“Três Strigois esperavam em um canto. Passamos por eles, mas eles nos deixaram passar. Tudo aconteceu tão rápido, ninguém poderia reagir a tempo. Um dos Strigois agarrou Celeste, sua boca e presas indo para o pescoço dela. Eu ouvi um grito estrangulado e vi sangue em toda parte. Outro Strigoi foi pegar a Sr.ª Carmack, mas minha mãe a tirou do caminho e a empurrou em nossa direção. O terceiro Strigoi agarrou Dimitri. Desde que eu o conheço eu nunca vi Dimitri hesitar. Ele era sempre rápido, sempre mais forte que todo mundo. Não dessa vez. Esse Strigoi o tinha pego de surpresa e aquela pequena vantagem foi o necessário. Eu me assustei. Era o Strigoi loiro. O que tinha falado comigo na batalha. Ele agarrou Dimitri e o empurrou para o chão. Eles lutaram força contra força e então eu vi aquelas presas se afundarem no pescoço de Dimitri. Os olhos vermelhos levantaram e fizeram contato com os meus. Eu ouvi outro grito – dessa vez o meu.” Eu não podia deixar nas mãos daquele maldito Strigoi o meu mentor, meu único amor, então sem pensar duas vezes corri em direção àquela luta que meu Deus Russo estava perdendo.

Quando perceberam o que eu estava fazendo, minha mãe e Stan lutaram contra o outro Strigoi que tinha matado Celeste e contra outros dois que apareceram. Antes que o Strigoi tivesse reação eu o acertei pelas costas com a minha estaca de prata, mas não atingi o coração. Ele se voltou contra mim e atingiu um golpe em meu estômago e eu revidei com um corte em seu rosto, continuamos lutando até que eu encontrei uma brecha perfeita em seu peito e o empalei. Quando olhei ao redor vi que não havia mais nenhum Strigoi vivo (ou quase isso) por perto e foi quando eu o vi.

Dimitri estava caído de qualquer jeito no chão daquela caverna, parecia um fantasma de tão branco. Minha mãe correu em direção a mim.

- Vamos Rose, temos apenas trinta minutos antes do sol se pôr, precisamos chegar à São Vladimir antes que escureça! - Disse Janine desesperada.

- Não posso deixá-lo aqui, precisamos levá-lo! - Fui em direção ao corpo de Dimitri e o carreguei de um lado, Stan o pegou do outro lado e fomos em direção à saída e fomos em segurança para dentro dos muros do colégio.

Quando passamos pelos portões Lissa, Christian e Adrian nos esperavam e quando eu vi a minha melhor amiga a segurei pelos braços, implorando.

- Salve-o! Salve Dimitri! Por favor Lissa, eu não posso deixá-lo morrer. Você faria isso por mim, não faria?

- Não sei se posso Rose, ele perdeu muito sangue. - Disse Lissa .

– Faça o que for preciso, ele não pode me deixar! – Gritei com a minha melhor amiga.

Ela foi em direção a Dimitri e impôs as mãos sobre ele. Senti toda a magia do espírito fluir pelo laço e todas as coisas boas do mundo passando pela cabeça dela. Nesse momento os ferimentos se fecharam e eu pude notar alguma melhora em seu estado. Dois guardiões que eu não me lembro do nome o pegaram e o levaram à enfermaria para que ele pudesse se recuperar. Fui atrás deles para acompanhar o meu amor, mas Janine me segurou.

- Não Rose, você já fez muito por ele, agora você precisa se cuidar.

- Eu estou bem! - Retruquei irritada.

- Não, você não está nada bem. Olhe pra você mesma, parece que vai desmaiar a qualquer momento. Você vai para o seu quarto tomar um banho que daqui a pouco eu vou até lá fazer os curativos em você.

