Hell on us escrita por Sami


Capítulo 37
Momentos...


Notas iniciais do capítulo

Olá turminha que eu amo tanto!! GENTE COMO ASSIM 115 LEITORES???? GENTE QUE FELICIDADE, ATÉ MERECEM CAPITULO NOVO!!



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[...]

Eu não sabia exatamente como reagir diante de tudo aquilo que estava ouvindo, apesar de estar se mostrando completamente arrependido por ter feito parte de um grupo como aquele que era o tal dos Salvadores eu não conseguia manter meu olhar focado em outra pessoa que não fosse nele. Respirei fundo diversas vezes tentando de algum jeito enfiar todas aquelas informações na minha cabeça, mas quanto mais eu tentava fazer, parecia que eu só ficava ainda mais confusa do que já estava naquele momento. Depois de um tempo, Rick pediu que Michonne chamasse Deanna e seu marido para que eles dois pudessem estar ciente de tudo o que David estava contando, já era a segunda vez que eu ouvia sua história a real história sobre o que aconteceu com ele depois que nos separamos e assim como na primeira vez, eu não conseguia acreditar que tudo aquilo era mesmo verdade. David era uma pessoa boa, passei tempo o suficiente com ele para saber disso e agora ao saber de tudo o que ele fez quando fazia parte desse tal grupo chamado Os Salvadores eu sentia como se um grande balde de água fria estivesse sendo jogado em mim constantemente.

Enquanto ele contava tudo novamente para os dois líderes de Alexandria, eu recebia hora e outra o olhar de Carl, eu estava evitando olhar muito para ele naquele momento para não dar tão na cara assim que eu estava bastante puta com David, mas eu sabia que ele estava me olhando de segundo em segundo como se tentasse garantir a si mesmo que eu não faria alguma coisa. Acho que ele leu minha mente, pois quando comecei a me imaginar batendo várias e várias vezes em David ele imediatamente segurou a minha mão dando um leve aperto nela fazendo com que eu o olhasse no segundo seguinte. Assim que o olhei, percebi que Carl estava com aquele mesmo olhar que Rick tinha quando queria conversar com alguém quando o assunto era alguma coisa séria.

Soltei sua mão aos poucos e comecei a me levantar recendo também o olhar sério de Michonne e Rick que viraram para me olhar ao mesmo tempo, evitei ao máximo chamar tanta atenção assim e comecei a caminhar até a porta sendo seguida por Carl. A abri com calma e a deixei aberta para que Carl pudesse passar também e assim que saímos ele a fechou evitando bater.

— O que você quer? — Perguntei sem o olhar. — E é melhor falar logo antes que eu decida entrar novamente.

Me sentei no primeiro degrau da escada e vi Carl fazer o mesmo logo em seguida, ele tirou o chapéu de xerife da cabeça e imediatamente eu me lembrei da aposta que fizemos que ele me deixaria usar aquela imundice na minha cabeça por uma semana; pensei em lembrá-lo disso, mas o momento não pareceu ser aquele. Eu ainda estava puta com David, estava realmente muito putona com ele.

— Você ficou bem estranha quando o seu amigo disse que fazia parte daquele grupo lá. — Falou me olhando com aqueles belos olhos azuis que ele tinha como alguém em pleno apocalipse zumbi pode ter olhos tão lindos como ele? — Se eu não te conhecesse diria até que você estava quase matando ele só pelo olhar.

Eu suspirei.

— E talvez eu estivesse mesmo. — Respondi apoiando minhas costas no pequeno pilar que havia atrás de mim. — Acho que a última vez que fiquei puta desse jeito com alguém foi quando o mundo era dos vivos e não dos mortos.

Carl deu um meio sorriso me encarando.

— Está brava com ele só porque ele disse que fez parte daquele grupo? — Ele tornou a perguntar outra vez.

— Eu estou sim brava com ele por ter feito parte desse grupo que por muito pouco não nos matou, eu estou sim brava com ele por ter mentindo pra mim bem na minha cara. — Fiz uma pausa para respirar fundo. — Ele olhou bem nos meus olhos me dizendo uma coisa quando na verdade era outra completamente diferente! É, eu to bem puta com ele sim!

O projeto de xerife arregalou os olhos por alguns segundos parecendo que iria começar a rir de tudo aquilo, levantei uma sobrancelha olhando-o diretamente nos olhos e ele pareceu se conter.

— Você fala de um jeito como se fosse a namorada dele. — Falou enquanto se endireitava.

Parei um segundo para pensar no que ele havia dito e tive que concordar, por um lado eu realmente estava falando como se fosse a namorada dele.

