A Princesa Preciosa escrita por Sensei Arê


Capítulo 2
Segunda Noite: Fragmentos de História


Notas iniciais do capítulo

Olhá pequenos exploradores e exploradoras! Quem quer mais um capítulo da nossa história através dos tempos?!
Antes de mais nada, alguns recados: as palavras em hindi estarão num glossário ao final do capítulo; palavras em itálico e negrito fazem parte da música que eu vou colocar aqui descriminada.

Agora, cá está a nossa play list de hoje:

Música de fundo pra história da Hina: https://www.youtube.com/watch?v=67RO0hIY1G0

Música que o Neji canta: https://www.youtube.com/watch?v=LvVRzfh_d1I

Boa leitura, amados e amadas! Até as notas finais!



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Os dias foram passando e as buscas por Kishkindha continuavam freneticamente. Eu não conseguia ficar mais tão perto de Neji, tamanho era o meu ódio e minha inveja dele. Comecei a tratá-lo como o escravo que era; mandando-o abrir caminho com mais rapidez e força do que o necessário, montar guarda do acampamento por maior turno, e até mesmo colocando para armar as barracas dos historiadores. Isso tudo apenas para ter o gosto de ‘vingar’ por ele ter ‘roubado’ o meu sonho.

Foi quando eu comecei a perceber o quão insignificante eu me tornara. Á pedido de Sasuke, o anfitrião do harém colocou as moças á disposição dos homens da expedição, para cozinhar e tratar eventuais moléstias, entre outras coisas. Aquilo foi como trazer o carrasco com a foice em meu pescoço. Todos os dias, por mais que eu descontasse toda a minha raiva no rapaz, ele sorria e se aprumava quando Hinata chegava com as outras moças. Ela dava a ele seus cuidados e carinhos, e eu era obrigado á ficar de fora.

Mas aquela jovem dama com pele de pêssego não era apenas gentil com seu protetor; ela cuidava de todos como se fossem da família, verificando se todos haviam descansado e se alimentado bem. Ela tinha até mesmo tempo para brincar com os filhos dos escravos e das dançarinas. Ela era... Perfeita! A cada sorriso, a cada olhar dela, eu me sentia mais perdido. Era como se eu fosse um inseto atraído por sua luz. Eu sabia que iria me queimar até morrer, mas eu não queria deixar aquela luz ir embora.

Em alguns momentos mais brandos – quando Neji não estava por perto –, eu conseguia me aproximar e até mesmo iniciar uma conversa ou outra:

– Eu tenho um interesse especial por sua língua e sua cultura, Hinata... – comentei enquanto ela me oferecia uma cuia com água fresca, para que eu lavasse o rosto – Acho impressionante.

– Fico muito grata por isso, meu senhor. – ela respondeu, exibindo um sorriso sincero – O nosso povo é humilde, mas fazemos o nosso melhor para bem servi-los.

– Bem, e será que você poderia me ensinar algumas coisas em seu dialeto? – perguntei, enquanto mergulhava as mãos e molhava meu rosto – Coisas simples, apenas para causar uma boa impressão.

– Claro, senhor Aburame. – respondeu-me e entregou uma toalha limpa – O que gostaria de aprender?

– Por favor, apenas: Shino. Como se diz “eu estou apaixonado”? – perguntei sugestivamente.

Percebi que ela corou e piscou, como se não tivesse entendido o que eu perguntei. Ela ficava ainda mais adorável quando corada. Agora eu tinha uma oportunidade de me mostrar melhor do que Neji. Talvez se ela tivesse algum tipo de interesse em comum... Eu poderia leva-la comigo! Mostrar outras maravilhas do mundo e até mesmo realizar todas as suas vontades.

Foi quando o destino mostrou suas reviravoltas mais uma vez:

– Gostaria de ouvir uma história, meu senhor? – perguntou-me ela, com mais um de seus belos sorrisos misteriosos.

– Vindo de sua boca, minha cara, ficarei encantado em ouvir qualquer coisa! – eu respondi, completamente extasiado com sua sugestão.

– Então, sentai aqui, junto ao fogo... – pediu-me ela, apontando-me um pequeno colchonete de couro próximo á fogueira – Servir-te-ei a refeição enquanto conto a minha história...

Eu fiz exatamente como ela pediu, escutando com atenção suas palavras:

– Há muitas eras passadas, existiu uma princesa cega, chamada Halimed. Uma jovem pacífica que desejava somente servir o mundo para torná-lo um lugar melhor. Ela possuía um único desejo egoísta: o de ser amada por completo, sendo quem era e ninguém mais. – ela dizia com a voz polida, enquanto mexia no caldeirão sob o fogo – Também houve um deus chamado Nanshu, que era conhecido por tratar dos animais ferozes e dos homens guerreiros. Era um deus que prezava a honra e a bravura, pesando-as com justiça.

