Valentino‏ escrita por TM


Capítulo 26
Incinta




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Quando chegamos em Roma, vi que havia várias pessoas á nossa espera. Cesare sorriu para mim, e eu retribui com maior intensidade. A carruagem parou, e então o Duque de Valentinois desceu cuidadosamente e esperou-me do lado de fora como um perfeito cavalheiro que jamais tinha visto.

— Dannata? Não vais ficar aí pelo resto de tua vida, não és? — Ele riu, debochado.

Sorri, e andei lentamente até a porta da carruagem, olhei em volta e tinha várias pessoas gritando a favor da família Borgia, e em pequena minoria, um grupo repudiava tal 'raça'. Parecia que tudo pôs-se a girar naquele momento, e faltava-me ar.

— Cesare, eu não estou me sentindo bem. — Lentamente, fui perdendo o controle de minhas ações, e com um baque, meu corpo pôs-se a ficar no chão.

Por mais que eu me esforçasse, meus olhos não abriam, meus lábios não me moviam, eu estava completamente imóvel. A única coisa que eu podia fazer naquele momento era respirar — por mais que fosse uma respiração curta e ofegante — e ouvir o que falavam ao meu redor.

— Dannata? Não brinque comigo! — Cesare Borgia continuou com o tom debochado, mas após dar-me um tapa de leve em meu ombro, percebeu que nada daquilo era encenação de minha parte. — Alguém chame um médico! Minha senhora precisa de um médico!

Esse nobre senhor pegou-me em seus braços como se eu não pesasse menos que 5kg, e senti-me protegida. Seus músculos tornaram-se rígidos á medida que corria em meio á multidão, e pensei que, a qualquer momento, ele ia se desequilibrar e íamos dar de cara com o chão rústico.

— Dannata? — Eu ouvi ele falar. — Por favor, não morra. Tudo o que eu disse antes é verdade, eu a amo! — Era tudo isso o que eu precisava ouvir antes de entregar-me á escuridão e desmaiar por completo.

~[]~

— Mas ela vai ficar bem? — A voz grave de Cesare acordou-me.

— Sim, vai. Espero que vossa senhora receba a notícia, tu vais dar a notícia a ela, não? — Ouvi passos pesados retirando-se do aposento, e então, forcei-me a abrir os olhos.

Estava em meu quarto, mas desta vez, o lençol branco áspero dera lugar ao de cetim do qual estava acostumada. Em minha volta estava Giulia Farnese e na porta de meu quarto, meu protetor, Cesare.

— Querida! Que bom que acordou. Ficamos preocupados com vossa senhoria! Nunca mais nos assuste assim, ta? — Giulia disse com a voz mansa. Cesare se afastou do quarto, pôs-se a continuar a falar com o médico, eu suponho. — Achamos que íamos te perder para sempre. Como acha que íamos lidar com isso? Como acha que Cesare ia lidar com isso?

— O quê? Cesare nem liga para isso, ele tem uma esposa para cuidar. — Minha voz estava rouca pelo pouco uso. — Á quanto tempo eu dormi?

— Há um meio dia, querida. Mas, se tu achas que Cesare não ligas para ti, sinto informar-te, pois está redondamente enganada! Vossa graça chegou em prantos com vossa senhoria em seu colo, com a cor de porcelana, quase que morta, ele gritava "Chamem um médico antes que eu mande os matar!", nunca vi Cesare assim. Foi ao seu quarto com os passos corridos, quase que deslizando sobre o piso, e quando chegou, colocou-te cuidadosamente á tua cama, eu o espiei, e ele parecia profundamente triste e perturbado. Tu talvez não lembres, mas á cada minuto que ficais assim, ele fazia carinho em sua cabeça e falava algo em seu ouvido.

— O que ele falava?

