Zatanna: O Conceito de Magia escrita por Larenu
Notas iniciais do capítulo
Depois de muito, mas muito tempo mesmo, estamos de volta na jornada de Zatanna. Agora em horário fixo: de quinze em quinze dias, de segundas, intercalando com minha fic de Marvel.
20 Anos Atrás - Nimue Inwudu
Entro na casa de Giovanni sorrindo. Não o vejo desde os tempos da Liga Sombria. Sou recebida alegremente por ele, o que é bom, considerando a tragédia que vivemos nos tempos da Liga. Culpa de Constantine, claro, mas isso não vem ao caso.
— Como vai Sindella, Giovanni?
— Bem, obrigado por perguntar.
— E a bebê? Zatanna, não é?
— Sim, Zatanna. Sindella foi dar de comer para ela e já vem.
— Oh, está bem. Sempre achei a história de vocês muito romântica, Giovanni. Um mago que se perdeu no gelo e foi resgatado por uma poderosa feiticeira. Os dois se apaixonaram e viveram felizes. Não para sempre, pois isso não existe.
— Obrigado, Nimue.
Sindella entra na sala com um bebê no colo. Ela está agarrando o bebê como que para protegê-lo de algo.
— Nimue, como é bom ver você!
— Olá Sindella, tudo bem? Imagino que essa seja Zatanna.
— Sim, é ela.
Me aproximo da bebê e olho em seus olhos.
— Ela é linda, Sindella. Será uma grande mulher um dia.
— Assim espero. Para isso necessitaremos de sua ajuda, Nimue.
Olho para ela e percebo que há algo errado.
— O que aconteceu?
— Allura escapou — diz Giovanni.
— Como isso aconteceu?
— A espada em que ela estava presa estava solta no sótão. Alguém deve tê-la libertado.
— Não necessariamente. Tantos anos aprisionada podem ter servido para reunir seus poderes. Mas, voltando ao assunto, acredito que vocês tenham medo que ela venha atrás de Zatanna.
— Sim, Nimue. Queremos que você a encontre para que a capturemos.
— Eu o farei com orgulho, meus amigos. Tudo para proteger sua filha.
Retiro um baralho de tarô de minha bolsa e o espalho sobre uma mesa. Recito um feitiço e as cartas começam a flutuar na direção do corredor principal.
— Vamos, Allura deve estar lá.
Seguimos pelo corredor até a parede do fundo. Para nossa surpresa, as cartas de tarô caem no chão.
— Espere... Isso não devia estar acontecendo...
— A bebê! — grita Sindella.
Nós corremos de volta para a sala onde estávamos e nos deparamos com uma mulher de vestido perto do berço. Ela lentamente se volta para nós.
— Vocês. Sabia que viriam!
— Entregue-se pelo seu bem, Allura — ordena Giovanni.
Eu a conheço. Sei que não vai funcionar.
— Allura, sejamos racionais. Você não tem nada a ganhar.
— Calada, Nimue. Você é uma serpente tão venenosa quanto todos os outros! Fui traída, vocês me apunhalaram pelas costas!
— Afaste-se dela — pede Giovanni.
— Um bebê é tão importante assim para você? Pois bem, me afastarei. Mas não sem lançar uma maldição!
Os olhos dela são tomados por um brilho branco, como se ela estivesse possuída, e seus braços caem para trás.
— Eu rogo que Giovanni e Zatanna Zatara jamais se olhem novamente. Caso contrário, a morte baterá à sua porta!
Irritada, arremesso uma bola de cristal em Allura, mas ela se teleporta antes que eu a acerte. Faço a bola voltar para mim.
— Me desculpe, Giovanni. Eu devia ter feito algo...
Ele permanece calado. Sindella o abraça.
Presente – Zatanna Zatara
— Quem é você? — eu grito, flutuando na direção dele.
— Um dia já fui conhecido por um nome comum. Hoje, porém, sou o Desafiador.
Estabilizo meu voo e paro em frente a ele.
— Deixe-me em paz. Mantenha distância!
— Quem vai me obrigar?
— Eu.
Ele ri.
— Você e que exército?
