Não conte a ninguém. escrita por clareFray


Capítulo 4
Mudanças.


Notas iniciais do capítulo

por favor comentem se gostarem.



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Capitulo- 4.

Mudanças.

Os segundos se arrastavam entre os dois que se encaravam. Sakura estava nervosa e agarrava os lençóis em um desespero constante. Kizashi deu um passo à frente e Melliane aproveitou a deixa para escapar levando o enfermeiro consigo.

– Como você cresceu. Está tão parecida com a sua mãe... – Sakura mordeu o lábio inferior com força sentindo o gosto de seu próprio sangue descer pela garganta seca. Pensar na mãe ainda lhe doía e pensar que esse homem a sua frente era o pai que sempre foi um estranho para ela foi o mesmo homem por quem sua mãe era apaixonada lhe rasgava o peito. – acho que precisamos ter uma longa conversa não é mesmo? - Kizashi sentou-se na poltrona ao lado de Sakura. – você não se lembra de mim?

– Não. – Mentiu. Sakura ainda tinha umas poucas lembranças acumuladas: o cheiro de perfume masculino e os sorrisos felizes que lhe lançava quando a jogava para o alto. Lembranças tão antigas que Sakura pensava que as tinha sonhado. – Não faço questão de lembrar.

– Eu ainda me lembro de você. – Virou o rosto para a janela aberta. O ar gelado o fez tremer sob o terno. As mãos frias adentraram os bolsos fundos da longa calça. - Da você que conheci quando pequena. Tão amável com todos que eu chegava até a sentir ciúmes. - Kizashi sorri constrangido se levantando da minúscula poltrona para sentar ao lado de Sakura na cama. - Sabe, sinto muito por não poder ter tido a chance de ver você crescer, mais agradeço por poder te ver hoje, mesmo com o que tenha acontecido a ela.

Ela nunca falou mal de você, sabia? Não, claro que não sabia. –Sakura segurava as lágrimas sentindo a raiva crescer dentro de si. A garganta doía e o estomago revirava de forma aguda. - Sempre o retratou com imenso carinho e amor. Nunca acreditei no que ela me disse sobre você, sempre pensei que tivesse nos abandonado e por isso nunca senti sua falta. Nem por um momento sequer pensei que queria te encontrar.

– Eu queria ter encontrado vocês. – ele a olhava nos olhos. - Procurei durante anos mais nunca tive sorte. Foram treze anos procurando por vocês. - Kizashi tira do bolso um pedaço de papel dobrado ao meio e o entrega a Sakura. – quero que leia o que sua mãe me deixou quando foi embora.

Sakura refletiu por alguns segundos. Os olhos correndo rapidamente pelas bordas do papel sem dar atenção a nada em particular. Virou o papel com desdém e viu o nome da mãe entalhando o canto esquerdo da folha, uma letra estranha e caprichosa, tão diferente da que ela estava acostumada, que se não fosse pela forma de escrever o “H”no sobrenome ela não a teria reconhecido. - não quero ler isso. Não vou acreditar em alguém que não conheço. –Assim que se pronunciou jogou o papel ao lado da cama.

– Não precisa ser agora, vamos ter tempo para você ler. – suspirou cansado. Os lábios formavam um sorriso forçado. – parece que amanhã você já vai ter alta e irá morar comigo e seus avôs no Japão.

– Não irei. Você não pode me obrigar a ir a lugar nenhum, afinal de contas para a lei agora eu sou órfã, tanto de pai como de mãe. – Sakura sorriu amarelo descrente nas próprias palavras. Estava blefando e em meio ao desespero escondido de sua voz Kizashi se forçou a tentar esconder o riso que veio como resposta ao medo da filha.

– Você não é órfã, é minha filha, e enquanto for menor de idade sua guarda per... – Respirou fundo. O peito doía e o ar entrava com dificuldade. Com a mão sobre o tecido do peito prosseguiu devagar. - seu lugar é ao meu lado.

Kizashi observava cada movimento de Sakura procurando por qualquer sinal de reação por parte da filha que encarava o teto fazia vários minutos. Tomando cuidado ao se aproximar tocou com a ponta dos dedos o topo da cabeça de Sakura que reagiu com segundos de atraso ao toque afastando-se de imediato ainda sem emitir qualquer ruído.

– Não me toque. –Sakura tentou avançar em kizashi mais as amarras a seguravam de forma dolorosa àquela posição. -Não se aproxime mais de mim. – Sakura arfava violentamente. Sem opção Sakura se vê obrigada a encara Kizashi.– não quero. Não se aproxime mais da minha vida.

– Sakura, eu não... Ao menos, me dê uma chance filha.

– Sai daqui. Eu quero ficar sozinha. MELLIANE. – gritou de repente, assustando Kizashi que sem saber o que fazer andava nervosamente de um lado para o outro. Melliane entrou um pouco depois, pega de surpresa pela situação no quarto, tentava acalmar Sakura que a todo o momento gritava que queria que aquele homem – Kizashi- fosse embora.