– Sua ideologia é um tanto quanto complexa com tantos deuses... – confessei, ajeitando meus óculos na base do nariz – Mas, por favor, continue...

– Aconteceu que Nanshu passou á admirar a jovem princesa por sua delicadeza e presteza. Mas ele decidiu testar o coração da jovem, transformando-se em tigre para se aproximar dela. – continuou ela, experimentando o cozido e colocando um bom bocado para mim em uma tigela – Ele aterrorizou a cidadela e entrou no palácio sem menores dificuldades. O pai de Halimed, o sultão, mandou que seus melhores caçadores matassem a fera e lhe trouxessem a pele rajada de dourado e ébano.

– Interessante... – murmurei, aceitando a tigela de suas mãos.

– No entanto, a jovem princesa percebeu uma singularidade no tigre. Ele tinha olhos lilases e tristes, como se estivesse buscando uma salvação para si... Ela conseguiu enxergar a alma do deus. – ela dizia calmamente, com seus olhos sendo iluminados pelo fogo – Então, quando os caçadores do sultão encurralaram a fera, Halimed se interpôs entre eles e suplicou para que lhe poupassem a vida. O sultão não entendeu a atitude da filha, porém disse a ela que pensasse em uma maneira de soltar o tigre sem que ele a ferisse ou aos outros.

– Quanta irresponsabilidade! – eu exclamei, exasperado – Como um pai pode colocar sua estimada filha perto de uma fera? Que tipo de provação é essa?

– Acalmai vosso coração, meu senhor. – pediu-me ela, com um sorriso amável – A questão não é essa, e sim o fato de que a princesa possa ter visto algo. Afinal, Halimed era cega de nascença, então nunca poderia ter realmente visualizado a alma do tigre. No entanto, o destino fez com que Nanshu se aproximasse e notasse algo de diferente na princesa. E então, o amor entre eles aconteceu, e o ato dela tê-lo enxergado foi reflexo do amor que ele sentia por ela. Então, o deus assumiu sua forma verdadeira e com sua mão, fez com que a visão de Halimed fosse instituída por completo. Os olhos leitosos da princesa agora se tornaram lilases perolados, como o de Nanshu.

– Lilases perolados... ? – balbuciei, atônito.

– Sim... Em meio ás lágrimas de emoção, Halimed teve suas mãos tomadas por Nanshu, e ouviu-o dizer: “Prema rajkumari, dar-me-ia a honra de tê-la como minha esposa?” – Hinata continuou, agora levantando seus olhos lacrimosos aos céus - “Porque queres casar comigo, meu senhor? Eu não tenho nada para oferecer.”, perguntou Halimed á Nanshu, sem acreditar no que lhe acontecia. “Porque eu estou incompleto sem ti e tu estás incompleta sem mim. E eu não peço nada, a não ser tu, kamana.” – eu não conseguia dizer nada, tão assombrado que estava – Halimed chorou mais ainda de felicidade, pois seu maior desejo havia finalmente sido realizado. O sultão ficou mais do que feliz em entregar sua estimada filha ao deus, e assim iniciaram os preparativos para o casamento.

– E então eles ‘viveram felizes para sempre’... – eu murmurei, enfiando uma porção do cozido na boca, com mau-humor.

– Quem dera, caro senhor. – sussurrou Hinata, volvendo seus olhos tristes para mim – Não, eles não viveram felizes por muito tempo. Pois existia um ser infeliz que desejava sempre ter aquilo que não poderia ser seu de boa vontade. Drugbha era um antigo pretendente de Halimed, porém ela havia dispensado seus cortejos por saber de sua índole cruel e ferina. O homem, envolto em inveja e vingança, vendeu sua alma aos demônios do mundo antigo e tornou-se um monstro terrível.

– Mas... Nanshu era um ente com poderes divinos... – eu disse, colocando minha tigela no chão e apoiando os cotovelos nas pernas.

