Anseios de Amor e Luta escrita por Italo Goldstorm


Capítulo 5
Passar do Tempo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas



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Quatro anos se passaram desde que Jonathan partiu e muitas coisas mudaram na vida de Constance. Elrem ficou sobre influências puritanas, o que levou à uma grande caça às bruxas. Constance terminou seu treinamento com Jena, tornando-se uma bruxa forte. Isabelle decidiu que para se defenderem da igreja deveriam reunir os bruxos de Elrem e das cidades vizinhas, então, juntaram-se à Naomi e Robert Gross, dois bruxos irmãos que viviam em uma casinha logo depois da floresta de Elrem. Em todos os aniversários da cidade, Constance se lembrava de Jonathan. Pensava em seu sorriso, em seus cabelos caídos sobre os ombros e em como ele olhou para ela em sua primeira comemoração de anos da cidade. Ela decidiu que não deixaria o amor atrapalhar sua luta.

***

— A igreja está matando pessoas inocentes! — Robert exclamou. A mesa de Jena nunca esteve rodeada por tantas pessoas — Vocês acham mesmo que aquela moça era uma bruxa? — ele repousou os braços sobre a mesa, tentando manter a calma.

Isabelle, Constance, Naomi, Jena e Jared se entreolharam, dúvida e contradição pairava nos olhos de cada um deles.

— Já chega! — Constance ordenou — Sr. Gross — ela olhou para Robert — Mesmo que as pessoas sejam bruxas ou não, nosso dever é interferir nisso. Não podemos recuar, essa prática puritana está passando dos limites.

— Elrem se tornou uma cidade diferente — Jena informou — A fé das pessoas aqui era forte, mas depois da chegada daquele puritano nojento no nosso governo, a fé aumentou.

— Maldito Henry — Naomi comentou, ela colocou uma mecha loira e emaranhada atrás da orelha — Ele vai destruir a nossa cidade.

— Edgar gosta muito dele, apreciou seu trabalho desde que ele chegou — Jared falou — Vocês devem fazer algo.

O clima de tensão tomou conta do lar de Jena. Robert mexia os dedos, um sinal de nervosismo. Naomi olhava para o teto e suspirava, enquanto Isabelle permaneceu calada, esperando a decisão dos bruxos.

Constance não queria que as mais pessoas morressem. Desde sua primeira vez em Elrem teve muitos sentimentos ruins, viu muitas mortes e perdeu a chance de conhecer o homem mais encantador que já viu. Ela decidiu fechar-se para todos os sentimentos e dedicar-se à sua defesa.

— Temos que observar o comportamento dos habitantes de Elrem — ela decidiu — Assim se o próximo a ser enforcado for realmente inocente iremos saber.

— Como vamos fazer isso? — Isabelle questionou.
— Projeção — Constance respondeu.

— Nós não somos bons com isso — Robert disse, olhando para a irmã ao seu lado — Somos de terra.

— Eu irei me projetar! — Constance advertiu — Vou observar cada morador dessa cidade, para que o governo não cometa nenhuma injustiça, e irei começar agora. Observem.

Ela se levantou. O vestido preto dançou com os movimentos do corpo magro de Constance. Ela debruçou-se sobre o piso e relaxou. Todos os olhos fitavam-a atentos. Constance relaxou e afastou qualquer tipo de pensamento. Ela desejou estar na praça de Elrem, e antes que pudesse fazer o mínimo esforço, seu desejo se concretizou.

A lua coberta por nuvens lançava um brilho opaco sobre a cidade, mas a pouca luminosidade não impediu que Constance enxergasse tudo com nitidez. A praça estava vazia, já era tarde da noite e nenhum cidadão estaria ali fazendo bruxaria. Então ela desejou ir para a entrada da cidade.

Ao projetar-se na entrada de Elrem, Constance congelou.

