Between The Time escrita por Canário


Capítulo 5
Não tenha medo da verdade


Notas iniciais do capítulo

Hiii!! Eu consegui o/ apesar de tudo o capítulo saiu essa semana!! Então, espero que gostem do Cap! :D Na minha opinião esse foi o cap. mais curto que eu fiz dessa Fic :c . Mas como sempre, foi feito com carinho.



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1965

P.O.V Alexandra

Os dias se passaram inconstantes e insossos para Alexandra, como se faltasse uma peça, um encaixe. Ela não admitia que sentisse falta de Rafael, era humilhante admitir tal coisa e era tão estranha a sensação da falta de um alguém que esta tão pouco tempo na sua vida que ela descartava essa possibilidade. Mas, foi numa Quinta-feira que a campainha tocou, ela ouviu a voz dele e correu até a porta do seu quarto para ouvir a conversa.

— Olá Leticia.

— Rafael! — Leticia atendeu a porta com alegria e Alexandra se esgueirou pela parede da casa para ficar próxima da escada.

O único pensamento que ela tinha era como aquela camisa azul acentuava os olhos de Rafael, era quase que hipnotizante.

— Minha mãe mandou te entregar. Foram feitos agora, ainda estão quentes. — ele entregou uma bandeja para Leticia.

— Muito Obrigado. Tem algo que eu quero entregar para sua mãe também.

Alexandra desceu as escadas devagar, mal tocando o chão observando eles estrarem na cozinha. Ela foi seguindo o som da conversa que ia ficando cada vez mais longe. Até que Rafael voltou para a sala rápido demais e ela caiu na escada.

— Merda! — disse ela no chão fitando o teto com o corpo agora doendo — Eu sabia que ia cair algum dia nessa escada.

Rafael não sabia se ria ou se tentava ajudar a garota, então ele fez os dois, riu e estendeu a mão para ela se apoiar.

— Para de rir Rafael. — disse ela emburrada do mesmo jeito que ela fazia quando eram crianças, o que fez ele ri mais — É serio — disse ela quase chorando.

Ele percebeu que ela estava quase chorando então parou de rir.

— Não chora. — disse ele abraçando ela — Isso acontece, na vida a gente cai às vezes. — ele ainda ria

Ela ficou ali abraçada com ele, como se estivesse tirando proveito da situação e no fundo ela estava fazendo realmente isso, era confortável estar nos braços dele.

— Ei! Eu estava zangado com você não estava? — disse ele soltando um pouco do abraço e tentando parecer zangado.

— Não precisa se lembrar disso. — disse ela abraçando ele de novo

— Alexandra!

— Sim Rafael? — disse ela através da camisa dele.

— Eu realmente ainda estou chateado com você.

Alexandra se soltou.

— Ok. E eu realmente não me importo. — disse ela trazendo de volta a velha Alexandra que ele conhecia.

— Então é assim? Assim que você quer brincar. Bom, que assim seja.

Ele realmente estava chateado agora, então ele saiu pela porta de qualquer jeito e Alexandra correu atrás.

— E eu realmente espero que você não volte. — disse ela na frente da porta.

— Eu que realmente não quero voltar a te vê.

Alexandra ficou na porta esperando como se algo fosse mudar e ele fosse voltar, mas ele não virou e já atravessava a rua.

Ela observou todos os lados da rua, mas não viu ninguém. Apressou o passo e atravessou a rua, puxou Rafael pelo braço fazendo com que ele derrubasse a caixa que carregava e o beijou com toda raiva e amor que pudesse refletir em um só beijo, ele segurou na cintura dela trazendo-a para si.

Rafael tentou balbuciar alguma coisa quando seus lábios pararam de se tocar, mas Alexandra interrompeu com outro beijo.

Ao se separar Rafael pegou a caixa como se nada tivesse acontecido e voltou a andar em direção oposta a Alexandra que nada entendeu.

— Rafael! — Gritou ela.

— Não vou falar com você até você me dizer a verdade. — Alexandra olhava parada ele se distanciando — Não é com um beijo que se resolve as coisa ... Ou talvez seja — sussurrou ele a última parte.

