A Reunião dos Heróis escrita por MaçãPêra


Capítulo 24
Próxima Parada: Estados Unidos...


Notas iniciais do capítulo

Oeeeeeeee gente!!!! Finalmente estou de volta! Cabô as férias, voltei de viajem. E não desisti da fic!
Um novo ano começa. Minhas expectativas estão altas. 2016 começou muito bem pra mim...
Algum fã de Os Instrumentos Mortais por aí? Algum leitor de A Quinta Onda? Esse ano será épico.
Vou relembrar uma coisa: Essa fic se passa ainda em 2014. Atenção!
Fiz esse cap com mais de 4.000 palavras pra vcs!



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P.O.V. Ted

— Descobriu alguma coisa? – pergunto a Zeke assim que ele volta do hospital com Ian.

Logo depois que os dois saíram para o hospital, Mariana me mostrou as partes interessantes de sua casa. A garota me guiou até o quarto da mãe, onde havia uma larga estante de filmes. Tinha todo tipo de filme, desde clássicos como Titanic, até mais recentes, como Guardiões da Galáxia. Percebi que haviam muitos filmes de adaptações cinematográficas, como “Percy Jackson e o Ladrão de Raios”, “Jogos Vorazes”, “Desventuras em Série” e “Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos”.

Era óbvio que essa família gosta de filmes, mas isso se acentuou mais ainda quando vi que eles tinham um projetor na cabeceira da cama e uma tela branca onde o filme é projetado. Mariana também mostrou a “pequena” coleção de livros da mãe. Penso em “pequena” com pouca convicção, pois, apesar de serem apenas cinco livros, eles eram da saga “As Crônicas de Gelo e Fogo, do autor George Martin. Os livros são, tipo, gigantes. Não tão grandes quanto a bíblia ou o livros “Os Pilares da Terra”, mas grandes.

Depois dali, Mariana me levou até seu quarto, onde ela guardava sua coleção de livros. E que coleção! Mais livros reunidos do que eu jamais havia visto antes. Capaz de causar inveja em muitas pessoas. Eram tantos que tinham alguns que eu nunca ouvira falar. Alguns eu já ouvira falar por aí, como “A Maldição do Tigre”, “Eragon” e “Terra de Histórias”.

Mariana também tinha uma varinha que, ao tirar a tampa, mostrava a ponta de uma caneta. Achei isso bem legal.

Passou-se pouco mais de uma hora até que Zeke chegasse e eu fizesse minha pergunta. Como resposta, recebo um “Não” tão baixo que mais parece um murmúrio. Sei como ele deve estar frustrado e decepcionado por não ter encontrado respostas. Decido não tocar mais no assunto.

— Como está Tris? – meu irmão pergunta a ninguém em especial.

— Está com Remo e Miché – responde Percy, que acabara de aparecer ali. Momentos antes ele estivera brincando com o chitzu de Mariana e dos gêmeos.

Bem... E Miché é a mãe deles. Ela chegara a pouco mais que vinte minutos. Não sei como, nem por que, mas a mulher parecia aceitar a situação calmamente. Isso deveria fazer soar meus alarmes internos, mas tenho quase certeza de que ela é inofensiva. Até os gêmeos parecem mais ameaçadores que ela, lançando Avada Kedrava’s com varinhas de mentira pra todo lado.

Nesse momento, escuto o som de uma porta se abrindo e Remo, Tris e Miché aparecem no corredor.

— Pessoal – anuncia Lupin – Arrumem suas coisas. Partiremos em trinta minutos.

— Mas... Já?! – exclama Mariana, surpresa.

— Nós concluímos nosso objetivo por aqui. Encontramos Tris. Procuraremos outros personagens em outros lugares. Tris irá conosco.

A garota olha para Tris pedindo explicações.

— Não é seguro ficar aqui – diz Beatrice. – Nem pra mim, nem pra vocês. É mais seguro para mim ficar perto de pessoas com eles, que entendem minha situação e podem me proteger. – Tris indica Remo, Percy, Ian, a mim e meu irmão com um gesto. – E é mais seguro para vocês, pois não atrairei mais perigo para essa casa. Peço desculpas.

