Além do seu Olhar escrita por Miimi Hye da Lua, Incrível


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Hiiiii, my friends... How r u? Okay, okay, voltemos ao português. Como vocês estão? Eu demorei demais, né? Podem me atirar pedras, eu deixo hahaahaha. Cara, outra recomendação.... SOCORROOOOOOO. Não sei se te chamo pelo nome, mas Midnigth Memories, obrigada pesssoaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... AAAAAAAAAA surtei, moça. Obrigada pelo carinho, já havia te agradecido, mas estou aqui de novo XD. Ah, a parte do sonho foi mais ou menos ideia da Princesa Mortal, então créditos a ela hihi ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/624019/chapter/21

Naquela noite, eu tive a certeza de que jamais encostaria um dedo em Violetta para machucá-la. E também não deixaria que outra pessoa o fizesse.

O sabor de seus lábios e a imagem de seu doce e encantador olhar estavam guardados no lugar mais secreto da minha memória, em segurança. E ninguém neste mundo seria capaz de apagá-los.

Quando cheguei em frente minha casa, ainda sorria igual um idiota, porém um idiota apaixonado pela garota mais incrível do universo. Uma adrenalina, misturada com uma pitada de felicidade, circulava, ainda, pelo meu sangue. Estava com uma vontade insana de realizar uma pequena loucura. Era uma energia que parecia não gastar-se.

Decidi entrar na mansão pela janela que há no final do corredor do segundo andar. Escalei a parede cuidadosamente, subindo na janela de baixo; depois me segurei no parapeito do andar de cima, tomando um pequeno impulso com os pés e fazendo força com os braços. Subi como um verdadeiro ninja, e logo, estava dentro da casa, e toda essa proeza sem nenhum barulho.

Caminhei na pontinha dos pés até meu quarto, para não fazer nenhum barulho suspeito e acordar meu pai, que me interrogaria até 2036.

Ouvi uma voz do escritório, porém não era a voz de um estranho, e sim, do meu pai.

Mas que droga ele está fazendo acordado há essa hora? perguntei-me.

Aproximei-me um pouco e percebi que ele conversava com alguém pelo telefone. Uma súbita necessidade de ouvir a conversa me apossou. Além da enorme curiosidade.

— Eu quero que isso acabe o mais rápido possível. Meu filho falhou mais uma vez comigo, e dessa vez, ele não terá outra chance.

— Mandarei alguém terminar o trabalho hoje mesmo, senhor. Violetta Castillo não verá o próximo pôr do sol, assim como deseja. — disse alguém, no viva-voz do celular.

— Perfeito — exclamou meu pai, entusiasmado. — Dê a notícia ao Germán. Eu quero ver a dor e o sofrimento estampados no rosto dele quando receber a notícia de que sua linda filha não está mais entre nós. É isso que acontece com quem mexe com Carlos Vargas.

— Claro, senhor.

— Lembre-se que se Violetta Castillo ainda viver, é você quem morre. Fui claro o suficiente, Everton?

Não esperei uma resposta, e fui até meu quarto, em passos largos e silenciosos. Deitei em minha cama, tirei todos os travesseiros e joguei no chão. Encostei a cabeça no travesseiro. Essa foi uma informação que eu nunca queria ter recebido.

A menina por qual estou apaixonado corre risco de vida.

Ela sempre correu enquanto esteve ao meu lado. Eu fui 'contratado' para matá-la. Droga, droga, droga. Como sou um idiota. Senti um milhão de sensações de uma única vez. Mas principalmente, senti nojo, asco de mim.

Por que eu aceitei aquele acordo com meu pai?

Agora não era o momento para lamentar, porque não há como voltar para o passado e mudar as coisas. Mas há como reverter a situação no futuro.

Diego me disse para fugir. Talvez essa seja uma boa opção, pelo menos, manteria Violetta segura ao meu lado por um tempo.

Treino desde os meus cinco anos para assumir a presidência da máfia. Sei muitos segredos e coisas que não deveria sobre ela. Coisas que meu pai nem suspeita que eu saiba, porque se ele soubesse de tudo que eu tenho ciência, ele mandaria me matar sem nem hesitar. Não seria ele quem apertaria o gatilho, mas ele mandaria matar seu único filho e herdeiro pelo bem do seu maldito império.

Ouvi passos pelo corredor, os passos do meu pai, retornando ao quarto dele. Depois que ouvi um pequeno ruído de porta, esperei dois minutos e me levantei discretamente. Peguei aquele mesmo caderno que havia feito algumas anotações sobre Violetta e as coisas que fiz para me aproximar dela. Pensei em arrancar as folha, mas se meu pai a encontrasse no chão do meu quarto, ou em qualquer lugar, suspeitaria de algo. Deixei a folha lá, apenas dobrei-a. Liguei a lanterna do meu celular e, debaixo do cobertor, fiz outras várias anotações, mas aquelas eram para a sobrevivência de Violetta, e não para sua... Esquece.

O sono começou como uma pequena fagulha de uma fogueira, logo se alastrando por toda minha mente. Coloquei o caderno embaixo do meu travesseiro e fechei meus olhos, mergulhando no sono.

Do pouco que dormi, muito sonhei. Se existisse um verbo para pesadelo, eu o usaria, mas como não existe, fico com a frase 'Sonhei um pesadelo'. E não foi um pesadelo comum, foi o pior de todos, porque ela estava nele.

Eu tinha levado Violetta para um lugar incrível, que nem mesmo eu havia visto alguma vez. Ela sorria feliz, e me abraçava a todo instante. Vimos várias violetas à frente, e Vilu correu até elas, pegando algumas. Eu senti um peso diferente em minha mão direita e olhei para a mesma. Encontrei uma arma. Engoli em seco, sabia o que tinha de fazer com ela. Ajeitei a arma, mirando em Violetta, que ainda estava de costas. Assim era mais fácil, eu não via o sofrimento em seus olhos. Estava prestes a apertar o gatilho e disparar, quando Vilu virou pra mim, e me olhou perplexa e confusa.

— Sinto muito — falei, lamentando.

— León, não faz isso, eu imploro — pediu, em meio às muitas lágrimas que já caiam em seu rosto. — Há outra opção.

Tentei ser firme e continuar com o que havia começado. Mais uma vez, afundei meu dedo no gatilho, e quando estava perto, parei e abaixei a arma, largando-a no chão. Olhei novamente pra Vilu, que ainda chorava. Então, de repente, um alto som ecoou pelo lugar, seus olhos se arregalaram e uma mancha vermelha apareceu no lugar de seu coração. Ela desabou no chão e eu soltei um grito ensurdecedor, correndo até seu corpo. Atrás dela estava meu pai, com uma arma, em que acabara de disparar.

