Ás vezes a vida chega a um ponto em que nem mesmo os mais forte são capazes de suportar. Nos levando a pensar se viver ainda é mesmo um privilégio.

Cada qual tem suas desilusões e sofrimentos. E cada um tem o direito de impor um limite próprio de desistência.

Não é o mundo que vai designar suas escolhas, é você.

Mas e quando nem você próprio tem esse poder? Quando tudo ao redor conspira contra você?

O mundo nunca foi um lugar justo, por mais que os iludidos acreditassem nisso.

Sentada naquele banheiro, cujos azulejos jaziam rachados e alguns até mesmo quebrados ao chão, Sakura refletia sobre o que estava fazendo a si própria.

Desde quando virou aquilo?

Ah...

Não havia maneira alguma de esquecer, o motivo...

As lágrimas que desciam de seus olhos verdes, tão vividos quanto esmeraldas, não mais pediam permissão para serem libertas, e faziam o trajeto que parecia estar cravado em seu rosto.

Como alguém poderia se destruir tanto por outro alguém?

E como, por Deus, poderia continuar insistindo na própria desgraça, por um amor tão doentio?

Mas não tinha resposta. A crua verdade é que nunca teria. Não se encontra respostas para o amor, e sim nele.

Porque, por mais que estivesse decaindo, ela sabia... Com toda a certeza, que ele decairia junto.

Quando a porta se abriu com brutalidade, revelando ali, a tão conhecida figura masculina, Sakura sorriu.

A navalha arrancada de sua mão esquerda com desespero, e jogada longe.

Seu pulso sendo puxado, obrigando seu pequeno e magro corpo a se levantar, e ir de encontro ao peito arfante e quente dele.

– Você... é louca. – Ouviu a voz rouca pronunciar.

– O que seria do mundo sem nós, os loucos? – Falou, com a voz abafada pela jaqueta jeans que ele usava.

A risada apreensiva preencheu seus ouvidos, como um coro lírico.

– Não... não me assuste tanto assim, eu... não sei se conseguiria seguir em frente sem você.

A fala foi seguida de um abraço mais forte. Sakura sabia que ele temia a perder. Sasuke poderia não ser um poço de demonstrações, mas para ela, um simples gesto ou olhar já bastava.

– Você ia me deixar. – Falou com a voz embargada.

– Estou te destruindo Sakura.

– Você ia me deixar... – Os soluços femininos preencheram o ambiente.

– Desculpe. – Seu apelo soou sincero.

– Não me deixe. – Pediu, implorou.

– Não vou.

– Por favor.

– Não vou te deixar, Sakura. Nunca.

Levantou o rosto para enxergá-lo melhor. Tão negros... tão misteriosos. No fundo deles ela via, que afinal, como ela, ele não poderia se desprender daquele amor.

Assim como ela, ele faria de tudo para ficarem juntos.

Ela sabia, que por eles, Sasuke melhoraria. Ela faria isso.

– Eu... por mais que fosse o mais correto, nunca teria coragem o suficiente para te deixar.

– Sasuke...

O beijo que veio a seguir se iniciou por parte de Sasuke, que com seu desespero puxou o rosto pequeno de encontro ao seu, abraçando o corpo magro com todas as forças.

Mesmo que o mundo estivesse contra as escolhas de ambos, o que se podia fazer?

Nada.

Cada qual faz sua escolha, sendo ela certa ou errada.

No caso de Sasuke e Sakura, quem poderia rotular suas escolhas como certas ou erradas? Nem eles sabiam a resposta.

Quem ama não tem certeza de nada, o que importa é o agora.