Oração ao Tempo escrita por Tifa Lockhart Valentine


Capítulo 2
It's times like these time and time again


Notas iniciais do capítulo

Olá olá!

Voltamos com mais um capítulo! Olha que orgulho! (Espero que essa fic seja rápida, mas não me garanto)

Espero que gostem!

Beijos da Tifa!



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Tinha oito anos, estava na escola e odiava matemática com todas as suas forças. Não era algo simples, eram muitos números e sinais e, sendo bem honesta, não via sentido para tudo aquilo.

O professor Iruka começou a explicação sobre multiplicação e divisão, mas não conseguia seguir a linha de raciocínio do professor. Estava frustrada e não conseguia se concentrar. E a culpa não era de todo da matéria.

Hinata considerava-se uma boa aluna, sempre entre os primeiros da classe, mesmo em matérias que abominava como a matemática. Não podia causar problemas para o pai, por isso sempre pedira ajuda para o primo. Neji era um aluno exemplar.

O sino soou alto, tirando a jovem garota de cabelos negro-azulados de seus pensamentos. Grata pelo término da aula, despediu-se dos amigos que saiam apressados e esperou que o empurra-empurra do fim das aulas diminuísse.

– Até amanhã, Iruka-sensei.

O professor estava corrigindo alguns trabalhos e sorriu para ela. – Até amanhã, Hinata. Vá com cuidado para casa.

Sorriu e fez uma leve reverência, caminhando de olhos baixos até a saída, onde Neji aguardava por ela.

– Vamos, Hinata-sama?

Franziu o nariz com o título que o primo insistia em chama-la, mas sorriu pequeno enquanto concordava e segurava a mão estendida a ela.

O caminho foi feito em silêncio. Não era um silêncio desconfortável, mesmo que houvesse algo que insistentemente martelava na cabeça da jovem Hyuuga.

– Aconteceu alguma coisa, Hinata?

Assustou-se e tropeçou, mas não caiu. Apenas encarou os orbes perolados do primo. Sentiu o rubor começar a surgir em seu rosto, não queria incomodar o primo tão cedo e com um assunto tão... íntimo.

– N-n-não, Nii-san... – respirou fundo e forçou um sorriso nos lábios – Não f-foi na-nada.

Ele sorriu e bagunçou seus cabelos curtos antes de voltar a caminhar. Ela o empurrou devagar, tentando arrumar o cabelo bagunçado antes de acompanha-lo.

– Aposto que foi matemática...

– Nii-san! – o comentário despretensioso do rapaz a fez estancar seus passos e baixar os olhos, puxando a manga da camisa do colégio para esconder seus punhos.

– Sabia! – ele riu, divertido – Vamos, Hinata, não tem problemas em ter dificuldades em matemática. É a única matéria em que é fraca. Eu te ajudo.

Respirou fundo. Tinha a impressão de que não importava o que acontecesse, Neji sempre sabia o que ela sentia e o que fazer e falar para fazer com que se sentisse melhor.

– Iruka-sensei começou a nos ensinar multiplicação e divisão... – começou, ainda um pouco vermelha.

– Hmmm... Você precisa aprender direitinho, Hinata, afinal serão importantes mais a frente quando começar física e química, e até mesmo um pouco em biologia...

O silêncio voltou a cerca-los, apenas o som de seus sapatos na calçada a lhes fazer companhia. Voltaram a dar-se as mãos e Hinata baixou o olhar para suas mãos unidas, puxando novamente o punho da camisa. Seu movimento não passou despercebido pelo primo, é claro.

– O que realmente aconteceu, Hinata?

Suspirou audivelmente e desistiu de tampar aqueles números que insistiam em piscar em seu punho direito.

– Sakura-san e Ino-san pediram para o professor nos ensinar a contar quanto tempo falta... – deixou a frase em aberto, sua voz sumindo ao final. Sabia que era um assunto delicado para o primo.

Como imaginou, ele respirou fundo e apertou com um pouco mais de força sua mão, sem machuca-la.

– Você fez as contas?

Continuou em silêncio, sentindo a garganta queimar um pouco, um soluço se formando no peito e as lágrimas começando a embaçar sua visão. Não queria assumir o que lhe acontecera na sala, o quanto estava se sentindo mal.

– Hinata?

– É muito grande... – respondeu sem encarar o rosto de Neji – Eu não consegui fazer a conta...