— A felicidade dura pouco, Leonard. E aquelas que duram tempo demais, eu dou um jeito de acabar.

Acordei assustado, um pouco de suor escorria por minha testa. Suspirei quando constatei que tudo era um pesadelo. Mas que poderia se tornar uma futura realidade. O relógio marcava 7h26, levantei e corri para o banheiro, onde escovei meus dentes.

Peguei meu celular e dei uma volta pela casa. Não havia ninguém além de mim. Mesmo assim, as paredes tem ouvido, principalmente as da minha casa.

Fui até uma praça próxima e sentei com meu caderno no colo. Disquei o número de Diego, que não tardou em atender.

— Pois não? — perguntou. — O que deseja ligando em meu celular às 7h35?

— Bom dia, amigo — falei normal, pelo menos, pra mim.

— Bom dia, mas pra você não parece ser um bom dia. O que houve? — disse ele, já se preocupando.

Uau, você realmente me conhece!

— Claro. Convivo com sua cara feia há 11 anos, mais ou menos — Apesar de sua 'piada' ter sido engraçada, eu não estava com humor pra rir.

— Violetta e eu nos beijamos — revelei, depois de alguns segundos em silêncio.

— O que? Sério? Eu não acredito? Você jura, mano? Como foi? Ela beija bem? — indagou, animado.

— Calma, cara — pedi. — Sim, é sério, e eu juro. Foi incrível. — Deixei escapar um sorriso. — E ela beija muito bem, você não tem noção. E nunca vai ter.

— Eu nem quero mesmo. Aposto que Fran detona ela.

— Eu não aposto nada. Mas Violetta é muito melhor.

— Infantil — reclamou. — Mas se vocês se beijaram, e você diz ter sido muito bom, por que está assim? Abatido?

— Bem... Ela e eu nos beijamos na madrugada de hoje. Então, eu cheguei à minha casa — falei me enrolando com as palavras. — Eu estava quase entrando no meu quarto, mas eu ouvi a voz do meu pai no escritório e isso me chamou a atenção. Aí eu ouvi a conversa dele e escutei a pior coisa da minha vida.

— Posso adivinhar? — murmurei um 'sim'. — Ele mandou algum marmanjo matar sua garota.

— É, exatamente isso.

— Droga, cara. Eu sinto muito.

— Eu também.

— Mas o que pretende fazer?

— Como você mesmo me sugeriu: fugir. É a única opção

— Pretende fugir? Realmente?

— Pretendo. Eu cansei disso, eu tenho que tentar, não vou ser pessimista nessa situação. Eu vou lutar pela vida da Violetta, não vou entregar tudo de bandeja pro meu pai.

— Mas e se ele te achar?

— Eu não vou deixar isso acontecer. Estou disposto a fazer tudo para manter ela a salvo.

— Que bom que entendeu, León. Não deixa nada te prender, principalmente seu pai.

— Só mais uma coisa: você pode acompanhar a Vilu até o Studio? Eu preciso começar a arrumar as coisas.

— Claro.

— Consegue protegê-la, não é?

— Lógico que sim, não sei lutar tão bem como você, mas eu consigo me virar.

— Okay — ri fracamente. — Ah, e não comente sobre o beijo com Francesca, tenho certeza de que Violetta vai falar a ela. Tome cuidado, até logo.

+++

— Muito bem — começou Diego. — O que você pretende fazer, além de só fugir, León?

Diego e eu procurávamos várias soluções para o meu grande problema. Ele pediu para me ajudar a planejar minha fuga com Violetta. E eu, óbvio, aceitei. Duas cabeças pensam melhor que uma.

— Eu só pretendo fugir com Violetta para os Estados Unidos — respondi.

— Por que os Estados Unidos, cara?

— Bem, é que... Além de ser um país com muitos habitantes e muitos lugares para se esconder, eu posso pedir a ajuda do governo, ou da CIA ou do FBI.

— Pra que você quer a ajuda deles, León? — questionou confuso.

— Eu andei pensando nessa manhã, e a única maneira de proteger Violetta e fazer com que ela tenha uma vida normal por um bom tempo, é destruindo a droga da máfia.

Ahh — expressou. — Mas e se eles não te ajudarem?

— Eu vou destruir a máfia do mesmo jeito, oras.

— E se você morrer? Quem protege ela?

— Droga, Diego — reclamei —, às vezes, odeio essa sua mente desenvolvida — ele riu. — Eu não pensei em tudo, okay? Só quero pegar um avião e simplesmente fugir.

— Mas, cara, olha, você precisa de um plano geral que dure um bom tempo. Além de um plano B. Por que, o que vai acontecer quando vocês cansarem de brincar de fugir?

— É... — concordei.

— Vamos com calma, você é um cara tão inteligente quanto eu, modéstia a parte, apenas está pensando com o coração — alegou. — Respira, fecha os olhos, esquece a ligação do seu pai e se concentra na garota que você ama.

Foi impossível não sorrir diante da afirmação de Diego. Com certeza eu amo aquela garota, mais do que qualquer coisa.

Eu não posso falhar, é a vida de Violetta que está em jogo, pensei. Respirei fundo e abri meus olhos, encontrando o mesmo Diego de cinco segundos atrás.

— Vamos simular a fuga.

— Certo — concordei. Ele pegou um caderno, uma caneta e tomou nota do que eu falava. — Primeiro eu vou ganhar tempo e dizer que vou dormir aqui, na sua casa. Depois eu pego a mala que também está aqui e sigo para casa de Violetta, levo-a para o carro e vamos para algum lugar, compro as passagens até os EUA, embarcamos no avião e 'Tchau, Buenos Aires'. Chegando nos EUA...

— EUA é um país enorme, pra onde você vai exatamente?

— Não sei, eu vou pegar o primeiro voo para lá.

— Você não pode não saber, León. Qualquer falha, você pode perder ela e...

— Não diz, por favor — pedi, tapando meus ouvidos.

— Tudo bem, me desculpa, não foi intencional — Assenti, como se estivesse tudo bem.

Diego abriu seu computador cujo também modificamos, igual nossos celulares— ano passado foi muito produtivo para nossas mentes 'brilhantes', como diz dona Marina. Seu notebook, assim como o meu, entra em qualquer site da Internet sem deixar rastros ou histórico para um possível rastreamento. Ele abriu o mapa dos EUA.

— Ainda não entendi por que quer ir para a América do Norte.

Suspirei, passando a mão no meu rosto.

