Broken Strings escrita por liligi


Capítulo 22
Epílogo




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Epílogo

Um céu azul sem uma nuvem sequer, um dia ensolarado em que as crianças aproveitavam ao máximo seu tempo livre para inventar todo tipo de brincadeiras ao ar livre e as donas de casa realizavam suas tarefas com todas as janelas bem abertas, deixando qualquer vento adentrar os cômodos de suas casas.

Tudo o que Roy Mustang ouvia naquela manhã de verão (Um dos mais quentes já registrados em décadas!, era o que dizia o locutor num rádio qualquer), era o barulho que as rodas dos trem em contato com os trilhos metálicos geravam, o som do leque da mulher que sentara a pouco metros dele ao ser agitado, e conversas ditas em murmúrios.

O alquimista levantou os olhos negros para o rapaz eu sentara-se no banco à sua frente, visivelmente desconfortável por estar usando aquele uniforme pesado em azul royal num dia em que a temperatura estava tão alta, não conseguiu não sentir pena do jovem soldado, que por ser novato, sua primeira tarefa importante era escoltá-lo da Central para a cidade do Leste.

No entanto, o moreno nada disse. Apenas suspirou e deixou seus olhos se perderem nas paisagens borradas que passavam através de sua janela. O calor não o afetava tanto como quando estava começando a aprender alquimia, aos poucos ele aprendeu a controlar a respiração, que ajudava a diminuir a sua temperatura corporal, portanto ele não estava tão desconfortável quanto seu companheiro de viagem, mas, de toda forma, Mustang estava inquieto: queria chegar em casa.

Por um breve momento focou-se na sua imagem refletida no vidro. Tinha olheiras escuras causadas pelas noites mal dormidas e pelos dias de intermináveis inquéritos, podia ver linhas aparecendo sob seus olhos, entre suas sobrancelhas, ao redor de sua boca e aos poucos irem afundando.

Era um alívio estar voltando pra casa, estar voltando para Riza e para Jamie. O pensamento até o fez sorrir de leve. Poucos anos atrás ele riria de qualquer um que ousasse trazer a imagem de um Roy Mustang pai de família à tona, mas agora... Ele podia ver o porquê de Hughes ser do jeito de que era.

Mas não sou tão exagerado, pensou ele de uma forma meio defensiva.

Deixou sua mente vagar, sem se dar conta do tempo, e quando olhou novamente para fora, pôde ver casas começando a surgir, a quantidade aumentando à medida em que se aproximavam da estação. Roy sorriu ao ouvir o rapaz dizer num suspiro um “Graças a Deus”.

Poucos minutos depois o trem começou a desacelerar, e ele viu a estação Leste se aproximar. Pôs-se e pé, e se dirigiu à saída mais próxima, enquanto o jovem soldado se ocupava em buscar suas bagagens.

Havia um casal a sua frente, o homem carregava uma pasta e a mulher uma bolsa grande, os dois conversavam animadamente e não lhe davam espaço algum para passar, mas ele não se importou de apenas observar o casal. O homem revirava os olhos, visivelmente irritado com as bobagens que a mulher fazia questão de lhe contar, e ela, completamente alheia ao sentimento do marido, com apenas uma ânsia em despejar o que quer que ela estivera guardando durante aquela viagem.

Ficou observando aqueles dois até ele sumirem atrás de uma parede na estação, quando virou o rosto, ele a avistou. Mesmo naquele lugar que fervilhava de gente num fim de semana em pleno verão, ela sempre se destacava aos olhos dele, e, involuntariamente, ele sorria.

Mustang ficou ali parado, observando-a atravessar aquela multidão e se aproximar dele.

– Eu estava aliviada, mas pela sua expressão, temo que tenham tentado lhe torturar naquela cidade - Ela disse com um sorrisinho que o fez rir. Ela sempre zombava de sua expressão abobalhada.

– Sim, foi uma tortura - Ele disse ao envolver a cintura da loira com suas mãos e puxá-la mais próximo. - Não aguentava mais estar longe de você, ou de Jamie. - O alquimista então se inclinou, pronto para beijá-la.

– General, eu... Oh, sinto muito! - A voz familiar e desconcertada do jovem soldado os interrompeu, trazendo-os de volta à realidade. Riza então deu um passo para trás, soltando-se do abraço de Mustang. - Eu... Eu apenas... ahn...