Mariana abaixa o rosto, compreensiva.

— Entendo o que vocês têm de fazer. Boa sorte. – Sorriu.

— Obrigada – diz a Divergente. Ela se vira para Remo – Eu não tenho roupa nenhuma além das minhas que estavam no corpo e um conjunto que Miché comprou pra mim. Também não tenho lugar para colocar minhas coisas.

— Podemos comprar o que estiver faltando lá no aeroporto – diz Remo e vai até a porta da frente da casa.

— Tenho uma mochila sobrando. Pode guardar suas coisas nela. – Miché vai até seu quarto e volta com uma mochila bege.

Tris está prestes a agradescer quando Remo anuncia:

— O... É... Carro que vai nos levar até o aeroporto chegou!

— É um taxi! – corrige a dona da casa. – Ou uma Van. Não sei exatamente o que é.

— Taxi? – Ian pergunta.

— Se bem me lembro, nosso antigo meio de transporte explodiu – constata Percy ironicamente. – Precisamos chegar até o aeroporto de algum jeito.

Vamos até o lado de fora. Despedimo-nos dos gêmeos, de Miché e da empregada.

— Quando toda essa maluquice acabar, tentem entrar em contato – pede Mariana – Tenho um primo que adoraria ouvir as aventuras que vocês viverão daqui para frente.

— Pode apostar que sim – digo. Coloco minha mochila no porta-malas e entro no Taxi-van.

— Tenho uma pergunta – anuncia Zeke, sentando-se ao meu lado e Tris ao lado dele. – Pra onde, exatamente, nós estamos indo?

Percy e Ian sentam nos bancos atrás do meu, Zeke e Tris. Remo, que está sentado no banco do carona, ao lado do taxista, vira o corpo para nós e responde:

— Nossa melhor chance de encontrar mais personagens: Estados Unidos da América.

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Por sorte, Zeke pegara nossas identidades hoje mais cedo antes de embarcar no carro-voador e partir para Brasília. Remo fizera uma identidade falsa para Ian quando eles se encontraram no hotel há três dias. Lupin tem a própria identidade trouxa e o bruxo dissera que pode resolver o problema de Percy e Tris com um simples feitiço: confundus.

Até que deu certo.

No momento, estamos esperando na Sala de Embarque. Como é uma viagem internacional, temos que chegar duas horas antes de embarcar. Terei tempo de sobra para conversar. Sentamo-nos em uma região distante das poucas pessoas presentes.

— Acho que essa é uma boa hora – começa Tris – para vocês me falarem quem exatamente vocês são. Mariana me disse de quais livros vocês vieram, mas ainda não nos conhecemos muito bem.

Entreolhamo-nos. Remo decidiu começar.

— Eu sou Remo Lupin. Sou um bruxo e, por isso, consigo fazer magia. – Remo mostra a ela sua varinha. – Os bruxos geralmente usam uma varinha para fazer feitiços. Você me viu fazendo um há poucos minutos. – O bruxo guarda sua varinha. – Além de bruxo, também sou um lobisomem. Metade humano, metade lobo. Não vou explicar como isso funciona agora. É muito complexo. Você não precisa se preocupar com isso agora.

Tris parece impressionada, mas não diz nada.

— Bem... Eu sou Percy Jackson. Sou um semideus. Isso significa que sou metade humano, metade deus. Deus grego. No caso, sou filho de Poseidon...

Agora Tris parecia mais confusa.

— Peraí... Eu não sei o que é um deus grego, mas... Se você é metade deus e metade humano... E Remo é metade lobo, metade humano. Isso quer dizer que Remo é filho de um humano com... Um lobo? –pergunta a garota.

Segurei-me bastante para não rir. Remo parece frustrado e ofendido ao mesmo tempo.

— Não, não. Meus pais são bruxos. Os dois. Eu me tornei lobisomem depois de nascer.

— E como você se transformou em lobisomem?

— Fui mordido por um.

— Ah.

