Celest escrita por Alpha, Borges


Capítulo 5
Hanna / V - O Grampo de Cabelo


Notas iniciais do capítulo

A partir de agora Hanna vai precisar de coragem para seguir em frente. Se bem que ela tem o Luc. Mas ainda assim será que ela vai conseguir decidir o que fazer. Decisão difícil para nossa guerreira. Então vamos acompanhar para descobrir. Boa leitura ;D



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Terminando o pôr do sol Lucas acompanhou Hanna até em casa.

A entrada da casa era marcante e imponente. Na divisa com a calçada havia uma forte grade com vários desenhos trabalhados em ferro, típico de uma arquitetura eclética, onde ficava o portão. O jardim gramado se estendia até as escadas que levavam até a porta de ferro da sala.

Os dois pararam em frente à porta para se despedir.

– Luc, obrigada por ser um cara tão legal.

– Amigos são para essas coisas. Vejo você amanhã?!

– Claro, não posso mais faltar aula néh. Além disso, amanhã é o dia da ida a campo. Lembra? – os olhos da garota brilhavam sempre que olhava para Lucas.

– Verdade, tinha esquecido. Então até amanhã Hanna. – ele desceu os degraus e saiu.

A garota esperou até que ele saísse para entrar em casa. Quando entrou se deparou com Edgar olhando uma fotografia. Mas o estranho era que ao ver Hanna ele se apressou para guardar a fotografia em uma velha caixa de madeira com cadeado. Isso a deixou confusa. Por que ele guardaria a foto em uma caixa com chave? Pensou. Antes que chegasse a uma conclusão Edgar para disfarçar puxou conversa com ela.

– Hanni, você sumiu. Está tudo bem? Fiquei preocupado. – falou como uma criança que tenta esconder da mãe que fez algo errado.

– Está. Fui até o mirante para pensar um pouco. – respondeu desconfiada. – Que caixa é essa?

– É só uma caixa do trabalho nada demais. – disse enquanto pegava a caixa sobre a mesa de centro da sala.

– Hum. Vou para meu quarto. – Hanna fingiu acreditar e subiu as escadas.

Edgar ficou parado esperando para ouvir a porta do quarto da garota bater para ter certeza que ela não estava olhando. Quando ouviu, recolocou a caixa sobre a mesinha de centro. Tirou todas as almofadas do sofá revelando um compartimento. Parecia uma cena de filme. Trancou a caixa e a colocou no compartimento do sofá. Recolocou as almofadas e foi para a cozinha como se nada tivesse acontecido.

Enquanto isso Hanna olhava a carta selada a fogo que tinha recebido misteriosamente há alguns dias lhe prometendo respostas e ficou lendo e relendo aquelas palavras que poderiam mudar sua vida. Não via a hora de descobrir a origem da carta e as respostas sobre o que realmente aconteceu com mãe. Depois de guardar a carta em uma gaveta, ela pegou uma muda de roupa e foi tomar um banho.

Ela não fazia o tipo Barbie, que se preocupa muito em estar bela e talvez por isso tivesse uma beleza natural que revelava sua personalidade forte. Seus longos cabelos ruivos volumosos chamavam atenção por onde quer que ela passasse, seja pela beleza ou mesmo pela falta dela.

Desde pequena gostava de desafios, quanto mais difícil de conseguir superá-los mais vontade tinha de vencê-los e por isso entrou para o clube de tiro com arco. Essa foi uma das atividades que Edgar a incentivou para que ela não percebesse tanto a ausência da mãe o que não funcionava muito bem. No último ano ganhou uma competição importante da cidade. Sua vitória foi incrível. Medalha de ouro e uma bela foto com o troféu tirada na câmera de Lucas. Foi um dia muito feliz.

Saiu logo do banheiro e foi direto para o computador conferir e-mails e alguns trabalhos. Percebeu que estava na hora do jantar, mas não estava com fome, então terminando com o computador resolveu ir dormir.

Pegou seu ipod e os fones. Ligou em uma playlist de Imagine Dragons, uma de suas bandas favoritas e deitou-se. Ao colocar a cabeça no travesseiro sentiu o peso do dia. Estava exausta. O que a fez dormir logo.

Em cima do criado mudo o despertador gritava cumprindo seu papel pontualmente a seis da manhã. Dormiu tão bem que a noite pareceu bem curta. Teimosos raios de sol insistiam em passar pela janela e iluminar pouco a pouco o quarto. Hanna levou a mão até o despertador e o desligou. Toda manhã era difícil levantar. Lucas brincava dizendo que não era preguiça e sim inércia.

