Our Imortality escrita por Vingadora


Capítulo 27
Parte 3 - Self-sufficient


Notas iniciais do capítulo

Eu, antes de mais nada, gostaria de fazer agradecimentos especiais à algumas lindas pessoas que alegraram a minha vida quando ouviram meus clamores no último capítulo.

Jennifer, "Café da tarde" (Lilly adoraria te conhecer e conversar sobre o Bien Sür, tenho certeza), Gabs, Course, Merac e, por ultimo e não menos importante, meu xuxu Sandrinha. Esse capítulo é de vocês.

A volta da Lilly é de vocês.

Só espero que não me matem pelo caminho que a história tomou.

Contemplem o início da 3ª e última parte de Our Imortality. ♥ (isso significa que não teremos outros capítulos, gente! Esse é o início da última parte APENAS).

Antes que eu me esqueça: MINHA MÚSICA DE INSPIRAÇÃO TOTAL PARA ESSE CAPÍTULO: Radioactive - Imagine Dragons (versão completa, com a parte do rap que eu não faço ideia de quem cante {risos}).



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Minha visão ficou turva por uns instantes.

Cores se projetavam e, em seguida, desapareciam.

Tudo era muito preto, muito vermelho, então muito branco.

Até que, no mar de imensidão branca, um ponto negro tomou foco.

Depois de alguns segundos, o mesmo ponto negro começou a tomar forma e novas cores.

Um pouco de neve, um pouco de sangue e esmeraldas.

Dois braços, uma face determinada, longos cabelos arruivados.

─ Ellizabeth. ─ uma voz terna soou distante, tão similar à minha, porém doce, sem toda a força que a minha carregava ─ Ellizabeth. ─ novamente fui chamada, até perceber que ela era real.

─ Quem é você? ─ minha voz soou estranha, um pouco distante e sem muita elegância.

Olhei em volta e tudo permanecia tão branco e sem vida que já estava me acostumando, aos poucos, com aquele lugar.

A estranha começou a se aproximar e, aos poucos, fui tomando ciência do que estava, de fato acontecendo.

Aquela era Ignis.

Não era muito difícil perceber isso, pois era quase como se eu estivesse diante de um espelho. Tudo em nós era parecido, principalmente os lábios que eram carnudos e possuía um tom pêssego que fazia-o chamar muita atenção.

Se Ignis estava lá, com seu cabelo ruivo e olhos esverdeados, isso significava que...

Passei a mão imediatamente em meu cabelo e logo o contemplei loiro novamente. Apesar de estar tão longo quanto o da minha cópia avermelhada, no fundo eu agradecia a quem quer que fosse possível por sua tonalidade tão amada ter voltado. Aquilo era eu. Loira. Não ruiva. Eu era loira.

Continuei a admirar meu corpo antigo de volta, quando fui surpreendida com o vulto de Ignis tão próximo à mim que cheguei a pensar que havia algo de errado com minha visão

─ Chegou a hora, Ellizabeth. ─ sua voz era doce e suave. Completamente diferente da minha que era ríspida e um tanto quanto seca ─ Chegou a minha hora.

Oh, merda... Isso significava que ela ia morrer?

Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, que espécie de lugar era aquele, mas era um jeito cruel de partir. Coitada da Ignis.

─ Eu sinto muito, Ignis. ─ Era o certo a se dizer à minha antiga eu, não é mesmo? A pobrezinha sofreu feito condenada e teria um fim trágico como a morte.

─ Não sinta, Ellizabeth, pois não vai doer. ─ seu sorriso terno e gentil me fez sentir-me ainda mais condescendente com sua partida.

─ Queria que tivesse mais tempo. Queria que tivesse uma chance de dizer adeus à ele. ─ e era um sentimento real. Queria mesmo dar uma chance para que os dois pudessem se despedir.

─ Pode ficar tranquila que eu direi à ele. ─ outro sorriso e ela deu um passo em minha direção.

