I will love you for a thousand years escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 3
Capítulo 3 -Going back for all we trust




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/622991/chapter/3

A minha alma pelos meus amigos. Vantajoso. Estou para concordar quando alguém grita:
–Solta ela!
Não é um homem, mas também não é a Bia. É Thalita.
–Você prometeu que não mataria ninguém.
–É preciso. E aliás, não é ela que você odeia?
–Sim odeio, mas não vou permitir que a mate! Imagine se os seus superiores descobrem isso?
–Você não ousaria...
–Ousaria sim. Vamos Julie, seus amigos estão lá fora.
Ela me pega pelo braço e me guia até a porta sem falar nada. Martim, Felix, Daniel e Bia estão do outro lado da rua. Faço menção de ir até eles, mas Thalita me segura.
–Obrigada - eu digo, baixando a cabeça -,de verdade.
–Pelo Nicolas,pela peça, pela audição do Peche, por mim e por você mesma - ela sorri. - Antes que vá, só mais um conselho: não deixe o seu guitarrista escapar, viu?
–Valeu o toque. Preciso ir.
Atravesso a rua num átimo e os braços de Daniel me envolvem em outro. Devolvo o gesto e fecho os olhos. Como eu queria que o mundo fosse resumido àquele momento... Martim, Félix e Bia começam a andar e nós os seguimos, ainda abraçados.
–Que bom que está bem - ele sussurra ao meu ouvido.
Não respondo, apenas inspiro seu cheiro. Ele faz o mesmo comigo, e cada segundo mais, as palavras de Thalita se cravam em minha mente: "Não o deixe escapar".Chegamos à minha casa e hesitamos.
–Disse que dormiria aqui - lembro-o.
–Se tivéssemos a reunião da banda.
–Podemos fazer amanhã.
–Tudo bem - ele sorri, destrancando a porta.
Félix e Martim acompanham Bia até a casa dela, dando risinhos indiscretos que me fazem corar.
–Deixa eles para lá. Você chegou a almoçar?
–Não - só então reparo que estou morta de fome.- Tem pizza na geladeira.
Pego duas fatias e coloco no microondas. Depois, sirvo em dois pratos. Enquanto como a minha vorazmente, Daniel apenas encara a dele, como se não soubesse o que fazer.
–Quando foi a última vez que você comeu? - pergunto, limpando os cantos de minha boca.
–No dia em que morri,mas certamente não foi pizza. Isso se come com as mãos? - eu rio. - Estou falando sério.
Pego a pizza com as mãos e ergo bem alto, para que ele consiga imitar. Desajeitadamente, ele pega sua fatia com os dedos finos. Queijo escorre pelas bordas. A imagem é tão fofa que me causa risos.
–Qual é a graça agora?
–Você. É um pouco engraçado ver alguém que estava morto comendo. Só isso.
Ele brinca com a borda do prato e sorri escancaradamente. Ponho a louça na pia e lavo-a enquanto Daniel seca, depois subimos para meu quarto. Deitamos em minha cama e ele coloca minha cabeça em seu peito.
–Demetrius me falou que voltaram à vida por meio de um drinque ilegal.
–Foi isso mesmo. Tudo começou com um boato que ouvimos num bar e ai fomos investigando até que finalmente achamos. - Seus olhos correm meu painel de fotos. - Porque não tem mais fotografias do Nicolas?
–Porque nós terminamos.
–Detalhes - ele pressiona, ainda com o tom brincalhão. - Só para eu decidir se o mato ou não.
–Foi depois que os médicos receitaram aquele monte de remédios. Ele terminou comigo no pátio, na frente de todos. Disse que eu estava deixando de comer para te agradar, que eu o estava traindo com você e outras coisas. Foi então que eu percebi que ele só estava comigo porque queria o status de "namorado da vocalista da Insólitos", mas como a banda tinha parado de tocar...
–Eu disse - ele se gaba. Uma vez Daniel, sempre Daniel. - Eu avisei que ele era um panaca. Vou matá-lo, e de um jeito muito doloroso,pode apostar.
–Daniel- tento refreá-lo. - Deixa ele para lá. O que passou, passou.
Ele suspira teatralmente e pega meu violão. Pousa os dedos nas cordas, formando o acorde mi menor. Sorrio enquanto ele canta "O que o mundo escolheu". Quando termina, coloca o violão de lado e abre um sorriso.
– O mundo escolheu nos juntar, apesar dos obstáculos.
Calma Julie, vai com muita calma, não se declare agora. Respira fundo e responde de um jeito decente, você consegue.
–Hã, Daniel...
Não, eu não vou conseguir falar sem dar bandeira, não depois do que ele disse. Fecho a boca rapidamente, e Daniel me beija.
–O que ia dizer?
–Me beija de novo?
Ele assente e me beija outra vez. Toco seus rebeldes cachos dourados e ele delineia os contornos de meu rosto, me causando cócegas. Há tantas perguntas que quero fazer. Porque eles foram embora, deixando-me à mercê dos medicamentos? Porque voltaram se foram embora? Mas agora não é o momento.
POV DANIEL
Eu finalmente consegui o que queria há muito tempo. Julie em meus braços. Beijei-a mais três vezes antes de ela me afasta para respirar. Os cantos de seus lábios estão um pouco roxos.
–Desculpe. Respirar... Sou novo nisso.
–Sem problemas.