— Lá é onde está a sede da máfia americana. A sede de todas as máfias, América do Sul, Norte e América Central.

— Então se você destruir essa "sede", automaticamente você acaba com não só a do seu pai, mas de outros dois líderes.

— Exatamente, gênio.

— Incrível — falou. — León, o herói das Américas e o terror das máfias — brincou, gesticulando.

— Quem dera — sorri, mas sem alegria. — Eu vou para Nova York. É um bom começo, porque eu ainda não sei onde fica essa sede.

+++

Um pequeno temor me submeteu ao cruzar a porta da minha mansão. Minha última vez aqui, papai, pensei sarcástico.

— Pai! — gritei.

Meu pai odeia quando grito, na verdade, ele odeia qualquer barulho, mas o engraçado é que o som de um disparo de uma arma é como música para seus ouvidos.

Subi as escadas e caminhei pelo longo corredor do segundo andar, bati fracamente na porta do seu escritório e ouvi um murmúrio no lado de dentro. Entrei. Meu temor havia se esvaído ao lembrar-me de suas cruéis palavras, decretando a morte de Violetta.

— Quantas vezes eu já disse para não gritar? — disse ele, secamente.

— Me perdoe, pai — respondi, fingindo estar arrependido.

— Perdão não vale nada, Leonard. Mas fala, o que você quer? — perguntou sem paciência, suspirando em seguida.

— O senhor me deixa dormir na casa de Diego? — falei, abaixando minha cabeça, como sinal de respeito.

— O que pretende fazer lá?

— Jogar vídeo game — menti.

— Jogar vídeo game — repetiu, avaliando cada palavra. — Eu realmente não acredito que deixou a academia de luta para jogar vídeo game — concluiu irritado.

— Pai...

— Não lhe dei permissão para falar, Leonard Vargas — cortou-me, batendo na mesa. — Vai logo e me deixa em paz.

— Obrigado — retirei-me.

Até mais, papai, conclui abrindo um sorriso sórdido.

+++

Havia chegado a hora de partir. Uma nova vida para um garoto apaixonado.

Um ponto importante é ser o mais discreto possível e não deixar nenhuma pista. Troquei meu carro com um cara que estava dobrando a esquina de uma concessionária próxima. Era um gol e além de ser um carro comum e potente, estava em ótimo estado.

Peguei todos os equipamentos necessários: minha câmera profissional, notebook, cabos e minha impressora portátil. E uma pequena mochila com roupas, algumas de Diego e outras minhas.

Meu amigo e eu havíamos desligado as câmeras de segurança do quarteirão inteiro e a última filmagem comigo no Veloster foi em frente a mansão do meu pai.

— Bem, é isso, amigo — falei.

— Pegou tudo, né?

— Sim, peguei, e já conferi três vezes.

— Ótimo — falou, logo respirando fundo e ficando sério — Proteja ela, León — pediu, colocando a mão em meu ombro.

— Farei isso — disse eu, persuadido.

Fizemos um toque e nos abraçamos rapidamente, na companhia de tapinhas nas costas.

— Não conte nada a ninguém, quanto menos pessoas souberem, melhor será. E se meu pai aparecer no Studio, ou aqui, diz que não sabe de nada. Por favor, Diego, eu estou falando sério — sussurrei.

— Calma, León. Você está um pouco nervoso, eu sei o que fazer. Não sou você, mas vou proteger todos.

Entrei no carro e girei a ignição, aquecendo o motor.

— Tchau, Diego, boa sorte na competição.

— Tchau, León. E obrigado.

+++

Segurava vigorosamente o volante a minha frente, tanto que deixei as juntas dos meus dedos brancas. Estacionei em frente à casa de Violetta e saltei do carro.

Adentrei como um louco pela porta dos fundos, gritando seu nome.

— Violetta! Violetta!

Sr. Germán, que estava sentado na sala com seu computador no colo, tomou um susto quando apareci como um psicopata na sala.

— León, o que faz aqui? — perguntou, pegando seu notebook do chão, pois havia derrubado com o susto que levou.

— Sr. Germán, onde está a Vilu? — fui direto ao ponto.

— Ela foi para o Studio, por causa da competição. E você não deveria estar lá, também?

— É, bem, deveria... — concluí. — Eu preciso te contar algo, Sr. Germán, e muito sério.

— O que? E Por quê?

Estava desesperado com essa situação, precisava ganhar tempo. E se meu pai tivesse mandado alguém atrás dela? Precisava mais do que tudo encontrar Violetta. Havia esquecido por completo de Germán em toda essa história. Ele provavelmente vai me matar.

Tomei a liberdade e subi até o quarto da Vilu, com um Germán confuso subindo atrás de mim.

— Sr. Germán, eu peço primeiramente que me perdoe por tudo, nada disso foi minha intenção, eu juro que não queria aceitar o que meu pai me propôs, não sou o que ele pensa, eu só queria ter uma vida normal...

— Do que você está falando, garoto?

— É difícil explicar, mas vou tentar no menor tempo possível — respirei fundo. — A Violetta corre perigo, sempre correu enquanto esteve ao meu lado. Meu pai era um amigo seu da época do colégio. Ele gostava da Maria, mãe da Violetta, e desde então, ele quer uma vingança contra o senhor porque um dia ele pegou vocês se beijando, sendo que Maria o namorava, e me usou para isso, ele queria que eu executasse sua filha.

Germán sentou na cama, senão acabaria desabando no chão. Ele parecia atordoado com que acabei de falar, não é pra menos diante dessa revelação.

— Esse cara a quem você refere tem olhos azuis escuros? — concordei. — Como ele se chama?

— Carlos.

— É falso.

— O que? — perguntou confuso.

— O nome é falso. O nome dele é Ramon — revelou. — Ele é...

— Paranoico, louco, eu sei — completei, ele assentiu — Sr. Germán, eu amo a Violetta, e não faria nenhum mal a ela. Vim buscá-la para fugirmos, meu pai mandou alguém, que não sou eu, matá-la.

A cor havia deixado seu corpo.

— León... — falou quase sem ar.

— Me desculpa — pedi novamente, arrependido por tudo. — Eu entendo o que está sentindo.

Meu celular, que só Diego tinha ciência, começou a tocar, nos despertando.

— Fala, Diego.

— León, Violetta está no Studio — avisou.

— Sim, eu sei, já estou indo — Diego murmurou um 'okay' e desligou a chamada. — A Vilu está no Studio. Eu tenho que ir. Claro, se eu tiver sua permissão para fugir, Sr. Germán...

— León, por que você ama minha filha? — perguntou um pouco menos desesperado.