Pobrezinha, será que ela iria esperar pelo cara do outro lado? Isso sim que seria uma imortalidade trágica.

Claro que, eu não estava compreendendo bem o que raios ela dizia, pois, antes que eu pudesse sorrir de volta, ela lançou-me as palavras que deram continuação ao seu desejo:

─ Direi ao seu Steve que você deixou um adeus.

Foi aí que meu mundo parou.

─ Espera, como assim? ─ indaguei com um tom alto demais para uma conversa civilizada ─ Que merda é essa que você acabou de dizer?

Havia tantas opções improváveis, mas nenhuma delas era boa o suficiente ou tinha um final feliz.

─ Steve está morto? ─ questionei um pouco incerta de querer ouvir ou não a resposta daquela pergunta.

De início ela não pareceu querer responder, então aquilo aumentou minhas expectativas e o medo começou a se apossar de mim.

─ Você tem muito medo, Ellizabeth. ─ foi tudo o que ela começou dizendo ─ E medo nos deixa fraca.

Deu um passo em minha direção e eu segui seu movimento me afastando de costas, percebendo que aquela aproximação toda não podia ser amigável.

Havia algo de assustador em seus olhos e, sinceramente, não havia percebido antes. Será mesmo que aquela era Ignis e não fruto da minha imaginação?

Será que eu estou morta?

─ Medo nos deixa fraca, Ellizabeth. ─ ela repetiu, aproximando-se novamente.

─ Você já disse isso. ─ rebati suas palavras, incerta de que haveria um bom final para aquela história ─ Quero saber o que está acontecendo e que história é essa de você falar com Steve sobre qualquer coisa.

─ Você veio até mim. ─ de modo sombrio Ignis começou a falar e sua explicação foi ficando cada vez mais assustadora ─ Você mergulhou fundo e me trouxe de volta à vida. Nós renascemos juntas, eu e você, naquele mundo estranho. Então você me trouxe para meu lar. Tornou a mergulhar fundo, dessa vez, invadiu minha privacidade e tomou conhecimento das minhas mais secretas histórias. Você me deu mais poder. A cada lembrança que você tomava conhecimento, mais nítido ficou o tipo de poder que você me deu.

Eu não fazia absolutamente ideia alguma do que, de fato, ela estava fazendo, mas a cada passo que ela dava em minha direção, o medo aumentava e eu começara a perder o movimento de meu corpo.

─ Você me deu vida novamente, Ignis. Ao mergulhar em minhas lembranças, você me deu a chance de voltar à vida. De voltar para minha família, meus amigos e, principalmente, meu amor. ─ tomou seu último passo até estarmos, finalmente, face a face novamente ─ Prometo à você que farei o possível para mandar lembranças suas à seus entes queridos em Midgard. Prometo que tomarei as providencias necessárias. Se desejar, até mesmo um velório.

─ Do que você está falando?

Eu ainda não podia acreditar que aquela loucura toda era real. Isso devia ser algum efeito macabro do mergulho no lago e eu estava alucinando.

─ Você precisa entender que sua vida é indesejável para mim. Todo o tempo em exílio que você passou foi necessário para que eu pudesse retornar um dia. Sua atitude naquela ponte, a entrega da própria vida aos Chutauris, foi o necessário para que o exílio recaído sob mim tivesse fim e o suficiente para que eu voltasse à vida. Vamos terminar o que eu comecei naquele dia em Bifröst, Ignis. Eu vou voltar.

Foi aí que senti.

Até então, suas palavras hipnotizantes me fizeram ficar tonta o suficiente e submersa em seu tom de voz doce que sequer percebi que eu estava afundando. Era um tipo de liquido branco e pastoso que me puxava cada vez mais para baixo e travava meus movimentos. Já estava se aproximando da cintura quando voltei à mim e me deparei com aquela situação.