Depois de um bom banho para acordar, pegou sua mochila com todo o equipamento: laptop, câmera, tripé, lentes e por aí vai. Na cozinha comeu alguma coisa e colocou na mochila uma maçã e um sanduíche para a visita a galeria que faria mais tarde.

Pela manhã não via Edgar, pois ele saia bem cedo para seu trabalho no museu da cidade. A não ser nos fins de semana. Ela não sabia muito bem qual função ele desempenhava, mas sabia que era alguma coisa relacionada com arte e história.

Depois do café saiu e desceu toda a rua das flores até o ponto de ônibus. O frescor da manhã e os raios do sol a deixavam animada e sempre feliz. Era como uma dose extra de ânimo. Enquanto descia, talvez por mania, tirava fotografias de pessoas, casas e paisagens. Era como se a câmera fosse seus olhos que procuravam a alma de cada imagem que captava. De dentro do ônibus não era diferente. Tirava muitas fotos, principalmente de crianças com seus pais.

O campus não era muito longe e o prédio de artes ficava logo perto da entrada. Pelo corredor ia cumprimentando os outros alunos. Na porta da sala viu Lucas conversando com o pessoal da sala. Cada um tinha um estilo próprio com seus cabelos coloridos e penteados ousados, roupas e muitos com pastas e mochilas diferenciadas. Reuniam-se em pequenos grupos de três ou quatro pessoas parando nos corredores ou sentados nos degraus das escadas para conversarem, trocarem ideias. Nas paredes quadros inusitados feitos pelos próprios alunos e também montagens com diferentes pinturas famosas, como uma da Monalisa de Da Vinci, só que com a cabeça e braços do O Grito de Edvard Munch. Além de cartazes engajados que chamavam atenção para problemas sociais como fome, desigualdade, lavagem cerebral midiática, guerras e por aí vai.

Hanna continuou andando até a sala, quando Lucas a viu.

– Oi Hanna! – falou entusiasmado. – Dormiu bem? – ele usava uma camisa vermelha de um seriado de televisão com inscrição “bazinga” na região do peito.

– Oi, Luc! Desta vez não tive outro sonho daqueles. Dormi muito bem.

Enquanto ele voltava a conversar sobre seriados de televisão com os colegas Hanna entrou na sala. Falou com quase todos menos com uma garota com cabelos azuis e seu grupinho do fundo. O nome da garota era Alice e ela era a líder do grupo formado por mais duas, Susan e Alex.

– Ora, ora. Veja se não é a ferrugem que resolveu dar as caras. – falou Alice com tom de zombaria.

Susan e Alex puxaram as risadas o que fez outros rirem também. Hanna não deu bola para elas e talvez por isso Alice tivesse ainda mais motivação. Mas na verdade estava se segurando para não dar uns bons tapas na garota. Não podia dar razão para ser ainda mais ridicularizada, pois tinha medo de fracassar nas brigas como aconteceu uma vez, então deixou pra lá mais uma vez.

Minutos depois a professora, Angie, chegou. Todos foram para seus lugares. Lucas se sentou em cima da mesa atrás de Hanna. Angie era bem bonita para sua idade. Cabelos escuros, olhos azuis. Vestia um bonito colete preto e um sapato bem alto que chamava bastante atenção.

– Bom dia turma. – falou com uma voz de autoridade. Abriu um sorriso enquanto juntava as mãos prontas para começar a aula. Ao olhar pela sala, apontou o dedo e falou. – Lucas, use a cadeira, não a mesa.

Sem graça ele completou para quebrar a tensão. – Bem que achei que esta cadeira estava meio alta. – todos soltaram uma risada. Afinal ele era o piadista da turma e se orgulhava muito do seu título.

Depois da piada, Angie continuou. – Hoje é nossa visita à exposição fotográfica “Os Olhos” naquela importante galeria do centro. Lembram? – esperou a reação da turma e continuou. – Quero que vocês tentem captar nas fotografias o que os olhos das pessoas da foto transmitem. Dor, tristeza, alegria, esperança... Entre outros sentimentos. Depois elaborem um relatório e me entreguem na próxima aula. Formem suas duplas e podem ir para o pátio. Sairemos em poucos minutos.

