LIFE escrita por Luiza Brittana4ever


Capítulo 3
Não se intrometa com o açúcar dos outros


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas mais lindas desse mundo! Eu sei que fiquei alguns bons dias e meses sem postar, mas esse capítulo vai valer por uns três hahaha (assim espero)
Espero que gostem e boa leitura!



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Charlotte acordou quando sentiu seu corpo esfriar rapidamente de uma hora para a outra. Abriu os olhos e viu Quinn calçando os sapatos brancos ainda sonolenta. Quinn olhou para ela e sorriu no meio de um bocejo.
–Bom dia. -disse Quinn se abaixando para beijar de leve os lábios de sua esposa. -Meu bip me acordou, eu tenho que checar o senhor Carter, mas volto assim que ele estiver bem.
Quinn se dirigiu até a porta e quando essa bateu, Charlotte já parecia desperta. -Bom dia.
A cabeça de Santana apareceu na visão de Charlotte. -Dia, Char. Como você está?
–Cansada. -admitiu Charlotte. Santana inclinou a cabeça. -E você?
–Melhor do que eu esperava. Adam me ligou faz algumas horas, não conseguir dormir depois disso.
–Ele deve ter ficado preocupado. Você falou para ele que ficaria aqui?
Santana confirmou com a cabeça e Charlotte arqueou a sobrancelha. -Não que eu ficaria, mas que eu viria para cá. Ele sabe como são os meus plantões.
–Mas ele ainda não sabe que você voltou para o hospital. Deixe de dar desculpas e ligue para ele! -disse Charlotte. Buscou o jaleco pendurado na cabeceira de ferro do beliche e deixou o quarto. Santana buscou o celular debaixo do travesseiro e apertou o botão central, a bateria se mostrava menor do que quando havia acordado e uma mensagem de Adam preenchia a maior parte da tela do celular. "Estou indo para o trabalho, não sei que horas vou chegar. Tem comida indiana na geladeira." Ela clicou no nome dele e com mais alguns toques seu celular o chamava e ele a atendeu na segunda chamada.
–Santana? -perguntou Adam. Santana respirou profundamente e assentiu com a voz. -Onde você está?
–Estou no hospital, acabei dormindo aqui. -comentou Santana. -Eu liguei para dizer que vou aceitar a proposta do doutor Boole. Achei que você deveria saber.
–Obrigado pela consideração. -ironizou Adam.
–Achei que tínhamos decidido que eu poderia escolher o meu próprio futuro, pelo menos o profissional.
–E eu achei que você ia tentar consertar nosso casamento!
–Não posso consertar sozinha quando o casamento se trata de duas pessoas.
–Não quando apenas uma delas está quebrada. -advertiu Adam. Santana ficou em silêncio e conseguiu ouvir os pneus do táxi riscando o asfalto pela linha telefônica. -Eu já cheguei na empresa. Tenho que ir.
Santana ouviu a linha ser cortada e desceu o celular deixando-o cair no colchão. Ela pulou de sua cama caindo no chão com os dois pés ao mesmo tempo e buscou seu jaleco. Foi direto para o vestiário andando o mais rápido possível. Trocou de roupa por outra roupa igual e arrumou o cabelo. Olhou para o lado e viu Lizzie encostada num armário com os olhos fechados e a cabeça pendurada, ouvi música alta pelos fones. A cabeça pendurada no pescoço, como se tivesse encontrado uma posição confortável e dormido nela por séculos.
–Ei! -chamou Santana rindo. Ela cutucou o braço de Lizzie com o pé e a chutou de leve. -Lizzie!
–Hey! -gritou Lizzie e abriu os olhos. Ela viu Santana em pé e pediu ajuda para se levantar. -Eu não estava dormindo. Eu estava pensando sobre... rins!
–Claro que estava. -disse Santana rindo. -Vamos? Eu tenho que passar na sala do senhor Boole para aceitar o emprego.
–Bem-vinda novamente, Sant. -disse Lizzie sorrindo e as duas deixaram o vestiário.

–Doutora? -chamou Anne. Brittany abriu os olhos e se situou. Ela estava numa das mesas da cafeteria interna e não se lembrou de como havia chegado ali. -Bipamos você faz dez minutos. Você tem que checar o transplante de ontem. Eu fui ver se estava tudo bem nas rondas noturnas e ele parecia bem.
–Ele já acordou? -perguntou Brittany fechando os olhos com força. Anne negou com a cabeça, Brittany assentiu. -Ele deve acordar agora. Como estão os sinais?
–Estáveis. A pressão tinha aumentado durante a noite, mas normalizou depois da madrugada. Precisamente as quatro e trinta e três.
–Pode me acompanhar até lá? -perguntou Brittany num solavanco, Anne concordou. -E passar para ver o senhor Jeremiah.
–É o homem com o coração de ferro. -comentou Anne.
Brittany se lembrou da ficha do homem e concordou com a cabeça. -Ele deveria ser lembrado por esse nome, com toda a certeza.
–Dez vezes. Dez paradas cardíacas. -disse Anne sorrindo. -E ainda tem a audácia de culpar o sódio.
–Gostamos de não sentir culpa. -comentou Brittany enquanto andava com Anne ao seu lado. -Por isso, negamos que a culpa é nossa até onde podemos aguentar.
–Podem segurar o elevador para mim? -pediu uma figura com pressa vindo na direção delas.
Brittany colocou sua mão na porta, trancando a porta. A figura entrou pela porta dupla e relaxou.
