Garoto de Papel (Hiato) escrita por Risoto


Capítulo 5
É ele, o Garoto de Papel


Notas iniciais do capítulo

*JUROSOLENEMTENÃOFAZERNADADEBOM*

AI MEU DEUS QUE SAUDADE DE VOCÊS.
Então, esse capítulo ficou pronto há muito tempo, só que minha beta teve problemas pessoais, então demorou um pouquinho. Mas é compreensível, não fiquem com raiva.
Mas, como recompensa, esse capítulo é o que todos estávamos esperando. Tã tã tã.
Boa leitura, gente, e até lá em baixo.



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A pior maneira para acordar é com sua amiga te sacudindo.

Meu corpo está todo dolorido pela noite de ontem, e meu cabelo está um bagunça. Levantei devagar, quase caindo quando o colchão em que eu dormia escorregou. Como quem nos levará à escola é a mãe de Mel, resolvemos que seria melhor dormir na casa dela.

— Vamos, Alana, minha mãe já preparou o café.

Enquanto caminhava na direção da porta, deixando Mel para trás para passar o que quer que seja que ela usa na pele pela manhã, ouvi a campainha tocar. Quando entrei na cozinha, dei bom dia para tia Manuela e ela pediu para eu atender.

Muito à contra gosto, com a pior aparência possível, abri a porta.

Quase caí para trás com o susto.

Ali, na minha frente, estava um garoto. Não, melhor dizendo, o garoto.

Ou alguém muito parecido com ele. Alguém muito parecido com Daniel, o meu Daniel, aquele que eu criei.

Ele sorria como eu imaginei que ele sorriria, segurando uma xícara como eu imaginei que ele seguraria. O rosto nas exatas proporções que passavam pela minha cabeça. Ele é ele. Sem tirar nem pôr.

Queria abraçá-lo ali mesmo, enchê-lo de beijos, levar para minha casa e casar com ele. Mas parecia tão improvável, tão... Errado. Não era certo ele estar aqui, na minha frente, sorrindo, sendo simpático.

— Oi, eu sou seu novo vizinho, e eu preciso de uma xícara de açúcar, por fa... — interrompi seu discurso de boas-vindas fechando a porta na sua cara.

Encostei as costas na madeira branca e coloquei a mão no peito. Parecia uma cena de filme dramático, que ridículo. Recompus-me rapidamente.

— Oras, o que o garoto te fez, sua estúpida? — Mel exclamou, com cara de indignação, caminhando apressada até a porta. Sai do caminho, aturdida. Não, não, não, não pode ser.

Isso não é possível.

Ouvi Mel cumprimentar o garoto, sempre simpática. Deu um pouco de açúcar para ele e se despediu alegremente. Porém, assim que se virou e olhou para mim, sua expressão se fechou e ela me falou ameaçadoramente:

— Você quer me explicar?

Eu pensei seriamente em contar tudo. Contar que aquele garoto era o meu Daniel Lopes Pacheco, meu personagem, um personagem que eu inventei, e que até então, só existia na minha cabeça e nos meus papéis.

— Eu só... — comecei, sussurrando — Estranhei o garoto. Foi sem querer, juro.

Mel ficou furiosa, e brigou comigo o caminho inteiro até o colégio. Explicou todas as regras de etiqueta que eu deveria cumprir com ele para passar uma boa impressão, e me falou que iria me obrigar a pedir desculpas pelo meu comportamento grosseiro. Só fingi que concordava, mas, na verdade, eu não tinha planos de encontrar aquele garoto nunca mais na minha vida, nem que para isso eu não saísse de casa, a não ser para ir à escola.

Chegando na escola (sem tia Manu dar um pio, estranhando nossa briga), Mel melhorou o humor assim que botou os olhos em Guilherme. Claro, assim que ele estava numa distância suficientemente boa, ela contou cada mínimo detalhe do que aconteceu.

Uma coisa que admiro em Mel é sua honestidade. Quando conta algo para alguém, procura sempre ser fiel ao que ouviu, nunca inventa nenhum detalhe para fazer a história parecer mais impressionante.

Após ouvir cada detalhe, Gui gargalhou. Tentou parar, mas a expressão de indignação de Mel só o divertiu ainda mais.

— Do que está rindo, imbecil? — ela esbravejou.