— Continuando... – Percy volta a atenção para si. – Minha mãe é uma pessoa normal, mas meu pai é Poseidon, o deus grego dos mares. Por causa de meu pai ser quem ele é, herdei seus poderes marinhos. Posso controlar a água e me comunicar com animais marinhos, além de outras coisas maneiras.

— Incrível! – comenta Tris, sinceramente.

— Eu sou Ian Kabra – Ian se adianta – Sou membro do Clã Lucian. Esse é o clã onde seus membros são grandes líderes políticos e agentes secretos, como Benjamin Franklin.

— Não faço a menor ideia de quem seja esse cara. – diz Tris.

— Ei! Benjamin Franklin, no meu mundo, é um filho de Zeus! – ressalta Percy.

— No meu mundo ele é um trouxa. – Remo cobre a boca como se tivesse dito algo errado. – Nossa! Em português, essa frase fica parecendo ofensiva. Benjamin Franklin, na verdade, foi um ótimo trouxa. Ele chamou bastante a atenção de bruxos de todos os cantos do mundo. Acho até que ele já teve a honra de ter conhecimento da nossa existência.

Tris olhava para eles sem entender uma coisa do que eles falavam.

— E quanto a vocês? – ela se dirige a mim e Zeke. – Qual é a participação dos dois nessa maluquice toda?

— Eu sou Ted – digo antes que Zeke fale alguma coisa – e ele é meu irmão, Zeke. Nós somos órfãos de pais diferentes, que, coincidentemente, fomos adotados pelas mesmas pessoas. Ontem de manhã, quando encontramos o filho do deus dos mares se afogando na praia, nós descobrimos que os personagens de nossos adorados livros vieram para o mundo real. Quanto à nossa importância nessa maluquice toda... Eu não faço a menor ideia. Não somos personagens de nenhum livro. Não praticamos magia. Não temos poderes sobre-humanos. Não vivemos em um futuro distópico com um governo corrupto. Nada disso.

— As visões de Rachel provam outra coisa. – diz Remo.

— As visões de Rachel dizem que eu ou Zeke somos a chave para resolver esse problema. – afirmo – Não necessariamente temos poderes ou somos personagens. Esse é o ponto da questão não é? A pessoa que salva todos os personagens não é um personagem.

— Ok. Não estou entendendo nada – admite Tris – Quem é Rachel? Que visão?

Contamos a ela tudo o que aconteceu desde que encontramos Percy na praia até quando lutamos contra o cara vermelho no quintal de Mariana. Falamos do ataque dos dementadores enquanto íamos para o colégio, a profecia de Rachel, as visões que ajudaram a portadora do espírito de Delfos de nos encontrar – que encontraríamos Percy na praia e que seríamos atacados por dementadores. Também contamos sobre Dolores e nossa missão de encontrar a Mensagem Quatro.

Tris parecer desconfortável com a menção do número Quatro, mas questionou:

— Se essa foi a Mensagem Quatro... Onde estão as outras três?

Repentinamente, lembrei-me do sonho que tive antes do ataque dos dementadores. Fim da Mensagem Três. Era um sonho confuso e não me lembro da maior parte dele, mas contei a todos. Depois, Zeke disso sobre nosso encontro com Percy e a estranha mensagem que ele trazia.

— Eu diria que essa foi a Mensagem Um. A primeira que recebemos. Quem quer que esteja enviando essas Mensagens, essa pessoa quer nos ajudar.

— Quem poderia ser essa pessoa? – pergunta Percy.

— Eu já falei sobre isso – Lupin fala. – Desconfio dos egípcios. Tenho certeza de que foi um deles que providenciou a Mensagem Quatro. Acho bem possível que ele tenha implantado algum tipo de mecanismo em Percy para que ele transmitisse a primeira Mensagem na hora certa. Eu não entendo como funciona a magia egípcia, mas é provável que eles tenham poder suficiente para enviar a Mensagem através de um sonho.

— Ainda há uma incógnita – informa Ian. – Já temos as Mensagens Um, Três e Quatro. Onde está a Dois?