— Que verdade Rafael? — perguntou ela, mas ele virou a esquina e nada disse.

Ela correu até onde ele estava.

— O que você quer que eu te diga? — disse ela intrigada.

Ele colocou a caixa no chão e sentou em um caixote de madeira que estava jogado na esquina e observou o por do sol, dando de ombros para ela. Ela encontrou outro caixote e colocou do lado dele.

— A verdade? — Ela ainda pensava no que dizer, nunca foi boa com isso, com essas coisas de sentimento e não entendia o que ele queria dizer com isso.

— Sim, a verdade. — disse ele fitando ela com seus olhos azuis.

Eles ficaram algum tempo calados e ela ainda tentava entender o que ele queria dizer até que as palavras vieram a sua mente.

— Eu te ignoro, trato você mal para me sentir no controle, por que a verdade é que eu gosto de você e não quero que você fique longe, a verdade é que perto de você eu não tenho controle. — Aquilo saiu tão leve e rápido que ela nem tinha percebido o quão verdadeiro aquelas palavras eram até ouvi-las em voz alta. — Não posso olhar mais para o céu sem lembra que posso ter ele aqui tão perto de mim.

1922

P.O.V Claire

Claire conversou com a tia por bastante tempo e passou tão rápido que ela não percebeu, mas mesmo assim a mãe das meninas ainda não havia pisado o pé em casa o que deixou Claire nervosa e apreensiva. David queria passar mais tempo com Claire, tinha medo de deixa-la e não vê-la novamente, então ofereceu sua ajuda para procurar a mãe de Claire. Eles saíram e temiam que houvesse um desencontro, mas mesmo assim Claire tomou coragem e deixou suas irmãs novamente aos cuidados da vizinha e saiu ao lado de David.

Eles seguiram com o carro procurando nas estradas principais da cidade, mas a busca não teve sucesso, a última coisa que podiam fazer era seguir rumo ao centro da cidade e procurar em cada estabelecimento. Mas antes David queria apenas um favor de Claire.

— Não vamos procurar no centro até que você faça um boletim de ocorrência Claire. — Tinham parado em uma alto estrada que levava ao centro, David apoiava seu corpo no carro e Claire ainda estava sentada no banco de traz, eles tiveram essa pequena discussão por todo o caminho, mas Claire sempre ganhava a discussão.

— David, por favor, não insista mais. — Claire estava a um fio de contar.

— Por que Claire, Por quê? É o que qualquer pessoa normal faria.

— David, por favor, eu te peço não vamos discutir sobre isso mais uma vez... Vamos deixar isso no passado.

— Como podemos deixar no passado Claire? Eles quase te... — David não conseguia nem pensar sobre aquilo sem sentir raiva — Claire, a única coisa que eu quero nesse momento é pegar a aqueles mald...

— David, por favor...

— Você não entende Claire, você nunca vai entender o meu ponto de vista. — David se encostou à janela do carro observando a garota lá dentro, Claire saiu do carro e ficou na frente dele.

— Você é que nunca vai entender... — Suas palavras não eram de raiva nem de rancor, mas se via o quanto ela estava esgotada de falar sobre aquilo.

Ele tentou segurar nas mãos dela, mas ela se afastou por apenas reflexo.

— Confia em mim. — Ele não se importou pelo jeito que ela o repeliu, olhando nos olhos dela, tentando ver além do que ela permitia.

— Você nunca vai entender a angustia que é saber que alguém que você gosta foi machucada. — Ele havia declarado seus sentimentos, ali, naquele momento e ela não havia percebido.

Ela deu as costas para ele e fitou o horizonte.

— Eu matei um homem... — ela disse, tinha o olhar vago e uma sensação angustiante no peito, era a primeira vez que ela alguma vez disse isso em voz alta.

— Claire eu não te escutei. — disse David apreensivo.

— Eu matei um homem! — ela estava quase gritando quando pronunciou aquelas palavras, David não soube o que dizer ou falar.