— Não fique com ciúmes dele, Carl. Ele é uns vinte e tantos anos mais velho que eu, nunca daríamos certo. — Falei empurrando-o com o ombro. — Mas isso não muda nada, acho que ele deveria ter me contado sobre isso, ainda mais sabendo que esse grupo aí é perigoso.

Carl deu de ombros.

— Mas ele pode ter tido alguma razão pra não ter te contado. — Falou. — Talvez ele quisesse te manter pura inocente, o que eu acho que não deu muito certo porque você tem a boca quase tão suja quanto a do Daryl.

Eu virei meu rosto para o lado devagar até ter uma visão completa do xerifinho, o olhei de cima abaixo com descaso.

— Eu não falo tanto palavrão assim — Me defendi. — só falo o básico quando realmente vejo que é necessário dizer. Só isso.

— Não é não e você sabe disso. — Ele continuou. — Deus sabe como você fala palavrão, tem uma boca muito suja. — Ele riu.

Ele pegou seu chapéu de xerife do chão e o levantou até seu rosto e então o colocou sobre a minha cabeça deixando uma parte cobrindo meus olhos, o arrumei do jeito certo deixando-o um pouco inclinado para trás e arrumei meu cabelo deixando um pouco dele sobre meus ombros.

— Como eu estou? — Perguntei levantando as duas sobrancelhas.

— Acho que deveria cobrir um pouco mais o seu rosto — Ele respondeu se aproximando de mim e então abaixou uma parte do chapéu — desse jeito!

Fingi rir e dei um peteleco nele fazendo-o reclamar alguma coisa que eu não entendi muito bem o que era.

— Ei. — Eu me inclinei um pouco para o lado me aproximando dele. — Por que você sente ciúmes do David?

Assim que perguntei isso Carl virou todo seu corpo para frente me olhando com os olhos arregalados, ele esticou os dois braços começando a fazer cócegas em mim, confesso que no início foi até divertido rir um pouco, mas depois eu percebi que odiava receber cócegas; ainda mais de Carl porque parecia que os dedos dele eram feitos de chumbo puro. Tentei segurar seus braços para fazê-lo parar e acabei sendo derrotada por Carl que surpreendentemente tinha mais força do que eu, ainda estava rindo — tipo, rindo muito—  mas aquilo já estava começando a me deixar com vontade de fazer xixi. Acho que cócegas deveria ser visto como um tipo de tortura.

Cai para trás ainda rindo e recebendo cócegas do projeto de xerife que tinha os dedos feito de chumbo e já não estava mais suportando aquilo, eu não aguentaria mais continuar rindo e se ele continuasse com aquilo era bem capaz que terminasse de um jeito que eu estava desejando que não acontecesse ali. Tentei pedir inutilmente para que ele parasse de fazer aquilo quando ele finalmente pareceu me ouvir e parou, eu ainda estava rindo de forma descontrolada e tentei aos poucos voltar ao normal e parar de rir, respirei fundo algumas vezes voltando a rir outra vez e parei respirando fundo outra vez.

— Nunca mais faça isso comigo! — Falei ainda deitada sobre a escada. — Se fazer isso de novo eu juro que eu vou...

Eu não consegui terminar a frase, quando percebi estava rindo de novo e assim que me dei conta disso parei imediatamente. Droga, não era pra ter começado a rir!

— Você precisava se alegrar um pouco, pirralha. — Semicerrei os olhos o olhando enquanto tentava voltar ao normal. — Deveria me agradecer.

— Não. — Falei quase sem fôlego de tanto rir. — Cócegas é algo maldito que algum louco inventou para que ele pudesse torturar as pessoas.

— Mas você estava rindo até agora. — Debochou de mim enquanto me imitava.

— É, eu estava, mas por dentro eu queria te acertar com uma pá. — Respondi recuperando fôlego. — Por favor, nunca mais faça isso comigo.

Carl assentiu enquanto continuava me imitando, senti novamente uma pequena vontade de acertá-lo com uma pá, mas controlei isso.

Eu o olhei por um tempo e me endireitei na escada novamente voltando a ficar sentada como eu estava antes de começar a receber cócegas, arrumei novamente o chapéu de Carl na minha cabeça deixando-o novamente inclinado para trás e então tirei um pouco do meu cabelo que estava na minha cara, virei todo o meu corpo ficando totalmente de frente para Carl e então comecei a me aproximar dele para beijá-lo. Assim que percebeu o que eu estava fazendo ele também começou a se aproximar até que nossos rostos estavam novamente próximos um do outro, porém quando íamos finalmente nos beijar ouvimos os gritos de desespero de Glenn pedindo por ajuda. Imediatamente eu e o projeto de xerife nos afastamos olhando para uma quantidade boa de pessoas que estavam já correndo para o portão principal de Alexandria, sem pensar duas vezes nos levantamos e saímos em disparada para ver o que estava acontecendo. Glenn continuava gritando por socorro enquanto as pessoas que corriam paravam um pouco mais distantes onde estava o portão, eu e Carl então começamos a abrir caminho para que pudéssemos passar por toda aquele monte de gente curiosa –como se eu e Carl não estivéssemos sendo também–até que finalmente conseguimos ver o que estava acontecendo.