–Obrigada! -agradeceu Quinn. Ela tinha na mão dois copos de isopor com café. Ambos foram preparados na máquina da cafeteria. -Oi, Anne. E Brittany! Você dormiu aqui também?
–Quase, se você considerar as cadeiras da cafeteria. -comentou Brittany rindo e quando levantou seu braço esquerdo um estralo foi ouvido.
–Até que não é tão ruim. -disse Quinn rindo. -Eu já dormi em pé. No banheiro.
–São os contras de um plantão. -disse Brittany rindo.
–Eles tem quartos aqui, você deveria ter dormido num deles.
–Eu vou me lembrar disso essa noite. -agradeceu Brittany.
–Outro plantão? -perguntou Quinn com algo mais do que pura curiosidade.
–Talvez, provavelmente sim. -comentou Brittany. -Plantões são ótimos para conhecer o hospital. Há não ser quando você caba dormindo numa cafeteria.
Quinn riu. O elevador parou e Quinn se despediu delas. Brittany seguiu até a ala de quartos e quando passou pelo carrinho do corredor buscou duas luvas, Anne já estava dentro do quarto. Ela olhava os aparelhos e anotava tudo no prontuário.
–Ele está com os mesmos dados de quatro horas atrás. -informou Anne. Brittany agradeceu. Caminhou até o homem e com as mãos abriu seus olhos, passando uma pequena lanterna. Ele estava bem. -Acho que deram alguma dosagem errada para ele. O paciente já deveria ter acordado.
–Sim, já. -confirmou Brittany. Olhou para os aparelhos, respiração constante. -Olá, senhor Vicent. Preciso que o senhor acorde para sabermos se seu corpo reagiu bem ao novo coração.
Ouve mudanças no aparelho e Vicent abriu os olhos. Anne arrumou seus travesseiros e o ajudou a se levantar. -Olá, doutora.
–Não precisa se levantar, senhor Vicent. -pediu Brittany. -Como o senhor está se sentindo?
–Como se cavalos tivessem me pisoteado. -disse ele rindo. -Mas meu coração deve ser um cavalo, agora.
–Seu corpo está aceitando muito bem. -averiguou Brittany sorrindo. Vicent tentou buscar o maço de cigarros ao seu lado, mas a mão de Brittany foi mais rápida.
–O que?
–O senhor havia prometido, lembra? Sem cigarros caso o transplante desse certo. -disse Brittany segurando o maço com as mãos.
–Falei porque achei que não daria certo. -disse Vicent rindo. -Mas aqui estou eu! Roubando o coração de outra pessoa e fazendo promessas para outras. Me dê pelo menos um! Não deveria ser minha escolha?
–Deveria, mas sabe o que não é uma escolha? Escutar um médico! -disse Brittany jogando o maço fora. -A longo prazo, você vai querer ter feito isso por conta própria.
–Meu corpo é uma metáfora de mim mesmo. -comentou Vicent. -Se esse novo coração é um cavalo. Todo o resto é um celeiro. Um cigarro ou dois não faz diferença.
–Senhor Vicent, não faço ideia de quantos médicos devem ter falado para o senhor que fumar faz mal, mas por algum cálculo idealizado posso dizer muitos. Se tornou muito banal, mas não deveria ser. Você quer fumar? Escolha do senhor. Mas está proibido de fumar aqui. Eu vou assinar uma pedição e você não vai poder deixar esse quarto até que esse coração reconheça seu corpo. Então, nem tente! A última vez que vi um homem acendendo um cigarro no quarto de hospital, sua cara explodiu junto com o oxigênio das cânulas.
–Doutora. -chamou Vicent. Brittany olhou para ele. -Você deve entender. Eu já tentei parar, mas nunca consegui. Dizem que meu corpo é muito fraco, eu não sei. E se eu diminuir a quantidade? Eu sei que não vou conseguir parar.
–O senhor tem um novo coração. -indagou Brittany. -Agora faça com que seu corpo esteja bom para acompanha-lo. Vou pedir para que a enfermeira traga alguns adesivos de nicotina.
–Obrigada, doutora. -disse Vicent. Deitou sua cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Anne olhou para Brittany antes de sair para buscar os adesivos.
–Talvez você leva-lo para respirar ar fresco, Anne. Tudo depende das batidas daquele coração.

O bip de Charlotte começou a apitar muito alto e repetidamente. Ela leu o código e se levantou. Ela estava sentada sozinha na cafeteria externa e quando atravessou a porta viu Quinn andando em sua direção.
–Te encontrei! -disse Quinn bufante. -Eu fui no quarto, mas ninguém estava lá.
–Você está bem? -Quinn estendeu o copo de café que já deveria estar frio para Charlotte que sorriu com o ato. -Obrigada, amor.
Quinn beijou levemente os lábios de Charlotte. -Você ia para algum lugar agora? Porque eu estava pensando em ficar com você um pouquinho.
–Me biparam agora. -informou Charlotte. -Eu tenho que ir. Eu posso te encontrar em outro lugar para conversar.
–Eu não queria conversar. -disse Quinn baixinho. Charlotte beijou seus lábios e voltou a caminhar com seu copo de café frio. -Até depois!
Charlotte tomou um gole do café e ainda estava morno, ela tomou mais alguns goles e jogou o copo fora. Caminhou até o número que apareceu no bip. Ela viu o senhor Boole conversando com uma senhora loira na frente na porta de um quarto particular. Quando ele viu Charlotte caminhando em sua direção, pediu que a mulher entrasse e caminhou até Charlotte.
