Pois é ... Mais um dia de turno. Tomara que não seja cansativo, já estou um caco. Nem dormir eu consegui. E o motivo é sempre o mesmo.

Droga!

Por que eu tinha que amá-lo tanto?

Eu poderia amar qualquer outro homem, mas não. Eu me apaixonei logo por ele. O dono daquele perfeito mar azul brilhante.

Ai Sara! Como sua vida é complicada, sempre dá tudo errado! - pensei enquanto dirigia em direção ao laboratório. – E ainda tinha que se apaixonar por Gil Grissom! O entomologista inteligente, lindo, perfeito em sentido de beleza, e INSENSÍVEL que nem liga pra você!

Minha consciência reclamava e lamentava.

Apesar de que ultimamente ele está mais carinhoso e também está se preocupando mais comigo. Ah! Deve ser impressão minha, como sempre.

— Eu sou uma idiota! – pensei alto. — Primeiro: que insisto demais. Segundo: que fico falando sozinha dentro do carro. – revirei os olhos.

Estacionei na vaga e entrei. Fui direto para a sala de descanso e ainda não tinha ninguém.

É, saí cedo demais! Mas não ia fazer diferença mesmo.

Fui até a cafeteira, me servi com uma xícara de café bem quente e me sentei de frente pra porta.

Alguns segundos depois ele entrou.

— Oi. – me cumprimentou sorrindo de lado. Ai, ele fica tão fofo sorrindo assim. — Chegou cedo.

— Pois é. - sorri do mesmo jeito que ele, ainda hipnotizada.

— Tudo bem? – sorriu daquele jeitinho novamente.

É impressão minha ou ele está de bom humor?

— Uhum. E você?

— Estou bem. Na verdade, agora estou ótimo! – sentou na cadeira ao meu lado.

Ergui as sobrancelhas não acreditando, digo, impressionada, digo, assustada. Ai! Sei lá como eu estava.

Ficamos em silêncio por alguns segundos e eu ouvi ele respirar fundo. Pois é, eu não estava olhando pra ele e nem ele pra mim. Eu só tomava meu café.

— Que cheiro maravilhoso é esse?

— Que cheiro? – olhei pra ele e fiquei absorta em pensamentos. Ou na forma informal de se dizer e eu acho que essa palavra nem existe: fiquei brisando.

— É você Sara!

— Eu o quê? – ele estava tão perto de mim que eu realmente fiquei viajando naquele rosto lindo e barbudo.

— É o seu perfume. – e então eu me toquei do que ele estava falando.

— Não, eu não uso perfume. Interfere com o trabalho.

— Então é seu mesmo.

Será que ele não está entendendo o que eu estou dizendo?

— Posso? – ele perguntou chegando perto do meu pescoço, devagar.

Presumi que ele queria me dar um xêru no cangote.

Apenas balancei a cabeça positivamente, mas pensando: Ele está louco! E se alguém ver isso?

Ele aspirou fundo e quando soltou o ar ... Gente! A respiração quente dele no meu pescoço me fez arrepiar todinha.

— Quer dizer então que você é cheirosa por natureza?!- ele mais afirmou do que perguntou.

Senti meu rosto queimar.

— Fica ainda mais linda corada.

Corei mais ainda.

Mas espera aí!

Que diabos está acontecendo com ele?

— Grissom, você está bem? Está doente? Está sentindo alguma coisa?

Ele riu.

Ai meu Deus! Aquele sorriso lindo! Há quanto tempo eu não o vejo? Muito tempo.

— Estou bem, Sara.

— Está diferente. Tem certeza que está bem?

Ele sorriu de novo! Ai!

— As pessoas mudam, Sara! – ele me lançou um olhar tão sedutor que quase caio da cadeira.

— Opa! Opa! Olhem só galera! – Greg entrou já tirando uma com a cara dele. — O chefinho está passando por mudanças.

— Quer dizer que chegamos na hora certa? – Catherine perguntou rindo.

— Eu acho que sim, Cath. – Nick também riu.

Warrick nada disse, apenas riu.

— Sem gracinhas! – achei que ele fosse responder sério, mas não. Respondeu como se estivesse envergonhado.

— Quais são os casos de hoje, Griss? – Warrick perguntou.

Epa! Epa! Epaa! Só quem tem o direito de chama-lo de “Griss” sou eu, Senhor Brown! Ah, mas espera só eu pegar minha maleta, vou tacar ela na sua cabeça. RUM!

— São três. Suposto suicídio, duas vítimas. Nick e Greg esse é de vocês. – ele entrega o papel à Nick. Eu não tirava os olhos dele. — Cath e Warrick, vocês ficam com um assalto na mercearia, quatro vítimas. Se precisarem de ajuda é só chamar. – ele entrega o papel à Catherine.

— Ok.

— Sara, você vem comigo. Temos um incêndio num bairro afastado do centro.

— Tudo bem.

Ai que droga! Ele tinha que me colocar no mesmo caso que ele? Sempre fico parecendo uma boba perto dele. Mais que o normal. É que as aparências enganam, sabe? Eu posso parecer uma pessoa normal pra quem não me conhece ou acha que conhece... Mas galera... Eu posso ser “qualquer coisa”, menos normal.

Cada um foi para sua cena de crime.

Fomos no carro dele. Ainda no estacionamento ele me perguntou se eu me importaria se ele ligasse o rádio. Eu disse que não.

E quando ele ligou o som... Gente! Eu amo a música que estava tocando: Baby I Can Hold You, de Tracy Chapman. Havia começado não faz muito tempo, e eu nem me toquei que ele estava no carro também. Comecei a cantar suavemente e olhando a paisagem.

Quando a música acabou, já estávamos quase perto do local. Não havia trânsito algum, por isso a rapidez. Paramos no semáforo, e quando eu olhei pro lado e vi que ele me olhava atônito... Tenho que admitir que também fiquei. Por que me olhara daquele jeito?

— Sua voz é linda, Sara! – agora ele sorriu admirado.

Senti meu rosto queimar tanto que deu até calor.

— Obrigada... Desculpe, me empolguei.

— Não tem que se desculpar, eu gostei.

Desviei o olhar sorrindo.

Meu Deus! Ele tem que parar com essa mudança doida ou eu não respondo por meu atos.

Espera! O que foi que eu disse??! Por Deus, Sara! Como você é burra! Quer que ele volte a te evitar?

Ai. Retiro o que disse. Pode continuar, Griss. Só pega leve, não sorri assim não, ou eu me derreto.

— Chegamos. – ele anunciou.

Uffa! É melhor eu sair antes que eu sofra de uma parada cardíaca.