De repente, um bumerangue em forma de morcego atravessa-o. Olho para cima da Torre Wayne. É Batman, o vigilante de Gotham, e seu parceiro, Robin!
— Estou com ela.
Desafiador dispara uma bola de fumaça na direção da plateia.
— Saiam daqui!
De repente, algo surge e golpeia o disparo, rebatendo de volta para Desafiador. É Etrigan e sua foice.
— Etrigan? O que faz aqui?
— Pergunto o mesmo, Desafiador.
Junto de Etrigan, consigo ver o Monstro do Pântano.
— Não vão me deter.
Aponto a varinha para ele.
— Satrac! [Cartas] — grito.
Uma série de cartas de baralho brilhantes sai da varinha, voando na direção dele. Ele é acertado em cheio e cai para trás.
— Salogra sadaçalertne! [Argolas entrelaçadas]
Duas argolas presas voam na direção de Desafiador e se prendem aos braços dele. Etrigan pula e o golpeia, fazendo um corte com a foice. Uma fumaça sai no lugar de sangue.
Monstro do Pântano cria uma ponte na direção de Desafiador, na qual Batman e Robin escorregam. Novamente, o Batarangue de Batman o atravessa, bem como o bastão de Robin.
— Basta! — grita Desafiador.
Ele flutua e abre os braços, derrubando a ponte e me jogando, junto de Etrigan, no chão.
— Sou um fantasma. Vocês não podem me derrotar!
É quando uma mulher surge na rua abaixo, já vazia.
— Talvez eles não. Mas eu posso!
Olho para ela. É impossível.
— Tia Martha? — pergunto.
20 anos atrás – Nimue Inwudu
— Tudo bem, Nimue. A culpa não é sua — diz Sindella.
Giovanni me olha.
— Vai ter que me ajudar. Se eu não posso cuidar de Zatanna, você pode. Pode se passar por uma tia dela. Finja que é minha irmã. Zele por Zatanna enquanto eu não puder.
Engulo em seco.
— Está bem. Posso fazer isso por vocês. A partir de agora, me chamem de Martha Zatara. Sua irmã.
Presente – Zatanna Zatara
— Oi, querida — diz ela.
— Ela é sua tia? — pergunta Etrigan.
— Sim.
— Tem certeza?
— Sim. Por quê?
Ele suspira.
— Zatanna, essa é a Madame Xanadu. Nimue Inwudu.
Estonteada, tento me levantar.
— Isso é verdade? — pergunto.
Mas ela não responde. Uma bola de cristal surge sob seu braço, e ela arremessa na direção de Desafiador.
— Não! — grita ele.
Ele desaparece, sugado para dentro da esfera. Ela olha para mim enquanto a bola de cristal volta para suas mãos.
— Oi, querida.
Ela corre para perto de mim e me abraça. Recuso o abraço dela, emburrando-a.
— Quem é você de verdade?
Repreensiva, ela olha rapidamente para Etrigan.
— Sou sua tia, Martha...
— Quero a verdade.
Ela engole em seco.
— Eu... sou uma antiga amiga de seus pais. Me conhecem como Madame Xanadu, mas você pode me chamar de Nimue.
Nimue pega minha mão e acaricia. Tiro bruscamente.
— Tenho coisas a fazer.
Olho para onde Batman e Robin estiveram. Eles não estão mais lá. Então, me lembro de Bruce e Tim. Onde estariam eles?
— Tia... ou melhor, Nimue. Pegue suas coisas e venha comigo e com meus amigos. Vamos fazer uma visita a Bruce Wayne.
Quieta, ela apenas obedece. Consigo ver, dentro da esfera, Desafiador, batendo em uma tentativa frustrada de sair.
— Acho que vamos andando — digo para Etrigan.
Antes que desçamos do palco, Nimue me cutuca.
— Coloque seu chapéu no chão.
— Como?
— Tente, por favor.
Relutante, faço o que ela disse. Nimue sussurra uma palavra ao meu ouvido. Repito em voz alta.
— Etropsnartelet arap Oãsnam Enyaw!
