Antes que termine o dia escrita por Amellie Lawson


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá,meus xuxus! Olha só quem tá de volta o/ eu disse que voltava,não disse? Voltei com uma one shot,que eu tive a ideia de fazer quando tava nos finalmente com Predestinados,a mais ou menos um mês atrás. ão sei se consegui que ficasse tal qual eu tinha pensado,mas gostei do resultado. A ideia era ter postado ontem (tá,não era,porque a autora aqui esqueceu que ontem era dia dos namorados,lembrou um dia antes e teve a ideia de postar na sexta,mas ainda assim não deu hehe),mas só deu hoje. Escrevi a one ouvindo Porque Não Eu? do Leoni. Dessa vez não coloquei a letra,mas recomendo ler ouvindo https://www.youtube.com/watch?v=YMY6DAVz3Uo .Espero que gostem! Boa leitura xx



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Pedro saiu do elevador e atravessou o corredor com Karina nos braços. Ela ressonava com a cabeça encostada no peito dele,meio distante da realidade que a cercava. O silêncio reverberava no local,e as únicas coisas que se podiam ouvir agora eram o barulho dos saltos da loira que encontraram o chão.

- Me solta. – Ela disse meio cambaleante,e Pedro suspirou fundo.

- Não complica,Karina. – Passou um braço em volta dos ombros desnudos pela vestido que usava,dando apoio a ela enquanto passava as chaves pela fechadura da porta e a abria.

Estavam no apartamento dele. Só Deus e ele sabiam o que a mãe de Karina seria capaz de fazer se a visse naquele estado. Ou melhor,o que Gael,um renomado lutador de Muay Thai,poderia fazer. Mas por sua vez,não com ela,e sim com o filho da mãe que a havia deixado daquele jeito.

Ele não suportava ver sua esquentadinha assim. Conduziu seu corpo mole para o sofá,para que ela pudesse sentar. A essa altura,o mundo dela provavelmente estava girando,não muito diferente dos últimos dias que esteve com ela.

Eram melhores amigos,sempre contavam tudo um ao outro e se ajudavam. Tinham uma conexão ímpar,uma amizade que ele jurou a si mesmo um dia nunca querer perder. Mas haviam duas coisas em que não concordavam. Ou melhor,ele não pensava da mesma forma.

Se um dia ele custou a entender o que sentia por ela,sua resposta veio quando ele a viu sorrir o ‘’seu sorriso’’ para outro. Não foi nada fácil para ele assumir que amava a melhor amiga,mas vê-la namorando um cara que não a merecia fez isso mudar. Não sabia como tinha começado,talvez quando se deparou com aquelas duas imensidões azuis que eram os seus olhos. Ou quando ouviu seu riso naquele dia em que dançaram na chuva,depois de um dia na faculdade.

Como um baque,uma queda livre.....Ele estava caindo de amor por ela,e não queria ser salvo.

Nunca escondera da amiga que não gostava do seu namorado. Ela sempre ria e fazia piada,dizendo que era só ciúme de amigo. Ah,se ela soubesse,era só o que Pedro conseguia pensar. Cobra,por sua vez,já havia percebido que o guitarrista não ia com a sua cara,e o provocava sempre que podia,como se dissesse ‘’olha só quem tá com ela,otário’’. E ele não podia deixar de pensar que ele realmente era um,porque não conseguia provar a amiga que o lutador e ex aluno de seu pai era um canalha indigno de todo e qualquer sentimento,principalmente os dela.

Porém todo esse ódio teve um basta,ao menos na frente dela,quando a loira presenciou uma briga entre os dois. Só Pedro sabia o quanto doeu ver sua loira correr ao encontro de Cobra,enquanto ele era amparado por João e Bianca,seus melhores amigos. Abraçou Cobra,e com a cabeça apoiada em seu ombro,ela encarou o amigo com os olhos cheios de lágrimas,e sussurrou um pedido de desculpas. Aquilo fizera o peito de Pedro doer de uma forma absurda.