— Ah, Melzita, isso não tem nada de mais. Foi exagerado, mas deve ter sido engraçado.

Mel fechou a expressão e não falou mais com Guilherme.

Nós dois ficamos conversando, e eu estava conseguindo esquecer um pouco a história do sósia do meu personagem morando perto de mim. O sinal bateu, e demos tchau para Mel, que não dirigiu o olhar para nós.

Era até reconfortante todo aquele barulho. Pessoas conversando, pés derrapando nas escadas, mochilas mexendo. Enchia meu cérebro de coisas para fazer. Eu nem pensava mais nele. Nele quem? Não sei mais.

Okay, eu estava me enganando. Eu só pensava nele. Metade de mim estava totalmente entregue a estes pensamentos. A outra metade respondia Guilherme e tentava manter uma conversa.

Sentei em meu lugar levemente, sem prestar atenção em qualquer outra coisa. Gui deve ter percebido que eu estava meio avoada, porque nem mesmo tentou continuar a conversa.

Só voltei mesmo à Terra quando vi um garoto entrando rapidamente na sala e se sentando atrás de Guilherme, quase do meu lado. A professora Fernanda, hoje de bem com a vida (talvez eu esteja exagerando, mas ela tem um problema sério de bipolaridade), pediu para ele dizer seu nome para a turma. Nem ao menos virei para ver seu rosto, estava pensando em como eu conseguiria ter aula de inglês numa quinta-feira chuvosa, ainda mais com Daniel em minha cabeça.

— Huum, eu sou novo aqui — aquela voz... —, e meu nome é Daniel Lopes Pacheco.

Virei-me mais rápido do que achei ser possível. Isso é muito azar. Era ele. O garoto do prédio. O garoto de papel. O meu garoto.

O garoto que morava no meu prédio, estudava no meu colégio, e tinha aulas na minha sala.

Guilherme me olhava com os olhos arregalados, quase gritando “esse é aquele garoto?!”. Só assenti e voltei a observar meu caderno.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Eu estava louca.

Completamente pirada.

Ele não podia ser real.

Mas, parando para pensar, não era isso que eu queria? Foi isso que eu pedi. Foi o que eu desejei.

Ah não, minha vida está se tornando filme adolescente barato. Por favor, mãe, você não pegou essas velas de uma velha estranha na rua, né? Já pensou se é voodoo?

Esse negócio de velas mágicas de aniversário não existe, Alana, põe isso na sua cabeça.

Por que eu estava tão assustada? Eu deveria estar feliz. Eu queria um Daniel, meu Daniel está ai, uma carteira de distância. Por que não estou feliz? Por que eu nasci tão complicada?

Nem vi quando os professores trocaram, e a aula de Espanhol começou. A professora Vitória era um amor, mas eu odiava a matéria dela. Nem prestei atenção. Não teria percebido o sinal do intervalo se Gui não tivesse me cutucado.

— Está tudo bem? — ele me questionou, preocupado. — Você sabe que tudo bem bater a porta na cara dele, no máximo ele está te achando uma maluca.

Assenti e murmurei um “obrigada”, deixando-o pensar que era isso que me incomodava.

Preciso ir para casa. Preciso ler. Preciso ver minha pasta.

Mel não estava mais chateada conosco quando nos encontrou no pátio. Gui contou que Daniel estudava na nossa sala. Ela pareceu feliz, aparentemente tinha gostado dele. Ela percebeu que tinha algo de errado comigo, mas não falou nada.

Meio que inconscientemente, procurei Daniel. Eu sabia onde ele estaria. Encontrei-o num canto, ouvindo música, na sombra. Os olhos fechados, as mãos apoiadas nos joelhos. Tão Daniel que quase me sufoquei.

— Vamos, Alana, o sinal bateu. — Mel me chamou. Concordei e subi as escadas como se estivesse indo em direção à minha morte.

E eu meio que estava mesmo.


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Notas finais do capítulo

OPAAAAAAAAAA

Mereço muitos comentários, só acho.
Para os curiosos: Fiz a prova da Profitec e, sem querer me gabar, só tirei a maior nota do concurso. Abafa.
Estou feliz, consegui o suficiente para fazer o curso.
É isso, minha gente, espero que gostem do capítulo, e, se gostarem, deixem um comentário ^^ Se não gostarem, digam o porquê.
Beijões, amo vocês.

*malfeitofeito*