— Claire... — David não podia negar que se sentiu um pouco aliviado por saber que pelo menos um deles pagou pelo que fez, mas logo veio á tristeza por Claire, uma garota inocente que foi levada a cometer um crime.

Ela se virou para ele, as lágrimas desciam fácil, mas ela fortemente as enxugava com as costas da mão.

— Eu matei um homem. — Ela apontava para si mesma, como se carregasse uma grande culpa. — Consegue sentir isso David? Agora você entende por que eu não posso ir pra delegacia? E se eu for presa? Como vou olhar para a minha família?

— Não, não, você não vai ser presa, foi em legitima defesa. — dizia David indo na direção dela até parar abruptamente.

— Eu sou uma mulher David e mulheres não têm direitos nessa sociedade. Eu não posso ir presa, a minha vida já é complicada demais para isso.

— Nós estamos juntos nessa, entendeu? Eu nunca deixaria uma coisa dessas acontecer com você.

Ela ficou sem palavras, não esperava isso dele, ou melhor, não queria perceber o que estava acontecendo, sentir essas coisas por ele para ela era quase como um pecado contra a vida.

— Por favor, David, diz para mim que você não tem nenhum sentimento por mim.

— Eu não posso dizer isso, sinto muito Claire... — Eles fitavam um ao outro na esperança que qualquer um dos dois cedesse.

Ele sorriu para ela, ela sentiu o calor daquele sorriso, ela achava tão lindo o sorriso dele, então ela sorriu para ele também, cedendo ao inevitável.

Eles voltaram para o carro e em pouco tempo chegaram ao centro da cidade, David não se preocupava mais com o boletim de ocorrência, não insistiu em mais nada sobre o acidente e nem mortes.

Ao chegar ao centro entraram em alguns estabelecimentos e não encontraram a mãe de Claire, David entrou na delegacia sozinho, mas também lá ela não estava, ao passar por um bar ouviram uma gritaria.

— Fique aqui Claire. — disse David , deixando ela a alguns metros de distância.

David andou até o bar e parou para observar pela janela o que acontecia lá dentro.

— É a minha mãe! — David não tinha percebido, mas Claire já estava ao seu lado observando pela janela também.

— Claire... — Ele sorriu para ela

— O que? Você achou realmente que iria esperar lá?

Eles voltaram a olhar. A mãe de Claire gritava algo para alguns homens perto do balcão. Até que um deles estava avançando para atacar a mãe de Claire, o que fez David entrar pela porta do bar com um solavanco.

— Todos parados! — David agora empunhava uma arma, Claire se assustou ao perceber que David tinha uma arma e ela não havia percebido até agora.

Todos do bar estavam paralisados, a mãe de Claire correu para abraça-la e elas ficaram lá por algum tempo, conversando baixinho enquanto David perguntava.

— O que esta acontecendo aqui? Alguém pode me explicar ou todos nos iremos para a delegacia? — A voz de David era forte e encheu a sala como um trovão. Era estranho para Claire analisar David, em toda a sua complexidade, ela observava atenta às palavras dele como se fossem direcionadas a ela, o que não era.

— E você é o que agora? O Xerife? — Disse um barbudo, o único que ainda teve coragem de levantar a voz.

— Só o capitão. — disse David mostrando o distintivo. — Você vai querer mesmo me testar?

Todos estavam calados e parados até que o barbudo falou novamente.

— Por que você não pergunta a ela. — disse ele, apontando para a mãe de Claire. — Foi ela que veio aqui e começou a gritar.

— Cala boca Vicent, você sabe muito bem por que estou aqui! — a mãe de Claire se pôs na frente da menina gritando para o homem.

— Mãe. — sussurrou Claire, puxando a mãe de leve para o lugar onde ela estava.

Um homem entrou pelas portas do fundo para o bar, Claire o reconheceu no exato momento que ele pôs os pês no bar.

— David, é ele! — disse ela assustada — É um dos homens.

David direcionou a arma para ele.