Droga, essa não é a melhor hora pra isso, pensei.

— Eu a amo porque... Ela é a pessoa mais incrível e maravilhosa que eu conheço, é impossível não se apaixonar pela doçura e bondade que emana dela. Ela é perfeita. Eu não suportaria a ideia de perdê-la, e por minha causa — é estranho falar isso para o pai da garota que você ama, mas fui sincero.

Germán sorriu pra mim e levantou-se, indo até o guarda roupa de Violetta. Não entendi no início, mas logo ele saiu com uma mala média.

— Vai ficar aí parado, garoto? — indagou. — Me ajuda aqui, ela com certeza vai precisar de roupas.

Corri até ele e comecei a pegar algumas roupas, dando preferência para calças e blusas. Cinco minutos depois, estávamos com a mala de Violetta pronta.

— León, Maria nunca namorou com seu pai. Nós nos amávamos, e namorávamos escondidos de Ramon porque eu sabia que ele gostava dela, então um dia ele nos pegou no flagra e ameaçou nos matar. Ele estava louco, diferente do que conhecíamos. Eu conversei com ele, mas ele não parecia me ouvir, me acusou e disse que eu o havia traído. No dia seguinte, ele simplesmente sumiu e eu nunca mais ouvi falar dele, até agora.

Meu pai havia mentido pra mim, que novidade. Eu não sei como pode acreditar naquela história ridícula dele.

— Acho que o senhor deve fugir, também, e deixar avisadas as pessoas próximas da sua família. Todos estão correndo perigo.

Ele concordou.

— Farei isso, León.

Desci com a mala. Na porta, Germán me barrou, um pouco tenso.

— Tem algum jeito de nos falarmos?

Assenti e passei o número do meu celular.

— Proteja ela, León — pediu, assim como Diego. — E diga que a amo.

— Tudo bem — sorri de canto. Sr. Germán me abraçou fortemente, em busca de consolo.

— Confio em você, Vargas. Não me decepcione.

Entrei no meu 'carro' e parti, rumando para o Studio.

+++

Avistei um carro estranho e suspeito andando na pista do sentido contrário, provavelmente indo para casa de Violetta. Meu coração comprimiu-se em meu peito, tanto é que tive de parar o carro rapidamente. Algumas buzinas soaram atrás de mim, protestando, porém ignorei. Continuei no caminho para o Studio, pisando um pouco mais forte no acelerador.

Encontrei Violetta na porta, me esperando. Um alívio imenso invadiu meu corpo, ao vê-la novamente. Quando ela me viu um sorriso brotou em seus lábios e eu me senti o cara mais idiota da face da terra. Não tínhamos tempo para conversas, era uma corrida contra o tempo.

— Estamos fugindo — anunciei sério.

Seus olhos estavam surpresos e aterrorizados diante da minha confissão. Queria tranquilizá-la, dizer que estava tudo bem, mas eu estaria mentindo, de novo.

— Fugindo? Fugindo do que? Por que está tão nervoso, León? Isso é alguma brincadeira? — perguntou, de uma vez só, sem nem respirar.

À medida que eu acelerava o carro, mais forte apertava o volante. Estávamos chegando a 130km/h.

— León, me responde — pediu alterando o tom de voz.

— Calma, por favor — disse eu, me segurando para não perder a paciência. — Eu já respondo todas as suas perguntas, mas espera um pouco.

Ela suspirou irritada e impaciente, mas ficou quieta.

Dez minutos depois, eu parei o carro no acostamento. Vilu me olhou confusa e perguntou:

— Por que paramos?

— Me dá seu celular — ordenei sério.

— Pra que quer meu celular?

— Só me dá seu celular, Violetta. — pude perceber um pouco de medo em seu olhar, e me senti um monstro. — Por favor — acrescentei.

— Tá legal — ela tirou seu celular da bolsa e me entregou.

Saí do carro e caminhei até a planície que há do lado da estrada, cuja mesma antecede uma pequena floresta. Abri o celular, tirei o chip e a bateria, depois joguei no chão e pisei no aparelho, quebrando ele por completo.

— León, que droga você está fazendo? — ela gritou.

— Desculpa, eu precisava fazer isso.

— Você está ficando louco? Qual o seu problema? — indagou, avançando na minha direção e me socando no peito.

— Vilu, calma, por favor — pedi, me afastando.

— Eu não entro naquele carro se você não responder minhas perguntas — ameaçou.

Olhei bem fundo nos seus olhos, o sol não estava mais visível, mas o céu ainda estava claro. Respirei fundo, havia chegado a hora da verdade, depois que eu lhe dizer tudo, as coisas entre nós mudarão. Talvez ela me odiará pra sempre, e esse é o meu receio.

— Tudo bem, você merece a verdade. — Deslizei minhas mãos por seus braços, segurando suas mãos. — Mas precisamos entrar no carro, por favor, é para o seu bem. Confia em mim.

Por incrível que pareça, Violetta concordou e entrou no carro.

Fiz um retorno e dirigi na direção oposta à que estávamos indo.

— Por que estamos fugindo para o litoral?

Como antes, fiquei quieto diante da sua pergunta, apenas concentrado e acelerando o carro a cada segundo.

Ouvi um protesto da sua parte, mas ela não insistiu. Eu sabia o quão irritada Vilu estava comigo, olhei seu rosto pelo canto dos olhos e sua expressão era quase igual daquele dia em que esbarramos. Estávamos em silêncio, e, ao mesmo tempo em que era bom, também era ruim.

Alguns minutos depois, em silêncio, eu tirei meu celular do bolso e coloquei no mapa.

— Segura pra mim, por favor? — ela concordou com a cabeça. Vilu olhou bem o mapa, que tinha um destino, uma expressão confusa apareceu em seu rosto, mas ela não fez nenhuma pergunta. — Nossos pais eram colegas, na época do colegial. Meu pai gostava da sua mãe, mas seus pais namoravam escondido dele por conta disso, e um dia, meu pai pegou eles se beijando, no flagra — comecei a falar, atraindo sua atenção. — Com isso, meu pai alimentou um ódio pelo seu pai ao longo desses anos, além do fato de que ele é meio paranoico.

— E o que isso tem a ver?

— Agora começa a parte realmente complicada — limpei minha garganta. — Meu pai arquitetou uma vingança contra seu pai, ele disse algo do tipo "Germán me tirou o que era mais precioso, agora eu vou tirar o que é mais precioso pra ele". Você é a coisa mais preciosa para o seu pai — respirei fundo. — Eu realmente sinto muito, Violetta. Eu nunca quis fazer isso, ou aceitar.