— Não sei. Ninguém sabe. Perdão, mas não deu para ouvir. Além disso, vossa graça não deixou ninguém conversar com o médico para saber de seu estado. Quando perguntávamos á ele, ele fazia uma cara sonsa e prontamente respondia "ela vai ficar bem". — Percebendo os passos que estavam á vir para meu quarto, Giulia deu um beijo em minha testa. — Agora, minha querida, vou deixar vossa senhoria descansar. Qualquer coisa eu estou do quarto ao lado. Grite se precisar de mim.

— Sì, la bella Farnese. Obrigada por tudo. Saiba que vossa senhoria é como uma mãe para mim, logo atrás de Cecília. — A voz saiu trêmula quando pronunciei seu nome.

— Sinto muito pelos dois. Cesare contaste-me, e eu fiquei profundamente triste com sua perda. — Cesare Borgia estava na porta de meu quarto, observando a cena. — Agora, estou á ir-me. Se cuida, minha querida.

A jovem dos cabelos laranjas pôs-se a retirar-se de meu quarto rapidamente, quando chegou á porta, Cesare deu um breve sorriso para ela, e quando Giulia misturou-se com as sombras, o duque fechou a porta e caminhou lentamente em minha direção.

— Que susto, hein?! — Vossa graça disse com os olhos tristes. — Achei que estava morta por efeito de Cantarella.

— Soube que ficou arrasado com isso.

— Achei que tivesse morrido! — Ele relembrou, e seus olhos encheram-se de lágrimas. — Como poderia lidar com isso? Como poderia viver depois disso?

— Do mesmo modo que sempre viveu, meu caro Valentino, com cortesãs, muito sexo e vinho. — Respondi bruscamente, ele me olhou de modo incrédulo. — Não é isso que sempre estais a fazer? Então, quando eu morrer, prosseguiras com isso, eu receio.

— Dannata, acho que a ideia que tento á passar-te ainda não entrou em sua cabecinha chata, nada disso seria assim se vossa senhoria falecesse! Saiba que todos os dias eu me amaldiçoo por ter te encontrado no baile do rei, e por depois ter te convidado á morar conosco, pois foi com sua simplicidade e confiança que conquistou-me. Nunca pensei que aconteceria isso comigo, nunca pensei que vossa senhoria pudesse fazer isso comigo. Muitas princesas e rainhas, duquesas, condessas, e várias outras nobres tentaram de tudo para isso, vários jogos de sedução, riquezas, poder, mas nada disso me atraiu. — Lágrimas brotaram de meu rosto, e ele sorriu enquanto limpava uma delas com o polegar. — E quem diria, hein?! Que a filha de Machiavelli seduziria o diabo em pessoa.

— Eu o amo, Cesare. Eu daria minha vida por vossa pessoa! Quero que saiba disso, caso aconteça algo comigo.

— Nada de ruim vai acontecer com vossa senhoria... Á menos que seja fraca e que tenha complicações.

— O quê? Do que estais a falar? O que eu tenho é tão grave assim?

— Vossa senhoria tem um verme em sua barriga. — Mais lágrimas escorriam de meu rosto, e parecia que ele estava divertindo-se com isso. — Calma, não é tão ruim quanto parece. Juntos, vamos dar nome á ele, um título de duque ou duquesa, e o mais importante, o sobrenome Borgia.

— O quê? — O encarei, incrédula.

— Você está grávida. — Ele sorriu docemente. — Não percebeu? O inchaço, a fome descontrolada, o turbilhão de emoções que a rodeia... O que serviu para confirmar isso fora seu desmaio ontem. Parabéns, meu amor. Espero que não tiveste relações com outros homens além de minha pessoa.

— Não, fora só com vossa graça.

— Ótimo. Seja bem-vinda á família Borgia, não oficialmente, é claro... — Cesare Borgia deu as costas para mim e marchou em direção a porta. Parou e encarou-me com um sorriso no rosto. — Obrigado pela oportunidade de tornar-me pai. Torço para que seja um herdeiro.


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