Todos se levantaram animados escolhendo suas duplas. Lucas e Hanna olharam um para o outro e nem precisou dizer nada. Cada um já tinha entendido o que o outro estava pensando. Ao perceberem a situação começaram a rir de si mesmos.

Foram interrompidos pela professora que começou a falar.

– Pessoal. Os menores me entreguem a autorização assinada por seus responsáveis.

Hanna sempre falsificava a assinatura do padrasto quando precisava de autorizações do tipo. Era simples. Ela e alguns poucos alunos foram até a frente da sala entregar o papel. Enquanto isso os demais alunos se encaminhavam para o pátio.

Os dois se encontraram no pátio. Neste momento o ônibus já havia chegado e os alunos embarcavam. Ela parou a poucos passos da porta do veículo olhando para uma pessoa distante que a observava. Não conseguia distinguir quem era.

– Hanna, o que foi? Viu alguma coisa? Só falta a gente. – Lucas falou já começando a entrar.

– Já estou indo, só achei... só achei ter visto... Deixa pra lá. Não foi nada. – falou já se aproximando da porta.

– Hum. Sobe logo. Estão te esperando. – encerrou.

A viagem demorou uns trinta minutos do campus até o centro. Isso porque o trânsito estava lento por causa de um acidente.

O centro era imenso. Grandes paredões formados por altos prédios com diferentes estilos em volta de largas avenidas. Um verdadeiro aglomerado humano. A galeria ficava em uma dessas avenidas, espremida entre um gigantesco prédio com fachada de vidro e um grande parque todo arborizado, onde muitas pessoas se exercitavam e sentavam para comtemplar o movimento da cidade. Era um lugar perfeito para amantes de fotografia de cenas urbano-cotidianas.

O prédio da galeria era grande e antigo feito com tijolinhos aparentes e grandes janelões, se impondo mesmo perto do seu vizinho gigantesco de vidro. Uma placa em um totem na entrada dizia que originalmente era uma fabrica têxtil e que há apenas alguns anos havia se tornado um espaço cultural, após ter sido comprado por uma grande firma de arte. Era um ponto muito valorizado da cidade.

Os alunos desembarcaram no parque e foram para a galeria e já com suas câmeras na mão foram entrando. Cada dupla ia discutindo como fariam o trabalho. O interior da galeria era uma penumbra, mas era possível perceber as paredes nuas mostrando seus pequenos tijolos maciços. O show de luzes era reservado para pontos pontuais de destaque na parede, perto de cada quadro com fotografia. No centro havia uma foto gigantesca. Hanna podia jurar que ela deveria ter no mínimo 3 metros por 1,5 de largura.

Apesar da chegada dos jovens, já havia algumas pessoas dentro da galeria. Algumas sentadas passavam vários minutos olhando para as fotos como se tentassem entender algo implícito. Outras ficavam mesmo em pé com uma mão no queixo e uma expressão enigmática.

– Hanna, olha isto. – chamou Lucas enquanto olhava uma foto escondida dentro de outra foto. A pessoa na imagem era a mesma em ambas o que diferia era a expressão.

– Que diferente. É como se o autor quisesse transmitir a ideia de que por trás do que deixamos as pessoas perceberem de nós existisse algo escondido que guardamos só para gente.

Sem que os dois percebessem a professora que estava de pé observando o quadro ao lado, se aproximou.

– Muito bem Hanna. Excelente percepção. Não se esqueça de colocar isso no relatório.

Ela não esperava, mas abriu um sorriso ao perceber que era a professora. Depois que Angie saiu, ela se virou para seu parceiro para pedir que ele anotasse enquanto ela fotografava, mas ele já estava anotando.

– Li seus pensamentos, já está anotado. – ele abriu um sorriso de sou foda. – Formamos uma bela dupla.

– A melhor. – completou a garota.

Enquanto Lucas ia à frente em direção à outra foto, Hanna parou ao perceber uma em um quadro pendurado ao teto por cordas de nylon em uma sala vazia. A sala era igualmente escura, tendo apenas uma luz vinda do teto sobre o quadro. Na frente de onde estava a foto, tinha um banco longo e simples.

Curiosa e capturada pelo mistério da sala entrou e se sentou no banco para admirar a foto em preto e branco de um senhor, um morador de rua, sentado no chão com os pés sujos e machucado. Ao seu lado um cão estava deitado com a cabeça sobre as patas.

