Não conte a ninguém. escrita por clareFray


Capítulo 9
Capitulo 9.




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Capitulo 9. 

Anseios.

         Sakura olhava o céu. A janela aberta trazia de fora o ar gelado do carregado inverno da cidade de Osaka. Com os pensamentos ainda longe Sakura não notou a avó se aproximar, esta estendeu os braços e em silêncio lhe entregou uma pequena caixa devidamente embrulhada com um laço.

— Acredite, eu sempre quis fazer isso. – A avó sorriu ao olhar para Sakura uniformizada. – Vai ser muito útil para você enquanto estiver lá na escola. –Retirou o laço e com um cuidado exagerado abriu o embrulho. Sakura sorriu. De dentro da caixa um celular rosa exibia seu charme e simplicidade aos olhos da nova dona. – Sakura-chan, é um presente por você ter entrado no ensino médio. –Fuyume suspirou recolhendo o papel rasgado do chão. - Mesmo que você já tenha começado ele em outro colégio. 

— Obaa-sama? –Fuyume a encarou e nesse momento Sakura a abraçou forte. – Obrigada. –Fuyume não disse nada e também não retribuiu o abraço mantendo os braços escorados ao lado do corpo. As lágrimas rolaram soltas pelo rosto da mais velha. Dali a pouco Sakura disse. – De verdade, obrigada por tudo. – Sakura a soltou e foi até a porta. – (Ittekimasu obaa-sama.) Estou saindo, obaa-sama. 

— Estarei esperando. (Itterasshai.)- Respondeu atrasada assim que a porta bateu atrás de Sakura e completou em pensamentos. – como sempre fiz. – Fuyume limpou as lagrimas e seguiu para a cozinha. O telefone tocou insistente no corredor. Fuyume atendeu no terceiro toque. – Alô?

—Jiraya morreu.

         Sakura correu até o ponto de ônibus. Estava atrasada e tinha consciência de que isso não seria bem visto na nova escola. Não havia demorado mais que quinze minutos para chegar e mesmo de dentro do ônibus Sakura pôde ver ao longe os prédios da instituição.

        Para Sakura aquele colégio se resumia em uma palavra: enorme. Enormes árvores. Enormes prédios velhos cinzentos que precisavam de uma segunda mão de tinta e, acima de tudo, enormes e longos olhares de alunos mais velhos que a encaravam sem nem ao menos se preocuparem em disfarçar.    

— não tenho tempo para isso. – Repetiu para si mesma.

        Sakura não fazia a menor idéia para onde ir. Essa era a verdade. Quando os alunos passaram por ela Sakura finalmente entendeu as palavras da avó. Era sobre essa multidão que ela estava falando afinal.

— É... Com licença. – Alguém falou – murmurou – atrás de Sakura. Ao se virar Sakura não tinha certeza se encontraria uma pessoa ou um fantasma. Por sorte era a primeira opção. – você poderia me dar licença. – Ela repetiu tímida e Sakura deu um passo para o lado abrindo espaço. A adolescente poderia ser confundida com uma modelo americana se não fosse pelo tamanho. Ela devia medir uns bons 1,60cm e seus cabelos longos estavam presos em um rabo de cavalo que caiam sobre o moletom surrado que ela usava por cima do uniforme. Usava muletas para apoiar a perna enfaixada. Sakura a seguiu com os olhos até que virasse o corredor.

— Você é a Haruno Sakura, não é? – A mulher de jaleco disse animada. Não havia mais nenhuma viva alma entre os corredores que brincavam de esconder sobre as sombras das largas janelas de correr. – Oi, estou falando com você!  Terra chamando astronauta... –Ela balançava o braço livre frente ao rosto de Sakura.

— Por acaso vocês médicos fazem curso de palhaço ou isso já é um pré-requisito para a faculdade? –respondeu Sakura pensando em Melliane. A médica torceu o nariz e forçou um sorriso. Vários minutos em silêncio se passaram antes de Sakura continuar. – O que foi? 

— Escute aqui sua pirralha... - Sakura estreitou os olhos quando a médica a segurou forte pelo ombro. Definitivamente Sakura não esperava aquele tipo de reação. O aperto no ombro diminuiu no momento que a médica deu um passo para trás. – Esquece. – Suspirou e disse sem ânimo. – Eu sou Inuzuka Hana, a enfermeira da escola. Vou levar você até sua sala.

—O. K.

         A lanchonete ROCK IS LOVE fica a duzentos metros do escritório de Kakashi. O lugar recém-reformado era coberto de painéis com fotos de bandas de Rock dos anos de 1990. Músicos famosos como: Freddie Mercury e Robert Plant exibiam-se frente ao microfone enquanto olhavam diretamente para os clientes na loja.  

— Até que ficou legal a nova decoração. - Disse Anko a Kakashi. Uma adolescente veio logo depois oferecendo o cardápio, era loira e de acordo com o crachá se chamava Ino. Os dois recusaram e quando a garçonete se foi Anko olhou para Kakashi e esperou por um comentário qualquer.

— O que você esta achando disso? – Kakashi perguntou. Os olhos virados para a imagem de Freddie Mercury na parede ao lado da mesa.

Anko pôs a mão no queixo e pareceu pensar por uns dois segundos. – Acho mesmo que o Freddie não deveria usar calças tão coladas se não tem muita coisa para mostrar. –Ela apontou para as partes baixas e concluiu sorridente após algumas risadas baixas: - Se é que você me entende.    

— Concordo. – Kakashi olhou as horas no relógio atrás do balcão. 15h00min. Ainda tinham algum tempo antes de precisarem voltar ao escritório e ligar para o necrotério. - Eu me referia a Tsume Hidan.

