A história de duas vidas. escrita por Juliana Rosa


Capítulo 32
À espera


Notas iniciais do capítulo

Oi gente linda. O que posso dizer...? Essa espera está me matando. Como está o nível de ansiedade aí? Sinto que estou sem as unha, kkkkkkkkkk. Bjos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/623077/chapter/32

Gritos.

Sempre gritos. Correria...

Pessoas socorrem a presidenta, mas ela está morta.

Alguns soldados me agarram. Em meio a confusão vejo algo brilhar na mão de Peeta, ´r uma faca, e ele cortar a garganta de Snow como se fosse manteiga quente, sem hesitar um segundo o sorriso e os olhos dele perdem a vida, se congelando numa expressão aterrorizante que vai ficar, talvez para sempre em meus olhos.

Peeta também é agarrado.

– Katniss. - grita e começa a ser arrastado.- Soltem ela.

Eu chuto, grito. São preciso três soldados para me segurar.

–Não... Me solta... Peeta!?

Sou arrastada por um corredor e não o vejo mais.

– Para onde estão levando ele?

– Gale, me ajude.

Nenhuma resposta. Ele só fica lá parado. Braços rudes me agarram com força, me empurrando. Sou jogada e trancada dentro de um dos quartos do palácio do parlamento.A porta é de carvalho maciço, com trancas douradas, mas que parecem e fazem o barulho de uma cela sendo trancada.

– Não. Me tirem daqui. - chuto, esmurro, grito.

E quando já estou rouca e exausta, desmorono no chão, deslizando pela porta. Meus olhos cansados se enchem de agua e deixo que corram sem me incomodar. Eu matei a presidenta. Peeta matou Snow. Provavelmente vamos ser executados. Será que irão nos matar juntos ou vão matar um primeiro para que o outro assista?

No meio daquele turbilhão de pensamentos, só um nome vem a minha mente. Pérola. Ela está segura? Prim e minha mãe estarão seguras?

Me lembro da promessa que Peeta e eu fizemos. "Aconteça o que acontecer, voltaremos para nossa filha". O choro irrompe pelo meu peito. Abraço os joelhos e choro.Depois da briga com Peeta, tinha prometido para mim mesma, nunca mais chorar desse jeito. Mas foi fácil começar tudo de novo.

Devo ter dormido. Por que acordo deitada no chão, ainda abraçada aos joelhos. O corpo todo dolorido. A claridade de um sol pálido da manhã atravessa as amplas janelas que vão até o teto e tiveram suas cortinas arrancadas.

Pisco um pouco incomodada e então olho a minha volta. O quarto é grande, com uma cama grande, desarrumada e uma penteadeira com o que restou de produtos e enfeites. O espelho está rachado de alto a baixo. Levanto e me olho no espelho. O reflexo que me encara é diferente. Tem olhos sofridos, quase sem esperanças e cheios de olheiras. Tem um corte acima da minha testa. Solto meu cabelo, está sujo, maltratado e cheio de nós, um dos lados parece mais curto cortado de um jeito estranho.

Faço uma careta vou até as janelas. Os jardins internos do parlamento estão cheios das malditas roseiras brancas e só de relembrar o seu cheiro sinto o estômago revira. Não há ninguém lá. Aliás parece que tudo está vazio. Será que fui deixada aqui, numa espécie de prisão sem muros?

Nesse momento a porta se abri e uma mulher com um coque azul e roxo meio desfeito põe uma bandeja no chão e me olha por alguns segundos.

– Ei? Você? Que lugar é esse? Cadê o Peeta?

Apavorada ela fecha e tranca a porta antes que eu a agarre.

Destampo a bandeja e meus olhos se arregalam. É um café da manha com ovos, queijo, torradas com geleia, café preto bem forte e bacon. O cheiro faz meu estômago roncar e não consigo me lembrar de quando comi algo decente.

Com certeza essa comida veio das dispensas da Capital enquanto passávamos fome nos distritos. Mesmo com fome não consigo comer. Não sem saber o que aconteceu com Peeta. Preciso dele, ver que está bem. Sentir a serenidade daqueles olhos. O mundo todo está desabando e mesmo morto, Snow conseguiu separar toda a minha família e nem sei se voltarei a vê-los.

Sento no chão com os braços apoiados nos joelhos e as mãos entrelaçadas. Minha mente gira em torno de pensamentos.

Quando foi que tudo isso começou? Ah sim. Quando quis salvar minha irmã e Peeta. Me lembro de como fomos forçados a conviver um com o outro. A fingir que estávamos apaixonados e agora sinto tanta saudade daqueles momentos em que ele sempre estava comigo. E foi tão fácil gostar dele, ama-lo, me acostumar com aquela serenidade daqueles lindos olhos. Tão fácil rir com ele, tão fácil me acostumar com seu abraço. Minha mente está confusa e então faço os exercícios que o médico me mandava fazer enquanto me recuperava no hospital, no 13. "Meu nome é Katniss Mellark, participei dos jogos, me casei com Peeta, destruí a arena. Paro... Matei a presidenta e agora eles vão me matar". Não sei quanto tempo fiquei ali, mas ao olhar pela janela, vejo que já está entardecendo.