–Bom dia, senhor. -cumprimentou Charlotte. -Algo grave?
–Parcialmente. -comentou o doutor Boole. -Tentativa de suicídio. Brooke Sheft, 17 anos.
–Tentativa? -perguntou Charlotte. -Ela já está bem, suponho.
–Está sim. A senhora Sheft está preocupada com a saúde da filha.
–É de se esperar, senhor. -comentou Charlotte. -Mas ainda não entendi o que estou fazendo aqui. Se ela já está aqui, quer dizer que ela já fez alguma cirurgia. O que quer dizer que não sou mais útil nesse caso. E ela ainda é uma criança, deve ser vista por um psicólogo infantil. Eu posso chamar um de meus residentes para acompanhar o caso dela, se assim preferir.
–O problema é que a senhora Sheft acredita que o problema da senhorita Brooke pode ser resolvido por uma cirurgia e pediu que uma cirurgiã pudesse conversar com ela. Eu achei que vocês se dariam bem, você e Brooke.
–Você disse que ela acredita que o problema é removível. Qual é o motivo de a menina estar aqui?
–Brooke se assumiu homossexual faz alguns meses. -disse doutor Boole cauteloso. -Achei que poderiam conversar.
–O senhor achou que apenas porque eu sou homossexual e tenho uma vida estável com minha mulher poderia entender a gravidade da situação? -perguntou Charlotte sentindo algo dentro dela. -Isso foi um pouco preconceituoso, senhor.
–Por favor, Charlotte. Não me entenda mal. Eu não a solicitei apenas por esse motivo. O momento é delicado, extremamente delicado. Achei que a menina se sentira mais a vontade se ouvisse outras opiniões a não ser a mãe dela. -pediu Boole sorrindo. -Apenas fale com a menina.
–O caso é meu. -disse Charlotte pegando o prontuário cinza com Boole. Ela caminhou até a porta e respirou profundamente.
–E lembre-se, Doutora Davis, nossa paciente é Brooke.
Charlotte assentiu, mesmo que tivesse ignorado esse comentário. Levou o punho a porta e bateu de leve. -Bom dia, senhora Sheft. Eu sou a doutora Davis.
–Você é a cirurgiã que solicitei? -perguntou a mulher a sua frente que tão próxima parecia ter olhar e feições mais brutas que o esperado. Poderia descreve-la com facilidade, mesmo que não quisesse gravar seu rosto.
–Eu sou uma cirurgiã, sim. -disse Charlotte. A mulher tampava sua visão de Brooke. -Traumas.
–Ótimo, preciso que concertem minha filha.
–Concertar? -perguntou Charlotte. -A senhora poderia descrever o que está acontecendo?
–Isso não vai funcionar, porque ela não sabe o que está acontecendo. -disse uma voz fina vindo da cama. Charlotte caminhou até a voz e viu a pequena imagem à sua frente. Brooke tinha cabelos loiros e era baixinha como a mãe. -Eu sou Brooke, o caso perdido.
–Não seja tão petulante, Brooke.
–O que eu saberia sobre petulância? Apenas que certos tipos podem ser muito bem aproveitados em certos tipos de situações.
–Charlotte. -disse Charlotte sorrindo. Brooke esticou as bochechas numa tentativa de sorriso, mas estava nervosa. -Senhora Sheft, poderia dizer o que quer consertar na sua filha? Mesmo que eu não seja cirurgiã plástica, gostaria de saber.
–Ela acha que é gay. Acha que o pecado vive dentro dela, mas isso não é algo que Deus quer para minha filha. Quero que você concerte isso.
–E onde acha que eu deveria concertar? -perguntou Charlotte. -Onde você acha que fica essa espécie de bolsa gay que algumas pessoas carregam?
–É na cabeça dela. Já fomos a todos os psiquiatras. Nada ajudou, então deve ser dentro da cabeça. -disse a senhora. Ela estava em pé ao lado da cama. Brooke olhava para o teto, quieta. Quase como se ouvisse aquele tipo de comentário todos os dias e que a cada palavras, uma batalha era perdida. Mas Brooke não necessitou falar, seus olhos levavam toda a tristeza que seu corpo não podia irradiar.
–A senhora se importaria se eu conversasse com a Brooke por alguns minutos? -perguntou Charlotte enquanto assinava algumas folhas no prontuário. A mãe de Brooke se sentou no pequeno sofá e esperou que a conversa fluísse. -Sozinha. Preciso falar com ela, sozinha. Depois, posso responder quaisquer dúvidas que a senhora ainda tiver.
A mulher se levantou e deixou o quarto. Charlotte pareceu respirar suavemente e consideravelmente melhor. Brooke desceu seu olhar até aquela doutora que a checava.
–Ás vezes, dizer aquilo que as pessoas querem ouvir as fazem ficar longe. -comentou Charlotte . -Pelo menos as fazem parar de fazer comentários desagradáveis.
–Minha mãe não entende. Ela literalmente acha que existe algum tipo de glândula gay que pode ser removida e pronto! Vou sair procurando um marido.
–Podemos revirar seu corpo de cabeça para baixo, podemos botar seus olhos em suas mãos, mas nunca encontraríamos uma glândula gay ou qualquer coisa parecida que sua mãe tenha em mente.
Brooke sorriu agradecida. Era uma menina simpática, que apesar das dores da vida.