— Já pensei sobre isso – digo. Mas não faço a menor ideia de onde ela está.— Algo deve ter acontecido entre a Mensagem Um e a Três que passou despercebido. Penso que, talvez, a Mensagem Dois ainda não tenha chegado até nós. Dependendo de qual forma ela tome, ela pode ter se “perdido”.

— Há algum indício de que a Mensagem de Percy seja realmente a primeira? – pergunta Remo.

— Em nenhum momento ele diz ser a primeira. Concluí que era a Um, pois foi nosso primeiro contato com um personagem nesses últimos três dias – respondo confiante.

O bruxo não diz nada, só fica olhando para o nada de modo pensativo.

— Vocês estão com essa tal de Mensagem Quatro aí? – Tris pergunta.

Respondo que sim com a cabeça e tiro a Mensagem, que esteve esse tempo todo no meu bolso. Desdobro-a.

Está a mesma coisa. O contorno do Brasil, Mensagem Quatro escrito no topo. Os nomes dos personagens:

Percy Jackson

Ian Kabra

Rachel Dare

Dolores Umbridge

Remo Lupin

Severo Snape

— Ainda não sabemos como ele funciona. Ele, supostamente, devia mostrar os personagens que estão aqui no Brasil, mas como você...

Paro de falar. Pisco várias vezes pra saber se estou vendo coisas que não deveria. Uma parte logo abaixo de Severo Snape começa a brilhar. Remo parece sair de seu momento pensativo. Todos olham para a Mensagem para ver o que acontece.

Beatrice Prior

— Por que isso foi parar aí somente agora? – Zeke pergunta, parecendo bastante confuso.

— Acho que os personagens só aparecem na Mensagem depois que você se encontra com eles! – sugere Ian.

— Isso não é possível. Não encontramos Snape em lugar nenhum – Zeke retruca.

Pois é. Não encontramos Snape em lugar nenhum. Pense Ted. Como o a Mensagem funciona? Por que Snape estava lá, mas Tris só aparece agora? Seria pela proximidade? Talvez não tenhamos nos encontrado. Talvez Snape estivesse próximo de nós o suficiente para aparecer ali. Então por que ainda tem algo me incomodando?

Olho bem para a folha de papel. Percebo que não observei atentamente todos os cantos da Mensagem. Ainda não vi o verso. Viro a folha rapidamente. Inicialmente, não encontro nada. Com um olhar mais atento, consigo distinguir uma forma. Parece a letra “R”.

Sim. É a letra “R”. A letra “R” com um olho.

O olho de Hórus.

Reconheço esse símbolo em qualquer lugar desde que li “As Crônicas dos Kane”, de Rick Riordan.

O olho prende minha atenção. É como se eu estivesse encarando uma pessoa de um olho só. Escuto um sussurro em minha mente.

Severo Snape...

Imagens embaçadas surgem em minha mente. Eu volto no tempo. A manhã do dia anterior. Antes de ir à praia. Eu acordo às 6:30, eu acho. Todos ainda estão dormindo. Assisto a coisas entediantes na TV. Depois encontro um canal com notícias que despertam a atenção.

É nessa hora que eu acabo adormecendo e acordo duas horas depois com minha mãe pedindo para eu me arrumar.

Ao invés disso, escuto a campainha tocar.

Quem seria uma hora dessas?

Minha mãe e meu irmão ainda estão dormindo. Vou até a porta da frente e abro sem nem olhar pelo olho mágico. A única coisa que encontro ao abrir a porta é o teto do meu quarto e minha mãe pedindo para eu me arrumar, pois iremos para a praia.

Eu me arrumo. Zeke aparece na porta do banheiro pedindo-me para sair e eu vou até meu quarto. Lá, eu olho pela janela e, nas sombras, vejo um par de olhos negros me encarando. Uma sensação ruim invade meu corpo. Os olhos desaparecem. A sensação também.

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— Ted? – chama Zeke. – Descobriu alguma coisa?

Saio de um transe. Olho para a Mensagem na minha frente. O olho de Hórus indistinguível não me chama mais a atenção. Sinto o suor escorrer por minha testa.