Ela viu uma carruagem se aproximando e o cocheiro era Jonathan. Constance reconheceu os cabelos, o sorriso, o corpo magro com uma leve camada de músculos. Ele era um homem agora. Ao se aproximar, Jonathan lançou um olhar para onde Constance estava, como se pudesse vê-la.

Constance acordou na sala de sua avó, todos olhavam para ela.

— O que aconteceu, querida? — Jena perguntou ao perceber a expressão de susto da neta.

— Nada, vó. Não tem ninguém fazendo nada que possa parecer ruim para os puritanos — Constance respondeu, levantando-se com a ajuda de Isabelle. Os cabelos negros estavam embaraçados e os olhos azuis arregalados — Por hoje é isso, vou subir para o meu quarto, Bell, pode me acompanhar?

— Claro — Isabelle respondeu para a amiga.

As duas subiram as escadas levantando as longas barras dos vestidos. Quando chegaram ao quarto de Constance, sentaram-se na cama.

— Jonathan está de volta — Constance falou, passando as mãos nos cabelos para mantê-los alinhados.

— Você o viu? — Bell perguntou.

— Sim e ele olhou para mim — Constance concluiu.

— Mas ele não pode te ver — Isabelle comentou.

— Não, mas ele olhou para onde eu estava e então perdi a concentração — Constance disse.

— Isso é amor? — Isabelle olhou a amiga nos olhos — Você nem o conhece!

— Não é amor — Constance rebateu — Ele tem algo que me chama a atenção.

— Seus anseios de amor não podem atrapalhar sua luta, Constance — Bell passou a mão no cabelo da amiga, tirando uma mecha do lugar.

— Nossa luta é minha virtude, e nada vai me impedir até que as bruxas possam viver em paz — Constance ultimou.

***

No dia seguinte a cidade acordou aos gritos. O sol acabara de nascer quando Henry começou a gritar na praça circular para que os moradores que estavam ao redor assistissem o que estava prestes a acontecer. Logo, a cidade toda estava rodeando a praça e Jena, Constance e Isabelle correram para acompanhar o ocorrido.

— Temos aqui um bruxa! — Henry gritou, olhando para a imensidão de pessoas ao redor.

— Eu sou inocente! — Uma mulher presa à uma forca gritava em prantos — Por favor!

— Nenhuma bruxa é inocente — Henry afirmou, o pouco cabelo grisalho em sua cabeça balançou com o vento.

Todos os cidadãos observavam atentos, alguns ofendiam e lançavam legumes na acusada.

— Isso é horrível — Constance falou para a avó que estava ao seu lado — Será que ela é realmente uma bruxa?

— Tenho certeza que não — Jena respondeu — A igreja quer demonstrar poder! Eles nem se preocupam se as pessoas são inocentes. Precisamos interferir.

— Mas aí seremos pegas — Isabelle argumentou — É arriscado.

— Podemos usar a projeção — Constance tentou falar, mas Bell a interrompeu.

— Você é a única que consegue se projetar, e você nem descobriu o elemento que te rege! — ela se aproximou da amiga — É estranho, você é boa em tudo.

— Não é verdade — Constance olhou para a avó que fitava-a com atenção.

— Tenho que concordar com a Bell — Jena concluiu, voltando a atenção para o centro da praça quando ouviu o berro de Henry.

— Por favor, não! — A mulher à beira da morte suplicou pela vida — Sou inocente!

A súplica não adiantou.

Henry se aproximou da forca e puxou a corda, erguendo a mulher no ar pelo pescoço. A multidão ao redor proveu-se de expressões intensas. Alguns mostraram-se felizes, outros, tinham a pena estampada em seus olhos.

— Não deixarás a feiticeira viver — Henry pronunciou as palavras esbanjando glória, como se seu Senhor o tivesse tocado naquele momento.

Constance sentiu a raiva tomar conta do seu corpo. Ela não aceitava o ódio que Henry trouxera para Elrem.


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