— Você está me deixando confusa. Aceitar o que?

— Vilu, meu pai mandou eu te matar — sussurrei. Não encontrei forças para dizer isso mais alto, saindo nada mais que um sussurro.

Não faço ideia de como isso aconteceu, mas senti uma lágrima escapando dos meus olhos. Talvez eu realmente tenha me dado conta do que estava prestes a fazer.

— O que? — ela perguntou, atordoada.

— Não me faça repetir isso, por favor — clamei.

— Eu não acredito nisso, você é um assassino? Eu me apaixonei por um criminoso?

— Não, Vilu, olha...

— Não me chama assim, Vargas — vociferou. — Você mentiu todo esse tempo para mim? Você disse que estava apaixonado por mim, isso também é mentira?

— Violetta, não, eu amo você, por isso estou aqui.

— León, você ia me matar — afirmou magoada, compreendendo o peso das palavras.

— Mas eu não fiz isso.

— Por que não o fez?

— Porque eu não suportaria viver sem você.

— E se não tivesse se apaixonado por mim? Onde eu estaria agora? Nesse carro ou em um caixão?

— Violetta, para com isso — pedi, elevando minha voz.

— Eu... — começou, mas logo parando.

Meu coração se partiu quando Violetta virou para o lado contrário, encarando a janela, mais precisamente a paisagem de Buenos Aires esvaindo-se em um borrão.

Paguei o pedágio e segui o caminho, em total silêncio. Parei em um posto de gasolina, dei dinheiro para Vilu, que comprou duas garrafas de água e algumas besteiras para 'enganar' o estômago.

+++

— Por que estamos indo para Mar de las Pampas? — perguntou, quebrando o silêncio de quase duas horas.

— Vamos para casa de um amigo meu.

— Ele também quer me matar?

— Ninguém quer te matar, Violetta.

— Mas você queria.

— Eu não queria, eu fui forçado a fazer o que ia fazer.

— Mas queria. — Murmurou baixinho, porém mesmo assim eu escutei.

Respirei fundo e apertei mais o volante, acelerando a velocidade.

— León, e meu pai? O que fez com ele? — indagou, ainda suspeitando de mim.

— Acha que eu faria algum mal a seu pai? — indaguei incrédulo.

— Não sei, me diz você.

— Eu sugeri que ele também fugisse para algum lugar bem longe daqui. Só isso, e que deixasse a casa por um tempo.

— Então eu nunca mais vou vê-lo?

— Não, eu não disse isso. Nós vamos voltar a ver seu pai, e vamos viver uma vida normal. Só confia em mim.

— Confiar em você? Confiar no cara que me enganou todo esse tempo? — disse ela, sarcástica.

— Eu não tive opção.

— Sempre tem uma opção, León.

— Não no meu caso. A minha segunda opção é fugir e te proteger, e, olha! É isso que estou fazendo.

Violetta ficou quieta por um longo tempo, observando o lado de fora do carro. Quando a olhei novamente, vi que ela dormia desconfortavelmente com a cabeça apoiada no vidro da janela.

Aproveitei esse momento, de paz e tranquilidade, e parei o carro para descansar um pouco. Liguei para Diego, mas ele não era a pessoa com quem eu precisava conversar.

— Alô? León? — atendeu de imediato.

— Oi, Diego.

— E aí? Tudo bem?

— Sim, tudo bem.

— Onde estão agora?

— Estamos à meia hora de Mar de las Pampas.

— É, pela hora, suspeitei que já estivessem chegando.

— E você? Onde está?

— Na casa de Francesca. Me desculpa, León, mas eu contei algumas coisas pra ela, acho que devemos isso.

— Não, eu compreendo — concordei. — Eu posso... Han... falar com ela?

— Não sei se ela vai querer falar com você, ela está muito chateada contigo e comigo também. Droga, ela está vindo — Diego anunciou desesperado. — Oi, meu amor. Já voltou?! — falou desconfiado.

— Com quem está falando, Diego? — perguntou um tanto fria.

— É com o... — começou —, com o León — completou em um tom mais baixo.

— Me dá esse telefone que eu quero falar com ele — mandou.

— Amigo, olha, ela quer falar com você — avisou surpreso e entregando rapidamente o celular.

— Escuta, León Vargas, se você fizer alguma coisa com Violetta, eu que vou matar você — ameaçou.

— Oi, Fran. É justamente isso que eu queria falar com você. Eu não sou capaz de fazer nenhum mal à Violetta, okay? Eu amo ela e vou protegê-la de tudo e de todos. Agora, quero te pedir desculpas por mentir desde que cheguei, e por Diego também. Olha, não fica com raiva dele, meu amigo te ama de verdade, eu que o forcei a participar dessa ideia ridícula comigo, então, se quiser ficar com raiva de alguém, fique de mim, e não dele — falei. — Fran, eu não sou um assassino, eu nunca quis isso pra ninguém.

— Então por que aceitou essa proposta do seu pai? E sim, Diego me contou.

— Bem, eu sendo filho do meu pai assumiria a frente da máfia futuramente, mas eu, desde meus 14 anos, nunca quis isso. Daí meu pai fez essa proposta, e disse que se eu a cumprisse, eu poderia fazer o que quiser, até deixar a máfia. Eu sendo um idiota, aceitei. Todavia, eu me apaixonei por Violetta.

Awwn — expressou. — Quer dizer, que situação... Complicada. O que aconteceria se você não aceitasse?

— Pelo ódio que meu pai sente de Germán, tenho certeza de que ele mandaria alguém matar Violetta, e essa pessoa não seria eu. Além disso, eu assumiria a máfia, e aí sim me tornaria um assassino.

— Ah — falou sem nenhuma expressão.

— Agora tenho que voltar pra estrada, só queria te explicar um pouco da história. Até algum dia, Fran. Espero que tenha me entendido. E não fique com raiva de Diego, ao contrário, aproveite o tempo que tem ao lado de quem ama.

— Até mais, León. E desculpe pela minha atitude precipitada.

— Não tem problema. Eu deixaria Violetta falar com você, mas ela está dormindo.

— Tudo bem.

— Tchau, Fran!

Consegui chegar ao meu destino em vinte minutos, que foi um recorde. Parei o carro em frente a enorme mansão em que passei muito tempo, mas que ultimamente não visitei.

Vilu ainda dormia, e para não acordá-la, contornei o carro a peguei cuidadosamente em meu colo, apoiando sua cabeça em meu ombro e caminhando lentamente até a entrada.

