Isso se tornou um caos rapidamente. Em um momento sinto as grandes mãos e o toque abusivo de Ethan, e, um segundo depois ele é arrancado de mim. O segundo cara ainda me segura apertado, mas eu me debato até que consigo ver o meu anjo batendo a merda fora do Ethan. Ele não parece angelical em tudo, seu rosto está torcido de fúria, porra, o cara está furioso, e eu só posso agradecer por isso.

Mais dois caras e uma menina passam pela porta destruída. A menina grita quando vê o que está acontecendo, e eu desvio minha atenção para ela. Eu a conheço.

— Rachel... — eu coaxo seu nome fracamente. As lagrimas atrapalham minha visão, e minha garganta está crua dos gritos.

Rachel corre diretamente até mim, gritando — Solte ela seu pedaço de merda! Solte-a!

Mas o cara que me segura parece em choque, se eu já não soubesse, diria que ele está bêbado. Ele não me solta, nem quando Rachel se aproxima. Ela se vira com olhos suplicantes para o outro cara que entrou com ela — Por favor Chris, eu a conheço!

O cara, Chris, suspira pesadamente — Porra! Saia daí Ray! — A agarra pelos ombros e empurra para o terceiro homem que entrou com ele— fique atrás do Matt— ele ordena, seu tom é firme, e parece realmente preocupado com ela.

Meu captor tenta me puxar da mesa e contra o seu peito, como se quisesse me manter como refém. Eu me mexo, tentando me livrar dele, mas ele vira minhas costas contra seu peito e passa um braço grosso pela minha garganta, roubando um pouco do meu ar. Eu ofego.

E quando ele me vira, eu o vejo. Meu salvador está de lado para mim, só consigo ver metade do seu rosto marcado pela ira; posso ver cada golpe que ele desfere contra o imbecil inútil que tentou me estuprar, e essa é a visão mais linda que eu já vi. Não porque aprecio a violência, ou o fato de que Ethan vai ficar irreconhecível quando ele acabar, mas porque isso significa minha liberdade. Significa que eu estou segura, e que nada vai acontecer comigo, porque ele não vai permitir.

Lágrimas de alivio caem pelo meu rosto pelo tempo em que Chris chega até mim. Ele não precisa fazer muita coisa para o me detentor me soltar, assim que ele se aproxima, o cara me larga e me empurra em cima dele, e eu, sem apoio, não tenho nada a fazer senão cair. Chris me segura antes que eu atinja o chão.

Eu tento dizer a mim mesma que Chris não é o inimigo, mas assim que suas mãos me tocam um grito saí da minha garganta e eu me afasto rapidamente me encolhendo no canto, escorrego pela parede e me sento no chão. Eu não posso suportar o toque áspero de suas mãos na minha pele.

Chris se afasta rapidamente, como se percebendo meu desconforto com sua proximidade. Por trás dele, vejo o cara moreno que estava me segurando correndo pela sala, em direção a saída. Mas ele está bêbado, e cambaleia algumas vezes.

O outro cara, Matt, vai em sua direção e não faz esforço algum quando o agarra pelo colarinho e soca sua cara uma, duas, três vezes até que ele apaga e cai no chão.

Rachel corre na minha direção, parece estar gritando meu nome, mas minha cabeça está nebulosa das pancadas enquanto tentava me liberar do aperto dos meus captores, do braço pesado do cara moreno em meu pescoço, e das lágrimas.

Eu começo a hiperventilar à medida que o choque vai se registrando em mim, novas lágrimas quentes caem pelo meu rosto. Eu sinto Rachel se abaixar ao meu lado, mas eu não posso registrar suas palavras. Eu estou finalmente entrando em pânico, depois de toda a situação. A escuridão ameaça me levar, meu corpo sente o cansaço físico de toda a luta, e eu percebo que vou desmaiar. Então, foco minha atenção na única coisa que posso me concentrar, na única coisa que eu sei que vai me acalmar a sanidade.

Eu foco minha atenção nele.

