Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 35
Bambini




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Um ano sem ver meus filhos. Um ano sem poder dar á eles o verdadeiro amor. Foi exatamente um ano atrás que deixei de ser mãe e passei a dar lugar á uma megera infeliz. Devo dizer-lhe, o Duque Valentino, jamais fizera-se ausente em todo esse tempo, todos os dias mandava-me flores junto com um cartão dizendo como estavam nossos filhos. Porém, tudo iria mudar hoje. 

Levantei da cama rapidamente e me despi, logo tomei um banho e vesti minha melhor roupa, encarei-me no espelho, e por um minuto, permiti-me sorrir. Meus olhos correram em direção a minha barriga, um Medici estava por vir. O doutor disse-me que virá na primavera, alegrando até mesmo Bartolomeo — passado o tempo, o duque passara a me tratar mal e, depois que eu o convenci de que a vida pode ser boa, ele aquietou-se em meus braços.

Todos estavam torcendo para que fosse um menino, mas, para a minha surpresa, Bartolomeo queria que fosse uma menina. Dizia que de homem já bastava nosso pequeno Enzo (que agora ia para caçadas sozinho com seu tutor, senhor Laurent), para mim, tanto faz.

Encontrei meu marido e Enzo brincando na mesa, logo lancei um olhar reprovador, e eles abaixaram a cabeça sorrindo.

— Bom dia, mamãe! — Enzo me encarou com os olhos brilhantes. — O que vai fazer hoje?

— Sua mamãe, meu filho, — Bartolomeo revezava o olhar entre nós dois, escolhendo as palavras certas. — vai ver pela primeira vez Isabella e Romeo. Hoje é aniversário deles! Amor, mande recordações por mim. — Concordei ligeiramente com a cabeça.

— Quando eles podem vir morar com a gente? — Enzo parecia pensativo.

— Seu pai que decide. — Lancei um olhar para o duque e dei um gole no meu vinho francês.

— Quando, papai?

— Por mim, tudo bem. Se quiserem podem vir morar aqui amanhã. — Ele deu uma mordida em seu pão. — Mas por que essa pergunta, filho? Não está feliz com seus criados?

— Estou, papai. Mas é que meu irmão vai demorar tanto pra nascer que eu queria alguém para fazer-me companhia. Quando vossa senhoria e mamãe saem, me sinto sozinho.

— Parece que vamos mudar isso com a chegada de Bella e Romeo, meu pequeno Enzo. — Fiz carinho em seu cabelo, ele sorriu e terminou seu café-da-manhã feliz.

~[]~

 Preferi que fosse sozinha no castelo dos Borgia, afinal, estávamos em família. O cavalariço parecia cantar alguma coisa em latim, porém, minha cabeça estava em outro lugar. Estava imaginando como seriam meus filhos, se eram parecidos com os Machiavelli ou herdado a maldição dos Borgia.

Quando cheguei no local, meu coração fez-se apertado e minhas mãos começaram a suar friamente, andei ligeiramente e encontrei-os brincando no jardim. Uma lágrima correu quente em meu rosto. Neste momento, Cesare falou alguma coisa para as crianças e apontou em minha direção, os gêmeos vieram correndo ao meu encontro.

Um abraço fez-se necessário por mais que cinco minutos, soltei todo o ar que tinha preso em meus pulmões e senti o cheiro dos meus filhos, demorei para os soltar, e logo quis ver seus traços. Isabella tinha o cabelo louro e os olhos castanhos reluzentes — parecidos com o de Cesare quando o conheci — ela era sorridente e trazia um ar de inocência e pureza que fizeram com que uma lágrima caísse. Já Romeo parecia uma cópia de Cesare, enquanto o cabelo de sua irmã era incrivelmente liso, o seu era enrolado e escuro, seus olhos de um tom de cinza que jamais tinha visto e seu queixo idêntico ao de Cesare. Seu nariz era mais empinado que o de Isabella, um parecia completar o outro.

Fiquei tão maravilhada com aquele presente divino que nem percebi que Cesare estava atrás das crianças.

— A primeira vez sempre é emocionante, lembro-me de quando nasceram. Isabella me fez pensar em quanto vossa senhoria era bela e Romeo, em quanto sortudo eu era. — Ergui minha cabeça para encarar Cesare, este me deu um sorriso de canto. — Parece que foi ontem que nasceram...