Horas mais tarde,ela aparecera em sua casa,visivelmente abalada e com os olhos inchados de tanto chorar. Se perguntou mentalmente o porquê,já que a briga nem havia sido assim tão feia. Talvez o evento tivesse mexido muito com o seu emocional,quem sabe. Haviam muitas coisas sobre sua esquentadinha que Pedro já estava conformado que nunca saberia,ainda que ele desse sua vida para adivinhar.

Ela quebrou o silêncio levando uma das mãos ao seu rosto,passando perto do local ferido. Tentou pedir desculpas,mas ele negou de prontidão,sem dar chance para ela fazer todos aqueles sentimentos virem a tona.

- Me desculp...

- Não. – Sussurrou contra seus lábios trêmulos,afastando uma mecha do seu rosto. – Sshh,não precisa. A culpa não foi sua.

Ela também não quisera dar tempo para ele pensar,trazendo seu corpo para ela num abraço. Pedro envolveu seu pequeno corpo e ela afundou seu rosto em seu peito,fechando os olhos.

Permaneceram assim por alguns minutos. Não tinham nada a dizer,e se tivessem,também não queriam. Naquela noite,Pedro prometeu que não deixaria mais aquilo acontecer. Podia odiar Cobra com todas as suas forças,desejar quebrar a cara dele e estar em seu lugar quando ele a beijava,não importava. Nada disso iria mais estragar sua história com Karina.

Antes de ser namorada de Cobra,ela era sua amiga. Antes de pertencer a ele,a pequena loira era dele.

E isso o fizera lembrar do outro ponto em que não concordavam,e o porque ela estava ali. Karina sempre o vira como amigo,enquanto ele queria mais que isso. Não entendia como ela não conseguia perceber. Talvez porque ele não mandasse sinais assim tão óbvios,ou porque ela estava cega demais sendo apaixonada por Cobra para perceber. Ou pior,uma junção dos dois. Pedro ficava com a segunda opção.

No entanto,para a alegria momentânea de Pedro e para a tristeza de Karina,em uma noite em que saíram os quatro juntos – os três acompanhados de uma menina com quem Pedro estava saindo -,foram para a social na casa de João. Em um dado momento,Cobra se afastou da loira,dizendo que ia pegar mais bebidas,ou algo do tipo. A estranha demora não passou despercebida por ela,que não demorou para constatar que ele se mantinha ocupado em outro canto da casa,com alguma caloura.

Pedro se sentia aliviado por Karina finalmente ver quem Cobra era,mas ao ver as lágrimas de sua esquentadinha rolarem soltas e sem pudores,seu instinto protetor tomara conta dele,e o guitarrista tratou de tirar a garota de lá,antes que ele perdesse a cabeça e fizesse alguma besteira.

- Ka... – Pedro abafou seu choro com um abraço,deixando que ela colocasse toda a sua dor e decepção para fora num ritmo doloroso,agudo e descompassado.

- Eu devia ter ouvido você.... – Ela tentou dizer,entre um soluço e outro. O som acelerado do coração acelerado dela batendo contra seu peito podia quebrar o seu e deixa-lo em migalhas. – Como eu fui burra....

- Ei,não diz isso,minha linda. – Secou cada uma de suas lágrimas,deixando seu azul pousar sobre o seu castanho. – Ele não merece você,ouviu bem? Nunca mereceu.

Ela assentiu simplesmente,ainda que não concordasse muito com ele. Pedro deixou um beijo em sua testa,a encorajando a voltar para a festa de João,que também era seu amigo.

Mas,se ele prometera não fazer nenhuma besteira,ela não podia dizer o mesmo. Ou melhor,não podia fazer a mesma coisa. Tudo o que ela queria era esquecer aquela noite,e a embriaguez lhe dava exatamente isso. Um caminho fácil para superar as feridas que ele lhe deixara,mais profundas do que o sentimento que ela um dia teve pelo lutador.

E não pararam por aí. Uma atrás da outra,aquela noite se repetia. A loira não suportava lembrar daquela cena,e se sentia grata demais pela amnésia que a vodka lhe dava para se ver livre dela.

A risada perdida de Karina o fizera voltar a realidade. Sua esquentadinha estava abraçada a uma almofada,com seus lábios bem próximos a ela. Bufou em desagrado,chutando o ar e repuxando seus cabelos .