─ Que merda é essa? ─ questionei sem me importar com xingamentos ou com educação. Ela estava fazendo aquilo comigo. Comecei a movimentar meus braços para alcança-la e quando cheguei perto de me segurar no tecido negro de seu vestido, ela simplesmente deu um passo para trás e se afastou, deixando-me afundar cada vez mais naquela espécie de massa branca.

─ Não tenha medo, menininha. Logo seu sofrimento irá acabar. ─ usar aquele apelido tão íntimo que Fury e apenas ele podia usar me deixou irada.

Partindo do pressuposto de que se eu parasse de me mexer afundaria e se me movimentasse apressaria o processo, eu enlouqueci de fúria e comecei a tentar jogar minhas mãos para fora, em busca de uma margem o qualquer tipo de coisa que me auxiliasse. Eu precisava de uma salvação.

Encarei, de relance, minha mais nova inimiga mortal e percebi em seus olhos uma espécie de satisfação pelo que estava acontecendo. A massa branca já estava alcançando minhas costelas e dali seria um passo para me sufocar completamente.

Não ia adiantar. Não havia salvação. Aquela víbora havia conseguido sabe-se lá o que.

Parei de me movimentar, por um instante e percebi que realmente o processo se tornava mais lento e permaneci imóvel, pois meu cérebro trabalhava em algumas possibilidades de fuga.

Enquanto uma parte de minha mente calculava alguma ideia mirabolante e sensacional que me fizesse sair dali para dar uns bons tapas naquela vaca, a outra parte refletiu exatamente sobre o que havia acontecido com Ignis para que ela se tornasse a vaca que eu assistia naquele instante.

Eu não ia perder mais nada perguntando à ela qualquer coisa, então resolvi manter meu corpo imóvel e tentar entender o que raios acontecia ali.

─ O que aconteceu com você? Por que, de repente, você é uma alma escura e malvada?

Não obtive resposta inicialmente e, sinceramente, não esperava que ela fosse me responder de verdade.

─ A adaga que minha mãe usou para findar minha vida tinha propriedades mágicas. Ela tirou de meu corpo todas as lembranças que eu possuía de toda a minha vida e sugou o meu desejo mais profundo. O meu último desejo. ─ foi o que ela entendeu como resposta, pois calou-se logo em seguida.

─ E qual era seu desejo final? ─ obviamente eu tinha que perguntar aquilo, já que ela me deixou ainda mais no escuro da confusão.

─ Eu queria viver, Ellizabeth. Mais do que tudo no mundo, eu queria permanecer viva. Meu último sopro, minha última vontade antes de me entregar à escuridão da morte, fora voltar a viver, pois o lugar pra onde fui enviada era escuro demais. ─ falando daquele jeito, cheguei a ficar com pena dela por curtos segundos.

─ Então me matar é a última saída.

─ Não estou te matando, Ellizabeth. Você está. ─ ela rebateu e voltou ao seu silêncio macabro.

─ Você é mesmo retardada, não é?! ─ grunhi e voltei a me mexer, na tentativa frustrante de me soltar ─ Acha mesmo que eu faria isso comigo? Me renderia dessa forma ridícula? ─ a massa já estava ultrapassando meu seio e se aproximando do pescoço quando voltei a gritar ─ Você deveria continuar morta! Sua doente! Você nem ao menos é real! A Ignis de verdade morreu e tudo o que você é um resquício do passado.

─ Por enquanto ─ retrucou ─ Assim que você partir, eu assumirei o controle desse corpo e eliminarei do outro mundo tudo o que antes me impediu de permanecer viva.

Aquelas palavras me choraram, mas não tanto quanto o que veio a seguir.