— Descobri sim. – Percebo que todos estão com a atenção voltada para mim. Estou perturbado demais para ficar sem-jeito. – Ontem de manhã, antes de ir à praia e encontrar Percy, vi um par de olhos me encarando quando olhei pela janela. Acho que era Snape. Ele estava me vigiando, não sei por quê. Acho que é assim que a Mensagem funciona. O mapa mostra todos os personagens que estão no Brasil. Em compensação, só aparecerão os personagens que eu olhar diretamente nos olhos. Por isso que Tris só apareceu agora. Por isso Annabeth também não está aqui.

— Que porcaria – opina Zeke.

— Isso é ruim por um lado: não vai nos ajudar em nada para encontrar novos personagens. Mas agora saberemos se Dolores, Snape ou Rachel irão nos seguir até os Estados Unidos. Estou partindo do pressuposto de que a Mensagem mostrará isso ao mudarmos de país.

Ficamos em silêncio por um tempo. Refletindo sobre essas novas informações. Até Remo interromper nossos pensamentos:

— Vou ao banheiro.

Ele sai. Posso finalmente relaxar meus pensamentos. Só espero que a Leglimência (magia que permite ler mentes) não funcione a longas distâncias.

Remo parece saber muito mais do que realmente admite. Assim como ele sabia que Dolores iria ao hotel, tenho a sensação de que ele também sabe algo mais sobre as Mensagens, os egípcios e Snape. Tenho certeza de que ele esconde alguma coisa. Preciso saber se ele tem mais algum plano oculto. Preciso descobrir a verdade.

Se eu fosse um bruxo, minha habilidade especial seria a Oclumência. Consigo bloquear certos pensamentos simplesmente pensando em outros que parecem mais importantes. Então, quando Remo voltou, foquei minha mente em Snape e qual a função dele nessa história.

Não demorou muito para embarcarmos no avião. Nossas fileiras ficavam bem atrás da saída de emergência. Eu, Zeke e Tris nos sentamos na mais à frente, com Tris na janela e eu no corredor. Duas fileiras atrás ficaram Ian, Remo e Percy. Colocamos nossas mochilas no compartimento do teto e nos acomodamos nas confortáveis poltronas do avião.

— Partiu Estados Unidos!

Decolamos.

Pouco mais de meia-hora saímos do território brasileiro e viajamos sobre o extenso oceano. A partir dali, soube que tinha deixado tudo para trás. Toda a minha vida, amizades e histórias ficaram lá. A única coisa que me resta é o que está sentado no banco ao meu lado.

Enquanto vou divagando sobre meu passado e imaginando as possibilidades para o futuro, eu fecho os olhos e durmo...

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— Ted.

Algo cutuca meu ombro e eu acordo. Sonolento, olho para o lado. Foi Ian.

— O que você quer? – Estranho... Ian é a última pessoa que eu imagino me incomodando durante a noite.

— Remo quer que eu troque de lugar com você.

O suor invade minhas mãos. Ele descobriu. Rapidamente, cubro esse pensamento com outro relacionado à Mensagem 2 e onde ela poderia estar.

Vejo que Zeke e Tris ainda dormem. Levanto-me e deixo Ian se sentar. Caminho o curto trajeto até a fileira onde Remo está. O bruxo está de olhos fechados, mas sei muito bem que ele não está dormindo. Ao contrário de Percy, que está babando na janela. Sento-me ao lado de Lupin.

— Ted, quero saber sua opinião em relação a algumas coisas... – ele diz sem abrir os olhos. – Por que você acha que eu e Snape ainda estamos vivos?

Fico surpreso com a pergunta. Esperava algo mais acusatório ou difícil.

— Tenho dois palpites em relação a isso: alguém pode ter usado a pedra da ressurreição para revivê-los ou então, quando os personagens vieram a esse mundo, seus mortos foram incluídos na lista de passageiros.

— Você confia em Snape?

Essa me pegou desprevenido.

— Bem... Acho que ele deve ser visto nas cores preta e branca. Ele tem seu lado sombrio, mas também tem seu lado luminoso. Acho que ele é muito sentimental. Então... Eu não sei...

