pulo. – seu cabelo voltou ao tom castanho arroxeado habitual.

— Eu sei. Eu não gosto de usá-lo, mas não vi outra forma de te soltar.

— Obrigado. Mas não faça mais isso, está bem? O importante era a sua segurança, nós todos fomos para essa missão sabendo do perigo que correríamos.

— Eu sei... Mas eu não me sinto bem assim. Faz parecer que eu sou melhor, mais importante que vocês, e eu não sou!

— Você pode achar que não, Harry. – Ninfadora riu – Mas metade do mundo bruxo pensa que você é. Agora, vamos, estão esperando por nós lá dentro.

Tonks se levantou, batendo as mãos, e estendeu o braço, ajudando Harry a se levantar também. Os dois atravessaram o portão e o jardim e entraram na cozinha d’A Toca.


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