Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 33
Miracolo




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Concordei com a cabeça e deixei-o aproveitar seu novo filho. Ver Bartolomeo daquele jeito, tão sorridente, me deixou tão feliz que já imaginava como seria nosso futuro ao lado de meu futuro filho. Pedi licença e pedi para que avisassem o meu marido que não estava bem o suficiente para continuar ali; imediatamente, Vossa Graça chamaria um médico para ver minha enfermidade.

Olhei para baixo e encarei minha barriga, não fazia muito tempo que estava grávida, mas já estava grande o suficiente para que se tornasse visível. Rezava silenciosamente para que fosse um menino, assim, meu filho, seria duque de Valentinois, como meu amante e verdadeiro amor. Mas se fosse menina, estaria feliz do mesmo jeito; és um presente que ganhei dos céus.

Cheguei ao meu quarto cansada o suficiente para que desabasse na cama, em meus pés, formaram-se bolhas, e céus, queimavam como o inferno! Arranquei-os rapidamente e percebi que tinha uma carta no chão, o encarei por um momento, continha o brasão da família Borgia. Meus olhos fizeram-se atentos e devorei cada palavra que estava por vir.

Giorgia! Óh, excelentíssima!

Não estais a reconhecer a caligrafia? Vou lhe dar uma única dica e peço para que não seja falha quanto á resposta, eu sou o santo papa de Roma e também avô de seu herdeiro.

Mais cedo, quando o Sol ainda raiava e os camponeses gritavam para conseguir um bom dinheiro vendendo galinhas, Cesare contou-me que Bartolomeo quer reconhecer seu filho como herdeiro legítimo, dando á ele seu sobrenome e paternidade.

E Vossa Graça pergunta-se: mas o que eu tenho a ver com isso? Como representante de Deus no mundo, sinto-me no direito de interferir neste assunto quando der-me vontade, já que não desagrada só a mim, como também minha família. O sangue dos Borgia, o sangue puro corre nas veias dessa criança! Não deixe que ele roube isso de nós, Giorgia, Bartolomeo já nos roubou vossa pessoa.

Imagino o quão desagradável deve ser; casada com um homem do qual deve jogar-lhe na cara todos os dias e momentos que o filho que carregas não é dele, portanto, os Medici são melhores que os Machiavelli; o quão ruim deve ser Vossa Graça desmerecer-te só porque teve um caso de amor com o duque Valentino (que é cobiçado por todas, mas dentre tantas, escolhera vossa senhoria para dar-lhe um herdeiro e fazer com que a criança receba os títulos da nobreza – seja duque, ou duquesa). Não é tudo isso que estais a atingir-lhe como um tiro a queima roupa? Eis o que da Vinci sempre fala-me, e só agora entendi seu real significado.

Giorgia, se isso a faz tão infeliz, por que não separas de teu marido e vem viver conosco? Poderias visitar a basílica todos os dias que quiser, e se assim for, Cesare separará de Charlotte para ficar com vossa senhoria. Os dois só podem anular o casamento caso não houvesse consumação, o que no seu caso, garanto que não o teve; e no caso de Charlotte, acusaremos de conspiração contra nossa família e contra três dos meus cardeais.

Portanto, peço para que pense a respeito, e quando quiser, envie-me uma carta avisando de sua decisão. Saiba que Cesare já aceitou anular o casamento dele caso você anule o seu, e que os dois juntos, casarão-se novamente. Vossa senhoria se tornaria a nova duquesa Valentina.

Afinal, não era isso o que sempre quis?

Não demore, não viverei para sempre.

Com amor,

Alexandre VI.

Minha respiração estava ofegante e desejava, com todas as minhas forças, nunca ter lido essa carta. Antes, estava tão certa de que Bartolomeo era o homem e marido ideal que agora, revendo meus conceitos, vejo que ele falhou inúmeras vezes e deixei que isso passasse despercebido. Afinal, vossa senhoria és um Medici, e agora meu marido, podes fazer o que quiseres comigo.

Logo, o médico bateu á porta e mandei que entrasse. Era um senhor de sessenta e poucos anos, mal falava direito, mancava e usava um traje que eu avaliaria em uns cinco mil ducados, no mínimo. Em seu polegar tinha um anel de rubi, presente da família Borgia, pensei. 

— Grã-duquesa. — O doutor fez as devidas referências, eu fiz o mesmo.

— Doutor.

— Vossa Graça disse-me que não está se sentindo bem hoje, tem algum sintoma fora do normal? — Neguei com a cabeça. — Neste momento, teu corpo passarás por uma transformação, e tu, como mulher, igualmente. Passarás a ser mulher, mãe e uma mulher de grande sorte, acredito eu. Deixe-me vê-la. 

Deitei e abri minhas pernas, deixando-as dobradas. A posição me incomodava, e eu não sentia a vontade com o doutor ali, mas se era necessário para saber como estava meu filho... 

— Nossa! Faz quanto tempo que descobriu que não menstruava mais? — O doutor colocou-se de pé. — Pode fechar as pernas, já vi tudo.

— Não faz uma estação, faz pouco tempo. Ainda tento me acostumar com o tamanho da barriga. — Eu ri, o médico demonstrou preocupação. — Por que? Alguma coisa errada?

— Deixe-me perguntar uma coisa... És herdeiro de Cesare Borgia, não?

— Sim, mas por que estais a perguntar isso?

— Devo dizer que sua filha é realmente muito grande! Parabéns pela duquesa! — Aquela notícia fez meu coração saltar, mas senti um alívio instantâneo por não ser menino. 

— Óh, Deus! — Não contive meu sorriso.

— Já escolheste um nome para a pequena? — O médico era muito amigável, gostei dele. 

— Isabella. Maria Isabella Borgia, serás conhecida como meu pequeno miracolo¹!

— Bom, acho que estou indo. Novamente, parabéns, Vossa Graça.

— Quando passar por meu marido, peça para que deixe a carruagem pronta, sim? Avise-o que tenho uns assuntos importantes á tratar, e que neste meio tempo, não peças para perguntar onde vou-me á ir. Não quero interrupção. 

— Como quiser, Vossa Graça.


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Notas finais do capítulo

¹- Milagre



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