Lupin fica quieto por um tempo. Ainda de olhos fechados. Então ele abre e faz sua última pergunta:

— E em mim?

— O quê?

— Você confia em mim?

Ele olha pra mim, com um olhar curioso em seus olhos cor de âmbar. Sinto o suor em minha testa e tento esconder o nervosismo.

— O que você quer dizer com isso? – pergunto com uma calmaria surpreendente.

— Você é inteligente, já deve ter percebido que eu escondo alguns segredos de vocês.

Foi ele que começou.

— Como o fato de que você sabia que Dolores estava indo para o hotel? Não, espera. Você que indicou à Umbridge o lugar onde estávamos hospedados! Você sabia que ela encontraria a marca que todos os personagens têm nas costas.

Remo continua em silêncio.

Senhoras e senhores— anuncia a voz do piloto – Se olharem para a janela esquerda, será possível ver, ao longe, a costa da Guiana Francesa. – E repetiu em várias outras línguas.

— Além disso, você quis que Ian colocasse Amy como senha para ver se eu conseguiria descobrir. Por algum motivo, o senhor está no testando. – Agora que desabafei tudo, estou com medo da reação do bruxo. – Por quê?

Remo não responde de imediato. Ele fica encarando a tela anexada à poltrona da frente. Ela mostra onde o avião está no momento, as horas e a temperatura.

— Ted... – começa Remo, com calma. Eu espero por um longo discurso explicando exatamente o motivo de ele ter feito todas aquelas coisas. Ou me julgando, dizendo que estou inventando coisas, só pelo motivo de eu não confiar nele. O que ele pergunta não faz o menor sentido para mim. – O que você acha que acontece com a Mensagem quando nós entramos no território de outro país?

Tenho vontade de simplesmente me levantar e trocar de lugar novamente com Ian. Eu quase faço isso, mas quando estou me levantando, o avião treme bruscamente e eu caio sentado. Alguns passageiros soltam gritos.

Senhoras e senhores— anuncia, novamente, o piloto. – Peço, por gentileza, que coloquem os cintos. Estamos passando por...

O piloto não diz mais nada. As luzes do avião se apagam e as de emergência se acendem. As pessoas gritam. Os que estavam dormindo acordam. Várias pessoas parecem perceber algo, pois elas gritam:

— Meu deus!

— O que é aquilo!

— É o demônio!

Percy – acordado – está olhando pela janela, boquiaberto.

— Vocês precisam ver isso – diz.

Olho pela janela e sinto medo no mesmo instante.

Um vulto preto voa paralelamente ao avião. A principio, penso que é um dementador, mas então vejo um rosto humano. Meio feio, mas humano.

Lupin parece reconhecê-lo.

Carrow...— sussurra ao olhar para o vulto encapuzado.

Com isso, ele queria dizer: Comensal da Morte. Antes que eu possa concluir isso. Uma luz alaranjada sai do vulto na direção do avião.

Booom!

O avião treme violentamente. Os compartimentos no teto se abrem e várias bagagens caem. O Comensal do lado de fora se retarda um pouco, provavelmente evitando as turbinas. Remo se levanta e passa por cima de mim para ficar de pé no corredor. Ele pega algumas de nossas mochilas e coloca tudo no meu colo. Coloco essas mochilas no banco que era ocupado por ele.

Remo pega também as mochilas que não caíram, incluindo a própria. O avião treme de novo. Dessa vez, escuto um rangido alto vindo da parte traseira do avião. Remo pega uma pequena corda de sua mochila. Ele passa a corda por todas as mochilas e a amarra, deixando todas as seis presas.

— Ted, as coisas vão ficar muito feias por aqui. Se você sair vivo daqui, termine esta missão. Encontre uma maneira de levar os personagens de volta para seus mundos. Vá aos EUA e, depois, para a Inglaterra. Lá você...

Ele não termina sua frase. Acontece mais uma explosão e, algumas fileiras atrás, parte da parede se desprende, deixando um enorme buraco. Algumas poltronas naquela parte se desprendem e levam as pessoas sentadas nela à morte certa. Mais gritos.