─ A lista já está completa. Tive longos vinte e quatro anos para montá-la. ─ Ignis do mal começou a desfilar entorno da massa branca que me sugava ao recitar sua lista mental ─ Começarei por Thor, que foi o motivo pelo qual fui impedida de me casar com Loki. Depois virão Odin e Frigga, ambos responsáveis pela falta de educação daquele príncipe patético e pela triste alma de meu amado que, deixado de lado, teve que viver às migalhas do que o trono lhe fornecia. Em seguida virá Ilidia, a traidora. Depois Clodha e Rhoda, amigas incapazes de lutarem por mim. Por fim... Loki.

Antes que a massa chegasse ao meu queixo, tive tempo para indagar aquilo que mais me matava de curiosidade.

─ Loki? Mas por que ele, se é seu amad- ─ a massa alcançou meus lábios e fui silenciada, engasgada sua intromissão em meu corpo.

─ Porque ele não foi homem o bastante para lutar por mim! Ele deixou que eu me entregasse ao ninho de cobras do conselho. Ele, nem ao menos, tentou impedir minha mãe de me matar e... ─ não demorou muito para meus ouvidos serem sugados e eu já não era mais capaz de ouvi-la.

De súbito, tentei mais uma vez saltar dali ou promover qualquer movimento capaz de me voltar a fazer respirar, mas tudo foi em vão.

A ardência em minha garganta só cresceu eu em comecei a sentir-me estufada, como se minhas entranhas estivessem sendo preenchidas por minha assassina branca e pastosa massa.

Uma vez, quando eu tinha lá meus 18 anos, li um livro que afirmava que a morte possuía 3 etapas.

A primeira delas era a revolta.

Então era isso?

Eu iria morrer afogada por uma porcaria de massa branca gerada pela lembrança estúpida da minha antiga vida que ao que tudo indica, pasmem, EU TROUXE DE VOLTA!

A revolta que começou a tomar conta de meu ser foi se espalhando feito um vírus por meu corpo e se instalando em cada mínimo pedaço. Logo, apesar de fisicamente não ser capaz de proferir um mínimo movimento com meu corpo, mentalmente eu chutava, socava e explodia tudo que me era capaz de pensar.

A segunda etapa da morte é o desespero.

Não demorei a refletir que, como eu não sentia nada além da paralisia, eu passaria o que parecia ser uma eternidade trancafiada naquela maldita massa esperando pelo fim da vida.

Puta merda, eu vou morrer.

VOU. MORRER!

Vou morrer incapaz de ter lutado de forma correta! Morrerei com o desejo ardente de me vingar daquela desgraçada que EU HAVIA TRAZIDO!

Eu não quero morrer, não mesmo. Não posso morrer, por favor! Havia tanto para ser feito, tantas coisas, tantos desejos... Eu não fui capaz de nem, minimamente, socar a cara de Ignis do mal.

Por fim, a última parte, era a culpa e aceitação. Aceitar a morte como uma boa e velha amiga, compreender que não há outro caminho, senão nos entregarmos ao fim dos tempos... bom, do nosso tempo.

Ignis do mal assumiria meu corpo e assassinaria uma boa parte de pessoas em Asgard ou, pelo menos, tentaria. Eu permiti isso. Eu não fui capaz de fazer absolutamente nada. E, para piorar, eu havia procurado aquelas lembranças, eu havia buscando um meio de compreender coisas que não tinham nada a ver com minha verdadeira ira. Fui tomada por uma raiva sem sentido, provavelmente causada pelos efeitos de Ignis em mim, e busquei respostas que não eram para serem encontradas.

O passado precisava ficar no passado e só agora, depois de ter perdido a batalha da vida, eu compreendia.

Nunca mais concretizaria minhas promessas que fiz ao sair da Terra...

Terra.

Meu lar.

Onde realmente nasci, onde fui criada, onde aprendi tudo o que sabia sobre a vida.

Lugar que me doei, lugar onde aprendi o verdadeiro significado de amar.

Amor.

O que Ignis vai inventar para contar à todos sobre a minha morte? Cá entre nós, qualquer desculpa que Ignis der não será muito sensata para aplacar meu assassinato.