Aqui estava um pouco diferente, além do clima gostoso, as árvores estavam maiores e mais cheias, e apesar de ser noite, pude ver muitas flores cobrindo o gramado.

— León? — murmurou Violetta, abrindo seus olhos.

— Oi, Vilu.

— Onde estamos?

— Chegamos em Mar de las Pampas.

— Por que estou em seu colo?

— Você estava dormindo, não quis te acordar, então eu te peguei.

—Bem, já pode me colocar no chão, eu ficaria grata.

Fiz o que ela pediu. Assim, Violetta pode observar a casa a nossa frente.

— Não vai me dizer que essa casa é sua?

— Não — ri fracamente pelo nariz. — É do meu amigo.

— Ele é traficante ou algo do tipo?

— Vamos entrar, não é? — cortei-a. — Realmente espero que ele esteja em casa.

— Que horas são? — perguntou, assim que toquei a campainha.

— Dez pra meia-noite.

— Você faz isso com todos os seus amigos? Chega no começo da noite na casa deles.

— Só quando necessário.

— Quem é seu amigo?

Ouvi um barulho de passos se aproximando da porta.

— Você conhece ele — afirmei, deixando-a confusa.

Logo, meu grande amigo abriu a porta, revelando o mesmo Federico de seis meses atrás, mas com a barba por fazer.

— León, eu não acredito. Por que não veio aqui nesses últimos meses? — perguntou animado, e me abraçando fortemente. Retribuí seu abraço.

— Cara, aconteceu tantas coisas comigo que você não vai nem acreditar.

— E quem é essa linda garota? — indagou, separando do abraço e por fim, olhando Violetta.

— Essa é Violetta Castillo.

— Eu... É, sou Violetta — estendeu a mão, um pouco nervosa.

— Prazer, Violetta. Sou Federico, mas acho que já sabe, não é? — brincou. — Bem, vamos entrar — gesticulou para entrarmos.

— Por que não me disse que era amigo de Federico? — sussurrou Vilu, disfarçadamente perto do meu ouvido.

— Porque você nunca me perguntou — respondi da mesma maneira.

— Então, o que os trazem aqui? — indagou Fede, assim que sentamos no sofá de sua enorme sala.

— Bem, Fede, primeiro, me desculpe vir essa hora, mas é que estamos em uma situação complicada.

— Não tem problema, León. Pode vir quando quiser, e você sabe disso — advertiu. — Querem alguma coisa? Suco? Refri? Eu estava assistindo um filme, até vocês chegarem.

— Eu aceito um suco de maracujá.

— E você, Violetta?

— O mesmo, por favor.

— Okay. Já volto!

Vilu e eu ficamos naquele mesmo clima desconfortável do carro. Olhei-a mais detalhadamente, observando o colar de pingente 'L' que eu havia lhe dado.

— Ainda está brava comigo? — perguntei baixinho.

Ela curvou sua cabeça e respondeu um diminuto 'sim', quase inaudível. Peguei uma de suas mãos, que repousavam em seu colo, e automaticamente a levei até meus lábios e depositei um beijo.

— Me perdoe — sussurrei tão baixo, que nem eu fui capaz de ouvir.

— Como conheceu Federico? — mudou de assunto.

— Na verdade, eu que o conheci — falou Federico, adrentando na sala. Ele entregou nossos respectivos sucos e sentou do outro lado do sofá. — Quem conta, Vargas?

— Pode contar.

— Que tal os dois? — sugeriu. Concordei com a cabeça. — Bem, estávamos em Nova York, há três anos. Eu com 17 anos e León com 16.

— Era à noite, meu segundo dia naquela cidade, então aproveitei que meu pai havia saído e fui dar uma volta.

— Eu estava em um dos grandes cruzamentos da cidade.

— E eu estava chegando nesse cruzamento, quando vi um palhaço de óculos escuros, fones de ouvido e uma capa de violão nas costas atravessando a rua distraidamente.

— Enquanto isso, um carro vinha em alta velocidade na minha direção, e adivinha: León simplesmente se jogou em cima de mim, me tirando da frente daquele veículo. No começo, eu fiquei assustado, mas depois percebi que quase tinha perdido a minha vida e que esse garoto me salvou — apontou pra mim.

— Então, León salvou sua vida e desde então viraram amigos?

— É, depois desse incidente, nós começamos a trocar algumas ideias, até que coincidentemente eu fiz sucesso na Europa e comprei essa casa.

— Sabe quem me ensinou tudo de guitarra? Esse topetudo aí — brinquei.

— Que mentira, Vargas. Você tocava tão bem quanto eu.

— Não é, você quem me ensinou a solar — protestei.

— É, isso é verdade — afirmou. Ouvi uma fraca risada de Violetta, e isso bastou para me deixar um pouco mais feliz.

— Bem, Fede, se não se importa, eu preciso fazer algumas coisas importantes agora, e eu vou precisar da sua Internet.

— Fica a vontade, minha casa é sua, amigo. Ainda sabe onde ficam os lugares, né?

— Claro, é impossível esquecer — soltei uma fraca risada pelo nariz. — Federico é uma ótima companhia, Vilu. Aproveite. — Pisquei pra ela, que me olhava fixamente.

Fui até o carro e peguei meu notebook. Andei até os fundos da casa, onde havia um maravilhoso e florido gramado, onde eu passei muito tempo da minha vida.

Sem demora, conectei a Internet e comecei a minha busca por vários sites. Tomei nota de alguns pontos que achei importante. Comprei duas passagens aéreas com destino à Nova York, com o voo às 5h da manhã. Foi o melhor horário que encontrei do aeroporto mais próximo daqui. Lembrei que não havia pegado o passaporte de Violetta nem o meu, então tive que fazer dois falsos. Aproveitei e criei outros nomes, o que nos ajudaria a sermos discreto.

Pude ouvir uma conversa bem baixa vindo da casa, não compreendi as palavras com exatidão, mas sabia que Violetta e Federico estavam conversando, e que uma grande amizade nascera naquele momento. Duas pessoas incrivelmente bacanas tem o dom de virarem amigos em exatas meia hora.

Uma hora depois, senti a presença de alguém, virei rapidamente pra trás, e encontrei Federico, caminhando em minha direção.

— Olá de novo, amigo — falei.

— E aí? Como está?

— Bem, eu acho.

Ele sentou ao meu lado, deixei meu notebook de canto e fitei nossa frente.

— O que sente por ela, Vargas?