–E como sua mãe descobriu? -perguntou Charlotte checando os aparelhos ao seu redor. -Você contou para ela?
–Contei. O que é surpreendente devido ao modo como ela reage até hoje, eu sei. Mas eu sabia que ela prezava a honestidade muito mais que minha sexualidade.
–E hoje ela desconfia de suas faculdades mentais. -comentou Charlotte. Brooke riu. -Você parece cuidar bem da situação.
–Quer dizer, pelo fato de eu estar aqui hoje por tentativa de suicídio?
–Certo. Me desculpe. Meu café estava frio e eu não estou pensando direito. -Charlotte se sentou no sofá perto da cama. -E quem era a menina especial?
–Minha melhor amiga. -disse Brooke. Pareceu desmoronar como um castelo de cartas. -Ex-melhor amiga, na verdade. Ela me amava. E colocou toda a pressão do mundo em cima de mim para contar a verdade para minha mãe. E quando eu contei, ela simplesmente desapareceu da minha vida. Deixando apenas o drama. É, ela era bem dramática.
Charlotte não sofreu com nenhum tipo de drama. Desde que conhecera a Quinn, no início da faculdade, ela sabia de algum modo que ela era especial. Então todos os dramas de suas vidas eram atropelados pelas as duas com suas pressas para serem felizes. Porque elas se amavam o bastante para saber ignorar dramas de casos reais. Mas cá estavam elas, enfrentando o primeiro e grande drama de suas vidas.
–Eu sinto muito que ela tenha saído desse jeito. -Disse Charlotte genuína. -Mas se ela te amasse mesmo, teria ficado. Tudo acontece por uma razão. Me desculpe, eu não sou psicóloga, nem sou boa com palavras de consolo.
–Tudo bem, eu não estava procurando por palavras de consolo, então... -Brooke fitou o teto novamente, deixando claro que fazia isso quando se sentia desconfortável. -Você é casada. Eu notei sua aliança, é um belo diamante.
–Obrigada. -disse Charlotte olhando para a sua mão. -As vezes me esqueço do quão belo ele é.
–Seu marido ou seu diamante? -perguntou Brooke interessada em qualquer assunto que não fosse sua vida amorosa ou sua vida em geral.
–Do meu diamante. -disse Charlotte rindo. -Eu não poderia esquecer o quão bela Quinn é. Nem se quisesse. Ela faria questão de me lembrar todos os dias.
–Oh, você é lésbica. -disse Brooke. A sobrancelha se levantou em sinal de pergunta. -Sério, isso foi planejado de algum jeito? Destino, talvez magia? Minha mãe vai ficar louca quando descobrir.
–Felizmente, eu sou uma profissional com um ótimo currículo e sucesso em quase todas minhas cirurgias. Minha sexualidade não me define quando eu seguro um bisturi. Mas devido ao meu pequeno tempo com você e pequenos discursos sobre sua mãe, acho que nem meus currículos poderão acalma-la, modéstia a parte. -disse Charlotte rindo. Brooke riu pelas narinas. -Infelizmente, mesmo que ela não saiba sobre mim, ela talvez não entenderia sobre você ser normal, porque afinal ela não acha que você seja normal. E se ela não achar a resposta aqui, levará você em todos os médicos possíveis e todos eles diriam a mesma coisa. Até que encontrasse algum capaz de fazer exatamente o que ela quer: abrir a sua cabeça e tirar o quer que seja daí.
–Isso faria com que eu não me sentisse tão suicida? Porque, sinceramente, não está funcionando...
–Eu disse que não sou psicóloga. -disse Charlotte como uma brincadeira. Brooke não riu. -Eu não posso convencer sua mãe, mas eu sei quem pode.
–Quem? -perguntou Brooke.
–Você mesma! -disse Charlotte a olhando. -Você pode olha-la e dizer com toda a sinceridade nos olhos que não está se sentindo bem com o jeito que ela lhe trata. Que os modos dela não estão fazendo efeitos positivos. A melhor arte da convivência é o diálogo. Mas a melhor chave para a confiança é o amor. Você tem todas essas escolhas, Brooke. E eu sei que você é jovem para faze-las, para vai saber quais são as medidas que você tem de tomar. Um dia sua mãe vai olhar para você e perceber que a filha dela não pode ser resumida em sua sexualidade, mas sim resumida em "minha filha".
–Obrigada. -disse Brooke com os olhos cheios d'água.
–Não foi nada. -disse Charlotte sorrindo. -E caso isso não dê certo, sei que nossa neurologista é uma grande fã de diversidade e muito amável e convencível. Eu já disse que ela me convenceu a casar com ela? -disse Charlotte sorrindo.
O diamante brilhava com a luz vindo da janela. Charlotte sabia que ainda tinha que conversar com Quinn. Elas prometeram ser honestas uma para outra e era isso que faria.

Quinn viu uma onda de enfermeiros passarem pelo corredor indo para ala cirúrgica. Pescou qualquer enfermeira e perguntou o que havia acontecido.
–Uma mulher acabou de chegar. Está com uma faca na cabeça. E ainda está respirando! Ela vai chegar em cinco minutos pela ambulância.
Quinn correu até o elevador e saiu pela rua, esperando junto com alguns médico a ambulância que traria uma mulher esfaqueada no cérebro e ainda viva, respirando!