Porque ela me matou. Ela mesma afirmou... O que ela disse mesmo?

Eu não estou te mantando, Ellizabeth. Você está.

Ok, eu estou me matando? Como?

Foi aí que eu senti. Aquela fagulha no meu interior, um pensamento pequenino que, aos poucos foi tomando forma e se encaixando. Ignis tinha pelo quê lutar. Ela tinha um foco, algo que a motivava.

Sua sede louca por vingança e sua necessidade de se manter viva eram os ingredientes perfeitos para fazê-la mais forte do que eu, aparentemente.

Eu precisava de algo que me motivasse também, mas o que? O que me motivava a viver?

Seriam minhas altas habilidades de combate que me mantiveram vivas durante todos esses anos? Bom, não. Elas não me ajudaram dessa vez.

Ou então meu doce e amado Bien Sür que... ah, merda. Ele foi destruído pelas chamas e agora nem mesmo um lar eu teria caso voltasse para a Terra.

Quem sabe, então, meus amigos, que enfrentaram batalhas ao meu lado e que, provavelmente sentiriam minha falta... Bom, não. Clint e Natasha possuíam suas próprias vidas, bem como Maria Hill e... só. Apenas eles, pois Tony era bem mais que um amigo.

Ele foi meu guardião, meu protetor, meu conselheiro, parceiro de boas brigas e foi quase um irmão. Irônico, pois ambos crescemos feito filhos únicos com o diferencial que ele cresceu mimado e eu fui obrigada a servir de cobaia até me revoltar e trilhar meus próprios caminhos. Éramos a mesma face de uma moeda e não cada uma egoisticamente possuindo sua própria. Éramos similares, extremamente parecidos. Éramos irmãos.

Mas eu não poderia ter um irmão, senão antes tivesse um pai. Meu pai. Nicholas Joseph Fury, que por ironia do destino deu-me um nome de rainha, presenteou-me com seu sobrenome e cuidou de mim. Pelo menos ele tentou cuidar da forma que conhecia, ensinando-me regras, ensinando-me a lutar, me defender... me deu minha primeira adaga e ensinou-me a atirar. Ele foi meu pai. Meu mentor. Meu chefe. Meu professor.

E, por fim, havia ele. Aquele que enfrentaria exércitos, se necessário, para me salvar... não, aquele permitiria que eu lutasse minhas próprias batalhas, mas que estaria ao meu lado, me apoiando, pois ele sabia que eu não era o tipo de donzela em perigo. Steve confiou que eu voltaria para ele. Confiou em nosso amor. Confiou em mim.

E por que não confiei em mim mesma?

Passei sabe-se lá quantos anos aprendendo a me virar sozinha, conheci todo tipo mais assustado de gente.

Fui humilhada, assaltada, agredida.

Mas também fui guerreira, corajosa, campeã.

A fragilidade que existia em Ignis foi o que me manteve viva durante todos os meus anos de vida, porque, meus caros, eu fui assassina.

Diferente dela, que mergulhou no próprio ódio, na própria dor e luto, eu aprendi a engolir tudo isso, pois eu precisava de dinheiro para conseguir o que comer.

Ela teve sim uma vida de princesa, de luxo, nunca soube o que era dor, fome ou frio. Claro que não! Ela não teve que criar máscaras, disfarces, proteções contra os tapas que o destino sempre nos dá. Ela foi uma mimada isso sim. Sempre medrosa, incapaz de tomar as próprias rédeas da sua vida.

Sim!

Era isso que nos diferenciava. Era isso que me fazia ser mais forte que qualquer uma das versões de Ignis.

Enquanto ela apenas discursava que era autossuficiente, eu fui autossuficiente. Eu provei ser autossuficiente.

Não precisei ser a menina dos discursos. Sempre fui a mulher da ação.

Se eu queria? Eu pegava.