– Drugbha era ardiloso, senhor Shino. Ele usou do poder mais forte de Nanshu para poder subjuga-lo. – ela disse, fechando os olhos e torcendo as mãos em nervosismo – “Se amas mesmo esta mulher, és capaz de desistir de qualquer coisa por ela”, disse ele, enquanto tinha a princesa em seus braços. “Tu bem sabes que sim, ser infeliz! Soltai-a!”, bradou Nanshu com ira. “Então, dar-me-ás tua imortalidade, deus das feras!” – por entre as delicadas pálpebras, Hinata soltou grossas lágrimas cristalinas – Nanshu olhou para a noiva que tanto amava e desistiu de sua divindade, tornando-se um simples mortal. Drugbha sorriu e desafiou-o para um duelo, sabendo que agora tinha muito mais vantagens. E então, utilizando-se de seus poderes demoníacos, o monstro feriu mortalmente o deus dos guerreiros. Halimed correu até seu amado e ainda teve tempo de ouvi-lo dizer uma última vez: “Mujhe tumse pyarhai, kamana.”, antes que ele espirasse. E assim, ele morreu.

– Mas, então... Drugbha venceu Nanshu e tomou Halimed para si? – perguntei, tentando acreditar que aquilo era apenas uma história.

– Não... – ela disse, limpando as lágrimas delicadas – Antes que ele pudesse chegar até eles, Halimed se ergueu e puxou uma grande pira com óleo, fazendo com que o líquido todo se vertesse sobre o seu corpo e o de Nanshu. Com a visão que lhe fora atribuída pelo noivo, alguns outros dons também apareceram. A princesa estalou os dedos e fez surgir uma chama forte, a qual se propagou pelos corpos dos noivos apaixonados, queimando-os até não sobrar nada além de tristes cinzas.

– N-não... Não creio... – sussurrei, com o coração apertado – Então, ela se suicidou para não ser tocada pelo agressor. Que coisa mais triste!

– Ela fez isso por amor. Sem ele, nada mais fazia sentido. Pois eles não saberiam viver num mundo onde o outro não estivesse. – respondeu-me Hinata, com um sorriso triste nos lábios – Este ato de amor, fez com que os outros deuses tivessem compaixão pelos dois apaixonados; então, eles decidiram que dois renasceriam no mundo humano, vida após vida, até se encontrarem novamente e conseguissem a liberdade do amor. E isso só teria fim quando Drugbha fosse detido.

– E, afinal, que fim teve esse tal monstro? – perguntei, endireitando as costas – Os demônios do mundo antigo não haviam feito um trato com ele?

“Poder em troca de mais poder”, fora o trato feito. – disse a morena, com o olhar mais sério – Drugbha pode ter vencido Nanshu e ter rouba-lhe a divindade, porém, seu poder maligno continua estagnado. Ele ficou á vagar pelo mundo depois de sua vitória parcial, e dizem que alguns dos piores desastres do mundo foram causados por ele. Seu poder gera inveja, ódio, medo e rancor...

Minha cabeça começava a rodar com tantas informações presentes na história contada com tanto sentimento. Hinata sentia cada palavra que proferia, assim como eu também passei a me sentir estranho. Eu queria perguntar mais, saber mais, porém antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, algumas crianças vieram correndo e pediram – em sua língua materna – para que ela as acompanhasse.

Ela olhou para mim, pedindo meu consentimento, e eu assenti com um maneio de cabeça e sorri quando as crianças praticamente a arrastaram para fora da tenda em meio á seus vivas de felicidade. Eu me levantei e me segui pelo mesmo caminho por entre as barracas montadas pelos escravos e exploradores. No centro do acampamento, todos estavam preparando suas refeições e aquecendo-se junto ao fogo. As crianças levavam Hinata até onde Neji estava sentado, tocando uma cítara.

– Ah, chegou nossa estimada dançarina! – bradou Naruto, um de meus companheiros de expedição – Toque alguma coisa para que ela dance para nós, Neji!

O rosto de Neji continuava impassível, olhando fixamente para meu companheiro já alterado pelo álcool. Em seguida, seus olhos encontraram com o de sua protegida, tornando-se mais afável. Era impressionante como as mensagens veladas pelos dois eram trocadas apenas pelos olhos incomuns. Hinata abriu um sorriso acalentador e fez uma pequena mesura para iniciar sua dança. Logo, quase todos do acampamento estavam reunidos em torno deles.

Neji começou á tanger novas notas na cítara assim que a morena começou á bailar sozinha. E para a minha surpresa, ele começou á cantar em nossa língua.

From a little light of love, I was born and then my cry…

My cry was a little light of love… For the honoring of life.

And the pharoahs of my soul, is this light of love!

Precious little light of love!

A partir de uma pequena luz de amor, eu nasci e então o meu clamor...

Meu clamor foi uma pequena de luz de amor... Para a honra da vida.

E os faraós da minha alma, é esta luz do amor.

Preciosa pequenina luz do amor!

A música era calma, mas com uma letra impactante. O modo como o escravo cantava era sublime, como se estivesse falando pessoalmente com cada um de nós ali. Eu fechei meus olhos por um instante, apenas apreciar o som que falava comigo.

