Calma aí, coração escrita por MaydaMe


Capítulo 1
1


Notas iniciais do capítulo

Fic totalmente original.
Aceito crticas somente se forem construtivas.

Aproveitem!



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O homem encontrava-se sentado em uma escrivaninha em seu escritório. Uma caneca de café nas mãos e os olhos fixos em uma fina folha de papel exposta sobre a mesa. Ainda era cedo, e como de costume, mais uma manhã nublada tomava conta da sua fatídica rotina.

Tomou um longo gole de sua bebida, o olhar pousado sobre a folha branca ainda intacta. Com um suspiro, pareceu pensar em algo que o emocionava. Logo seus olhos deixaram de encarar aquela folha de papel sem letras passando a fixar em mim com bastante precisão.

— Desculpe-me, senhorita...? – Ele fez um pequeno esforço como se quisesse recordar meu nome.

— Valentina Petrovisck! – Respondi tentando parecer surpresa.

— Isso! – Exclamou abrindo um sorriso jovial. — Como eu poderia esquecer, não é?

Sorri um tanto sem jeito, como se nem nos conhecêssemos. Apesar de aquele rosto me ser bem familiar. Familiar até demais eu diria.

— Vejo que a senhorita mudou bastante desde a ultima vez que estivemos juntos. – Seu sorriso amarelo ainda continuava pairado sobre seu rosto de homem sedutor.

— Claro que mudei. – Sorri revirando os olhos. — Afinal, são mais de seis anos sem nos vermos.

— Seis anos que fizeram muito bem à você, eu diria. – Ele se levantou e caminhou até mim, parando por trás das minhas costas. Eu recostei minha cabeça nas costas da cadeira a qual eu estava sentada e pude sentir o leve toque de seus dedos passeando por sobre meus ombros desobertos.

— E você continua o mesmo! – Balbuciei enquanto ele massageava lentamente meus ombros e pescoço, com leveza e suavidade. — Exceto que agora você tem as mãos mais firmes do que nunca.

— Anos de prática minha querida amiga! – Ele soltou um suspiro longo e cansado e voltou para sua cadeira passando a encarar-me com ternura.

—Davih, Davih... – Repeti maneando a cabeça cuidadosamente. — Apesar dos seus poucos anos de carreira, está aparentando precisar de longas férias.

Ele simplesmente balançou a cabeça e soltou uma gargalhada extrovertida, contagiando-me a uma seqüência de risadas sem fim.

— Como eu poderia? – Respirei fundo enquanto ele falava. — Não tiro férias desde que a Nancy falecera há quatro anos.

— Você precisa superar. – Falei com seriedade. — Bola para frente Dada. – Ele sorriu quando pronunciei seu apelido de infância.

— Tina, eu já superei. Mas eu não tenho como largar a agência a léu e sair para curtir férias. – Suas palavras saíram um tanto engasgadas. — Imagina o que viraria quando eu voltasse?

— Pare de fazer “pití” Davih. – Eu disse colocando-me de pé. — Você mais do que ninguém sabe que o seu irmão Thiago pode administrar muito bem essa empresa sem precisar de guarda-costas.

— Eu não sei! – Ele exclamou e respirou fundo. — O Thiago ainda está cursando a faculdade de administração, e gasta o seu tempo livre todo fazendo farra com os amigos ao invés de estudar. Não acho que seria uma boa idéia.

— Eu acho que você deveria dar uma chance para o seu irmão provar que é capaz. – Caminhei até a porta e me despedi com um aceno.

Davih sempre fora o meu melhor amigo desde a infância. E depois disso fomos namorados. Mas depois que ganhei uma bolsa de estudos em Nova York, o namoro terminou assim como nosso relacionamento de amizade. Ficamos sem nos falar cerca de dois anos, e só reatamos a amizade quando a irmã mais velha dele que sofria de leucemia falecera. Foi um choque para ele e seu irmão, já que eles haviam perdido os pais em um acidente de carro dois anos e meio antes.

Mas a vida continua. É o que diz minha mãe. E por esse motivo, voltei de Nova York há pouco. Duas longas semanas eu diria, tentando organizar meu caótico “apertamento”, em um minúsculo prédio de três andares, centralizado no lado Oeste da cidade, onde a vizinhança mal lhe deseja um bom dia ou lhe oferece uma mísera xícara de café.

— Rua dos Aplhes! – Eu disse ao motorista do riquixá.

Passei anos tomando aqueles famosos táxis amarelos de Nova York, que havia me esquecido de como eu amava andar de riquixá. Uma mistura de táxi com bicicleta, a qual eu costumo chamar de bicicleta móvel.

A cidade de Teutônia continuava a mesma. Cantando e encantando. Cheia de jardins por todos os lados e muitas árvores, deixando a cidade rica em beleza e frescor.

— São oito reais. – Disse o motorista loiro quando paramos de frente ao meu prédio. Ele aparentava ter uns dezoito anos e tinha uma feição bastante angelical.

— Obrigada! – Respondi entregando-lhe o dinheiro.

O rapaz se retirou rapidamente após receber seu merecido pagamento, e eu finalmente entrei no hall do pequeno prédio de três andares.

— Bom dia! – Falou uma voz rouca, mas que eu conhecia tão bem.

— Oi Sr. Baltazar, como está? – Me aproximei do velhinho e dei-lhe um abraço reconfortante.

— A senhorita não mudou nada. – Ele sorriu para mim e me deu um cascudo, assim como fazia na época em que eu era criança.

— E o senhor deu uma engordadinha. – Brinquei depois de apertar suas bochechas flácidas.

— Foi bom revê-la senhorita Valentina. – Com um aceno de cabeça, o Sr. Baltazar que era meu visinho há anos retirou-se do hall em direção a saída.

— Ele continua gentil. – Sibilei enquanto caminhava até as escadas.

Por ser um prédio bastante pequeno, nunca possuiu um elevador. Então, todos que moram do segundo até o terceiro andar devem subir de escadas.

— Eu ainda acho que deveriam colocar um elevador nesse mísero prédio. – Reclamei ofegante quando finalmente cheguei ao terceiro andar.

— Concordo plenamente! – Disse um rapaz que estava recostado na porta de frente a minha. — Essas escadas são de matar qualquer um.

Soltei um riso forçado e maneei a cabeça. Depois enfiei a chave na porta e entrei na minha zona, deixando o rapaz sozinho e sem ao menos dirigir qualquer palavra a ele.

Tudo estava numa desordem total. Havia caixas para tudo quanto é lado. Não se sabia onde era cozinha, sala ou qualquer outro cômodo. Tudo o que eu sabia naquele momento, é que eu levaria dias organizando tudo em seus devidos lugares. Decidi então jogar-me sobre uma moita de almofadas que estavam amontoadas no chão e relaxar um pouco. Tentaria antes de qualquer coisa, colocar a minha mente em ordem.


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