Corações escrita por Twins Are My Buddies


Capítulo 4
Cafeteria




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– O que você está achando? – perguntou Narcisa, olhando firmemente para a garota a sua frente.

Liza limpou o bigodinho de leite que havia no seu rosto e respondeu:

– Hum... sei lá, está ficando meio normal sair com você. Não sei. – as bochechas de Eliza coraram.

Narcisa riu da vergonha de Eliza, embora estivesse constrangida também. Cutucou-a com o braço e disse:

– Somos amigas, certo?

– Somos? – os olhos de Eliza brilharam.

– Somos...? – até mesmo Narcisa estava confusa.

As duas riram, nervosas.

– Vamos para o parque? – perguntou Eliza, pegando a carteira dentro da mochila.

– Vamos. Você paga o seu cappuccino e eu pago meu café? – Narcisa tirou seu dinheiro da mochila.

– Ok. – a garota fez sinal para a garçonete, que veio até elas com uma cara de tédio. – A conta, por favor.

As duas pagaram pelos cafés e saíram da cafeteria.

– O que você está com vontade de fazer?

– Não sei. Vamos só... sei lá, conversar. Que tipo de música você escuta? – Narcisa apertou o rabo-de-cavalo.

– Ah, eu gosto de pop, eletrônica... um pouco de rock... – Eliza parecia hesitante. – E você?

– Heavy metal, rock indie...

– Heavy metal? – Eliza riu alto. – Tem certeza?

– Sim. – Narcisa pareceu ofendida. – Por quê?

– Ah... nada não. Você só não tem cara de quem escuta esse tipo de música. – Eliza deu um sorriso tímido.

Narcisa só ergueu a sobrancelha, pegando um chiclete de dentro do bolso.

As duas caminharam em silêncio até o parque. Ao chegarem, sentaram-se na grama, Eliza ligeiramente jogada, contemplando o céu.

– Você não acha o céu lindo? – Eliza deitou-se.

Narcisa deitou-se ao seu lado.

– Bem... depende.

– Do quê? – Eliza virou-se para olhá-la.

– Depende do dia, depende de muitas coisas. Quando eu estou irritada, por exemplo, só consigo olhar para o céu e xingar tudo e todos. Mas, quando estou de bom humor, o céu parece a melhor das coisas para eu olhar. Depende da cor dele. Depende.

– Depende... – Eliza pareceu estar em transe enquanto observava seu rosto.

– Você quer parar de me olhar? – perguntou Narcisa, constrangida. – Eu fico envergonhada.

– Desculpe. – Eliza voltou a observar o céu. – Sabe o que acho? Eu acho que você tem uma voz bonita, sei lá. Você canta?

– Hã... Não. Não canto.

– Eu fazia parte de uma banda, mas eles me expulsaram porque eu discuti com um integrante. Babacas.

– Hum. Você poderia cantar para mim? – pediu Narcisa.

O rosto de Eliza parecia um pimentão quando ela olhou Narcisa.

– O quê? Nãããão...

– Ah, vai, por favor. – Narcisa fez um beicinho.

– Ok. Mas promete que não vai rir?

– Tá.

Eliza respirou fundo e voltou seu olhar novamente para o céu.

Honey, you are a rock
Upon which I stand
And I come here to talk
I hope you understand

Eliza fez uma pausa para respirar e continuou:

The green eyes
Yeah, the spotlight
Shines upon you
And how could
Anybody
Deny you?

Por algum motivo obscuro, que Narcisa não sabia qual era, seu coração estava batendo mais forte. Eliza cantava muito bem, e falava sobre olhos verdes. Narcisa tinha olhos verdes. Era loucura sua ou aquela música era para ela? Era para ela, não havia mais ninguém ali no parque.

I came here with a loud
And it feels so much lighter
Now I’ve met you
And, honey, you should know
That I could never go on
Without you
Green eyes

Eliza sorriu.

– Está aí. Cantei um pouquinho para você. Green Eyes, do Coldplay.

– Eles são bem legais mesmo… - Narcisa estava com o rosto pegando fogo. – Você gosta de rap?

– Sim, adoro. Drake, Snoop Dog...

– Tenho um rap para você, mas é francês.

– Não tem problema. – Eliza sentou-se, encarando Narcisa de um jeito animado. Bateu palmas.

On s'est connu dans l'gouffre
Mais pourtant on s'fait du mal
Qui aurait cru que l'anneau provenait du nine?
Laissez-moi les gouverner par la terreur
Je sens comme une odeur de peur
(Rendez-vous chez...)

– Um pouquinho de francês para você. Tinha a parte inglesa, mas eu sou péssima com raps ingleses, não sei, acho francês mais fácil. – Narcisa embolou as palavras, nervosa.

– Foi bom. Você é boa com rap. – Eliza sorriu.

– Obrigada. Você também canta muito bem.

Eliza ficou com o rosto corado, sorrindo de um jeito tímido.

– O que fazemos agora? – perguntou.

– Não sei. – Eliza levantou-se e pôs a mochila nas costas. Narcisa imitou o gesto. – Vamos?


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