–Doutora Fabray, espero que não tenha nenhum caso mais importante que esse. Estou confiando essa mulher a você. Não estrague tudo! -gritou o chefe da ala cirúrgica segundos antes de a ambulância virar a esquina e aparecer voando. As portas se abriram e todos os médicos se juntaram para ver tamanha crise ao redor daquele caso. Quinn pulou dentro da ambulância e o enfermeiro já gritava todos os procedimentos que teve que fazer no caminho. Quinn viu seus movimentos em câmera lenta, sua respiração quase escapar de seu peito. Olhou para o corpo da mulher, ela tinha uma pequena faca de serra ao lado direito do cérebro. Sua conclusão era que a mulher estava morta, no máximo tendo reações mas que não sobreviveria ao uma grande cirúrgica, o que naquele caso específico precisaria fazer.
–Sarah, 47 anos. A vizinha enfiou a faca em sua cabeça quando ela foi lhe pedir um pouco de açúcar. Pode ser mais acreditável do que parece.
Quinn segurou seu puço. Estava fraco. Ela poderia simplesmente pedir que todos saísse e que deixassem aquela mulher morresse em paz. Ela sentiu a mão de Sarah se agarrar a sua e ouviu seus gritos estridentes.
–Eu vou matar aquela vadia!
–Sarah. -chamou Quinn, mas a mulher estava olhando para o teto sem saber para onde olhar. -Sarah, quero que me escute bem. Eu preciso que você fique acordada. Grite, se precisar. Mas quero que fique acordada.
–Aquela vadia! -gritava Sarah. -Vai precisar mais que uma xícara de açúcar se quiser me matar!
–Todos saiam da frente! -disse Quinn, mas poucos saíram.
–Aqui, deixe comigo, querida. -Disse Sarah com um sorriso caloroso, era quase como se ela não tivesse uma faca enfiada na sua cabeça. -Saiam da minha frente!
Duas linhas se formaram ao redor da ambulância e a maca desceu cuidadosamente. Quinn escolheu suas residentes a dedo e as mandou entrar e se preparar. -Me conte mais sobre essa mulher que te faz manter acordada.
–Aquela vadia! Primeiro, roubou meu marido! Não que eu me importasse com aquele traste, ela podia ficar com ele! Agora... Tentar me matar!? Ela vai apodrecer na cadeia. E depois no inferno! E se o mundo é justo, na cadeia do inferno!
Quinn riu baixinho da reação de Sarah. A mulher do açúcar poderia muito bem ter tentado mata-la, mas naquele exato momento era o que a deixava viva.

Santana tinha acabado de deixar a sala do senhor Boole ainda pensando em suas palavras. Apesar de a ter recontratado, ela ainda não passaria diretamente para as cirurgias. Ela teria que ficar com os casos mais comuns e ordinários de um hospital. Seu chefe havia deixado claro que era pelo fato de ela ainda não ter focado em cirurgias no fim da faculdade e que precisavam de médicos na pediatria geral, mas Santana sentiu que teria que provar para ele que seria capaz de voltar, que faria tudo que pudesse para recuperar sua confiança nessa oportunidade. Ela tinha ficado um pouco enfurecida quando soube que ia trabalhar na pediatria geral e ficar afastada de seu verdadeiro amor. "Cada paciente que entra por aquela porta tem um história. Eles dependem de nós para que suas histórias continuem. Seu trabalho é escutar milhares de corações de bebês que ainda não podem falar ou que ainda não nasceram, porque essa é a única história que conhecem até então. Você não vai parar de ouvir histórias, Santana, você vai apenas ouvir as mais curtas histórias de todo o hospital. Em minha visão, é um certo tipo de privilégio."
Ela viu Brittany andando pelo hospital com o maior café em mãos. Se não tivesse olhado para seus pés, poderia jurar que estava parada, pela lentidão que tinha. Santana correu a pequena distância que as separava e olhou o cabelos loiros antes de tocar seu ombro. Brittany se virou e logo arregalou os olhos, como se alguém perto estivesse tendo um ataque cardíaco, e acabou batendo a mão no ombro de Santana.
–Me desculpa, reflexo de cardio. -disse Brittany sorrindo. -Eu estive em "modo avião" a manhã inteira.
–Tudo bem, eu já recebi socos mais fortes. -disse Santana que agora acompanhava uma Brittany mais "veloz". -Eu só quis parabenizar pelo transplante de ontem. Eu nunca havia visto nada parecido. E quando o coração deu a primeira batida... Nossa! Você não desistiu, nem quando tudo parecia perdido.
–Eu não posso desistir quando há uma chance. Esse é meu mantra e eu o repito toda a vez que entro numa CC.
–É bonito. -comentou Santana. Brittany olhou para ela. Viu seus grandes olhos azuis cheios de gratidão. -E como está o seu paciente?
–Estável. Eu fui vê-lo pela manhã. Apesar de ainda estar fumando, seus resultados já melhor... -Santana a interrompeu.
–Você quer sair? -perguntou Santana.
–O que? -perguntou Brittany, suas bochechas estavam vermelhas.
–Comigo e com as meninas. A gente vai num bar perto do hospital. Nós todas vamos estar com folga e eu vi que seu nome estava liberado do quadro. Achei que poder...
–Eu adoraria. -disse Brittany, ainda com o vermelhidão nas bochechas. Seu page começou a tocar e ela teve que se despedir de Santana com pressa.
Ela riu dos pés apressados de Brittany e ria ainda mais para si por ela ter ficado com as bochechas vermelhas. Será que ela teria entendido errado a proposta? O que poderia dizer? Santana a mal conhecia.