Se eu precisava? Eu fazia acontecer.

Não precisava de empregadas para escolher minhas roupas ou cozinheiras para fazer minha comida. E ah!, muito menos guardas para me proteger.

Eu sou autossuficiente.

Havia uma quarta regra que eu acabara de criar para aquela maldita lista que eu havia lido: RENASCIMENTO.

Não havia percebido de início, mas aquela imensa membrana branca parecia ter cessado sua luta contra mim e permitia meus movimentos. Sem perder um segundo sequer, deixei meus braços e pernas nadarem para cima, forçando-me de volta àquela que eu entendia como superfície.

Nem precisei de muito esforço, pois logo eu estava lá. Segurei no que considerei ser a margem daquela merda de piscina e forcei todo meu corpo para cima, para o sólido, para o seguro.

─ Você esqueceu uma coisa. ─ de onde raios eu tirei força e coragem para soltar aquilo eu não sabia, mas surpreendi aquela tosca da Ignis que estava agora me encarando estupefata ─ Se queria mesmo me ver morta, deveria ter feito o serviço com suas próprias mãos.

Ergui meu corpo e a olhei de cima, pois agora, de pé, tudo o que ela parecia era um pequeno verme na minha frente.

─ Mas como... como?...

─ Quer saber meu segredo? ─ indaguei, contudo não esperei a resposta para continuar ─ Eu sou autossuficiente, vadia.

Dessa vez fui mais ágil que qualquer um de seus ataques poderia ser, já que minha famosa amiga adrenalina estava em seu pico. Um chute frontal foi o suficiente para acabar com o verme à minha frente. Atingi seu peito, bem ao centro, utilizando toda a força que ainda havia em meu ser e, feito uma fumaça negra, Ignis desapareceu da minha frente.

Eu poderia gritar ou simplesmente chorar por saber que continuaria viva, mas percebi que nada disso seria o suficiente.

A sensação de completude, a leveza da vitória, logo se perdeu quando percebi o novo fardo que eu carregaria comigo para sempre. Eu sabia de tudo agora, independente da morte de Ignis ou não. Eu sabia absolutamente de tudo.

E, apesar do simples fato de a verdadeira Ignis não voltar, não simplificava minha vida.

Semha poderia estar esperando sua filha de volta.

Ilidia e Frigga devem estar aguardando respostas neste exato momento.

E Loki, bom, Loki devia esperar o amor de sua vida que fora literalmente arrancado de seus braços, transformando-o no monstro que é hoje.

Ser autossuficiente seria o suficiente dessa vez?

Olhei em volta por um breve instante, quando senti uma leve brisa em minha direção.

Havia uma porta dourada aberta não tão distante de mim e, olhando estupefata, eu encarava um céu repleto de nuvens escuras e assustadoras. Seria aquela a saída? Bom, só havia um jeito de saber.

Caminhei até ela, respirando fundo para colher toda a coragem que recentemente eu havia reunido, e parei exatamente em sua entrada.

Seja o que o destino quiser.

Só espero não cair de cara no chão.


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Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAH!
Eu estava morrendo de saudades de escrever do ponto de vista da Lillyyyyy!!
Nossa, escrever no ponto de vista da Ignis era cansativo, pois ela sempre foi mais contida, mais educadinha, delicadinha...
Lilly não! Ela é ousada, fala o que pensa sem nem pensar duas vezes.
Desculpas à quem prefere a Ignis, mas meu coração é só Lilly nesse instante.

Bom, por favor, compartilhem comigo o que acharam desse capítulo. O que gostaram mais? O que odiaram? Se decepcionaram ao perceber que Ignis realmente está morta?

E outra coisa! Como o pessoal vai reagir à essa notícia?! Tantas pessoas do outro lado esperando por uma resposta...
Vamos ver tudo isso no desenrolar da parte final de OI.

beijos e vejo vocês nos COMENTÁRIOS!



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