— Por Violetta? — comecei, olhando pra baixo, com um sorriso pequeno. — Eu sinto que a amo mais do que tudo. Nunca pensei que fosse amar alguém do jeito que a amo, e em tão pouco tempo. Ela é tão diferente, doce, perfeita, maravilhosa. Sabe, quando estamos longe, meu único desejo é ficamos juntos. Quando penso nela, começo a sorrir bobamente para as portas, janelas, paredes — revelei. — Ela te contou alguma coisa?

— Algumas coisas.

— Acho que está na hora da minha explicação.

E assim contei a minha desgraça pra Federico. Desviei minha atenção rapidamente para a tela do notebook e pelo reflexo emitido, vi a nítida figura de Violetta na janela do quarto, ouvindo nossa conversa.

Saquei qual era o plano de Fede, aliás, do cupido Fede. Acho que ele ficou com pena de mim e esboçou esse pequeno plano, e me fez dizer tudo o que sentia por aquela garota. Apesar de ter descoberto tudo, eu não evidenciei que acabei descobrindo.

— Ela, inclusive, me contou que vocês se beijaram — falou malicioso, mas em tom de brincadeira.

— Sério? Acho que ela também confia em você.

— Pois é, esse é meu dom: tornar-se amigo das pessoas — sorriu. — Foi seu primeiro beijo, não foi?

— Foi — revelei. — Eu não consigo entender os efeitos que ela causa em mim, são tão complexos e ao mesmo tempo, tão simples. O sorriso dela colore todo o meu dia, e também me faz sorrir, e seu olhar — suspirei, como um garoto apaixonado — ele me leva a lugares que nunca imaginei ir.

— Parabéns, amigo, você está muito apaixonado. Também queria sentir isso.

— Calma, um dia, sem mais nem menos, você vai se encontrar perdidamente apaixonado por uma garota, assim como eu.

— E Diego? Como vai meu segundo nerd preferido?

— Apaixonado também. Ele está namorando. E com a melhor amiga da Violetta.

— Não acredito — exclamou surpreso.

— É — rimos. — Fede, sem querer abusar da situação, mas poderia, tipo, chamar uma equipe de cabeleireiro? Não exatamente, mas precisamos estar diferentes para viajarmos ainda hoje.

— Faz uma lista com o que precisa e eu vou pedir para trazerem. Qualquer coisa, por favor.

— Obrigado, cara.

Fiz o que ele me pediu, em menos de três minutos Federico estava acordando sua equipe de profissionais, que sempre o prepara antes dos shows.

— Eles me xingaram um pouco, mas como eles são meu amigos, entenderam a situação. Daqui a pouco estarão aqui, enquanto isso, acho melhor você conversar um pouco com sua garota. — piscou e olhou para a janela do quarto onde Violetta estava.

Não demorei e segui o conselho de Fede, logo estava na porta de seu quarto. Bati fracamente, sabia que ela estava me esperando, afinal, Vilu ouviu nossa conversa.

— Entra — disse ela, indiferente.

Peguei na fria maçaneta e entrei, relutante.

— Precisamos conversar, Vilu.

— Claro, e você precisa responder algumas perguntas.

— Certo.

Sentamos na cama e eu comecei a dizer tudo mais claramente, sem pressa, e com os meus sentimentos. Ela estava do mesmo jeito que antes, sem compreender o meu lado e apenas me acusando. Porém, eu sabia que isso era normal, então não insisti. Com o tempo, tenho certeza de que ela entenderá.

— Eles chegaram, León — anunciou Fede, passando rapidamente pela porta do quarto, e logo saindo.

— Bem — respirou fundo —, acho melhor irmos — levantou-se.

— Espera! — levantei, indo até ela.

Agarrei sua mão e a girei, fazendo-a bater em meu corpo e nos deixando próximos, próximos o suficiente para eu sentir sua respiração desregular bater em meu rosto. Com as mãos em sua cintura, eu olhava profundamente em seus olhos e ela retribuía o olhar, com as mãos em meu peito.

Me aproximei calmamente, lhe dando chance de fugir ou continuar, até selarmos nossos lábios. Porém ela passou seus braços por minha nuca, e afundou suas mãos em meu cabelo. Fechei meus olhos, sorri, e a tomei em um beijo. Infelizmente, não demoramos mais do que doze segundos daquele jeito, porque ela separou.

— Temos que ir — falou, se afastando. — E eu odeio o fato de você ser incrivelmente lindo e irresistível.

Sorri, um tanto sem graça.

+++

Eles levaram Violetta para um cômodo especial da casa para esses negócios de maquiagem, etc, como um camarim. Só Federico mesmo pra ter isso na casa dele. Já eu, fui levado para o banheiro de uma das três suítes, onde uma moça, que não era argentina e tinha um sotaque muito marcante, cortou meu cabelo e clareou um pouco.

— Prontinho! — anunciou a moça. Saímos do banheiro e entramos no quarto. — Foi um prazer te conhecer, León.

— Digo o mesmo, Abbie. — sorri agradecido.

— Já vou indo, se me permite.

— Claro — concordei.

— Ora, ora, você faz milagres, sabia, Abbie? León tá um gato — brincou Fede, aparecendo na porta.

— Obrigada — disse ela, corando. — Eles já terminaram com a garota?

— Já, e León, Violetta tá muito linda. Meu amigo, se você gostava dela antes, não quero nem ver agora. — Claro, eu corei instantaneamente diante daquela afirmação de Federico. Um nervosismo preencheu meu estômago.

— Acho que temos um apaixonado aqui — zoou Abbie. Sorri timidamente. — Preciso ir. Até mais, chefe. — dirigiu-se a Fede, óbvio.

— Até mais, Abbie. Obrigado — ela assentiu e foi embora.

Alguns segundos depois em silêncio, eu fitei Fede, e perguntei:

— É verdade o que disse sobre Violetta?

— Sim. Amigo, se ela não gostasse de você e você não a amasse, eu juro que faria de tudo para conquistá-la.

— Mas ela já é minha, então, tira os olhos — falei, lhe dando um soco forte no braço.

— Tudo bem, tudo bem — reclamou, massageando o local onde bati.

— Como eu estou? Abbie não me deixou olhar no espelho.

— Bem, eu deixo você olhar — apontou para o banheiro.

Observei meu reflexo no espelho do banheiro. Estava bem diferente. Além do meu cabelo estar mais claro, estava mais curto e sem a minha franjinha, e ele estava arrumado um topete não muito exagerado, como o de Federico.

— Gostei — afirmei, passando a mão nele, desarrumado um pouco.

— Eu também. E sabe quem mais vai gostar? — perguntou malicioso.

— Meu pai? — brinquei.

