Depois daquele pequeno incidente, o chefe de Sakura a deixou ir para casa bem maiscedo, para se recuperar do ocorrido antes do início das aulas. Entrou em um pequeno apartamento vazio, que atualmente estava morando sozinha. Como Touya vivia em um dormitório de sua faculdade e seu pai passava dia e noite no trabalho, HaNeul já tinha se acostumado em ficar sempre sozinha, se Kerberus deixasse isso acontecer. Assim que colocou seus pés dentro do local. O pequeno ursinho de pelúcia veio voando direto para seu rosto. Assim que viu o pano com sangue no braço da Card Captor, a preocupação foi mais que óbvia no rosto do guardião. Mas, para a supresa da menina, ele não falou nada. Só voou até o banheiro e trouxe a amostra grátis de álcool:

Kero! Eu não vou colocar esse veneno no meu braço. Sabia que isso é perigoso? Você pode colocar fogo na casa. — Sakura disse correndo pela casa com a mão em cima do machucado.

Sinceramente, Sakura, você realmente nunca vai crescer?

E você? Ursinho de pelúcia? — Antes que Kerberus pudesse revidar com alguma coisa totalmente sem sentido, Yue apareceu na janela.

Por que vocês não param? É a mesma coisa todo dia. O que foi isso no seu braço, mestra? — Ele disse com a mesma expressão facial. Mas... a preocupação estava clara em sua voz.

Primeiro, Yue, não me chame assim. Segundo, um sujeito tentou assaltar o lugar que eu trabalho. A pessoa tinha uma katana. Eu peguei e consegui expulsa-lo. Mas... antes disso... é.

Parabéns, mestra. Só vou colocar um curativo. Você vai chegar atrasada no primeiro dia de aula.

Após ter envolvido o delicado braço da menina com o pano, Sakura se arrumou e saiu correndo para seu primeiro dia aula.

Haneul olhou desesperadamente para o relógio que estava no seu pulso e se impressinou com a hora. Enquanto corria pela calçada, viu alguém conhecido. Mas estava muito atrasada, provavelmente não conseguiria chegar na primeira aula. Isso já tinha acontecido tantas vezes no ano anterior que Sakura nem conseguia lembrar direito quantas vezes aquilo tinha ocorrido. Sua curiosidade estava chutando sua cabeça sem piedade. Como leve esperança acendeu no coração da garota e após alguns segundos, apagou novamente. Se fosse alguém de sua antiga escola, sim, ficaria muito feliz pois teria amigos, mas... como explicaria seu sumisso repentino? E se Syaoran realmente tivesse voltado para a cidade? Muitas coisas pertubavam a cabeça da menina no momento. Mesmo assim, HaNeul não conseguia se segurar direito de tanta curiosidade. Um garoto muito alto estava andando do outro lado da rua. O cabelo era castanho e um pouco bagunçado como se tivesse acabado de levantar e tivesse simplesmente saido de casa. Pensou em gritar “Syaoran” e acenar, mas... e se ele realmente tivesse morrido naquele missão e aquilo fosse somente seu espírito para assombrá-la. A menina balançou a cabeça tentando tirar aquele estranha teoria de sua cabeça. As vezes, Sakura concordava com seu Guardião, era uma completa idiota. Em apenas alguns segundos, a menina montou um plano mentalmente e começou a colocá-lo em ação. “OK, Sakura, repassando o plano novamente. Você vai atravessar a rua sem ser quase atropelada, vai se esforçar para andar um pouco na frente daquele garoto, se for alguém aleatorio, acharia isso completamente normal e a ignoraria. Se for o Syaoran, bem.. só vou saber se tentar”. Tudo estava indo bem, quando escutou três meninas de sua sala chamando seu nome coreano. Elas se aproximaram correndo e uma colocou seu braço ao redor do pescoço de Sakura:

HaNeul, minha amiga. Você está bem atrasada, não é? Você pode me passar suas anotações?

Desculpe, mas.. quem é você mesmo? — A menina tentou não ser indelicado nem mal-educada. Mas ela realmente não sabia quem eram elas. Obviamente já tinha as visto na sala de aula, mas elas nunca tinham nem falado “Como você está hoje?” Ou até mesmo um simples “Bom dia”.

Como HaNeul-yah conseguiu me esquecer? Somos melhores amigas, não? Que pena, até depois. — E com isso, as três desconhecidas foram embora do mesmo jeito que chegaram... gritando.

Para Sakura, aquele “Até mais”, parecia um “Até nunca mais”. Ela olhou para seu braço, e percebeu que uma das meninas tinha levado seu relógio, provavelmente porque ela não tinha passado suas anotações. O possível Syaoran já tinha desaparecido. Ele estava com o uniforme de sua escola, então, ele poderiam se encontrar novamente. Por sorte do destino, isso iria acontecer. Pegou seu celular que estava dentro de sua mochila e apartou o botão power. “3:10PM”. Por causa do desespero do momento, Sakura quase deixou suas coisas caírem. Precisava chegar em dez minutos negativos. Ela voltou a correr e o forte desejo de ativar a carta The Time e voltar algumas horas.