Ele precisava contar a ela. Não era mais uma confissão apenas,era uma necessidade. Por quê ele não conseguia,então? Já tentara,uma ou duas vezes,quando atravessara um ímpeto de insanidade,ou quando se apoiara na bebida,em alguma festa da faculdade,mas quando se deparava com seu riso fácil e lembrar que ela não o via assim,sua coragem sumia.

A verdade é que ele não conseguia mais imaginar sua vida sem ela,e a probabilidade de isso acontecer,se ele contasse,era alta. Pedro poderia ter todas as qualidades do mundo,mas no fundo era apenas um poeta que não tinha coragem de passar seus sentimentos do papel para a sua vida. Esta,por sua vez,não havia lhe ensinado a se arriscar. Ou ele não havia deixado. E era por conta desse impasse interno que ele preferia que manter as coisas como estavam.....

Até aquela noite. Até aquele momento.

Ele foi até ela e tirou seus saltos,se sentando ao lado dela e apoiando a cabeça dela em seu colo. Afagou seus cabelos e depositou um beijo ali,acariciando levemente o seu rosto. Ela ainda estava travando uma luta contra o seu sono,abrindo os olhos uma vez ou outra.

Completamente inconsciente. Sem chance alguma de se lembrar do que ele estava prestes a dizer.

Foi com esses pensamentos que ele enfim rompeu a linha tênue que dava um basta a toda a sua confusão interna e nada harmônica.

- Ei,esquentadinha. – Riu fraco vendo-a murmurar alguma coisa. – Eu preciso te dizer uma coisa. Dizer,não. Confessar.

As próximas palavras seriam difíceis para ele,mas se surpreendeu ao ver como elas fluíram tão facilmente. Como se estivessem ali,somente esperando para serem ditas.

- Não sei como começar. Eu sempre amei te ver,te perceber.....tentar te decifrar,mesmo sabendo que é impossível. Mas o tempo foi passando,e eu percebi que amava mais coisas em você. Seu olhar,seu sorriso....Você sabia que tem um sorriso que dá só pra mim? – Imaginou seus lábios se curvarem como os dele estavam agora. – Tudo em você é único,e passou ser agoniante para mim pensar como eu vivia antes de te conhecer.

A cada palavra dita,um resquício de pesar se desalojava de seu peito,dando lugar a um alívio que ele achava que nunca iria sentir.

- Você é tempestade,mas acalma minha vida como ninguém. É a chuva que afoga meus dias ruins,permitindo o arco íris surgir. É muito mais do que consegue ver e nem se dá conta disso.

Por mais que estivesse ali,dizendo tudo a ela,sentia que não conseguia chegar aonde queria. As suas melhores palavras estavam por vir e isso fez com que o nervosismo voltasse com força total. Não,ele não fraquejaria. Não agora que estava tão perto do fim. Tão perto de um começo,pelo menos pra ele.

- Droga! Na minha mente,isso parecia mais fácil.

Por um segundo,ele se permitiu esquecer do passado,e não pensou no futuro. Tudo o que importava era ali,aquele momento. Aquele instante,que tempo nenhum faria voltar. Mentalizou tudo o que sentia por sua esquentadinha,e quando menos esperou,as palavras vieram.

- O que eu tô querendo te dizer é que....Eu te amo. – Sorriu e se deixou levar por aquela sensação tão boa que era se sentir leve. O amor o deixava infinito. – Eu te amo como nunca pensei que pudesse amar. Você coloriu os meus dias nublados,trouxe a parte que faltava em mim.

Um vento frio passou por ele,mas seu interior estava tão aquecido que ele nem ligou. Seus sentimentos o entorpeciam,gritavam dentro dele e lhe imploravam para saírem dali.

- Eu não consigo mais deixar de te amar,você sabia disso? Eu não consigo mais não ter a minha vida iluminada por esse seu sorriso. Ah,se você pudesse saber o quanto doeu te ver nos braços daquele... – cerrou os punhos e engoliu a raiva que sentia. Não era hora. Aquele sentimento ele não deixaria transparecer. – Eu não sei o que você sente,ou ainda sente por ele,eu consigo ver que esse sentimento está aí dentro de você. – Se referiu ao estado que ela se encontrava. – Mas de uma coisa eu tenho certeza,você não me ama. Você não sente o mesmo que eu sinto,mas....tudo bem. Eu consigo te amar a distância,eu consigo guardar esse amor só pra mim. É só o que eu venho fazendo,por todo esse tempo.