— Parado! Fiquei onde esta! — Gritou David, mas o homem tentou correr, David disparou a arma e a bala atingiu a perna do homem, que caiu no chão.

2117

P.O.V Leeiv

Os jovens foram convocados a subir no grande palco que ficavam ao lado do palco central, os do sexo masculino ficavam de um lado, os do sexo feminino de outro lado, todos devidamente acomodados em cadeiras acolchoadas.

Todas as luzes apagaram e todas se acenderam novamente em questão de segundos e foi assim que a cerimonia começou.

— Bom Dia sou Myhaell, cientista da E.F.A.S, o dia hoje é para todos nós mais que importante, uma nova era se inicia. — Um homem de cabelos loiros e muito elegante falava ao microfone, em cima do palco. — Não me prolongarei, peço a todos as devidas palmas para todos os cientistas que doaram a suas vidas para o projeto de sobrevivência da nossa espécie e é por conta desses sacrifícios que nos estamos vivos hoje, sem eles a nossa espécie não existiria mais.

Enquanto todos batiam palmas, alguns funcionários passavam oferecendo todo tipo de bebida, uma aparentemente mais deliciosa do que a outra. Caden não parava de trocar olhares escondidos com um dos garotos da festa.

— Todos os resultados dos testes genéticos feitos durante a vida de vocês estão dentro dos envelopes que serão entregues para cada um, foram esses testes que definiram os pares genéticos, a única maneira de haver vida, porém irei anunciar os pares aqui. Em poucos segundos vocês serão convocados para a tarefa mais importante, a sobrevivência da nossa espécie e lembrem-se a vida só era possível através de vocês.

Agora, alguns funcionários padronizados entregavam em bandejas envelopes, lacrados com cera e o símbolo da E.F.A.S para cada um dos jovens, cada um dos envelopes tinha um nome escrito com letras finas.

Leeiv agora tentava esquecer as coisas que tinham acontecido e esquecer também o Sam, que estava ao longe com uma banda. Tentava muito manter o foco na cerimonia, nos envelopes e no anúncio daquele cientista, ela entendia que seu destino seria traçado naquele exato momento. Seu coração batia muito rápido e era um misto de euforia, ansiedade, nervosismo, sentia como se aquilo já durasse uma eternidade, todas aquelas pessoas ao seu redor pegavam seus envelopes menos ela. Até que a hora chegou e uma mulher de cabelos negros entregou o envelope com seu nome.

Ela analisou o selo tão bem colocado e seu nome lindamente escrito, ninguém que havia recebido sequer abriu o envelope, então ela fez o mesmo e o homem começou a anunciar os nomes. Todos os jovens ali entendiam seu dever na sociedade, não havia felicidade nos anúncios e nenhuma expressão, nem surpresa, nem tristeza, todos estavam conscientes de que o processo era pela sobrevivência e não pelo próprio querer. Pietro também foi chamado, seu par era Matye, Leeiv observou como eles ficaram lindos juntos, por dentro ela estava muito feliz por Pietro, mas não demonstrava sentimentos assim como os outros, pois tudo fazia parte do protocolo da cerimônia.

Por ter se envolvido com o anúncio de Pietro, Leeiv demorou a perceber que seu nome foi o próximo chamado.

— Leeiv Tinne e Caden Ruffes. — Gritou o cientista.

O mundo de Leeiv desmoronou ao perceber que Caden era a pessoas que estava levantada esperando por ela e ela infligiu às regras quando demonstrou os seus sentimentos, estava parada, assustada e sem reação.

— Senhorita Leeiv? — disse o cientista, apontando o centro do palco onde Caden estava parado para Leeiv.

Ela andou automaticamente até Caden, esse que segurou na sua mão e colocou a pulsei de ouro com o símbolo do Teulu dos dois como estava no protocolo.

— Tudo ficará bem. — sussurrou Caden para ela, enquanto a plateia batia palma.

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Notas finais do capítulo

E ai?? O que acharam desse Cap? Deixem seus comentários, suas críticas, sugestões e se quiser me xingam, ta tudo bem! huehuheuhe



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