O vulto preto entra voando pelo buraco na parede do avião e finalmente consigo vê-lo direito.

Amico Carrow. Ele e sua irmã foram professores em Hogwarts durante os acontecimentos de Relíquias da Morte. Ele foi o pior professor de Defesa Contra as Artes das Trevas que a Escola já teve. Até porque o nome da matéria foi mudado para somente “As Artes das Trevas”.

O Comensal apontou sua varinha para Remo e gritou um feitiço. Remo foi rápido e conseguiu pegar a varinha a tempo de se defender.

— Petrificus Totalus! – grita Amico.

O feitiço sai de sua varinha. Remo a desvia para o lado, atingindo outra pessoa. O vento passa rápido pelo meu rosto, a respiração é difícil. O vento me obriga a fechar os olhos, mas ainda consigo ouvir os feitiços por trás dos gritos.

— Expelliarmus!

— Filipendo!

— Glassius!

— Confringo!

Esse último feitiço fez um estrondo enorme. Um rangido bem alto. Abri os olhos bem a tempo de ver a parte traseira do avião se solta. Um buracão se forma enquanto vejo as pessoas que estavam nas seis últimas fileiras do avião gritar. A grande peça de metal cai no vazio.

Estou desesperado. Em pouco tempo, serei eu a cair. As pessoas na fileira da frente tinham fugido para o lugar mais longe o possível daqui, permitindo que Zeke, Tris e Ian ocupem seus lugares.

— O que a gente faz?! – Percy grita por cima de todo barulho.

E então acontece.

—Estupore!

Amico lança o feitiço. Lupin não consegue reagir a tempo. O feitiço o acerta em cheio no peito e ele perde a consciência.

Uma coisa que devo ressaltar para vocês entenderem o que aconteceu em seguida. Amico estava de costas para o gigantesco buraco que se abrira. Remo estava de frente para ele, à uns quatro metros de distância. A velocidade do avião ameaçava os dois a perderem o equilíbrio e caírem no vazio, por isso eles estavam tentando se segurar com força no objeto que estiver mais próximo e ainda, suspeito eu, eles devem ter usado algum feitiço que colassem seus pés levemente ao piso.

Quando o Comensal lançou o feitiço que deixou Remo inconsciente. Lupin se soltou da poltrona que segurava e seus pés saíram do chão. Seu corpo saiu voando em uma velocidade incrível na direção do grande buraco. O que Amico se esquecera de que ele estava no meio da passagem. O bruxo inconsciente bateu com força no outro e ambos caíram do avião.

Todos viram a cena, atônitos. Isso não pode estar acontecendo.

Vejo as mochilas amarradas umas às outras que Remo deixara no meu colo. Tive uma ideia louca, mas a única chance que temos de sobreviver e permanecermos juntos.

— Pessoal! Segurem com força nessas mochilas! – peço a eles.

— O que você vai fazer? – questiona Zeke.

— Vamos pular! – Eles me olham com se eu estivesse louco. – Estamos viajando sobre o oceano! Vamos cair na água!

— O impacto vai matar todos nós! – retruca Ian.

— Sim! A menos que tenhamos um filho de Poseidon!

Todos se viram para Percy.

— Acho que consigo suavizar a queda!

— Ótimo – digo. – Abracem suas mochilas!

Ouvimos mais um rangido, o metal vai se soltar. O teto pode cair em cima de nós a qualquer momento.

Saímos da fileira e andamos pelo corredor na direção do buraco. Seguro as poltronas com força. Todos nós avançamos em fila. Chego no limite do corredor. Não conseguirei me segurar por muito mais tempo.

— Pulamos no três! – grito. – Um! Do...

O avião treme violentamente. Eu me desequilibro, solto a poltrona e caio pelo buraco arrastando todos comigo.


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Notas finais do capítulo

Fiz esse cap enorme para compensar o tempo que fiquei fora. Espero que gostem!
Se tiver algum erro, me avisem!
:):):)