Seus amigos o empurram longe do corpo inconsciente e ensanguentado de Ethan. Ele para de lutar contra eles e se afasta do miserável caído no chão. Vai até onde os dois homens tinham colocado a câmera mais cedo; chuta o suporte e pisa sobre ela até que se quebra em mil pedaços. Então para. Suas mãos estão enroladas em punhos, sua respiração saí pesada e ofegante. Sua cabeça está baixa, e seus olhos firmemente fechados, como se buscasse algum controle. Ele tem sangue manchando sua camiseta e a visão do nó de seus dedos traz um ofego audível dos meus lábios.

Eu acho que o barulho saí muito mais alto do que meu cérebro nebuloso registra, porque assim que eu ofego, sua cabeça chicoteia na minha direção e ele reconhece minha presença pela primeira vez. Seu olhar duro amolece quando encontra minha figura encolhida, mas ele ainda parece frenético.

Seus olhos escaneiam meu corpo, não da forma desconfortável e sexual que Ethan e seu amigo me olhavam, ele olha para mim como se avaliando os danos. Seus olhos encontram os meus, e eu não posso desviar.

Ele se aproxima, um passo de cada vez para testar minha reação.

— Cuidado Logan, ela está com medo— Chris adverte.

Logan.

Seu nome é Logan.

Ele ignora o comentário de seu amigo, continua a caminhar até mim, seus olhos não desviam um segundo dos meus. Ele se abaixa na minha frente, afastando Rachel, que estava do meu lado.

— Não tenha medo. — Seus olhos castanhos escuros estão diretamente sobre os meus; seu cabelo é comprido e sua barba cheia. Sua voz é rouca e profunda — Eu não vou te machucar.

Ele provavelmente deveria parecer assustador, com seu cabelo escuro e estatura, mas eu não tenho medo dele.

Eu assinto.

Ele vira-se para Rachel— Procure alguma coisa para eu cobri-la — ordena.

Rachel caminha até o pequeno sofá no canto da sala e puxa a manta que está jogada sobre ele. Retorna e entrega a Logan.

— Eu vou te tocar, tudo bem? Não tenha medo — ele fala suavemente. Mãos fortes me alcançam e seguram meus ombros.

Suas mãos são grandes, mas quentes e agradáveis, seu aperto é suave quando, ele me puxa para cima. Nenhum arrepio ruim, ou memória desagradável me atinge quando ele me segura. Ele pega gentilmente meu rosto entre suas mãos grandes.

— Olhe para mim — ele pede, e eu faço— está tudo bem agora. E juro que ninguém vai te machucar, tudo bem? — Eu aceno, incapaz de achar palavras— precisamos ajeitar você para sair, certo? Eu vou te ajudar, não tenha medo.

Sua voz era suave, mas firme. Eu acreditei nele, em cada palavra. Também permiti que suas mãos gentis agarrassem meu jeans e ajustasse a parte de trás de volta ao local. Então ele passa a manta pelo meu corpo, escondendo tudo que possivelmente está a mostra depois do meu ataque.

— Vamos embora. — Diz suavemente.

Então ele me pega no colo, passando um braço pelas minhas costas e o outro debaixo dos meus joelhos. Ele me aninha contra o peito e me segura como se eu não pesasse nada quando me carrega em direção a saída. Meus braços vão ao redor do seu pescoço, e enterro minha cabeça contra ele, respiro seu cheiro limpo aliviando todo o medo restante que tinha sobre mim.

Medo esse que só volta quando tentam me separar dele.

Logan me carrega até um carro e Rachel abre a porta do fundo — Coloque ela aqui Logan.

Ela sobe e estende os braços para fora.

Eu me agarro a ele com força e o pânico sobe dentro de mim quando percebo que ele vai me deixar.

— Shh, calma— ele sussurra em meu ouvido— eu não vou a lugar algum. — Eu me acalmo, mas não o solto.

— Vá dirigindo Ray — Logan diz a ela— eu vou ficar aqui atrás com ela. Chris pode levar o seu carro, e Matt vai com ele.

— Vamos leva-la para casa dela? — Reconheço a voz de Chris.

— Ela mora nos dormitórios— Rachel acrescenta.

— Não... — eu resmungo baixinho, lembrando-me do que o cara disse sobre Janice— por favor, não!

— Não. — Logan diz firmemente a eles— vamos leva-la para nossa casa.