SYAORAN:

ChulMoo sabia que estava atrasado para o primeiro dia de aula, mas mesmo assim, ele andava calmamente pelo caminho que, de acordo com os mapas e os vizinhos, era o correto para a escola. O menino sentia uma precença muito familiar se aproximar cada vez mais. Alguém muito poderoso, um poder similar ao da.. Sakura?! Olhou de relance e viu uma garota com uniforme escolar atravessar a rua. Seu rosto estava coberto pelo seu próprio cabelo por causa do vento. Mas ela não parecia estar ciente desse fato. Como se estivesse tudo normal. Uma coisa que tinha aprendido nos poucos dias que estava no país, era que as garotas sul-coreanas são bem mais tímidas com estrangeiros, mesmo que muitos tivessem dito o contrário. Ele realmente não estava entendendo sua situação. Quando a menina começou a se paroximar, Syaoran estava pronto para abraçar a possivel Sakura e gritar coisas como “Sakura, desculpe por tudo”. Mas se conteve quando escutou uma voz alta, estridente e irritando. Provavelmente aquile era seu nome. Mesmo sabendo que poderia mudar seu nome, aquilo era muito raro. Ele começou a enrolar e se abaixou para “amarrar o sapato” e escutou o início da conversa, aquilo era tão absurdo que o menino ficou com vontade de interferir, mesmo que aquele não fosse sua Sakura. Ao contrário disso, ele se consentrou em lembrar o caminho. Em apenas nove minutos, ChulMoo se perdeu mais de dez vezes no caminho.

Quando finalmente estava na frente de sua sala, percebeu que a Sakura/HaNeul estava choramingando perto da porta. Andou até ela e se abaixou um pouco para que sua cabeça ficasse da mesmo altura que a da mais nova.

Você está bem? O que aconteceu? — O chinês falou em japonês sem nem perceber, como se fosse algo normal.

Eu estou bem, só me atrasei e vou ter que esperar até a segunda aula aqui fora — Para sua surpresa, a menina respondeu com um japonês natural, como se fosse sua língua natal.

Você é coreana? — Syaoran falou desconfiado, temendo um “Sim” como resposta, mas ao mesmo tempo, sem saber o que fazer se fosse um “Não”.

Não, eu nasci no Japão, mudei de nome quando me mudei. Meu verdadeiro nome é Sakura... — Antes que a menina pudesse terminar de falar, ChulMoo a abraçou a as lágrimas foram inevitáveis.

Desculpe, eu não fui forte o suficiente. Fracassei na missão, fui salvo quando estava morrendo perto da floresta, eu... — Ele sentiu algo molhar seu ombro. Sakura estava chorando? Syaoran segurou na mão delicada e puxou — Vamos, no primeiro dia de aula raramente tem alguma coisa.

Os dois saíram escondidos sem trocar olhared. O caminho até um parque infantil próximo foi silencioso. Entraram no túnel e ficaram mais ou menos dois metros de distância, sendo que o brinquedo tinha quatro metro ao todo. O rosto do chinês ainda estava molhado. O menino estava com muito vergonha, por ter começado a chorar assim que confirmou que aquele garota era sua Sakura. Syaoran já estava ao ponto de fazer qualquer coisa para reencontrar a CardCaptor que tinha sido mais forte que um garoto altamente treinado. As pessoas achavam que ele ficaria com raiva, em busca de vingânça. Mas um sentimento, até o momento, desconhecido para ele nasceu no coração do guerreiro. Não sabia se aquelo era certo ou não, a única coisa que queria fazer no momento era abraça-la. Para afastar suas atuais desconfianças, para confirmar que aquilo tudo não era somente um sonho. Foi quando uma melancólica voz quebrou o silêncio:

Por que pediu desculpa? Eu que sou uma pessoa terrível. Me mudei sem avisar. Se você tivesse ido para minha casa, não teria me encontrado. Desculpa. Desculpa por não ter conseguido sorrir na escola. Desculpa por ser idiota e... e.. — HaNeul chorava tanto que as palavras quase não saiam. Aquilo fez o coração do menino doer. Como ela conseguia falar esse tipo de coisa? Após alguns segundos, percebeu que ela não conseguia respirar direito. A menina apoiou sua mão ao lado de seu corpo para não cair. Em apenas dois segundos, Syaoran já estava do seu lado.

O que foi, Sakura?

Estou bem.. só que... por que está tão escuro? — Assim que terminou de falar, a menina caiu em cima de ChulMoo.

Ela desmaiou.