Doze horas...

Somente mais doze horas e então aquele desafio maluco teria chegado ao fim. Foi com esse pensamento que a navegadora acordou, depois de bufar irritada, já que Luffy se esparramava pela cama, quase fazendo a companheira cair. Nunca havia dormido tão mal quanto naquela noite. Isso era visível pelas olheiras que começavam a dar sinal na pele branca da ruiva.

Luffy pelo contrário, parecia uma pedra. Por vários momentos ela realmente acreditou que ele estivesse desmaiado ou morto, mas essa ideia era sempre afastada por um ronco alto e irritante.

Olhou para o lado e novamente enxergou a cama da arqueóloga vazia. Aquilo já estava se tornando bastante comum e ela simplesmente fingia não saber o porquê. Só fingia mesmo, porque somente os garotos para serem tapados o suficiente para não perceberem a excessiva aproximação entre a morena e Zoro nas últimas semanas. Ou faziam que nem ela e fingiam não perceber.

De qualquer forma, ela se lembraria de ralhar com a amiga mais tarde. Já que não dormiria ali, pelo menos poderia emprestar a cama para que ela e Luffy pudessem juntar as duas e dormissem melhor, ao invés de terem que dividir uma única cama de solteiro.

Olhando melhor, agora que ela havia percebido isso. Havia dividido a cama com seu capitão. Era naquelas horas que ela agradecia a Deus pelo fato do moreninho ser completamente assexuado ― ou pelo menor agir como um ― ou ela sairia realmente constrangida e desconfortável daquela situação.

Sua linha de pensamento passou então a caminhar pelos próximos minutos...

Droga! Como diabos eles trocariam as fantasias e como diabos ela tomaria banho?

Na noite anterior, estava tão cansada que quando chegou no navio apenas se jogou na cama. Não fazia ideia da onde Luffy tirava tanta energia ― talvez das toneladas de comida que ele ingeria o tempo todo. Tinha que pensar num jeito para tomar banho e trocar a fantasia ou as coisas ficariam realmente constrangedoras no final.

― Luffy. ― Chamou para acordá-lo, mas foi o mesmo que não ter dito nada. ― Luffy! ― Repetiu, dessa vez mais alto, e mais uma vez não obteve sucesso. ― Acorda Luffy! ― Gritou impaciente, o balançando com força e finalmente teve alguma resposta.

Só não era a melhor delas.

― Eim?! O que foi?! ― Acordou afobado, achando que tinha alguém morrendo. O resultado disso fora ele caindo da cama no meio do susto e levando a navegadora consigo, a qual caiu por cima do moreninho pela centésima vez durante as doze horas passadas.

― SEU IDIOTA!

― Ai, Nami! Mas por que eu já acordo apanhando?! ― Reclamou ele depois de tirar a garota de cima de si, se sentando no tapete ao pé da cama, enquanto acariciava o galo formado.

― Porque você já acorda de forma idiota!

― Mas foi você quem me assustou gritando! ― Retrucou.

― Você não acordava de outro jeito! Parece um defunto enquanto dorme. ― Ralhou enquanto se levantava e o puxava junto, já seguindo para o banheiro. ― Anda, temos que trocar as fantasias e eu preciso tomar banho.

― Não podemos ir direto pra cozinha? Eu quero tomar meu café da manhã... ― A ruiva bufou em resposta, continuando seu caminho e entrando no banheiro, fechando a porta logo em seguida a Luffy também ter entrado. ― Namiii.

― Cale a boca! Nós vamos comer depois que eu tomar banho e acabou! ― O encarou com sua expressão mais irritada e impaciente possível, o que fez o moreninho recuar um passo. ― Entendeu?!

― H-hum! ― Gaguejou o mais novo, afirmando em um meneio de cabeça, de forma amedrontada.

Ela sorriu satisfeita.

― Ótimo! Agora escute como vamos fazer. Eu entro no Box e você espera aqui fora. E não se atreva a fazer nada de idiota! ― Alertou. ― Você vai sentar ali ― apontou para o vaso com a tampa ― e como você é de borracha, dá pra esticar seu braço. Não vai ter como fechar o Box direito porque do seu braço, então você vai ficar de costas. Até eu dizer que pode virar. Entendeu?! ― Questionou de forma ameaçadora, novamente o fazendo apenas gaguejar um sim e balançar afirmativamente a cabeça, de forma frenética.

O próximo passo foi se desfazer das fantasias. Oh! Isso sim foi um problema!

Depois de quase caírem novamente, de Luffy levar mais uns três cascudos e de terem que se tornar verdadeiros contorcionistas, finalmente ambos agora vestiam apenas suas peças íntimas. Nami entrara no Box e lá terminara de se despir, enquanto Luffy fazia exatamente o que sua navegadora havia dito para ele fazer.

Bem, pelo menos inicialmente...

Menos de dois minutos depois:

― Nami, já tá acabando? ― Perguntou o Chapéu de Palha, entediado.

― Luffy, eu acabei de entrar. ― Tentou ser o mais paciente possível.

― E agora? ― Questionou mais uma vez depois de um minuto.

― Não, Luffy. ― Permanecia tentando manter a paciência.

― Já acabou? ― Perguntou o garoto, já impaciente após mais três minutos.

― Não, Luffy! Quando eu acabar, eu aviso! Então cale a boca! ― A ruiva finalmente perdera o resquício de calma que a água morna havia trago.

― Mas eu to com foooome. ― Reclamou mais uma vez, mas apenas o som da água caindo fora ouvido. ― Nami?

Silêncio.

― Namiii.

Mais silêncio.

― Nami?

O chuveiro ligado era o único barulho.

― Nami?! Você tá aí? ― Levantou-se afobado e abriu de supetão o Box.

Oh, sim! Ela estava lá!

― LUFFY!!! ― Gritou num misto de raiva e vergonha.

Num reflexo rápido a garota pegou a toalha que estava pendurada sobre o vidro e se cobrira. Depois que percebera a burrada que havia feito, o moreninho começou a dar passos para trás, tentando inutilmente fugir da navegadora, que agora tinha uma expressão demoníaca no rosto. Enquanto ela dava um passo à frente ― de forma lenta e amedrontadora ―, para alcançar o garoto que permanecia com seu braço esticado, Luffy dava três para trás. O desespero nos olhos do moreninho era bastante visível, embora isso realmente não importasse à navegadora furiosa. Quando já não tinha para onde fugir, no momento em que encontrara a parede às suas costas, Luffy enfim recebeu as consequências de sua preocupação inocente com a ruiva que não respondia.

O que se passou depois nem precisa ser descrito aqui... Afinal, aquele idiota era o único que conseguia provocar sua navegadora além da conta. Os resultados disso?

Só podemos afirmar que nunca acabava bem para o pobre coitado.