–Leanne? -chamou Santana da porta de seu quarto. A mulher estava acordada, sentada com as pernas cruzadas em cima da cama. A barriga já mostrava sinais claros de gravidez, Santana aproximou o quinto, no mínimo quarto mês de gravidez. -Bom dia, Leanne. Eu sou a Doutora Lopez.
–Dia. -disse a mulher baixinho. Ela desligou a televisão e fitou a doutora que lia seu prontuário. -Eu me apresentaria, mas acho que todas as informações possíveis estão presentes nessa pasta.
–É, de fato. -confirmou Santana. -Todas as suas passagens, doenças, procedimentos cirúrgicos estão aqui. Cada pedaço de sua história.
–Então você já deve saber que essa não é a minha primeira vez, e que eu sei o processo de cor e que eu não quero de demore muito.
–Leanne. -disse Santana caminhando ainda mais perto de sua cama. A grávida suspirou, teria que ouvir o sermão novamente. -Eu não posso proceder o aborto. O bebê está grande demais.
–Eu descobri tarde demais. -afirmou Leanne. -Eu não deveria te-lo. Eu tenho que tira-lo, doutora. Eu não posso cuidar dele.
–Eu não quero que você se sinta pressionada. -Santana sabia, por tantos casos que havia tratado na sala de emergência, que mulheres dispostas a abortar fariam de tudo para abortar. O problema não era o aborto, e sim um aborto mal realizado. -Eu quero que você pense bem no assunto. Pense na sua saúde e na desse bebê. Existem tantos jeitos de você ter essa criança saudável.
–Eu não sou a mãe dessa criança. -disse Leanne. -Ela merece mais do que eu como mãe.
–Então, de a essa criança um futuro. Ou melhor, a de a escolha de um futuro.
–Eu sou uma garçonete que está usando o salário do mês para visitar esse hospital. Eu esperava que vocês pelo menos o tirassem de mim.
–As chances de um bebê prematuro sobreviver sem a mãe é de dez por cento. Um pouco baixa, não acha? -Santana havia notado a indecisão em sua fala. Seu trabalho sempre foi ouvir a paciente e fazer o que quisesse dentro das normas dela. Porém, Santana havia se comprometido com o bebê. As vezes ela se esquecia que aquele era seu verdadeiro paciente.
–Eu estou disposta a arriscar. -Leanne colocou a mão sobre a cocha. Coçava a mão, queria tocar a barriga, mas tinha medo que com esse ato, sofresse da compaixão.
–Você está de quatro meses, correto? -Perguntou Santana, começou a prescrever uma dosagem de relaxante no prontuário em frente a cama.
–Eu não sei. -disse Leanne. -Mas eu descobri semana passada. Eu achei que estava engordando pela comida do restaurante, mas vi que meu seios estavam marrons e enormes.
–Então, vamos descobrir. -disse Santana sorrindo. -Eu quero que você relaxe, e pense bastante sobre o que quer fazer. O aborto está fora de questão.
–Se eu tiver esse filho e coloca-lo para a doação, acha que eu poderia não ter mais filhos? Não tem um jeito de eu arrancar os óvulos ou o útero?
–Eu vou explicar todas as possibilidades que você tem. Mas quero que você pense no bebê antes. -pediu Santana sorrindo gentilmente. -No fim do dia, eu vou voltar aqui e podemos conversar sobre isso.
–Mas existe um jeito? -perguntou Leanne.
–Sim, podemos queimar as trompas e pronto. Você nunca mais terá filhos. -disse Santana. Tinha os braços presos nas costas. Ela teria que fazer essa pergunta. -Você já pensou em mante-lo? Cuidar do bebê?
–Eu sei que você é uma médica de bebês, mas será que não ouviu nada do que eu disse? -disse Leanne, a raiva presente em suas entranhas. -Eu não posso! Eu não quero!
O batimento cardíaco aumentando dramaticamente. A pressão elevada. Santana verificou o batimento novamente, a grávida poderia desmaiar a qualquer minuto.
–Leanne! -chamou Santana. -Eu entendi o que quis dizer. Olhe para mim e apenas diga o que você acha certo. Nesse momento. Não pense em mais nada. Apenas diga.
–Arranque essa coisa de mim. -Leanne chorava, tinha o rosto vermelho. -Eu não quero ser mãe.
Santana buscou uma enfermeira no corredor e a pediu a dosagem de relaxante que havia pedido. Leanne esmurrava o colchão quando a agulha entrou em sua carne e o líquido em sua corrente sanguínea. A reação não havia sido instantânea, mas ela havia parado de bater e chorar. Apenas soluçava como uma menininha assustada. Durante o ultrassom, Leanne estava dormindo. Mas o bebê estava bem acordado. Tinha quatro meses e era uma menina. Santana pode ouvir suas batidas cardíacas e não havia melodia mais bonita do que essa.

Brittany havia chegado no quarto do senhor Jeremiah,o homem conhecido como "coração de ferro", em código azul. O corpo já estava deitado e limpo sobre ataque cardíaco. Um enfermeiro já massageava o peito enquanto Brittany gritava pedindo informações de remédios, pressão, pulsação, qualquer coisa que pudesse fazer esse homem estivesse enfrentando pela décima primeira vez um ataque cardíaco! Brittany pediu o desfibrilador e que o carregassem em duzentos.
–Afastem-se! -gritou Brittany fazendo com que todos tirassem as mãos do homem. A prensa apertou o peito do homem e fez seu corpo pular. -Carreguem em trezentos!