– Sim, soldado? - Roy disse exasperado.

– Eu... estou com suas coisas e vou... Ahn... procurar um táxi. - O jovem disse nervosamente.

– O mais rápido possível, soldado - O moreno disse tentando parecer mais calmo do que realmente estava. - ou receio que iremos derreter aqui.

O jovem bateu continência e saiu dali o mais rápido que pôde, ainda carregando a mala de Mustang e sua própria. Roy exalou, deixando o ar de seus pulmões saírem lentamente, e tentando lembrar-se da época em que ele próprio era apenas um aprendiz e de como ficava um pouco nervoso perto de seus superiores (mas não muito, afinal, ele era Roy mustang e sua arrogância sempre o precedeu).

Quando viu o jovem militar desaparecer entre a multidão, o alquimista rapidamente puxou Riza para seus braços e a beijou, não querendo ser interrompido novamente. Assim que seus lábios se tocaram, ele sentiu os músculos dela relaxarem e os braços envolverem seu pescoço.

Só se separaram quando o ar faltou, mas ele não a deixou ir longe, e a puxou novamente para um abraço.

– Que bom que você voltou. - Ela disse em voz baixa, para que apenas ele pudesse ouvir. Roy também estava aliviado. Durante os dois anos em que estava ali no Leste, não conseguia lembrar quantas vezes ele teve de voltar à Central para dar depoimentos referentes ao processo de investigação do assassinato de Rachel, quantas vezes ele temeu ir e não voltar mais para Riza e seu filho, que sua setença por protegê-los de sua esposa, fosse a morte.

Ele beijou o topo da cabeça de Hawkeye e sorriu.

– Jamie não veio? - Perguntou, só então notando a ausência de seu filho, Riza balançou a cabeça.

– Ele saiu hoje cedo para brincar com um amigo da escola, mas já deve estar de voltar a esta hora.

– Bem, então é melhor irmos, estou com saudades do pirralho. - Roy disse ao avistar o soldado que o acompanhava se aproximar.

* * *

O trajeto até sua casa foi curto. Puderam aproveitar uma leve brisa que adentrava pelas janelas do carro em silêncio. Claro que Riza queria saber como havia sido na Central, o que mais havia sido apurado quanto ao processo e, o mais importante, quanto tempo mais eles teriam que aguentar aquela situação.

Logo após o carro parar, a porta da casa que Roy agora chamava de sua se abriu e um Jamie muito feliz saiu correndo.

– PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI!

Roy desceu e quase caiu pra trás quando o filho o abraçou.

– Hey, campeão - Ele disse, rindo. O menino havia crescido bastante nos últimos dois anos e havia começado a trocar os dentes, ele podia ver um molar faltando através do sorriso do filho. - Eu estava com saudades.

– Eu também, ainda bem que você voltou, eu e a mamãe... - Ele dizia, mas sua mãe o interrompeu.

– Cadê a Sarah, Jamie? Ele não ficou lhe vigiando? - A loira perguntou, referindo-se a babá que cuidava do pequeno.

– Ela tá lá dentro.

Jamie abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas o rapaz da Central se aproximou e repetiu o gesto de respeito a seu superior, querendo a atenção do mesmo antes que ele se engajasse numa longa conversa com o filho.

– Eu coloquei suas malas na varanda, General Mustang - Disse o rapaz.

– Ah, sim, obrigada, soldado. - Roy disse. - Creio que irá se hospedar no Quartel General do Leste durante sua estadia, correto?

– Sim, senhor. Parto amanhã, senhor.

– Muito bem. Você está liberado, soldado. Aproveite a estadia e faça uma boa viagem de volta. - Roy disse e o rapaz logo depois partiu.

– Jamie, você pode levar a mala de seu pai para o quarto? - Riza indagou e o menino fez um gesto com a cabeça confirmando, logo em seguida ele pegou a mala e coreu para dentro de casa.

– Não sei como ele consegue ter tanta energia em um dia tão quente quanto esse - Roy disse sorrindo. Não cansava de observar o filho e ver seu desenvolvimento. Ele costumava ser tranquilo quando mais novo, mas parecia ficar mais energético a cada dia que passava.

– Provavelmente você que está ficando velho demais para acompanhar seu filho, senhor Alquimista das Chamas - A loira comentou com um sorrisinho discreto, esperando a reação de Roy, que foi quase imediata.

