POV ALISON

Quero te levar a um lugar amanhã. Você aceita?

Emily: ok. Antes de você responder, deixa eu explicar direito... Amanhã é um dia muito importante pra mim... – suspirou. – E geralmente eu fico sozinha, mas dessa vez eu gostaria de companhia. Ou melhor, da sua companhia. – sorriu timidamente. – Então... você gostaria de passar o domingo comigo?

Como eu poderia negar um pedido desse?! Na verdade eu nem pensei em dizer não. Ultimamente tudo o que eu mais quero é ficar do lado da Emily. Ela faz eu me sentir bem, não me olha com pena, e o melhor de tudo... eu não preciso fingir quando estou com ela.

Sem falsos sorrisos, sem conversas apenas para manter o ambiente confortável... nada disso acontece. Ela me deixa livre, deixa eu ser quem eu sou... tudo o que ela ‘conseguiu’ de mim foi conquistado e não imposto.

Alison: Eu adoraria. – respondi baixinho, mas com toda a certeza que eu poderia ter.

Emily: Ótimo! – exclamou visivelmente alegre. – Pra onde seus pais irão amanhã com a Aria?

Alison: Como semana passada não deu para eles irem à praia. – Lembrei-me do episódio da tempestade, franzindo a testa. – O dia será na praia. Mas eles não devem demorar, por que no final da tarde a Aria tem uma festinha de aniversário pra ir.

Emily: Hmm Entendi. Você deveria ir à praia com sua família, já que eles não vão demorar... Eu só te busco depois do almoço. – deu a idéia

NÃO MESMO! De todos os lugares que meus pais vão, praia é com certeza o pior deles. Quer dizer... no final da tarde, ou à noite até que poderia ser bom... sentir o vento no rosto, ouvir as ondas quebrando na arrebentação... nossa, só de pensar já dá uma paz. Há muito tempo que eu não faço isso..

Mas ir durante o dia, com centenas de pessoas ao seu redor, usando biquíni ou roupas minúsculas... nunca mais!

Alison: Não gosto de praia. Sabe, lá tem muitas pessoas... a água salgada... a areia... – encolhi os braços. – sei lá... não me sinto confortável. – gaguejei com a meia mentira.

Emily: É desconfortável mesmo. Por isso que eu prefiro piscina... aliás, lá em casa tem uma... quando você quiser a gente pode usar.

Alison: É. Quem sabe... – tentei não cortar o barato da Emily, mas definitivamente isso não iria acontecer.

Emily: Você acha que eu devo falar com sua mãe, pedir autorização pra nós sairmos amanhã?

Alison: Não precisa. Eu falo com ela. Ela nunca iria negar... – essa última frase era pra ser apenas um pensamento.

Emily: E por que não? – sabia que ela não ia deixar passar.

Alison: Por dois motivos. Primeiro: Ela faz de tudo pra que eu saia de casa, nem que seja pra eu ir ali na pracinha da rua de trás. – Emily sorriu. – E segundo e acho que mais importante... ela gosta de você.

Emily sorriu ainda mais ao saber que tinha conquistado minha mãe. Me pergunto se ela tem inimigos... ah, claro que não! É impossível que tenha algum. Essa garota transcende os níveis de bondade e gentileza.

Emily: Gostei de saber disso. – levantou-se. – Mas enfim... preciso ir embora, já tomei muito do seu tempo... e vou tomar ainda mais amanhã. – brincou. - Até amanhã Alison, mais tarde a gente se fala e eu aviso a hora que irei passar aqui.

Alison: Até amanhã Emily. Obrigada. – Levantei ficando de frente pra ela. Droga, isso vai ficar desconfortável em 3... 2...

Emily: Eu que deveria te agradecer. – disse com uma voz mansa e logo depois saiu caminhando na direção do carro. Ah, havia esquecido que ela pega as coisas no ar.

– Ei, nem pense em tentar arrancar algo da Aria. Eu contarei o que você quer saber... mas só amanhã. – disse divertida já dentro do automóvel.

Alison: Tudo bem, não irei perguntar nada.

POV EMILY

Emily: Oi, cheguei! Tem alguém em casa?!

Wayne: Aqui! – ouço um grito vindo do quintal.

Coloquei a bolsa no sofá e fui para o quintal... me esforcei muito pra não gargalhar, porque a cena estava muito engraçada. Meu pai com todo o seu tamanho, vestia apenas um calção velho, todo molhado e ensaboado.. correndo feito um louco atrás do meu cachorro.

Wayne: NÃO RIA. – ordenou já rindo.

Emily: Desculpa, mas... – não evitei a gargalhada.

Wayne: A culpa é sua! Você mima demais esse cachorro. – finalmente segurou o cão.

Emily: Não posso fazer nada se ele só obedece à mim. – me aproximei.

Wayne: É? Pois da próxima vez que seu filhinho cair na piscina, vou deixar pra você resolver.

Meu ‘’filho’’ é um husky siberiano de 4 anos e meio. Um domingo à tarde... eu estava em casa, trancada no quarto, quando de repente meu pai apareceu com ele no colo. Pequenininho, branquinho... parecia uma bolinha de neve. Meu pai disse que quando o viu, teve que comprá-lo, pois se lembrou de mim. Me apaixonei no mesmo instante.

O problema é que Snow só obedece aos meus comandos. Já com o resto da minha família ele é completamente mal criado, e com estranhos é até um pouco agressivo.

Emily: Ele só cai na piscina quando você joga a bolinha naquela direção. Então tecnicamente a culpa é sua.

Wayne: Tá, você me pegou. Mas dessa vez foi sem querer. Você podia secá-lo, eu preciso passar na loja antes de fechar... hoje é dia de pagamento. – pediu.

Emily: Sorte sua que eu estou de bom humor. – brinquei. – Claro, deixa que eu cuido desse bonitão. Vem Snow! – chamei meu bebê e ele obedeceu prontamente.

Wayne: Você parece mesmo bem humorada... falando nisso, por que a pressa lá em sair do GA mais cedo? Onde você foi? – levantou a sobrancelha demonstrando curiosidade.

Emily: Fui deixar a Alison em casa... lembra dela? – perguntei enquanto secava o Snow.

Wayne: Lembro sim. Mas não sabia que vocês se falavam, ela geralmente não fala com ninguém. – comentou. – Até me espantei quando ela quis falar hoje... no bom sentindo, claro.

Emily: Na verdade eu também... achei que ela estivesse evoluindo, mas não tão rápido. –pensei alto demais.

Wayne: Espera, a pessoa que ela estava falando... Era você Emily?