Ela dá de ombros de um jeito muito lindo. É uma pena que eu ache que ela não me queira, mesmo que ela não tenha mais ninguém. Não há mais JP, nem Nicolas, apenas eu. Mas e se ainda assim fosse outra pessoa?
–A cartomante estava certa - Julie murmura.
–Hã?
–Na loja do Klaus, uma cartomante me fez uma consulta depois do show, e disse que meu primeiro namorado ia me devolver algo que eu nem sabia que havia perdido. E foi isso que você fez.
Eu estou farto de ouvir falar nisso, mas dou um sorrisinho, estou curioso de qualquer forma.
–O que eu te devolvi?
–A minha vida. Eu nem notei quando a perdi, quando tudo passou a ser apenas remédios e terapia. Não havia mais música nem nada disso.
Okay, ela gosta de mim e ainda pensa que tem chance de eu ser o namorado dela, mas afinal, não é isso o que eu mais quero? Porque sou incapaz de aceitar a proximidade evidente entre nós? Somos mais do que apenas colegas de banda, e talvez até mais do que amigos.
–Daniel... - ela me chama de novo.
–Quer um beijo de boa noite? - ofereço, rindo, e ela assente também rindo.
Beijo-a e adormecemos lado a lado.
NO DIA SEGUINTE...
POV JULIE
Daniel sai cedo para seu turno na loja do Klaus, e eu vou para a escola. Depois do almoço, nós quatro teremos um reunião para a banda. Está na hora da aula de literatura. Sento-me em meu lugar e abro o caderno, onde Bia deposita um papelzinho amassado. Abro e leio.
"Como foi?"
"Como foi o quê?", respondo.
"A sua noite oras."
"Dormi muito bem, obrigada."
"Não é disso que estou falando. O Daniel dormiu lá com você?"
"Sim, e no meu quarto, caso queira saber."
"E ele beija bem?"
Hesito. Bia é minha melhor amiga, e eu conto tudo para ela, mas será que um suposto lance com Daniel se aplica a isso? Bato a ponta do lápis suavemente no papel. O que fazer? O que fazer?
–Se não quiser escrever, pode falar - Bia se vira para mim.
Frustrada, suspiro e desvio o olhar para a fileira do lado. Thalita está sentada a frente de Nicolas, mas o ignora. Na carteira seguinte, que até então estava vazia, vejo Daniel, de pernas cruzadas e cabeça abaixada.
–Você está vendo aquilo? - gesticulo na direção dele.
–O quê? - ela vira a cabeça de um lado para o outro.
–O Daniel. Ele está bem ali - sussurro.
–Ih, tão apaixonada... Aposto que o vê onde quer que olhe.
–Não enche - grunho. - E sim, ele beija bem.
–Vocês se beijaram mesmo? - ela diz um pouco alto demais. Nicolas vira a cabeça, Thalita sorri em aprovação e Daniel desaparece.
–Você o fez sumir - resmungo.
–Ele já não estava lá, mas diz aí, foi bom mesmo?
–Foi ótimo.
A professora se vira para nós e nos encara, mandando-nos fazer silêncio. Encolho-me na cadeira, sonhando com o momento em que eu e Daniel nos reencontraremos, mesmo com Félix e Martim junto conosco, será perfeito.
POV DANIEL
Enfim, o relógio bate meio dia e somos dispensados. Encontramos Julie ainda no portão da casa dela, seu rosto um pouco assustado. Sem dizer muito, nos leva até a sala e pergunta:
–Vamos voltar com a mesma banda ou uma coisa nova, sem as fantasias e tudo o mais?
–Acho que será mais fácil explicar que demos uma reformada na Insólitos, mudamos de estilo, abandonamos as máscaras e tudo o mais -diz Félix. - Quem sabe não conseguimos aquele apoio que faltou?
–É uma boa ideia - pondero. - Algo mais a acrescentar?
Antes que algum deles diga algo, a campainha toca.
–Quem é? - digo alto, levantando-me.
–Nicolas! - recebo como resposta.
Sem que eu diga nada, Daniel sobe as escadas pisando duro e Felix o segue, chamando-o em um tom de voz contido. Levemente desconfortável, Martim se levanta e sussurra ao meu ouvido:
–Se quiser expulsá-lo a pontapés, estarei na cozinha.
–Obrigada.
Abro a porta e Nicolas diz:
–O que a Bia quis dizer quando gritou "Vocês se beijaram"?
–Duas coisas. Um: ela não gritou, só falou um pouco alto demais. Dois: não te interessa, não somos mais namorados.
–Mas somos amigos. Vai, Julie, conta...
–O que você tem a ver com a vida dela? - diz Daniel, surgindo de trás de mim.
–Sou o ex dela, mas isso não quer dizer que não me preocupo.
–Você está querendo se meter, isso sim - digo bruscamente. - Acabou Nicolas, nunca vou perdoar você pelo que fez e nunca vou voltar com você! Agora sai daqui!
Ele dá as costas, dizendo:
–Vai se arrepender Juliana, juro que vai.
Volto para dentro, sem Daniel ao meu lado, e encontro Martim na poltrona da sala, com as pernas cruzadas uma sobre a outra.
–Porque o Daniel odeia tanto o Nicolas? - pergunto, jogando-me no chão.
–Pela mesma razão que o Nicolas odeia o Daniel - ele responde simplesmente. - Os dois gostam de você e vão brigar pela sua atenção.
–Pode me fazer um favor?
–Diga!
–Me conta porque vocês fugiram?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!