–Senhor Haruno, sinto mais é melhor deixá-la a sós por alguns instantes. –disse pausadamente. – ela está muito nervosa e se continuar terei que sedá-la novamente e creio que para o senhor não vá ser uma boa cena. - Kizashi acena positivamente com a cabeça e a passos lentos, se retira do quarto.

Melliane se vira para Sakura mais seu rosto é direcionado para a janela aberta. – ele já foi. Já pode parar com os berros, sim? Francamente Sakura, você poderia tentar ser melhor com ele. –deitando-se ao lado de Sakura começou a brincar com uma mecha do próprio cabelo. – afinal, ele veio lá do outro lado do mundo para se encontrar com você.

– Não me interessa de onde ele veio só quero que volte para lá o mais rápido possível. –esbravejou furiosa. – simplesmente quero que desapareça da minha vida. –Sakura socou a cama e por muito pouco não acertou Melliane que distraidamente coloca entre elas um travesseiro aumentando assim a distancia entre elas. “Só por precaução” pensou imediatamente rindo do próprio comentário.

– Acho que você está sendo dura demais, ou até um pouco dramática. – Melliane disse. Sakura a encarou surpresa. –não te culpo por ficar chateada, mais pense melhor, ele não teve culpa, não foi ele que abandonou vocês e sim o contrário. Vocês o abandonaram. – ela se levantou da cama devagar e recuou um passo virando-se e se pôs frente a frente com Sakura. – não o culpe por um erro que não foi ele que cometeu. – com o indicador tocou de leve o nariz de Sakura brincando e balançando-o devagar irritando Sakura. – e se mesmo assim você não conseguir perdoá-lo... – pausou dramaticamente. – você só terá que agüentar por mais um ano, logo você terá dezoito anos e não haverá lei que te prenderá ao lado dele. – respirou fundo. As mãos que buscavam por algo embaixo da cama atraiam a curiosidade de Sakura que a olhava sem que Melliane percebe-se. – Só mais uma coisa Sakura, junto a sua certidão de nascimento achamos mais uma coisa. – juntando as mãos à médica entrega a Sakura um envelope. – aqui está. Abra quando estiver à vontade.

– o que é isso?

– algum tipo de caderno de anotações. – Sakura rasgava o lacre tirando de dentro um caderno de capa preta. As iniciais H.M decoravam o canto surpreendendo Sakura. - Não olhei o conteúdo, mais acredito que seja algo como um diário.

– um diário... – Murmura para si. Delicadamente o folheia admirando-se com o perfume de lírios exalado do caderno. – da minha mãe? – Apoiando-se sobre os cotovelos Sakura reposicionava o corpo sendo limitada pelos pulsos presos e bufando alto por isso. – você poderia...

– nem pensar!

– Droga! – murmurou para si. Abrindo o diário de forma cuidadosa Sakura se pôs a ler somente o primeiro parágrafo das várias páginas contidas ali, correndo os olhos desajeitados por entre os textos volumosos escritos a mão pela mãe até finalmente poder descansá-los nas ultimas paginas. Sakura empalideceu. Ainda em choque relia a ultima página com terror eminente. –Meu Deus! O que aconteceu com você mãe?!

Algum tempo depois Sakura ainda custava a acreditar no que havia descoberto. Melliane havia deixado o quarto a passos largos e avisou que voltaria em uma hora para averiguar se ainda estava viva ou se Sakura tinha virado pedra nesse tempo.

– O que eu faço? - como que pela milésima vez a mesma pergunta se repetia na cabeça já dolorida de Sakura. – não acho que eu tenha muita opção. –os olhos de Sakura pousaram sobre seus pulsos agora pouco inchados, as amarras empapadas com o próprio sangue avisavam-lhe que ainda estava viva e presa àquela realidade. –MELLIANE, JÁ PODE APARECER! Sei que você ainda esta encostada no lado de fora da porta do quarto.

Melliane apareceu no mesmo instante obviamente constrangida por ter sido descoberta. Sakura deu de ombros e revirou os olhos vendo a médica se aproximar vacilante. – você é realmente uma idiota.

– A culpa é sua por me deixar preocupada. – cruzou os braços. – infelizmente para mim, eu acabei gostando de você. Mais e então? O que decidiu?

Sakura abraçou o diário carinhosamente e com tamanha força que os nós de seus dedos ficaram brancos.

– Vou voltar para casa.

Ultima página do diário.

10 de janeiro de 1990.

Hoje percebi pela primeira vez o que estava acontecendo, não devia ter deixado, pensei que fosse seguro até perceber que o perigo maior estava mais perto do que eu pensava.

Estou aos prantos. Ter Sakura em meus braços foi à única maneira de eu me acalmar, não posso contar a ninguém, ele deixou bem claro, ele tem influencia o suficiente para fazer o que quiser sem ser pego.

Não há como escapar da teia que ele preparou, afinal ele estará sempre observando e enquanto estivermos aqui estaremos a sua mercê.

Fiz algumas tentativas de fazê-lo parar, talvez mudar de idéia e nos deixar em paz. Nada adiantou. Só piorou as coisas.

Ele é um monstro nojento que destruiu minha vida. Não vai parar até eu lhe dar o que ele quer.

Mais alguns dias e posso sair daqui.


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