Um vórtice surge, brotando do meu chapéu. Etrigan e Monstro do Pântano entram primeiro. Nimue os segue rapidamente, e eu vou por último. Um brilho toma conta de minha visão. De repente, tudo escurece. Então, bruscamente, estou no interior da Mansão Wayne, com o chapéu na cabeça.
— Isso foi... incrível — digo. — Obrigada.
Nimue sorri. Ela realmente parece com minha tia Martha.
— Bruce?! — chamo.
Alfred surge na sala, vindo de um corredor. Ele estranha nossa presença por lá.
— O que estão fazendo por aqui? Não ouvi vocês entrarem.
— Precisamos falar com seu patrão — diz Etrigan, já na forma de Jason Blood.
— Oh, perdão. O patrão Wayne ainda não retornou, infelizmente.
— Deixe que eu assumo daqui — diz a voz de Bruce.
Junto de Tim Drake, o milionário de Gotham sai de uma porta.
— Desculpe não ter alertado você sobre a presença deles, Alfred. Até mesmo eu fico surpreso.
— Está bem, senhor. Vou me retirar agora.
Alfred nos deixa ali.
— Como chegaram aqui tão rápido? — pergunta Bruce, intrigado.
— Quem faz perguntas aqui sou eu, Bruce. Por que abandonaram o espetáculo assim que o Desafiador apareceu?
— Autoproteção. Um colega me sugeriu isso. Trata-se de escapar do perigo para sobreviver.
Fico irritada com essa atitude esnobe, mas não me pronuncio.
— E quem é esta mulher? — ele pergunta, olhando para Nimue.
— Madame Xanadu — ela se apresenta.
— Já ouvi falar em você antes, madame. Sou Bruce Wayne.
— Com certeza já ouvi sobre você antes — ela ri.
Bruce sorri.
— Jason, se me permite, venha cá um momento?
— Claro, Bruce.
Etrigan segue Wayne de perto para uma sala. Tim fica conosco, e sinto que ele nos está supervisionando. Nimue coloca a bola de cristal em cima de uma mesa.
— Aqui está o fantasma que assombrou o espetáculo — ela diz. — Precisamos interroga-lo. Para isso, porém, precisaremos de uma sala vazia.
— Sei um lugar perfeito. Venham comigo.
Eu, Monstro e Nimue acompanhamos Tim até uma sala vazia na mansão, exceto por um tapete e alguns quadros.
— Este é o quarto de hóspedes. Os móveis foram retirados para limpeza, então o lugar está vazio.
— Perfeito — diz Nimue. — Pode ir agora.
Desconfiado, Tim reluta antes de sair. Nimue pega alguns gizes compridos em seu bolso e desenha alguns símbolos no chão, formando um círculo. No centro, sobre um símbolo em branco, ela posiciona a bola de cristal.
— Devemos dar as mãos em volta do círculo agora. Assim, Desafiador não sairá do círculo que eu delimitei.
Ela estende o braço na minha direção e eu lhe dou a mão. Um cipó brota de cada mão do Monstro do Pântano, de forma que ele consegue segurar nossas mãos.
— Pode sair, Boston — diz ela.
E o Desafiador está livre dentro do círculo. Ele se senta, sabendo que não tem a onde ir.
— O que querem de mim?
Nimue olha para mim. É a minha deixa.
— Quero respostas. Onde estão Allura e Constantine?
Desafiador olha direto nos meus olhos.
— Quer encontra-los, é? Pois bem. A verdade pode ser mais dura do que parece. Neste exato momento, estão no local onde seu pai morreu. Sabe por quê?
Fico com medo de perguntar.
— Por... quê?
— Estão indo atrás de Sindella!
Espantada, eu largo a mão de Nimue. Então, Desafiador sai do círculo voando sem limites. É quando Etrigan invade a sala, com sua foice, e corta o espírito ao meio. Nimue lança nele uma carta de tarô, absorvendo-o. Estampado na carta agora está Desafiador.
Imediatamente, desabo no chão e choro. Nimue me entrega um lenço e enxugo o rosto.
— Precisamos parar Allura — eu digo. Estou decidida a mata-la.
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Estaremos nós nos aproximando do fim do Ato I? Muita coisa para acontecer ainda, então é cedo para dizer...