A porta é destrancada. A mesma moça com o coque azul e roxo desfeito recolhe a bandeja e deixa uma pilha de roupas. Não me incomodo de perguntar nada a ela. Praticamente me arrasto até a pilha e a examino. São toalhas felpudas e macias e roupas limpas, mas de um tecido grosseiro e barato. Bem diferente das coisas que eu usava quando estava na Capital e seria mandada para os jogos.

Faço uma careta, mas é o bilhete que encontro no ali meio que faz meu coração disparar.

"Tome um banho e vá vê-lo".

Agarro a pilha de roupas e corro para o banheiro.

________________________________________________________

"Jamais imaginei que meus medos um dia mudaria o mundo em que vivemos".

Primrose, irmã de Katniss.

No palácio do Parlamento.

Estou correndo por um corredor comprido. Parece interminável. Parece como quando eu corria na arena e por uns segundos me lembro de quando o canhão explodiu e corri gritando Peeta, imaginando o pior. Então ele apareceu e eu o abracei tremendo. Quase morri de susto.

"Meu nome é Katniss Mellark, eu matei a presidenta e agora corro por que recebi um bilhete".

Vejo a porta a minha frente com placa em letras garrafais escrito" ENFERMARIA". Paro. Respiro. Tento acalmar o coração que está num ritmo de maratona olímpica.

Mas sou impaciente e escancarando a porta, entro.

Ele está lá deitado. Me aproximo de vagar com medo de assustá-lo caso esteja dormindo, mas não está. E assim que me vê ele se levanta, seu rosto está machucado, seu olhar é urgente em mim e eu o abraço. Rápido. Forte.

– Peeta!

Nós dois choramos.

Por que com todos esses fios, machucados e hematomas. Mesmo com meu corpo dolorido e sem saber como será nosso destino, estamos vivos. E sei que se continuarmos vivos, nossa filha também estará a salvo.Ele se contorce um pouco e me lembro que estou apertando suas feridas nas costas. Afrouxo um pouco o abraço.

– Eu fiquei com tanto medo. - digo entre soluços e não me importo. - Tenho sentido tanto medo de não te ver mais, de não ver mais ninguém.

Peeta segura meu rosto entre as mãos.

– Estou aqui. Você está aqui. Não precisa ter medo. É real.

– É sim. - beijo seus lábios. Devagar pois estão machucados e não quero lhe causar mais dor.

Peeta me olha sério, os olhos dele estão com uma cor que nunca vi antes. De um azul quase negro

– Eu o matei Katniss. - Diz, está tremendo. Sei que ele está falando de Snow.

– Não importa. Eu também matei a Coin. Vamos ficar bem. - tento ser confiante, mas soou falso até para mim.

– Fiz isso por nossa filha, e não me arrependo. - diz Peeta.

Sua voz é sofrida e eu sei por que ele se sente assim. Antes de entrar na arena, ele nunca matou nem mesmo uma galinha. Mas lá, a coisa é diferente. Se você não mata, morre, e ele, assim como eu tivemos que matar pessoas que nem conhecíamos para sobreviver. O fantasma dos jogos ainda nos assombraria por muito tempo.

– Ele sabia sobre Pérola. - Peeta continua. - Não haveria lugar seguro para ela se Snow ficasse vivo. Ele sabia de tudo. Era tudo um jogo, Coin passava informações ao mesmo tempo que trabalhava usando você como o símbolo do Tordo para derruba-lo e pegar o lugar dele.

– Eu sei. - minha voz é um sopro, triste. A suspeita que eu tinha se confirma ao lembrar do ataque no distrito 13, estremeço com um frio que se espalha pelo meu corpo.

– Creio que ela também sabia do ataque no 13.

Peeta balança a cabeça confirmando.

– Sabia e ela só deu o alerta segundos antes. Deixou que gente inocente morresse para que ninguém desconfiasse dela.

" Ela não é muito diferente de mim senhora Mellark." Me lembrei da frase de Snow e seu sorriso de quem sabia de algo mais. Me lembrei da famílias mortas e destruídas e de nossa filha lá sobre o ataque. Sinto novamente o gosto amargo da traição.

– No fim é só o que importa. - digo. - Conseguir o poder e brincar com nossas vidas. Boggs me disse isso e ele morreu para me salvar. Depois que os bestantes te levaram, ela o mandou lacrar o túnel, mas Boggs fez Gale me levar pra fora e ficou lá.

– Eles nunca pararam de jogar Katniss. Mas agora eles não podem mais machucar você ou Pérola. Como você disse os jogos terminaram.

Acaricio seu rosto e ficamos apenas nos olhando.

De repente percebo algo. Pontos de luzes vermelhas. Elas dançam sobre Peeta e eu.

Me viro para frente em alerta.

– O que foi? - Peeta pergunta também receoso.

Olho mais um instante e então vou até um biombo hospitalar e o empurro.

Um homem com uma câmera fixada em seu corpo me olha espantado. Outro sai do banheiro da enfermaria que estava aberto o tempo todo e nem vi.

– Mas o que está acontecendo aqui?

Olho para Peeta, sua expressão mostra uma confusão maior que a minha. Sem entender nada.

E é nesse momento que Haymitch entra batendo palmas.

– Parabéns. Vocês foram ótimos. A defesa dos dois será moleza.

De novo Peeta e eu olhamos sem entender. Angustiados. Será que isso nunca vai ter um fim?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Affffffff, eu chorei com esse reencontro gente. Pois há tanto sentimento, tanto sofrimento, mas também há alegria. Bjos.