Era a oitava noite em que ela me acordava com seus gritos de pavor. Eu tentei duramente esquecer os idiotas fodidos que fizeram isso com ela, mas a cada grito de seu subconsciente eu fiquei com mais sede de vingança. E possessivo pra caralho. Loren não estava prestes a sair do meu lado.

Já havíamos nos acostumado com sua presença em casa. Todos os cinco de nós no encontrávamos perdidos por esta garota, admito que eu mais do que os outros quatro de nós. Ela, no entanto, tinha mais dificuldade para se adaptar.

Loren ainda era uma incógnita. Não sabíamos de onde ela é, e ela não estava contando. Uma coisa é certa, ela não é daqui, mas não gosta muito de alguma coisa sobre onde ela veio. Quando fomos ao seu dormitório buscar suas coisas, perguntamos se não havia ninguém para quem ela gostaria de ligar ou que se preocuparia se ela de repente sumisse do lugar onde morava. Sua resposta foi um categórico não. Eu não perguntei mais, por que naquele dia tive que invocar toda a minha concentração para não descer a mão numa garota. Janice Andrews tinha tido a audácia de tentar se aproximar de Loren novamente.

Mas ela estava muito bem escoltada, por cinco caras enormes, e uma Rachel, muito, muito furiosa. De todos nós que estávamos tentados a bater em Janice, Ray foi a única que não teve problemas em concretizar o ato. Depois que ela terminou, tenho certeza que Janice nunca mais tentaria andar no mesmo lado da calçada que ela. Acho que conviver com todos nós nem sempre foi fácil para Ray, mas certamente lhe ensinou um truque ou dois na hora de quebrar a cara de alguém. E se eu tinha um medo não admitido por Rachel Donovan desde que ela se candidatou para um cargo na loja, ele só aumento neste dia, concluí que eu não estava interessado em uma rixa com Ray. De maneira alguma.

Havia apenas algumas mulheres que eram constantes na nossa vida, Ray era uma delas, a segunda era Beth Morgan, nossa pequena vizinha de olhos azuis. Beth tinha apenas acabado de completar 18 anos quando se mudou sozinha para a casa em frente a nossa com um pequeno bebê recém-nascido. Eu tenho certeza que isso é ilegal, mas quando conversamos com Beth, ela disse que foi uma espécie de renegada por sua família quando ficou grávida de Ellie. Embora sua família ainda lhe envie dinheiro. Algo não estava certo com essa história, mas Beth nos assegurou de que estava melhor sem eles, e nós aceitamos sua palavra. De qualquer forma, havíamos adotado as duas, ambas Beth e Ellie tinham ganhado nossos corações em pouco tempo. E como Beth estava tentando ser mãe em tempo integral e ir a faculdade, nos comovemos pela causa. Éramos oficialmente babás da pequena Elleanor Morgan quando preciso, e protetores ferozes em tempo integral. Ela nos tinha enrolados em seu dedinho minúsculo.

A terceira figura feminina com quem tínhamos formado um forte laço era Loren. Alguns terapeutas diriam que temos problemas sérios causados pelo abandono da nossa mãe. Eu não sei ao certo se essa é a razão, mas tendemos a aceitar um renegado. Não que eu saiba que Loren é um, mas nesse momento somos as únicas pessoas que ela tem para contar.

Eu diria que nos tornamos uma espécie de dependentes dela em pouco tempo. Mais uma vez, pode ser por causa dos problemas com nossa mãe, mas Loren havia nos tornado em crianças na segunda noite que ela passou aqui. Ela cozinhou uma refeição completa de quatro pratos. Entre meus irmãos, eu e Rachel, a gente só comia em fast foods. Tenho certeza que teríamos mais dinheiro se economizássemos em comida de caixa, mas as únicas vezes em que a nossa cozinha teve uma refeição de verdade depois que nossa mãe se foi, elas foram preparadas por Beth, que normalmente estava tão cansada que também optava pela boa e velha comida embalada. Então, estávamos todos fascinados por Loren.

Com Loren dentro de casa tínhamos refeições assim três vezes ao dia. Não queríamos que ela se sentisse obrigada a isso, mas ela insistiu que gostava, e não tínhamos tanta honra a ponto de dispensar seus cuidados. A verdade é: todos nós estávamos fodidamente amando tê-la por perto.

O mais difícil nisso tudo era que Loren estava passando por um período delicado, e nenhum de nós foi acostumado a lidar com isso. Ela ainda tinha problemas em ser tocada, ou ficar sozinha com um dos meus irmãos, o que não se aplicava a mim. Por algum motivo ela confiava em mim. E a cada vez que me deixou toca-la, eu me senti como o rei de todo o mundo de merda.

Eu me levanto do sofá, de repente completamente desperto do meu sono, e ando o mais rápido que eu posso todo o caminho da sala até o meu quarto, onde Loren dorme, e passando por um preocupado Chris no corredor. Eu apenas ouço o seu resmungar sobre “aqueles fodidos filhos da puta” antes de desaparecer dentro do quarto, fechando a porta atrás de mim.

Quando eu deixo meu olhar cair sobre a cama, é para ver Loren enrolada em uma bola bem no meio dela. Seus gritos pararam, mas ela chora e solta gemidos de lamento em seu sono. Ela não acorda, nunca acorda até que eu chego.