— É um babaca. –Anko fez uma careta, ajeitou-se na cadeira e falou: - Mais não acho que esteja mentindo. Pelo menos não sobre o tal homem. E quanto a “Osaka” que ele comentou? Osaka é um lugar muito grande para se procurar sem as coordenadas certas e isso se “Osaka” não for sigla de alguma coisa. – Ela suspirou. - De qualquer jeito estamos ferrados. Muito ferrados.   

— Pode até ser, mais por enquanto é só o que temos e é melhor do que o nada de antes. – Olhou novamente as horas. Anko fez sinal para Ino na mesa ao lado e pediu um café e meia dúzia de rolinhos primavera para viagem. Kakashi sacou o celular no bolso do casaco, discou, e ao telefone disse: Shizune preciso de um favor. Vá até a minha sala e leia o endereço que está anexado ao computador.  

— Um momento. – Disse Shizune. Kakashi havia pedido o celular de Anko emprestado e apoiando o próprio telefone entre o rosto e o ombro anotou o endereço no bloco de notas do outro.

Anko tomou o celular de Kakashi e verificou o registro de chamadas e foi rindo que comentou: - Celular? Que íntimo! Pensei que você tivesse dito que não tinha nada com a novata. – Zombou.

— Deixe isso para lá Anko. Vamos embora, ainda temos que ir a um lugar hoje. – Anko riu e o incriminou de mudar de assunto. Kakashi deu de ombros e assim que o pedido de Anko chegou, eles pagaram e se retiraram.

         Sakura poderia ter ignorado muitos fatos sobre aquela pequena apresentação a turma imposta pelo professor Asuma, exceto é claro o comentário vergonhoso de Uzumaki Karin.

— Que legal, agora temos duas estranhas na turma. – o comentário veio do fundo da sala e provocou uma onda de risos extravagantes e exagerados entre as garotas. O professor pediu silêncio aos alunos e indicou a Sakura o lugar vago próximo a janela.

         Trinta minutos depois Sakura olhou para trás. Karin estava cercada e quase desaparecia entre as garotas da turma. Entre uma olhada a outra por cima do ombro Sakura logo notou algo familiar. Keiko Fukuda. A faixa-vermelha reconhecida como a praticante de judô feminino de mais alta hierarquia na História estava ilustrada na capa de um livro ao lado de sua mesa.

— Ah! Eu adoro a história dela. –Sakura pensou alto. Lá trás o som da conversa parecia maior aos ouvidos de Sakura.

— Como? – A adolescente perguntou tímida. Tinha os cabelos negros e, Sakura notou, mesmo com os óculos seus olhos eram muito mais claros que o normal.  

— Esse livro. – Sakura cutucou o livro com o indicador. – Eu adoro a história dela. – Ela sorriu, estendeu a mão e pegou na mão da outra. – Meu nome é Sakura. Haruno Sakura. Você é?

— Hinata. – Ela retribuiu o aperto sorrindo. - Hyuuga Hinata. – Hinata ajeitou os óculos, fechou o livro e se sentou virada para Sakura. Olhando daquele ângulo Sakura notou a perna enfaixada de Hinata e logo mais acima alguns hematomas.  – Não se preocupe, não é nada. – Ela abaixou a cabeça e cobriu os machucados com o pano da saia. – Eu apenas sou desajeitada e vivo caindo.  

No carro Kakashi havia repassava mentalmente algumas das perguntas que faria ao legista quando o encontrasse. Por um momento ele pensou em Jiraya e em sua morte prematura e imaginou o que ele fez quando tentava solucionar aquele caso. O que ele teria deixado escapar?

— Ei! Kakashi? Está prestando atenção no que eu estou dizendo?  – Chamou Anko e cruzou os braços. Se tivesse tido chance de responder Kakashi teria dito que não fazia idéia do que ela havia falado. Anko deu de ombros, olhou o GPS por dois segundos e disse: - Parece que chegamos.

Kakashi pôs a cabeça para fora do carro. La fora uma mulher de coque e agasalho felpudo acenava para eles.

— Que bom que conseguiram chegar. – Ela disse e jogou as mãos nos bolsos da calça. – Fiquei pensando que não conseguiriam chegar antes da chuva começar. Eu sou Kurenai. Foi você que ligou no outro dia não foi? – Kurenai perguntou para Anko que assentiu. - Eu avisei ao legista responsável que vocês provavelmente entrariam em contato hoje então ele tomou a liberdade de deixar tudo em ordem para que eu pudesse mandar por email. –Ela deu um longo suspiro e apontou com a cabeça para porta aberta atrás de si. –mas já que estão aqui me pouparam o trabalho. Venham comigo.

Rest in peace, nome escrito em uma placa de PARE na entrada do edifício, era o equivalente a uma casa de horrores russa. O necrotério de paredes velhas e vidro fumê permitiam aos visitantes soturnos uma clara percepção de um refeitório do século XVIII abandonado. O prédio fedia a urina e desinfetante barato fora de validade. 

Kurenai estava mais a frente guiando, parando em alguns momentos apenas para mostrá-los alguns pontos importantes como banheiro e bebedouro. Sendo este último o único aconselhado para um possível uso.

— O necrotério mesmo fica lá em baixo. – Explicou Kurenai assim que entraram no elevador. –La em cima como puderam ver, está abandonada a... – Ela pôs a mão no queixo e respondeu: - não sei dizer, pelo menos uns dez anos. Seja como for o prédio é um patrimônio histórico, por isso a prefeitura foi impedida de demolir. Uma pena! Daria um shopping lindo.

— É realmente uma pena.


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Notas finais do capítulo

Espero de coração que tenham gostado ^u^



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