— Ele mesmo. Tenho certeza de que ele vai aprovar esse seu visual para a fuga — falou sarcástico. — Agora que tal você ir bem arrumado encontrar Violetta? Você tá parecendo um doido com essa camiseta verde e esse All Star vermelho.

— Eu estava com pressa, okay? — reclamei.

— Okay, mas isso não é desculpa. Eu vou pegar uma roupa pra você — avisou. — Vai tomar um banho, você vai viajar e são 11 horas de voo.

— Tá legal.

Entrei no box e liguei o chuveiro, que no começo estava gelado. Peguei a toalha, me sequei e a enrolei na cintura. Em cima da cama, estava a nova roupa. Tranquei a porta do quarto e me troquei. A camisa era xadrez e azul, e a calça, preta.

— Que número você calça, Vargas? — gritou Fede, do lado de fora.

— 40 — gritei de volta.

— Pé grande.

— Eu ouvi isso — retruquei.

Notei que a camisa ficou um pouco apertada, marcando meus músculos. Saí do quarto e me deparei com Fede na porta. Ele me entregou outro par de All Star, só que preto.

— Toma, vai ficar mais decente com esse All Star.

Calcei o tênis e agradeci.

— Posso ver Violetta ou vou ter que passar perfume e maquiagem?

— Só o perfume — riu. Olhei feio pra ele, e logo ele começou a borrifar uma colônia em mim. — Agora você pode. Ela está na sala.

Fui correndo até a sala, aliás, voando. Quando cheguei lá não a encontrei, e isso bastou para não só me deixar desesperado, mas para arrancar uma risada de Federico, atrás de mim.

— Cadê ela? — perguntei, fechando a cara.

— Calma, ela está na cozinha — falou, abrindo a boca para bocejar. Automaticamente, eu também bocejei. — Vou deixar vocês a sós — piscou. E eu levei essa piscada dele em outro sentido.

Cheguei à cozinha e sim, eu a encontrei. Ela estava sentada no balcão e com outra roupa. Seu cabelo estava mais escuro e com as pontas loiras. Fede tinha razão, ela está mais linda do que antes. Além de parecer um pouco mais velha e madura.

— Nossa... Você está... linda. — falei a admirando da porta. Ela tomou um pequeno susto e virou rapidamente. — Quero dizer, você é linda, mas a cada segundo que passa parece que fica mais linda ainda.

— Han... eu não tinha te visto — aproximei dela, que mantinha um fixo olhar nos meus olhos. — Obrigada — sorriu. — Você não está nada mal.

Ri fracamente e agradeci. Sentei ao seu lado, fazendo nossos joelhos se tocarem de leve.

— Apesar de gostar muito da sua franjinha, acho que prefiro você com esse topete. Mas a franjinha fará falta, sem dúvida.

— Estou me sentindo careca sem ela — brinquei, fazendo-a rir fracamente.

E novamente ficamos naquele silêncio, mas não era tenso como antes, só um pouco estranho.

— Fede fez café pra gente — falou, apontando para frente.

— Que bom! Acho que realmente preciso de um.

— León, para onde vamos? — perguntou curiosa.

— Nova York — respondi.


+++

Meu amigo insistiu em nós levar até o aeroporto em seu carrão esportivo, mas isso atrairia muita atenção, e o que eu menos quero nesse momento é isso.

A equipe de Fede trouxe uma mala com perucas para ambos, algumas tintas de cabelo que saem na água e voltam a cor normal, e algumas lentes coloridas. Colocamos no Gol e partimos. Deixei Federico dirigir, pois o mesmo descansou um pouco antes de vir, diferente de mim.

Entramos no aeroporto e eu fui para a fila fazer o check-in.

A recepcionista imprimiu o boleto e me entregou as passagens. Voltei para o lugar onde Vilu e Fede conversavam.

— Já? — perguntou Vilu.

— Sim, não tinha quase ninguém na fila.

— Que horas são?

— 4h47 — respondeu Fede.

Sentei ao lado deles e acabei adormecendo, ouvindo apenas algumas palavras de Federico e Violetta.

Uma voz de mulher me acordou assustado, e não era de Violetta.

— León? Tudo bem? — indagou Fede, rindo.

— Tudo. Já é o nosso voo?

— Sim — respondeu Vilu, um pouco diferente.

— Bem, acho que já vou — disse meu amigo. — Tchau, Vilu — falou, beijando Vilu na bochecha e a abraçando. Em minha opinião, eles ficaram abraçados mais tempo do que deveriam.

— Tchau, Fede. Foi incrível te conhecer.

— Digo o mesmo — sorriu pra ela. Então ele se dirigiu a mim, e me abraçou, dando alguns tapas nas minhas costas. — Cuida dela, León.

— Engraçado, você é a quarta pessoa que me diz isso. Mas relaxa, vou proteger ela com minha vida.

— Isso mesmo. Ah, e ela está tão apaixonada por você, quanto você por ela. Seja paciente, logo os dois estarão tão juntos quanto arroz e feijão.

— Você acha?

— Não, eu tenho certeza. Aquela garota não vive sem você, cara.

— Até mais — apertei ele, devido a felicidade que estava sentindo.

— Até breve, amigo.

Vilu e eu ficamos observando a figura de Fede, até ele desaparecer por completo.

— Vamos? — segurei sua mão delicadamente, trazendo-a de volta para realidade.

— Vamos — concordou.

Passamos pelos detectores de metal, eu tive que tirar minha mochila por causa do notebook e das outras coisas, mas logo ela me foi devolvida.

Quando estávamos quase entrando no avião, Vilu parou e olhou para trás, um pouco assustada. Compreendi o que estava acontecendo e a abracei; ela sempre viajou com seu pai e agora ele não estava lá. Vilu me abraçou de volta. Depois de alguns segundos, ela separou e nós continuamos o caminho, ainda de mãos dadas e os dedos entrelaçados.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpem-me qualquer erro de português, okay? ^^ Então, estão gostando da fic? Esperavam isso? Esse lance da fuga, e tals. Quem quer matar o Carlos alem de mim? E O FEDE DLÇ APARECEU.. HAHAHA FINALMENTE.
VAI TER UM FILME DE VIOLETTA, MAIS OU MENOS ISSO, SE CHAMA ''Tini - a nova vida de Violetta'' e eu to surtando porque os protagonistas serão o Jorge (MEEEEEEU MARIDO), a Mechi e claro, como o próprio nome diz, né, A TINI MARAVILHOSA DIVA E PERFEITA. EU FICO IMAGINANDO UM BEIJO JORTINI NO FILME PORQUE, MANO, JORTINI É VIDA...
#Miimi



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Além do seu Olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.