Jeremiah abriu os olhos. Os batimentos normalizando com o barulho de sua respiração. Vários minutos depois, quando o homem já estava sob medicação novamente, ele começou a falar.
–Onze. -disse Jeremiah. -E você é a oitava médica.
–Apesar de eu estar impressionada com seus resultados quase instantâneos e de ter quase certeza que o senhor tem um coração muito forte, ainda me preocupa de você ter tido onze ataques cardíacos em todo o seu histórico médico!
O homem riu. Brittany estava de fato o olhando como olhos brilhantes. Como se pudesse ver o órgão pulsante por debaixo de todos os músculos e ossos. Ela ainda se lembrava da mulher que a havia inspirado a fazer cardio. Ela estava numa CC a ajudando com uma senhora e ela dirigiu a frase, que Brittany levava com sua vida, enquanto costurava o coração: "O coração é um órgão extremamente delicado. Romantizado, até. Mas quando falamos de força, é um órgão extremamente forte. É a antítese perfeita." E ela sempre os (corações) viu dessa forma.
–A maioria de meus cardios dizem que é pelo stress. -disse o homem. -Mas não posso me dar ao luxo de me ausentar. Já me ausento toda vez que um desses ocorre.
–Mas não seria mais produtivo se tirasse alguns dias de férias e nunca mais tivesse um ataque cardíaco? Pelo menos, por algum tempo.
–E você é a oitava médica que me diz isso. Escute, menina. Eu ouço todos os doutores falando isso. Eu estou ficando velho e sei o quão perigoso é isso. Mas eu não posso me ausentar agora. Eu tenho uma filha na faculdade mais cara do país. Ela está se formando em direito. E eu que a mandei para a faculdade, foi nossa escolha juntos. Eu preciso que ela se forme. Eu preciso que ela aprenda a se cuidar sozinha, mas para isso preciso ver essa fase da vida dela. Enquanto ela ainda não estiver formada, eu vou voltar a cada ataque cardíaco. E depois, podem fazer do meu coração um troféu se quiserem. Mas enquanto isso: Ele não sai do meu peito.
Brittany notou que existiam várias razões pelo qual as pessoas morriam todos os dias em camas de hospitais, em salas cirúrgica, em qualquer lugar. Mas tinham que ter um coração de ferro para aguentar as razões por quais viver.

Quinn tinha deixado a CC com a ideia de descansar. De se jogar em uma cama e não sair de lá até que suas pernas voltassem a funcionar propriamente. Após dez horas em pé para retirar a faca da cabeça de Sarah, ela seguia para o dormitório. Sarah tinha entrado em estado de coma, sem previsão de volta. Mas ela ainda respirava e Quinn ainda a podia ouvir gritando, mas ainda era uma má notícia. Fechou os olhos por um segundo, andando pelo hospital, e quando abriu viu um copo de café com bolinhos em sua frente. Charlotte estava sorrindo quando fez todo a caminho até a parte traseira do hospital, longe dos dormitórios. Quinn sorriu também porque conhecia aquele caminho. Era para onde iam quando precisavam de privacidade. Tinha um pequeno parque com balanços e um escorregador onde as duas iam para conversar. O parque era usado pelas crianças que iam visitar ou que estavam ali. Ao menos era um lugar privado ao fim da tarde.
–Obrigada, eu estou faminta. -disse Quinn comendo um dos bolinhos.
–E quando você não está? -perguntou Charlotte rindo. Tomou um pequeno gole de café ante de entregar o copo para a Quinn. -Soube que você tirou uma faca de um cérebro hoje. E que a paciente ainda está viva.
–Ela está em coma, mas é o melhor que eu pude fazer. -disse Quinn a olhando triste. -E você?
–Hoje o chefe me mandou para a pediatria. -Quinn a olhou com curiosidade, devorando um segundo bolinho. -Para conversar.
Quinn começou a rir. Sabia que Charlotte não era bom com conversas... Nem com crianças.
–Até que foi produtivo. -disse Charlotte. -A menina chegou por tentativa de suicídio. A mãe é totalmente contra com o fato de ela amar mulheres.
Quinn levantou a sobrancelha e Charlotte sabia que ela tivera o mesmo pensamento que quando o chefe a chamara. -Um pouco preconceituoso, não?
–Eu também tinha achado. -disse Charlotte concordando. -Mas acho que foi bom conversar com ela. Me fez perceber coisas para qual eu tinha me cegado totalmente. Coisas que nós precisamos conversar, Quinn.
Quinn mudou totalmente sua postura. Sabia que, por mais que negasse que precisassem conversar, deveriam. -E qual foi a inspiração?
–Eu disse para a garota que a chave para a confiança era o amor. E que o diálogo era importante. Eu apenas achei que deveria escutar as minha próprias palavras por uma vez na vida. Eu preciso ser honesta com você, porque você sempre foi honesta comigo sobre tudo. Eu preciso que você me ouça. Eu queria muito ter o mesmo amor e vontade se ser mãe como você. Eu realmente queria. E eu acho que um dia eu possa vir a querer ser mãe, mas por enquanto, no momento de dúvida, eu não queria fazer algo que fosse me responsabilizar pelo resto da vida. -Quinn ficou quieta, apenas a olhava com o mesmo carinho de seu primeiro encontro. -Por favor, diga alguma coisa.