Sentiu novamente sua mão ser apertada e levantou os olhos para o primo. Neji também possuía um certo brilho triste no olhar, mas sorriu de lado para provoca-la.

– E você não quer saber quanto tempo falta? Acho certo. – deu de ombros de leve, ainda sorrindo – Assim não acaba com o mistério...

Acabou dando um pequeno sorriso e enxugou os olhos. Sabia que assim que chegassem em casa ele iria ajuda-la.

– Obrigada, Neji-nii.

–x-

Após o jantar, Hinata estava em seu quarto, lendo a matéria de história que fora dada pela manhã e resolvendo os exercícios, compenetrada. Esquecera-se por completo qualquer problema que tivera mais cedo. Assustou-se com a leve batida na porta.

– Hinata-sama? – a voz calma do primo a chamou – Posso entrar?

Abriu a porta, sorridente. – Claro Neji-nii! – voltou a se sentar em frente à mesa, observando o primo sentar-se em sua cama – Em que posso ajuda-lo?

Ele riu encarando a prima. Hinata franziu as sobrancelhas e cruzou os braços, não gostava quando Neji ria de si.

– Já se esqueceu, Hinata? Vim ajuda-la com uma conta...

O rubor tomou conta do rosto de Hinata e ela levou as mãos as bochechas, totalmente esquecida do problema enfrentado durante a aula de matemática. Seu coração disparou em seu peito, não sabia se realmente queria saber com quantos anos conheceria sua alma gêmea, não sabia se conseguiria pedir isso a Neji.

– Se não quiser, eu entendo, Hinata... – o primo não desviou o olhar dela por um instante, percebendo por alto o que se passava em sua cabeça – Podemos esquecer essa história...

Sentiu o peito doer. Não sabia exatamente o que fazer, mas ver o primo se levantar com um pequeno sorriso nos lábios e balançando a cabeça foi demais para ela. Segurou a mão do primo entre as suas, sem encará-lo.

– Por favor, nii-san... – sua voz não era mais alta que um sussurro.

Ele apertou suas mãos e sentiu-se um pouco mais calma. Ele suspirou e voltou a se sentar próximo à mesa.

– Então vamos lá, Hinata. – a voz de Neji era calma e carinhosa – Podemos fazer uma regra de três, Iruka-sensei já ensinou pra você?

Ela negou com a cabeça, mas pegou seu caderno e um lápis, entregando para o primo.

– É até simples. Vamos começar?

Trocaram um pequeno sorriso e ele começou a explicar que 1 minuto tinha 60 segundos, que 1 hora tinha 60 minutos e que 1 dia tinha 24 horas. Que para descobrir quantas horas tinham em um ano bastava igualar o ano, 365, a “x”, e assim por diante. Hinata praticamente bebia as palavras de Neji, tentando imaginar como faria as contas com um número tão grande quanto o que piscava em seu punho.

– Então, se multiplicar cruzado assim, e dividir o valor pelo número de “x”, consegue o número de horas em 365 dias, entendeu?

Concordou com a cabeça e inconscientemente coçou o punho. Neji sorriu e suspirou, puxando o braço direito de Hinata e anotando o número que estava ali no papel.

– 131.400 horas... – ele falou pensativo – Se em 1 ano temos 8760 horas, 131.400 horas é igual a “x”. E isso significa que “x” é igual a 15...

Hinata respirou fundo, levando as mãos ao coração. Quinze. Era um número grande demais em comparação com o restante da sala. Sabia que alguns amigos teriam os relógios zerados em vinte dias. O mais longo que ouvira na sala seria dois anos. E ela teria que esperar quinze anos.

– Está tudo bem, Hinata? – Neji passou a mão no rosto da prima em um carinho.

A garota concordou em silêncio, sem coragem de responder. Não confiava na própria voz. Iria conhecer sua alma gêmea em quinze longos anos. Teria 23! Já seria uma adulta...

– O-obrig-gada, Neji-nii... – tentou sorrir para o primo.

Neji concordou e lhe desejou boa noite, a deixando sozinha com seus pensamentos. Por mais que tentasse não conseguia deixar de olhar seu relógio.

Em 15 anos saberia sua resposta.

Pela primeira vez desde que tinha reparado nos números piscando em seu punho pôde respirar com tranquilidade. Sim, demoraria, mas ao menos agora sabia quando o encontraria.


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