Enquanto, pensativa olhava para o quadro, uma senhora bem vestida e com muitas joias se aproximou. Seu rosto tinha muitas marcas da idade e suas mãos pareciam frágeis e fracas. Deveria ter uns setenta e poucos anos. Ela se sentou ao lado dela.

– Ele parece feliz. – disse a senhora também olhando a foto.

– Por que ele estaria feliz? Olhe para ele. Sem casa, sem família, possivelmente com fome e sem esperança. – completou a garota sem se incomodar com a presença estranha.

– Ele tem família. Olhe o cachorro perto dele. Olhe como eles parecem confiar um no outro. – fez uma breve pausa como se desse tempo para a garota interpretar o que dizia. – Ele também tem casa. Olhe como o papelão delimita o seu espaço formando um lugar que apesar de tudo ele pode chamar de seu. Sobre a esperança, não sabemos, mas talvez esse pequeno espaço com uma casa e um amigo para chamar de família seja tudo o que uma pessoa precisa. Do que adianta ter dinheiro e uma família numerosa, se você se sente sempre sozinho. Dali ele pode observar todo o movimento da cidade, o caminhar das pessoas e sem pressa, pois ele tem todo tempo do mundo. Por isso, digo que ele é feliz. Conheço pessoas que dariam tudo para ser como ele, livre.

Hanna impressionada com o que ouvira olhou para a senhora. – Quem é você? – ficou esperando uma resposta que justificasse tamanha interpretação.

– Eu?! Sou apenas uma mulher que já viveu muito. – respondeu com toda a maturidade que o tempo lhe dera. – Hanni, um dia você saberá interpretar a vida buscando o que realmente importa. – falou sorrindo como quando um mestre ensina uma lição ao seu aprendiz.

Hanna estava paralisada. Não com a lição que acabara de receber, mas sim com o fato daquela desconhecida misteriosa saber seu apelido. Só Edgar e sua mãe a chamavam de “Hanni”.

– Como você... Como você conhece esse apelido? – falou ansiosa para descobrir. Incrivelmente não sentia medo, apenas curiosidade como uma criança quando descobre algo novo.

– Você deve estar confusa, mas logo tudo se resolvera e as respostas virão. – falou enquanto sorrindo tirava da bolsa uma pequena pedra muito brilhante. Parecia um diamante, mas sua cor era meio âmbar. Estava cuidadosamente colocada em uma tiara com inscrições em baixo relevo. Se não fosse pela pedra, o objeto seria apenas um pedaço de metal. – Não tenha medo, querida. Pegue e coloque-a – falou enquanto estendia o braço para lhe entregar o belo objeto.

Hanna ficou alguns poucos segundos olhando para ele pensativa, até que finalmente cedeu a curiosidade e o colocou na cabeça. A senhora observava a menina como se quisesse muito que algo acontecesse. Segundos depois de colocar a tiara tatuagens começaram a surgir pelo corpo da garota. Partiam da ponta dos dedos e subiam até o rosto. Era um conjunto de palavras de uma língua que Hanna não conhecia. Além de se espalharem pelo corpo, as inscrições brilhavam com uma luz em cor dourada.

Levantou-se apavorada com o que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo estava maravilhada com a beleza do evento. Estranhamente ninguém mais na galeria estava por perto para presenciar aquilo. Ela se sentia poderosa como nunca antes, podia sentir a coragem correndo por suas veias.

A senhora observava tudo com muita cautela como um engenheiro observando se sua invenção funcionaria.

– Você tem uma longa batalha pela frente agora. – falou a velha.

– Isso é magia? Como que... – Hanna não parava de fazer perguntas.

– É muito mais que magia querida. – a mulher falou no momento em que a esperança voltava a seus olhos. – E agora é sua responsabilidade. Ninguém pode saber disso, nunca. E como eu disse a batalha se aproxima. Dias turbulentos estão por vim. – falava como se lembrasse de um passado que a muito deixou marcas em seu peito. – O último que aceitou o desafio morreu tomado pela ganância do poder.

– Mas como... Eu vou morrer? Eu não escolhi nada disso. Eu não quero isso. Deve ser uma maldição. – assustou-se Hanna.

– Tem certeza? No momento em que você colocou a tiara você fez sua escolha querida. Você só não percebeu isso ainda.

Hanna sabia que a senhora estava certa. Antes de colocar a tiara ela podia sentir que tudo mudaria, mas decidiu seguir em frente. Dizia para si mesmo que não tinha nada a perder.