– Velho? Eu estou na minha melhor idade! - Seu tom beirava o infantil, e a expressão em seu rosto definitivamente o fez parecer alguns anos mais jovem. O sorrisode Riza se alargou. Ela ficou de frente para ele e passou os braços ao redor do pescoço de seu General.

– Mesmo? - Disse ela com um tom de deboche. - Eu penso que talvez você esteja precisando descansar, afinal, foi uma longa viagem.

– Talvez. - Mustang se inclinou e plantou um beijo rápido nos lábios da loira, e então completou seu pensamento, de forma bem sugestiva. - Mas principalmente, acho que preciso de um tempo à sós com a minha Tenente.

E ela riu, sentindo borboletas se agitarem em seu estômago. Às vezes ela percebia como coisas que ele fazia ou diziam provocavam nela reações juvenis, não importando quantos anos eles já estivessem juntos ou o quão bem se conheciam. Era um alívio poder finalmente remover sua máscara de seriedade e profissionalismo.

* * *

Quando Roy abriu os olhos, já era fim de tarde. Lentamente, ele tomou consciência de seus arredores. O quarto que havia se tornado tão familiar para ele, seu canto seguro, seu braço ao redor da mulher que amava, a sensação da sua pele em contato em partes com o tecido fino da camisola que Riza usava e também de sua pele macia, e o silêncio acolhedor de seu lar.

Aproximou o rosto do pescoço da loira. Estava supreso por ela ainda estar dormindo, já que não parecia estar tão cansada mais cedo. Suavemente começou a trilhar um caminho de beijos a partir do pescoço de Riza, até sua bochecha, onde plantou um mais demorado. Sentiu-a se mexer dentro de seu abraço nesse tempo, reagindo ao contato e esperou que ela abrisse os olhos.

O peito dela subiu e desceu de forma enquanto ela suspirava, lá estava de novo aquela sensação de ter borboletas em seu estômago. Com cuidado, ela se virou de modo que ficasse frente a frente com ele e prendeu seu olhar nas orbes negras dele, admirando-as.

– Oi, Bela Adormecida - Ele falou baixinho, quase num sussurro. Riza não disse nada, apenas aproximou seu rosto do dele e depositou um beijo em seus lábios.

– Que horas são?- Ela disse entre um bocejo, e lembrou-se do filho, que tinha saído com a babá novamente. Apesar de ter dormido a maior parte da tarde, ainda sentia-se sonolenta. - A Sarah já trouxe o Jamie de volta?

– Pravavelmente. - Roy disse. - Acho que ouvi o som a televisão.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas apreciando a presença um do outro.

– Sabe, - Riza começou - Está acontecendo um festival aqui na cidade, eu pensei que pudéssemos ir esta noite e levar o Jamie.

– Parece ótimo.

* * *

O sol já havia se posto quando Roy, Riza e Jamie chegaram no festival. O lugar fervilhava de gente, a maior parte sendo famílias, que aproveitavam a noite de verão de forma que as crianças pudessem desfrutar dos brinquedos que tinham ali.

Jamie prontamente arrastou os pais de um brinquedo ao outro, maravilhado com as luzes, cores, e aquela atmosfera meio mágica do festival. Tinha energia de sobra para correr de um lado para outro, indo de brinquedo em brinquedo, mas, uma hora depois, sua mãe pediu que fizessem uma pausa e procurassem o que comer.

Obviamente, a última coisa que o menino tinha naquele momento era fome, mas ao ver uma pequena fila para comprar algodão doce, ele logo insistiu que era aquilo que ele queria, pediu dinheiro aos pais e correu para se juntar às outras crianças ali.

Roy e Riza ficaram um pouco atrás, observando o filho, com um ânimo sem fim, logo fazendo amizades com uma menininha loira de olhos azuis que também procurava pelo doce, fazendo Roy rir.

– Nosso filho já faz sucesso com as meninas da sua idade, imagina quando ele crescer. - Ele comentou e Riza fez uma careta.

– Eu não quero que ele cresça - Ela confessou. - E definitivamente não quero que ele seja um mulherengo como o pai. - Brincou.

– Bem, não podemos fazer nada para mudar a genética, não é? - Roy disse e a abraçou por trás, envolvendo sua cintura. - Além do mais, o pai dele agora é um homem de uma mulher só.