Imaginou como seria se Karina acordasse e ouvisse tudo o que ele tinha a dizer. Ou se ela estava lhe ouvindo agora.

- Você conhece algum remédio pra dor de amor? Tempo,quem sabe....ou até mesmo um outro alguém. Mas você sabe o que eu acho? Que o único remédio pro amor é Amar mais. É sentir mais,é se deixar permitir. É superar barreiras,atravessar obstáculos,colocar a verdade a prova....até que não haja mais dúvidas,ou pedra sobre pedra no meio da estrada que possa me impedir de chegar até você.

O silêncio era preenchido apenas pelo som de sua voz. Imaginou se aquelas palavras tinham o mesmo efeito pra ela da mesma forma que o atingiam.

- Eu não entendo o amor,muito menos como eu te amo. Certas coisas não precisam ser ditas....apenas sentidas. Então me desculpe,mas eu sinto muito. Obrigado por me preencher com essa imensidão de possibilidades,por me dar a chance de acreditar no indestino. Eu amo você,Karina.

Então era isso. Ele havia conseguido sair de sua própria prisão. Estava finalmente livre. Completo ele só seria se ela um dia lhe correspondesse,mas se conformava em apenas tê-la ali com ele. Havia aprendido a amar demais,e por um instante,duplicar esse sentimento e também senti-lo por ela não era lá um problema tão grande assim.

Elevou seu corpo e se levantou com cuidado do sofá,para depois pegá-la no colo e a levar para sua cama. Apoiou sua cabeça sobre o travesseiro. Quando seus olhos pousaram no relógio que estava no criado mudo,ela ainda dormia. O aparelho indicava 5:19 da manhã. Percebeu que o sol que nascia tentava invadir o seu quarto,e se dirigiu até as janelas.

Olhou para o céu sob os vidros da janela. O dia amanhecia aos poucos,nascia como uma resposta as suas últimas palavras. Viu o encontro do sol com a lua,e permaneceu com o olhar fixo naquele eclipse lunar que estava tão distante,por alguns segundos,antes de fechar as cortinas e deixar um pouco do breu adentrar o quarto.

Decidiu portanto que não conseguiria espera-la acordar,tampouco ficar ali. Pegou papel e caneta e rascunhou as seguintes palavras:

''Bom dia,esquentadinha. Não tive coragem de te acordar. Saí pra resolver um assunto importante,mas já volto. Você pode me esperar,se quiser. Já avisei pros seus pais que você dormiu aqui em casa. O mestre cruel tá uma fera contigo,mas eu disse que você tava bem e que te levava mais tarde pra casa. Prometo não demorar. Beijo!''

Deixou o bilhete no criado mudo junto a um copo d’água e um comprimido de aspirina que ele sabia que ela iria precisar quando acordasse e saiu do quarto. Pegou suas chaves e saiu do apartamento. Desceu pelo elevador e caminhou até o estacionamento.

Não sabia seu rumo definido,ou se ele mesmo tinha um. Só não queria estar lá para ver sua expressão de negação. Estava fugindo e sabia disso,mas ao se lembrar de tudo o que fizera,não se julgou um covarde. Um apaixonado incompreendido,quem sabe.

Mal sabia ele que Karina não permitiria sua partida. Não agora. Não mais.

Assim que entrou no carro,sentiu seu celular vibrar no banco passageiro. Pegou o aparelho e leu a mensagem que mudaria tudo.

''Eu ouvi o que você disse. Eu não consegui dormir até elas terminarem,e agora que você as disse,ecoam na minha mente. A única coisa que eu sei é que não consigo aguentar te esperar para poder te dizer o que eu mais quero....Ei moleque,eu também te amo.''


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Notas finais do capítulo

E aí,gostaram? Espero que tenham curtido tanto quanto eu. Tava morrendo de saudades de postar! Comentem e me deixem saber o que acharam. Um beijo grande e até a próxima.



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