– Mas e agora? O que faço? O que vai acontecer comigo? – tentava buscar instruções.

– Isso só você sabe. – falou a senhora enquanto se levantava.

Hanna se virou para ver melhor a mulher. Que agora ela começava achar que era louca.

– Quem é você afinal?

Sem responder a jovem a mulher começou a sumir, como uma imagem fantasmagórica que vai se dissolvendo até sumir completamente. Juntamente com ela a tiara desapareceu e Hanna ficou olhando para o espaço vazio onde antes ela estava.

– Hanna, você está bem? – perguntou Lucas ao vê-la olhando para o nada com a mão estendida como se tentasse pegar algo. – Tem uma foto que quero que você veja.

– Estou sim. Já estou indo. – respondeu escondendo as mãos nas costas para ele não ver as tatuagens.

Quando ele saiu ela olhou para as mãos e pode ver que as inscrições que antes se estendiam até a ponta dos dedos e rosto havia recuado até o pulso. Como se tivessem vida própria tentava se esconder por debaixo da roupa da garota.

Ela ficou confusa, mas antes que pudesse digerir o que havia acontecido, um homem chegou na porta da sala e a chamou.

– Hanni, você precisa vir comigo.

Quando se virou para ver quem era teve outra surpresa, era Edgar, seu padrasto. Isso a deixou ainda mais confusa.

Ele foi até ela e a puxou pelo braço. Sem entender o que estava acontecendo, Hanna não ofereceu resistência. Apenas o acompanhou até a saída. Sua mente estava ainda pensando na senhora das mãos frágeis.

Os dois entraram no carro. Não falaram nenhuma palavra durante todo o percurso. Chegando a casa Edgar desabafou.

– Você está bem? – preocupou-se com a garota.

Já recuperada dos últimos acontecimentos, Hanna chegou ao ponto chave da situação.

– Como você sabia onde eu estava? – falou curiosa.

– Isso não importa. – respondeu um pouco mais calmo após ter sido desarmado pela jovem.

– Não ignore minha pergunta. Responda.

Sem querer Edgar deixou escapar.

– Ela me disse. – gritou levando as mãos a cabeça.

– Ela quem? A senhora? Você a conhece? – Hanna voltou-se para ele. – Quem ela é? Tem a ver com o que aconteceu com minha mãe? – pressionou tentando descobrir algo.

Ed não respondeu nenhuma das perguntas, apenas deu-lhe as costas e disse.

– Não vou falar com você sobre isso. A conversa acabou aqui. – falou saindo pela porta da sala sem olhar para a garota.

Hanna ficou ali sem acreditar no que tinha acontecido. Em poucas horas muita coisa tinha acontecido. Depois de alguns poucos minutos sentada no sofá tentando entender a situação jogou uma almofada para longe com raiva. Então percebeu um fundo falso no sofá. Curiosa tirou as demais almofadas e abriu o compartimento que estava escondido.

Pegou a pequena caixa que tinha visto Edgar guardar uma foto na noite passada de dentro do esconderijo e a colocou sobre a mesa de centro. A surpresa estava estampada em seu rosto. Por que ele esconderia isso? Pensou.

Por alguns minutos ficou observando-a. Pensando se deveria realmente abrir ou não. Pensando no que poderia encontrar. Mas depois dos últimos acontecimentos sabia que não era hora de hesitar.

A caixa era antiga. A tampa era um pouco arqueada na parte superior. Na frente uma fechadura com um cadeado desses que se compra em supermercados. Por toda a caixa havia uma série de desenhos de quadros de artistas famosos pelo mundo. Ela reconheceu alguns de Van Gogh, Portinari e Leonardo Da Vinci. Outros ela não fazia ideia.

Decidida a abrir a caixa, tirou um grampo do cabelo, amassou ele para ajeitar como queria e o colocou no cadeado como se fosse uma chave.

Uma vez Lucas a ensinou a usar grampos de cabelo para abrir fechaduras depois de inúmeras vezes perder sua chave do armário da faculdade. Ela se lembrava de ter perguntado a ele onde havia aprendido a fazer aquilo, mas ele só disse “Gata, essa é a mágica do Luc. E um mágico não revela seus segredos.”.

Depois de uns segundos o cadeado fez um clique e abriu. Ela o removeu da fechadura e colocou ao lado da caixa. Respirou fundo e abriu a caixa.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado da história ;) Logo logo tem mais. See ya