Lá estavam Glenn e Eugene fora de uma pequena van, Glenn estava quase todo sujo de sangue e em seus braços estava Tara; que parecia estar desmaiada, arregalei meus olhos ao perceber que sua cabeça estava sangrando e que ele parecia tentar ao máximo impedir que aquele sangramento continuasse. Enquanto isso Eugene estava com Nicholas apoiado sobre seus ombros, ele também estava desmaiado, porém parecia estar num estado um pouco melhor do que Tara.

— Meu Deus o que houve? — Ouvi uma mulher loira correr desesperada até Glenn olhando para ele e depois para Tara. Acho que o nome dela era Denise ou Deise. — O que aconteceu?

— Um acidente... — Glenn parecia estar sem fôlego algum. — O Noah... Ele... — Ele não conseguiu terminar a frase, talvez nem fosse realmente necessário já que todos ali pareciam entender o que aconteceu. Inclusive eu.

Vi a loira e Glenn andarem juntos até onde seria a enfermaria de Alexandria e Eugene acabou recendo ajuda de dois moradores para conseguir carregar Nicholas até lá, aos poucos toda aquela multidão foi se afastando do portão até que apenas eu e Carl ficamos. Nos olhamos por um tempo entristecidos, pois perdemos mais um membro do grupo.

...

Quando anoiteceu, Deanna concordou com Glenn em fazer um enterro simbólico para Noah, como não tínhamos um corpo então tudo o que fizeram foi separar um espaço no “cemitério” de Alexandria e cravar uma cruz feita as pressas para colocar em seu túmulo. Boa parte dos alexandrinos também estavam no enterro de Noah, alguns pareciam realmente sentidos com a sua morte enquanto outros apenas estavam ali para mostrar respeito. Padre Gabriel dizia algumas passagens da bíblia e um tipo de sermão sobre a vida e a morte, o clima ali estava bastante mórbido, ninguém além do padre falou uma única palavra; mesmo quando ele permitiu que alguém pudesse dizer alguma coisa. Glenn que estava ao lado de Maggie olhou para todos nós como se perguntasse se queríamos dizer alguma coisa e ao ver que ninguém faria nada, ele deu uns três passos para frente olhando novamente para todos ali. Acho que todos, ele era o que mais estava triste pela morte de Noah.

— Eu não o conhecia muito bem. — Começou. — Mas eu sabia que ele era uma boa pessoa, ele tinha algo que muitas poucas pessoas conseguem manter nesse mundo: bondade e esperança. Ele acreditava nesse lugar e... Ele acreditava nesse lugar assim como Deanna e Reg acreditam.

Ergui meu olhar para Glenn e não pude deixar de sorrir levemente com aquilo que ele havia acabado de dizer, respirei fundo correndo meus olhos para todo o lugar em que estávamos e vi uma parte dos muros que mantinham aquele lugar seguro, pensei um pouco mais sobre o que Glenn dissera e aquele lugar poderia realmente ser bom para todos nós ali. Desde o dia que chegamos em Alexandria não vimos um único sinal de errantes e nenhum havia entrado, as pessoas ali por mais que parecessem não ter a mínima noção de como era o lado de fora daquele lugar sempre estavam sorrindo como se o mundo não estivesse a desgraça que estava; de certa forma elas pareciam felizes ali e eu queria ser feliz também. Passei por várias merdas naquele mundo e apesar de ter aprendido muito durante todo esse tempo eu queria poder acreditar que a raça humana poderia ter esperanças novamente; eu queria ser como o Noah que acreditava que mesmo vivendo num mundo de muita merda e desgraça, ainda conseguia acreditar em tudo aquilo que Alexandria tinha.

Eu queria ter esperanças novamente assim como ele tinha.

Depois que Glenn terminou seu pequeno discurso sobre o Noah, todos estavam fazendo o caminho de volta para suas casas.

