Heroes: Crônicas Da Nova Geração escrita por Matt e Mia


Capítulo 4
Capitulo 2 - Bar do John




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Entrei naquele pequeno bar de esquina, cheirava a cigarro e Whysky barato. Exatamente o tipo de lugar que me atraia, pois e assim que se consegue informações hoje em dia.

Era escura e as mesas estavam dispostas com uma certa regularidade que tornava o lugar ate charmoso. Um barman um tanto velho demais (um quarentão daqueles) fazia drinks para uma meia dúzia de pessoas esquisitas que não trocavam sequer uma palavra, a não ser consigo mesmas.

Me posicionei em uma cadeira distanciada e logo o barman se aproximou, amigavelmente:

–- Eai John? O que há de bom hoje?

–- Apenas o seu favorito - E me entregou um copo quase cheio com Red Label - Como foi sua última viagem?

–- Nepal é tedioso - Disse enquanto engolia o conteúdo do copo com velocidade surpreendente.

–- Alguma notícia nova dele?

–- Eu que lhe pergunto.

–- Também não ... mas sei algo que vai te animar: temos uma cantora nova.

–- Hum... Bonita?

–- Diga você mesmo. Ela acabou de chegar - John avisou apontando na direção da porta quando uma garota de cabelos cor de fogo entrou no salao. Talvez pelos cabelos ou sua forma de andar, chamava a atenção de muitos dos homens do bar.

Ela subiu no pequeno palco e logo um garoto se juntou a ela, ambos indo até atrás da cortina. Em poucos minutos esta se abriu, mostrando a garota segurando uma Fender alaranjada e o garoto se posicionando em um banco unido a uma bateria semi profissional.

Já estava na terceira dose quando alguns acordes começaram a ressoar pelo local. A menina ( que John me informou se chamar Mia) com sua voz um tanto melodiosa iniciou uma música de Jazz que eu conhecia vagamente.

Me forcei a erguer a cabeça e analisá-la: Cabelos ruivos e curtos, formas não muito acentuadas, mas também não nego que interessantes. Para completar um rosto bonitinho com um que diferente que não consegui identificar.

A música terminou e voltei ao álcool enquanto Mia descia do palco e pegava uma cadeira ao meu lado no balcão:

–- Hey, John! Uma taça do meu vinho por favor!

–- John, essa garota é chique assim mesmo ou é novidade da casa? Nunca vi ninguém pedir algo deste nível aqui - E troquei uma risada com o velho do bar.

–- Oi? - Respondeu a menina ruiva.

–- Voce seria Mia, imagino.

–- Mia Grey, prazer. E qual seria seu nome? - Ela arqueou a sobrancelha e se virou jogando o cabelo em minha direção.

–- Matthew. Sem sobrenome. Você canta bem, há quanto tempo está fazendo isso em locais como esse? Quero dizer, aqui não é o melhor local para uma dama.

–- Acho que a minha vida inteira. No bar do John, cheguei há menos de uma mês.

Deu uma pequena pausa para terminar de beber a taça de vinho:

–- Quanto a este não ser um local para mim, pergunte para o John, foi ele que me contratou - Ela deu de ombros com um sorriso leve nos lábios - Ou talvez eu não seja uma dama.

–- Interessante... Mas de qualquer forma, foi uma ótima escolha vir para cá. Esse velho homem das cavernas cuida muito bem dos seus empregados - Tentei direcionar o olhar para o barman que estava de costas que ignorou o comentário. Aquela resposta foi um tanto diferente para uma garota tão nova, mas ela realmente não parecia ser do tipo patricinha, não sobreviveria num bairro como este nos dias de hoje.

–- É, eu sei. Eu e Daniel fomos muito bem recebidos.

–- Desejo muita sorte na sua carreira, e daquele seu ''amigo'' também.

–- Retire as aspas e a entonação, não há porque usar outro sentido nesta palavra. Mas obrigada, espero que volte mais vezes. Nunca te vi por aqui.

–- Fico pouco tempo em um lugar só - Acenei para John - Mais uma dose, por favor!

–- Parece ser do tipo ocupado - E foi entregue a minha dose um pouco maior que as anteriores - Não pude deixar de ouvir que está procurando alguém, essa pessoa que te faz viajar?

–- Exatamente.

–- Chega a ser bonitinho.

–- Se soubesse da história de verdade, não descreveria com essas palavras - Eu realmente DETESTO quando comentam do meu pai, nem uma garota bonitinha foge disso. Deixei o dinheiro sobre a mesa, o álcool praticamente não faz efeito em meu corpo mesmo já tendo passado da 9ª dose.

–- Desejo que volte logo, já que imagino que já esteja indo.

–- Tenho algumas ocupações a cumprir. Sempre que estiver na cidade, prometo que voltarei - Lentamente me levantei sentindo aquele cheiro que sempre me contagiava, uma sensação excitante e ao mesmo tempo preocupante. Algo que sempre gostei e me atraía quase como instinto: perigo.

A porta do salão escancarou-se, abrindo espaço para uma garota entrar.

Era mais sensual, esbelta e com traços de uma riquinha de Manhatan, com roupas de quem passava horas viajando cima a baixo na quinta avenida. Rios de dinheiro em lojas como Sephora e Gucci gritando por todo o corpo. Mas tenho que admitir que isso faz bem a uma mulher.

Algo brilhava em seu peito, uma luz fraca vindo de um colar preso em volta do pescoço, escondido pela blusa de linho; um azul fosforescente que quase cegava minhas retinas sensíveis.

Atravessando o bar como se fosse seu show pessoal, caminhar parecia um desfilar mais delicado, que terminou sobre o palco com o baterista. Alguns cumprimentos, piadas e sorrisos depois ela voltou a sair da mesma forma que entrou. Sem palavras, mas com todos os holofotes.

"Entao isso que Mia quis dizer quando perguntei sobre eles dois. Essa deve ser a garota dele" pensei comigo mesmo enquanto dava uma risada interna. Estava distraído enquanto ela voltava a porta, e após passa-la, algo começou a me alertar, a confirmação daquela sensação estranha estava perto.

Fui empurrado pelo instinto. Aquela garota tinha algo, e o brilho não era normal.

E quando segui seus passos para fora do bar, aconteceu. Um grito.


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