Quando eu ia insistir que estava bem e que não precisava de curativo nenhum, olhei para mim mesma e percebi cortes nos meus braços e pernas, além de três roxos enormes na minha coxa que deveria estar tampada pela minha calça neste momento em farrapos. Dei as costas para ela e fui ao dormitório passando em silêncio pelo garoto tocha e pelo Adrian que assistiram a tudo. Senti que Lissa estava sendo levada aos alimentadores para se recuperar de toda a magia usada e me permiti relaxar durante o banho.

Tirei o que sobrou da minha roupa e no espelho eu vi um corte na minha bochecha e outro na minha testa, percebendo que a minha mãe tinha razão. Enquanto a água caía me permiti pensar no que poderia ter acontecido ao meu amor, ficando com sua alma vagando por aí enquanto seu corpo se alimentava de vidas inocentes, ou até mesmo morto, e eu ficaria sozinha para sempre. Meu coração não suportaria tanta dor.

Naquele momento me permiti chorar por tudo o que aconteceu, toda a tensão que passei. Depois de meia hora consegui me controlar novamente e saí do banho, encontrando minha mãe sentada em minha cama com uma caixinha de primeiros socorros nas mãos. Ainda não conseguia ter uma relação perfeita com minha mãe, mas estávamos perto disso depois de tudo o que passamos.

Me sentei ao seu lado para que ela fizesse os curativos necessários e depois de alguns instantes de silêncio consegui perguntar:

- Ele vai ficar bem não vai? – Implorando em pensamento para que ela me respondesse o mesmo que eu queria ouvir.

- Não posso te prometer nada Rose, ele perdeu muito sangue, aliás, que ideia foi aquela de ir atrás dele, você poderia ter morrido! Você foi irresponsável e imprudente! - Disse Janine. Em seus olhos eu pude notar o medo e a dor se misturando com a fúria.

- O que você queria que eu fizesse, o deixasse morrer? Ou se tornar um Strigoi? - Eu a respondi me segurando para não gritar com ela.

- Eu não sei o que você faria, o que eu sei é que eu não poderia perder você Rose! Eu a amo, você é a parte mais linda de mim!

Fiquei pasma com a forma que ela se expressou, com todo o medo de me perder e todo o amor que ela sentia por mim. Me permiti abraçá-la forte e deixei alguma lágrimas caírem.

- Eu também amo você e amo Dimitri. Não poderia perdê-lo como também não posso perder você. Eu faço qualquer coisa por aqueles que eu amo. Na hora eu não pensei que eu poderia morrer, pensei apenas em salvá-lo. Tente me entender e me perdoe, mas eu simplesmente não poderia! – Me afastei para poder olhá-la em seus olhos.

- Como você pode dizer que o ama? Você não pode estragar o seu futuro e a carreira do Guardião Belikov por uma paixonite sem importância. Acorda pra vida Rosemarie, nós dampiros não temos o direito de nos apaixonar. Os nossos Morois vêm ...

- Eu sei que os Morois vêm primeiro, mas eu me apaixonei, ele me tornou uma pessoa melhor, mais responsável. Se eu sou a melhor aprendiz da turma, devo isso a ele, ao meu amor por ele. Não me condene mãe, eu preciso de apoio. Só diz que me apoia e então poderei enfrentar o mundo que vier contra nós. Tínhamos planos antes de tudo acontecer. Eu preciso de você!

Disse tudo isso olhando em seus olhos. Tenho certeza que ela podia ver todo o meu sofrimento, amor e angústias naquele momento. Não haviam máscaras nem reservas ali. Éramos mãe e filha conversando.

- Tudo bem Rose, mas saiba que teremos uma conversa séria entre nós três assim que tudo acabar.

- Obrigada mãe!

- Por nada. Agora deite-se aqui e durma. O Sr. Belikov há essa hora está sedado e sendo medicado. Descanse que eu tenho que voltar para o trabalho.

Me deitei e minha mãe me deu um beijo na testa e se foi. Quando ela estava na porta a chamei e disse:

- Mãe?

- Sim?

- Obrigada por tudo. Foi muito importante para mim.

Ela assentiu e foi embora enquanto eu apaguei de exaustão sobre a minha cama.