Ela sorriu e afundou no abraço dele. Sentia-se contente e confortável, como jamais imaginou que se sentiria, ou talvez, como sempre imaginou que seria com ele.

Ouviu o moreno suspirar e dizer:

– Sabe o que seria bom? Chegar em casa, colocar nosso pequeno Don Juan para dormir, e então abrir um vinho e aproveitar o resto da noite com a mãe do meu filho.

Riza sentiu um aperto na garganta. Tinha que dizer algo a Roy, e a oportunidade parecia ter aparecido, e a estava deixando muito nervosa.

– Eu... - Ela começou, incerta, enquanto se soltava de seu abraço para ficar de frente para ele. - Seria ótimo, Roy, mas... Eu não posso beber vinho.

Ele franziu o cenho, meio confuso.

– Por que? Você está doente, ou algo do tipo?

Ela sorriu e balançou a cabeça.

– É - ela disse enquanto pegava as mãos dele -, algo do tipo. - Ela então as pousou em sua barriga.

Roy fitou suas mãos por alguns segundos, a confusão lentamente desaparecendo, até que finalmente ficha caiu. Ele arregalou os olhos e voltou a encarar o rosto de Riza, que estava corado.

– Você está...? - Ele começou, mas sua voz morreu antes que pudesse terminar a frase. Ela fez um gesto com a cabeça, confirmando.

– O Jamie vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha. - Ela disse com um sorriso bobo. Fazia dias que queria dizer isso ao alqumista, mas não sabia como, havia ficado com medo da reação dele, mas este medo desapareceu à medida que ela viu a surpresa ser, aos poucos, substituída por uma expressão de alegria pura no rosto de Roy.

– Eu vou ser pai de novo. Eu vou ser pai de novo! - Roy dizia enquanto ria. Ele a puxou e beijou-lhe nos lábios, e então a lvantou e girou no ar. Ele já era pai, mas ouvir pela primeira vez a notícia da boca de Riza... A sensação era indescritível. Roy achava que iria explodir de alegria enquanto ouvia sua risada se misturar a de Riza, ele a colocou de volta no chão e a abraçou.

– O que foi? - Jamie se aproximou, segurando o algodão doce.

– Você vai ter um irmãozinho, campeão! - Roy falou ainda rindo. Não achava que conseguia parar, na verdade.

– Eu sei! - Jamie disse sorrindo. - A mamãe me contou.

– É mesmo? - Roy indagou enquanto lançava um olhar para Riza que apenas deu de ombros. - Vem cá, campeão.

Ele pegou o filho nos braço, e com o outro, que estava livre, abraçou Riza. Naquele momento ele não se importava que estava suspenso do Exército, ou que houvesse um inquérito contra ele, ou até mesmo que havia pessoas os observando. Ele estava feliz. Completamente feliz. Ele lutara por muitos anos por um sonho que agora não sabia se conseguiria jamais realizar, mas descobriu que sonhos mudam, e muitas vezes para melhor. Aquele era o dele.

Fim.

* **

Bem,oficialmente acabou.

Tanto para quem escreve quanto para quem ler, acho que um “fim” no final de uma página dá um certo aperto no coração. Como disse na nota do capítulo anterior, ainda fico meio desnorteada com término do meu bebê ( meu apelido carinhoso para sempre ♥ ). Acho que foi meu recorde em tempo de postagem nos últimos anos, hein? Haha

Enfim, como pedi na nota anterior, pedirei novamente para que vocês, leitoras mais lindas da face da Terra, digam se a estória estava à altura ou se vocês ficaram um pouco (ou muito) decepcionadas. Em caso de decepção, aceito críticas construtivas de como melhorar futuramente (Pra quem perguntou, eu pretendo continuar escrendo. Ou tentar, pelo menos).

Para não tornar essa N/A gigante e cansativa, só queria agradecer mais uma vez a vocês, suas lindas, por toda a paciência, por todos os elogios e críticas, por todas as vezes que me fizeram sorrir e me motivaram a escrever. Espero continuar em contato com vocês o tanto quanto possível, não apenas por aqui, mas podem sempre me procurar em outras redes sociais para bater um papo, me cobrar, desabafar, trocar ideias, etc.

Beijos e até breve ♥

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