Eu me aproximo e me arrasto pela cama de casal, até que eu sento ao seu lado. Meu coração está apertado com a dor expressa em seu rosto. Da mesma forma como fiz desde o primeiro dia, eu passo as mãos por seu cabelo, sussurrando em seu ouvido: — Baby, não é real. Acorde.

Sua respiração acalma um pouco, ela se vira para mim ainda não completamente acordada. Às vezes eu sinto que a minha voz é a tabua a qual ela precisa se agarrar para sair do pesadelo. — Loren. Abra seus olhos para mim, linda.

Ela faz. As lágrimas e a confusão neles têm meu coração murchando. Eu odeio ver esses sentimentos ruins em seus lindos olhos. — Hei, está tudo bem. Eu estou aqui com você. Nada vai te machucar, Lo. — Continuo a sussurrar para ela, enquanto a puxo em meus braços. Loren se agarra a mim tão apertado quanto eu a envolvo em meus braços.

Seu corpo está sobre o meu, sua cabeça enterrada no meu pescoço e eu ainda acaricio seus cabelos, quando sua respiração iguala. Ela suspira profundamente. — Eu sinto muito.

— Pare, Loren. Você não tem que se desculpar por isso toda vez. Eu estou aqui porque eu não consigo ouvir seus lamentos e ficar quieto.

— Eu sei. E eu sinto muito mesmo assim, por você ter que vir a meu resgate sempre. Eu acho que me tornei um peso para você e para sua família.

— Não diga isso, Lo. — Repreendo.

— Você nem sequer está dormindo na sua cama, você trabalha todos os dias e chega cansado em casa, apenas para acordar de madrugada com os meus pesadelos. Não é justo. — Ela levanta a cabeça e me olha, seu lábio inferior preso entre os dentes, como um tique nervoso. — Você deveria ter o seu quarto de volta.

— E você deveria poder dormir tranquila a noite. Baby, eu não vou deixar você dormir no sofá, se é isso que você vai dizer. — Isso está virando uma rotina fodida. Toda noite ela tenta me convencer disso.

— Teimoso. — Ela resmunga. — Okay, então talvez você deva ficar aqui comigo. Sua cama tem espaço suficiente para dois de nós...

Oh, caramba! Colegas de cama? Como eu deveria dizer não a isso? Por que eu certamente deveria. Eu a quero da pior forma, mas não estou indo a qualquer lugar com isso. Loren não precisa de mim para cobiça-la agora, ela sofreu com um trauma severo.

Ela vê a minha relutância com sua ideia, mas não se intimida. Loren não é uma pessoa tímida, e eu adoro isso nela. Até alguns dias atrás, nós nunca tínhamos nos visto, mas em pouco tempo depois, ela tem coragem de olhar nos meus olhos enquanto diz o que pensa. É por isso que eu fico revoltado quando vejo ela se encolher, pois, em pouquíssimo tempo perto dela consegui perceber que ela é uma garota durona. Isso a tem detonado, assim como a mim.

— Logan, eu não posso aceitar a ideia de te expulsar do seu conforto todos os dias... — Ela morde o maldito lábio novamente. — Além disso, você parece ser o único a me acalmar quando... quando os pesadelos vêm. — Loren me olha com olhos apelativos — Por favor, fique aqui comigo? — Implora.

E, assim, eu estou feito.

Não posso dizer não a ela. E não quero.

Eu não, de verdade. Se para ela estar bem significa que eu terei que segura-la a noite inteira, eu estou mais que feliz com essa porra, assim como igualmente assustado.

Serei capaz de manter minhas mãos longe, dormindo tão perto?

— Tem certeza? — Pergunto.

— Sim, eu tenho. — Responde resoluta. — Vamos dormir.

Loren começa a se afastar de mim, indo em direção a um lado da cama, mas para sua completa surpresa, e para a minha, não a deixo ir. Puxo seu corpo novamente, até que ela tenha sua cabeça na dobra do meu pescoço, e o corpo colado ao meu quando eu me deito sobre o travesseiro que ela usava. Ela não diz nada quando começo novamente a acariciar seus cabelos. Eu sou meio que um amante de cabelos longos, e Loren tem o mais bonito de todos.

Ela relaxa contra mim, sua respiração fazendo cocegas na minha pele. Eu amo o quão próximo seu corpo está do meu, até demais. E amo o fato dela poder ficar confortável com isso, mesmo depois do que ela passo. Em pouco tempo sua respiração encontra um ritmo constante, e ela está dormindo.

Suspiro profundamente, inalando o seu perfume, antes de dar um beijo em sua testa e sussurrar: — Boa noite, baby. Bons sonhos.

Porque eu terei os melhores...

—------------------------------------------------------------------------------------------------------------

FAULT BOYS- EPISÓDIO 2- CAGE

Quando foi a última vez em que eu me senti possessivo com uma garota? foda-se, nunca. Este era todo o maldito problema.
Eu sentia mais por essa garota do que eu senti em toda a droga da minha vida. Garotas como Lena Cole, que fazem um homem sentir todo o caminho do chapéu até as botas, só significam uma coisa: Problemas. Especialmente para caras como eu, que não precisam de justificativa para ter problemas. Eles são atraídos para mim como uma mariposa pela luz, assim como eu sou fodidamente atraído por Lena.