Eu caminhava um pouco mais atrás olhando Carl e Rick conversar sobre alguma coisa, estava com meus pensamentos um tanto avoados naquele momento, afinal era muita coisa para assimilar em apenas um único dia; eu e Carl encontramos dois membros dos Salvadores, descobri que David já fez parte desse grupo e agora tinha que aceitar que Noah estava morto. Realmente aquilo era muita coisa para um dia. Enquanto caminhava recebi um leve cutuque no ombro e era David andando atrás de mim, ele me chamou para que eu o acompanhasse e eu fiz, ainda estava brava com ele, mas se ele quisesse conversar eu iria conversar com ele.

— Eu sei que está chateada comigo por hoje mais cedo. — Ele começou sem me dar tempo de pensar sobre o que ele queria conversar. — E eu sei que você vai dizer que eu deveria ter te contado sobre aquele grupo.

— E deveria mesmo. — Falei o olhando brevemente. — Por que não me contou sobre eles e que fez parte deles? 

David suspirou.

— Ayla, todo aquele tempo que eu passei sendo um dos salvadores não é algo do qual eu gosto de contar para todo mundo. — Seu tom era calmo. — Eu sinto vergonha por ter feito as coisas que fiz e eu não queria que você me olhasse como olhou quando eu comecei a contar sobre eles hoje cedo.

Mordi o lábio evitando demonstrar muita reação com aquilo. Eu não o olhei de um jeito estranho porque quis, mas ao ouvir o que ele estava contando foi impossível olhá-lo de outra forma.

— Na verdade eu só estava te olhando daquele jeito porque estava quase que te fuzilando com os olhos. — Ele riu rapidamente. — Eu fiquei bem puta com você por não ter me contado sobre isso e dizendo isso pela segunda vez hoje me sinto uma idiota por ter ficado ferrada com você. Mas que você deveria ter me contado sobre isso, você deveria!

Ele riu outra vez.

— Não eu não deveria Ayla. — Ele me olhou. — Tudo o que eu fiz e até mesmo vi são coisas das quais eu tento esquecer. — Ele fez uma pausa. — Mesmo carregando uma marca comigo.

Eu olhei para ele e então me dei conta da cicatriz que eu tinha no rosto.

— Foram eles que te deram essa cicatriz não foi? — Perguntei num tom baixo ainda o olhando. — Por isso você nunca falou sobre eles comigo. — Afirmei assentindo comigo mesma.

— Foi sim. — Ele suspirou. — Nem sei como consegui sobreviver depois que eles... 

Mais uma pausa. David realmente parecia estranho ao falar sobre aquilo e de certa forma me senti um pouco culpada por isso, não queria que aquilo tivesse acontecido com ele. Ele era bom demais para aquele tipo de coisa.

— Bom, eu não vou acabar com a sua noite de sono contando como foi que eu consegui isso. — David apontou para sua cicatriz e riu outra vez. — E não venha insistindo porque eu não vou contar.

— Quem sabe outro dia não é mesmo? — Perguntei esperançosa. — Tempo é o que não falta.

Olhando um pouco mais para ele eu percebi que havia ficado brava com ele por besteira, tá, ele mentiu e escondeu isso de mim, mas, eu entendia agora o motivo pelo qual ele não me contou e de certa forma compreendia isso. E também eu não conseguiria ficar muito tempo brava com ele, David era camarada demais.

— Bom, eu acho que já está na hora de você ir para casa. —Ele pousou sua mão sobre meu ombro. — Não quero aquele tal de Rick bravo comigo por estar te segurando aqui fora.

— Não precisa ter ciúmes, ele já tem dois filhos. — Dei de ombros fazendo-o rir.

— Vai logo pirralha. — Falou mudando completamente seu tom de voz.

Eu me virei pronta para ir, mas um pouco antes de começar a caminhar eu me virei novamente ficando de frente para David e então me aproximei dele o abraçando logo em seguida; não sei bem o porquê de eu ter feito aquilo, mas deu vontade de abraçá-lo mesmo assim. Levou um tempo para que ele também retribuísse aquele abraço e quando ele o fez suas duas mãos foram até minha cabeça e como um pai ele afastou um pouco do meu cabelo beijando minha testa. Fiquei realmente surpresa com aquilo, pois era a primeira vez que David demonstrava esse tipo de afeto comigo, sempre tive ele como um irmão mais velho, mas naquele momento foi mais como um pai. O abracei com mais força sorrindo largamente; também era a primeira vez que eu e ele nos abraçávamos daquele jeito e foi realmente muito bom poder finalmente fazer isso.


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Notas finais do capítulo

~No gif pra quem não sabe é o David (ou pelo menos do jeito que eu imagino ele) e ao olhar para esse gif dele imaginem uma grande cicatriz tipo partindo o rosto dele ao meio. Pois é, ele é desse jeito.



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