— Crianças, por que não vão brincar um pouco? — Eu limpei meu rosto com as costas das mãos, e exibi um sorriso para meus filhos. — Eu e papai temos que conversar.

Os gêmeos correram para longe, e atrás deles vi Lucrezia com um sorriso em seu rosto. Parecia se divertir enquanto cuidava dos sobrinhos.

— Então quer dizer que está grávida novamente? O que Bartolomeo quer que seja? Um menino? — Ele me conduziu para um lugar reservado do imenso jardim, eu o observava com cuidado. 

— Diferente de Vossa Graça, meu marido não liga para o sexo da criança, ele só quer dar amor á um filho seu, um filho que ele mesmo tenha feito. — Encarei o nada; evitava olhar diretamente para Cesare. — Charlotte sabe?

— Sabe. Já deveria imaginar que essa notícia fez com que minha esposa sofresse de depressão, já que ela nada mais pôde me dar do que Luisa Borgia. Uma herdeira! — Ele riu. — Nós somos bons nisso, Dannata.

— Bons no que exatamente? Em ter filhos? — Encarei-o rangendo os dentes.

— Não, meu amor. Em fingir desinteresse um no outro quando na verdade, nós dois sabemos que nosso corpo incendeia quando estamos no mesmo lugar. Meu pai é o papa, Dannata, logo ele pode anular nosso casamento e podemos nos casar. Não era isso que queria? Ser a Duquesa de Valentinois?

— Não quero nem saber o que pensava de mim durante esse ano, Cesare. Eu queria conversar sobre... Meus filhos.

— Nossos filhos — Cesare me corrigiu, eu bufei. — esqueceu de que eu os assumi?

— Tá, tudo bem. Eu quero os levar para morar comigo, Vossa Graça passou muito tempo com eles. Agora, deixe-me ser mãe de verdade.

— Daqui uma semana, Dannata, aí vossa senhoria pode vir os buscar. Certo? Deixe que seus avós e seus tios os apreciem por mais um tempo, eles são o mimo de todo mundo daqui. — Concordei com a cabeça, mostrando indiferença no olhar. Virei de costas para ele quando senti ele agarrar-me pelo pescoço. — Diga que não sinta o que eu sinto! Por que se sentir, Dannata, temos uma chance de ficar juntos.

— Me solte! Esqueceu-se de que estou grávida? — Virei ao seu encontro, e como antes, alguns centímetros separavam nossas bocas. Nossos olhos se encontraram e, por um momento, pensei para respondê-lo. — Sinto lhe dizer, Cesare, mas não encontro nenhum laço afetivo mais com o senhor. Quem sabe um dia a gente volte a ser aquele casal de alguns anos atrás, mas agora, deixe-me construir minha família como Vossa Graça teve a oportunidade de criar a sua e jogou-a no lixo! Nada fui para vós do que uma mundana, não é? Só mantém contato por causa de Romeo, porque se fosse apenas Isabella aqui, jogaria-nos para os peixes assim como fez com seu irmão.

— Como pode se enganar tanto? Eu vejo em seu olhar, sei que ainda me quer. Mas irei respeitar sua decisão pelo amor que tenho em meus filhos e pelo bebê que estais a carregar. — Ele sorriu e colocou o polegar em minha boca. 

— Vossa Graça já me amou? — Sussurrei. 

— Ainda amo. — Cesare Borgia foi direto para meu pescoço e me deu um beijo. Ele estava certo, ainda o queria. A prova disso foi minhas pernas bambas depois do beijo e um suspiro. 

— É melhor eu ir ver como estão, já estou de partida. — Adiantei meu passo em direção aonde tinha os visto com Lucrezia pela última vez, ouvi os passos de Cesare vindos atrás de mim. 

— Por que tão rápido, Dannata? 

— Prometi a mim mesma que seria uma mãe melhor. E Enzo está incluído nisso. — Falei, lembrando do que ele tinha dito mais cedo.


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Notas finais do capítulo

[][][][] 1 ANO DE VALENTINO!!!!! Queria agradecer os leitores que leram até aqui e estão acompanhando a vida de Giorgia. [ Quem ela deve escolher? Cesare disse que está disposto a largar Charlotte por ela, mas Bartolomeo sempre a ajudou em tudo. ]
[ Isabella e Romeo - grande surpresa para todos, imagino. E quanto ao outro filho? O que será que vai ser? ]
Peço um simples comentário para que eu saiba que não estou escrevendo em vão, para que eu saiba que preciso continuar com a trama até o fim.



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