Passei a mão pelos meus castanhos e ondulados cabelos pela última vez e retoquei meu gloss, eu queria aparecer pelo menos apresentável, afinal eu iria conhecer o pai de Maria, a minha única e melhor amiga na minha segunda semana vivendo nesse fim de mundo que eles chamam de Rosevild.

Admito que Maria não faz muito o meu estilo de amizade, somos completamente diferentes, eu não me importaria de usar um batom preto na escola, enquanto ela se contenta com seu blush rosado, mas também sendo criada pelo pai que todos dizem ser um verdadeiro ditador não é de se estranhar que a menina seja dessa forma, mesmo nós sendo muito diferentes, sinto que ela é o meu porto seguro, e quero que o pai dela tenha a melhor opinião sobre mim, do jeito que dizem que ele é, uma respiração errada pode resultar na proibição de nossa amizade.

Saí apressada de casa, pelo que eu sei, pontualidade também é algo que o senhor mandão preza e muito, corri com meu vestido branco e acima dos joelhos no melhor estilo menina evangélica pelas ruas até que cheguei ao endereço que Maria havia me dado, bati na porta três vezes e nada, quando ia bater pela quarta vez, alguém abriu a porta e segundos depois eu pude ver o rosto de Maria sorridente, Maria não era nenhuma Scarlett Johansson fazia mais o estilo Jennifer Aniston com seus longos e lisos cabelos loiros e lindos olhos azuis, se eu não tivesse olhada sua identidade diria que ela tem 10 anos, não é alta, mas é maior que eu, já que possuo míseros 160 cm, seu corpo é magro porém curvilíneo, possuí pequenos seios e um quadril largo que acaba por afinar ainda mais sua cintura.

– Jade! Você veio! – Ela disse me abraçando
– Ou eu tenho uma irmã gêmea evangélica! – Eu disse sorrindo e ela me olhou confusa
– Foi uma piada, Rá rá... – Eu tentei explicar, mas ela pareceu não se importar muito
– Mas e aí? Cadê o velhote? – Eu falei entrando na casa e esbarrando em um homem que não aparentava possuir mais de 30 anos, possuía olhos e cabelos castanhos e um sorriso encantador, mesmo ele sendo moreno e Maria loira, eu podia jurar que eles se pareciam.
– Não sabia que a Maria tinha um irmão! – Eu falei olhando que agora não sorria mais e me olhava como se estudasse cada um de meus movimentos.
– Jey... ele não é meu irmão, este é meu pai... – Ela disse vermelha e eu senti meu rosto corar, nossa eu tinha o chamado de “velhote” quando o cara parecia um ator de Hollywood, percebendo meu desconforto instantâneo, o homem apertou minha mão e tentou parecer amigável.
– Prazer senhor Guire – Eu disse completamente sem graça
– Pode me chamar de Peter – Ele disse ainda sem expressão
Realmente o que disseram sobre o cara é verdade, aposto que Chuck Norris corria só de olhar para essa cara intimidadora dele
– Claro senhor Guire, quer dizer Peter – Eu falei ainda sem graça
Maria olhou pra mim e percebendo que estava quase dando um ataque como o da menina do exorcista, me puxou pelas escadas.
– Apresentações feitas, vamos subir! – Ela falou
Maria abriu a porta do seu quarto e nós entramos, mas minha cabeça ainda estava no andar de baixo, que homem é aquele? Meu Deus! Queria ser alguns anos mais velha!
– Jade? Jade? – Maria gritou me tirando de meu transe
– É... Oi! – Eu respondi
– Você está estranha, você não anda se drogando né? Olha eu já te disse o que eu penso sobre isso – Ela começou e eu caí na gargalhada, nem eu mesma entendi o motivo, sabe aqueles ataques de risadas sem motivos? Eu tenho uns 10 por dia.
– Querida, eu não uso drogas ok? Se base e pó são considerados drogas eu posso até usar, mas do contrário? Não! Relaxa, eu só estava boiando – Eu respondi mexendo nos meus cabelos e me levantando de sua cama
– Você viu alguém menino bonito vindo pra cá, eu aposto! – Ela disse em um sussurro
– Não, eu não vi ninguém vindo pra cá – Ops, sem querer eu me entreguei
– Claro que viu! Eu não sou tonta, você fica assim quando vê o George! Então quer dizer que viu alguém bonito – Ela continuou falando e eu respirei aliviada por ela não ter percebido que o homem que fez eu boiar, foi seu próprio pai.
– Não seja paranoica, bebê – Eu disse caminhando em direção a porta.
– Vai com calma, não acha que passou pouco tempo aqui? Como papai vai saber se gosta ou não de você assim? Fique mais um pouco! – Ela disse quase implorando eu sorri por dentro pensando em quanto eu gostaria de conquistar o pai dela, mas não do jeito que ela está pensando.
– Simples querida, se ele não gostou de mim é porque o panaca aqui é ele, quem não gosta da Jade? Panacas! – Eu disse pondo a mão na testa e caindo na gargalhada em seguida.
– Amiga, se alguém escuta essas suas brincadeiras arrogantes, podem até acreditar sabia? – Ela disse me dando um tapinha no braço.
Sentei no corrimão da escada e pisquei para Maria que estava boquiaberta.
– O que você está fazendo? – Ela perguntou assustada
– Me divertindo! – Eu disse e comecei a descer, mas perdi o controle e quando vi estava no chão, mas não estava sozinha, eu havia derrubado Peter também.

Abri os olhos lentamente, pensando se a queda já havia acabado e dei de cara com o nariz de Peter e quando olhei mais pra cima, seus olhos que não pareciam irritados como imaginei, mas divertidos, como se tivesse apreciando a situação.
A minha ideia de parecer um ser sociável, com certeza já tinha ido abaixo, então a partir daí, resolvi ser eu mesma. Saí de cima dele devagar, e me levantei, olhei para Maria que segurava o riso.

– Valeu, por amortecer a queda! – Eu falei sem pensar e ele riu, Maria olhou pra mim como se ele rir fosse a coisa mais absurda do mundo.
– Papai rindo? Nossa! – Ela soltou
– Sua amiga é divertida! – Ele falou e eu perdi alguns segundos olhando sua blusa que estava levantada revelando seu tanquinho.
– Se ser divertida é cair em cima de você com todo o meu peso, sim eu sou – Eu disse ainda debochada e Maria continuava pensativa.
– A Jade já estava de saída, não é Jade? – Ela falou como se estivesse esperando uma catástrofe acontecer
– É eu já estava mesmo de saída! – Eu disse suspirando
– Maria, vem cá! – Peter a chamou e ela foi, ele disse algo em seu ouvido e um sorriso se iluminou no rosto da loira
– Me leva até lá fora? – Eu perguntei e ela assentiu, abrimos a porta da sala e saímos
– E aí? Quantos meses de castigo por trazer a amiga louca aqui? – Eu disse ainda zombeteira
– Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas, ele te amou! – Ela falou sorrindo
– Me amou? Tem certeza? Euzinha? A Jade do cabelo louco? – Eu falei incrédula
– Sim, você mesma, ele disse para eu te convidar para ir conosco na praia amanhã! – Ela disse animada e eu comecei a ter pensamentos inadequados sobre o senhor Guire em uma sunga, então disse:
– Não posso!
– Ah fala sério! Vai ser divertido, meu pai nunca aprova nenhuma de minhas amigas e quando aprova, você não quer ir! – Ela disse fazendo beicinho, e tá eu nem precisava que ela fizesse tanto esforço para eu aceitar.
– Tudo bem, diga que eu vou – Eu falei decidida
Senhor Guire me espere!