E então, eu já não estava mais no acampamento...

There's a candle burning on in the breezy shades of night.

I keep up my faith and understand my whole to call the love of light.

A treasure, your Shamon, in the middle of the shady days that brings on a field of light, in a light of love. There a light of love!

Há uma vela acesa em nos tons arejada da noite.

Eu mantenho minha fé e compreendo meu todo para chamar o amor da luz.

Um tesouro, seu Shamon, no meio dos dias obscuros que traz em um campo de luz, em uma luz de amor. Há uma luz de amor!

Eu estava em Kishkindha, entre suas construções magníficas e sua flora sublime. Eu via todos os seres vivos ali presentes, sentia o cheiro dos temperos e perfumes, ouvia desde os chilrear dos pássaros até as conversas animadas nas ruas.

Então eu vi Nanshu e Halimed. E o amor que eles transmitiam um para o outro era palpável. Cada toque, cada beijo, cada olhar... Eu sentia tudo como se minha pele fosse a mesma que a deles.

Only one religion will lead us to the love, we aim for.

Over the dark illusions, of the warring nations…

And when a figure leads the power, the destruction glorified.

And when the war is nearly over, how come the leader's held in high honors?

Apenas uma religião nos levará ao amor, nós almejamos.

Ao longo das ilusões escuras, das nações em guerra...

E quando uma figura leva o poder, a destruição glorificada.

E quando a guerra está quase no fim, como é que o líder da realizada em altas honras?

Eu também vi Drugbha. Seu ódio latente fazia com que minha boca estivesse cheia dos mais variados venenos. E quando sua alma torturada pela inveja foi tomada pelos demônios, eu também sofri. Eu sentia como se uma navalha cortasse o elo entre sua humanidade. E aquilo doeu.

"Won't you die for their lie?" – The greedy hunter cried.

"We rely on your light, and leave your love behind."

"Você não vai morrer por sua mentira?" – Gritou o caçador ávido.

"Contamos com a sua luz, e deixe seu amor para trás."

A batalha entre o – ex. – deus e o monstro foi aterrorizante. Quando o golpe mortal se deu, era como se o meu corpo estivesse sendo consumido pela morte. Mas a dor de Halimed ao perder o homem que amava era ainda maior. O fogo que lambia sua pele era quase reconfortante, mediante á sensação de perda eminente.

A little life, so religious! Will lead a light of love!

A little love, so for freedom! Just a little light of love!

A little life, so religious! Take this little light of love!

A little love, no more freedom! Take me!

A little life, so religious! A little love, so for freedom!

A little life, so religious! A little love, no more freedom!

Um pouco de vida, tão religiosa! Vai levar uma luz de amor!

Um pouco de amor, assim, para a liberdade! Basta um pouco de luz do amor!

Um pouco de vida, tão religiosa! Tome esta pequena de luz do amor!

Um pouco de amor, há mais liberdade! Leve-me!

Um pouco de vida, tão religiosa! Um pouco de amor, assim, para a liberdade!

Um pouco de vida, assim religiosa! Um pouco de amor, há mais liberdade!

Quando eu abri meus olhos, não pude evitar as lágrimas que me assolaram. A voz de Hinata e de suas outras companheiras me trouxe de volta ao acampamento. Tudo continuava o mesmo, menos eu. Meu coração estava acelerado, minha respiração estava descompassada e minha mente fervilhava. Não poderia ter sido verdade! As sensações ainda corriam por debaixo da minha pele formigante. A dor, o amor, o medo e até o alívio... Eu me sentia entorpecido, mas não queria acreditar.

Outra música se iniciava no acampamento, dessa vez bem mais animada e dançante do que a outra. Eu decidi me afastar para por as ideias no lugar. Porém, antes de me retirar eu encarei Neji uma última vez, mirando-o diretamente em seus olhos profundos e, neles, eu encontrei a resposta para todas as minhas dúvidas em relação á ele.

Então, eu soube que a história de Hinata era verdadeira.


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Notas finais do capítulo

Bem, antes de começarmos, cá está o nosso glossário:

Halimed, Nanshu e Drugbha: nomes que eu inventei, não tem qualquer ligação com deuses presentes na religião hindu.

Kamana: do hindi, significa "esposa do meu coração".

Agora, sobre o capítulo: bem, temos novos integrantes na nossa história, não é? E agora? O que será do pobre Shino e seu amor não correspondido? Qual será o destino de Neji e Hinata?
Essas e outras perguntas... só serão respondidas mais adiante, huhuhuhuhuhu! Malvada, eu? Magiiina!
Well amores, nos vemos em breve com mais um capítulo!
Beijos e até o próximo!



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