–Eu conheço você, querida. Eu conheço cada pedacinho seu, cada camada sua. Quando eu disse que gostaria de ter um filho com você agora, é porque eu sei que estamos prontas. Mas eu confio em você e se você quer esperar, então esperamos. E se um dia você se decidir, eu vou estar do seu lado para ouvir sua resposta. Eu quero ter um filho com você, também estou sendo honesta, mas mais que tudo, eu quero que você queira ter um filho comigo. E eu aprecio sua honestidade. Eu te amo.
–Eu te amo também. -disse Charlotte abraçando Quinn. O cheiro de sua esposa transformando suas sensações internas. -Com todas as minha camadas.
–Com todas as suas camadas. -Quinn confirmou sorrindo.

Após algumas horas no bar, elas decidiram ir para suas casas. Santana ainda relutante com sua situação atual com Adam, mas sentiu um alívio quando ouviu Brittany um pouco alterada lhe chamar na porta do banheiro do bar.
–Santana, você poderia me fazer um grande favor? -perguntou Brittany. Seus olhos azuis pareciam sonolentos. -Eu acho que ultrapassei a bebida por hoje e estou morrendo de sono, será que você poderia me levar para casa? Meu carro está no estacionamento do hospital. Eu pago o seu táxi na volta, eu só não posso dirigir hoje.
Brittany não gostava de dirigir bêbada. Ela tinha sérios motivos para isso. Santana não tinha bebido tanto, mas ela sentiu que precisava de sua presença. Ela poderia simplesmente pedir um táxi para Brittany e ir direto para casa, mas viu em seus olhos algo que não sabia decifrar, apenas sabia que era forte.
–Eu pediria um táxi se lembrasse onde eu moro. -disse Brittany rindo. -Acho que tem flores no nome.
–A avenida das flores? -perguntou Santana intrigada. -É perto do meu apartamento, um bloco para ser mais exata.
Santana estava sentada no banco do motorista com o carro já ligado e uma Brittany alterada ao seu lado.
–Você sabe dirigir, não sabe? -perguntou Brittany. Ela levou alguns fios de cabelo de Santana atrás da orelha, o que fez a morena se arrepiar. -Por que se não souber, a gente pega um táxi.
–Eu sei dirigir. Eu só não pratico muito. -disse Santana baixo. -Que se dane.
Ela virou o volante e saiu com o carro. Virou as esquinas e o primeiro semáforo estava fechado. Brittany parecia mais acordada agora do que no bar o que fez Santana se perguntar se ela estaria falando a verdade.
–Você é casada? -perguntou Brittany a fitando. -Algumas enfermeiras disseram que sim.
Santana ficou tensa. Não gostava de contar sua vida abertamente. -Sim, eu sou.
–É, eu achei que fosse. -disse Brittany olhando as ruas se evaporando pela velocidade.
–E você?
–É complicado. -disse Brittany, e foi a última coisa que disse até chegar em casa. Santana estacionou o carro na garagem e ajudou Brittany a sair do carro. A levou até a porta da frente e Brittany lhe entregou as chaves. Abriu a casa.
Podiam se ver muitas caixas de mudanças e coisas embaladas ainda. Casas em fases de mudança eram sempre um desastre, mas esta estava sistematicamente organizada.
–Entre um pouco, eu já volto. -pediu Brittany. Ela desapareceu por um dos corredores e Santana começou a ler os nomes das caixas "Nick", "Brittany" e as vezes "Nick e Brittany". Achava que tinha acabado de entender o "complicado" que Brittany havia citado mais cedo no carro. Brittany voltou a sala com dois copos de cristal com uísque. Santana sorriu e aceitou o copo já bebericando o líquido.
–Bonita casa. -elogiou Santana. -Quer dizer, não há muito para se ver, mas eu já a achei aconchegante.
Brittany riu. -Eu queria poder sentir isso tão facilmente.
Brittany estava ao lado de Santana, tão próxima que podia sentir seu perfume como se estivessem se abraçando. Estavam intoxicando uma a outra. Mas queria elas saber sobre isso?
–Você é muito bonita. -disse Brittany baixinho. Olhou para os olhos castanhos e se perdeu com eles. Viu os lábios carnudos de Santana se morderem e desejou possui-los naquele momento. Antes que fizessem qualquer besteira, ela ouviu a chave na porta ser virada e a porta se abriu.
–Brittany! -chamou Nick. -Não achei que você fosse voltar...
Nick olhou para Santana e levantou uma sobrancelha. -Eu... Sou Santana, é um prazer. -disse Santana. Ela apenas achava que tinha conhecido o complicado pelas caixas, não achou que o veria naquela noite.
–É um prazer, Santana. -disse Nick. -Não esperava receber visitas, me desculpe.
–Eu vim apenas deixar Brittany em casa. Eu já estou indo, boa noite. -Santana se despediu e caminhou em passos largos em direção de seu apartamento.

–Nick! -disse Brittany baixinho. -Por que não me disse que ia chegar de viagem hoje? Eu ia te buscar no aeroporto, lembra?
–Eu também senti saudades, Britt. -disse Nick rindo pelas palavras de Brittany. Ela arrancou sua blusa e beijou Brittany. -Eu senti muitas saudades.
–Nicole. -disse Brittany no pé do ouvido de sua "complicada" e sorriu. -Você não imagina o quanto.


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Notas finais do capítulo

Então! Nick é Nicole! Estou animada para isso hahaha
O que vocês acharam? O que vocês estão esperando que aconteça? Quem? Comentem aí!
Obrigada e amo vocês!!!



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