A história de duas vidas. escrita por Juliana Rosa


Capítulo 1
Capítulo 1 . Pesadelo.




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Geralmente era ele quem me acalmava ao acordar gritando depois dos pesadelos. Peeta. Mas essa noite, eu pedira para ficar com ele. Me sentia inquieta, temerosa. No dia seguinte, a tarde, seria o nosso casamento. Eu chamava de teatro pela sobrevivência. Depois de vencer os jogos, fomos levados para a Vila dos Vencedores. Nossas família tinham uma casa confortável, comida farta de boa qualidade e dinheiro. Em troca disso representávamos nosso papel.O povo estava encantado com os amantes sobreviventes da Arena e agora a mídia precisava vender o seu show. Então Peeta acordou no meio da noite, com os olhos arregalados e ofegante, com se ainda estivesse no meio do sonho. Levou uns dez segundos para ele me reconhecer e ouvir minha voz trazendo-o de volta para a realidade.

– Tudo bem, foi só um pesadelo.

Ele me abraçou e percebi que estava trêmulo e coberto de suor. Não dissemos nada. Fiquei apenas esperando sua respiração se regularizar, as batidas de seu coração se acalmando lentamente. Era bom. Desde que fomos mandados para a Arena e depois obrigados a representar uma intimidade forçada de casal apaixonado, abraça-lo se tornou natural. Me fazia sentir tranquila, protegida, acolhida e quente como se estivesse numa chuva fria. E eu gostava da sensação. Era diferente de quando eu via Gale. Eu sempre ficava tensa na presença dele e ao vir embora. Era como um fogo que me queimava e eu não seria suficiente, uma tempestade sempre pronta a desabar dentro de mim. Uma fúria que eu não entendia.

Peeta era a serenidade. Expressa até mesmo em seus olhos azuis.

– Você está melhor? - perguntei depois de um longo silencio.

Ele se afastou, meio envergonhado por me abraçar tanto tempo. Eu não tinha me importado.

– Sim. Me desculpe por te acordar.

Balancei a cabeça com um meio sorriso. Ele respirou fundo.

– Não é engraçado?

– O que?

–Vamos nos casar daqui a algumas horas.- ele franziu a testa dando de ombros. - Eu deveria estar numa despedida de solteiro e você em alguma comemoração feminina.

– Chá de panela. - disse achando engraçado o fato de ele não saber o nome.

– Ou isso.

– É só uma cena para eles verem e ficarem maravilhados Peeta, não é de verdade. - Eu não queria, mas a frase soou rude.

Vi um minúsculo desapontamento nos olhos dele. Vi? Ele engoliu em seco e assentiu.

– Você tem razão. - seu tom era frio e não sei por que me incomodou.

Limpei a garganta.

– Vou voltar para o meu quarto. Você vai ficar bem?

– Claro. - O mesmo tom frio, sem olhar para mim dessa vez.

Eu tinha ido até ele por que estava tensa. E tinha melhorado, mas voltou e muito maior. Percebi que o pesadelo de Peeta não era nada diante do que aconteceria em algumas horas. A confusão de sentimentos, a mudança dos destinos e o rumo que as coisas tomariam dali em diante. Isso sim era o verdadeiro pesadelo.

Me levantei e saí do quarto fechando a porta com um silêncio mortal na alma.

Continua.

Juliana Rosa dos Santos


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