Black Magic escrita por Lervitrín8


Capítulo 14
Mudanças.


Notas iniciais do capítulo

Aqui está um novo capítulo! Super torcendo que vocês curtam.



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― Onde você pensa que vai? ― ouço a voz de Suzy às minhas costas, enquanto puxo minha mala de rodinhas, em direção à porta.

― Estou saindo do inferno ― exclamo com uma leve risada, sem olhar para minha irmã.

― Você não vai a lugar nenhum, Ellie ― ela corre em minha direção e agarra meus cabelos, me puxando para trás. Em seguida me joga no sofá e meu rosto encontra o apoio de madeira. Encontro a dor imediatamente e sinto meu rosto avermelhar.

― Você não tem o direito de me prender aqui, vadia ― cuspo as palavras, fuzilando Suzy com o meu olhar, sei que a ofendi.

Ela se aproxima de mim e ergue a mão direita para acertar meu rosto. Consigo pensar rapidamente e, ainda deitada no sofá, lanço minhas pernas em direção à barriga de Suzy, jogando-a distante de mim. Ela se encolhe assim que encontra o chão, caindo de costas. Ela se levanta novamente, mas a dor impede que ela consiga andar normalmente. Aproveito a oportunidade para pegar minha mala e sair correndo.

Quando a adrenalina baixa, me dou conta que estou perambulando pelas ruas sem saber ao certo para onde ir. A única coisa que não quero – e não vou – fazer é voltar a morar com a vaca que minha irmã se tornou. Estou furiosa. A cada segundo meu rosto dói mais. Não tenho muitas opções.

― Alô ― ouço-a atender ao telefone.

― Preciso de ajuda ― disparo.

― O que aconteceu? ― Rose parece preocupada. ― Onde você está? Estou escutando o vento zunindo.

― Sai de casa, sem chances de conviver com ela ― explico. ― Será que posso ficar alguns dias na sua casa?

― Ela vai ficar irada quando souber ― Rose comenta e entendo que talvez ela não tenha como me receber.

― Hm, tudo bem ― digo. ― Eu dou um jeito por aqui.

― Ei, claro que não. Você vai vir pra cá. Mande por whatsapp o local onde você está, já estamos indo buscá-la.

― Obrigada Rose, mesmo ― sinto as lágrimas brotando em meus olhos. Rose se tornou uma grande amiga ultimamente e eu nem sei como retribuir tudo o que ela tem feito. Ela finaliza a ligação e logo em seguida encaminho o endereço de onde estou para ela, que logo confirma o recebimento da mensagem.

― Finja que a casa é sua ― Rose diz, assim que Ricky estaciona o carro na garagem.

― Obrigada, mais uma vez ― digo.

― Pode deixar que eu levo sua mala ― Ricky anuncia.

Rose me pega pela mão e me leva até o quarto de hóspedes, onde ficarei por alguns dias até pensar no que fazer. O quarto é bastante grande, acredito que até maior que o meu. Ricky entra logo em seguida carregando a mala com apenas um braço, enquanto fala ao telefone no outro, provavelmente com Viola. Ele deixa a mala em cima da cama e sai novamente, sorrindo quando eu faço um sinal de ‘joinha’ pra ele.

― Vamos colocar um gelo nesse rosto? – Rose sugere em tom de brincadeira.

― Necessito! ― ela sai do quarto e se dirige para a cozinha, eu simplesmente imito seus passos.

― ― ―

Não tenho coragem de ligar para Marco quando saio do alojamento de Lauren e Viola. Decido pegar um táxi para voltar ao apartamento, afinal, já está bastante tarde e minha intenção não é incomodar ninguém. Chego à frente do prédio, paro o taxista e desço do carro. Para minha surpresa, Marco está me esperando encostado na grade à frente do prédio, já realizou a troca de horário e parece disposto a conversar.

― Por que não me ligou Miah? – ele dispara assim que me aproximo.

― Não quis incomodar – rebato. – Achei que você já estivesse dormindo ou algo assim.

― Estava com as garotas? – a expressão dele é neutra o tempo todo, o que me deixa com borboletas no estômago, não faço ideia do que se passa em sua mente.

― Sim, estava no alojamento. A Nat também – explico.

― Você não tem nada para me contar? – ele começa a caminhar pela calçada, em direção à Universidade. Entendo imediatamente que daremos um passeio, e por isso, o acompanho.

― Pois é – digo ao corar. – Acredito que sim.

― Comece.

― Bom, eu não sei quem está fazendo isso comigo – as palavras saem rapidamente da minha boca. – Não sei o motivo, não entendo o porquê. As fotos foram...

― São mais de uma? – ele me interrompe bruscamente, sem olhar no meu rosto.

― Até o momento eu vi apenas duas diferentes – respondo. – Enfim, aconteceram no dia da festa na 667 Stage. Eu não me lembro de nada, então, não sei como aquilo aconteceu. Depois disso começaram a mandar a foto no meu celular e agora resolveram postar no blog.

― Por que você nunca me contou? – ele parece estar incrivelmente calmo, ao contrário de mim, que sinto meu corpo inteiro estremecer.

― Achei que tinha acabado, que haviam esquecido essa história, essas fotos – dou de ombros, levemente triste.

― Não tem ideia? – ele retoma o assunto.

― Na verdade, ataquei um gótico na biblioteca esses dias, porque em outra situação, esbarrei com ele e vi minha foto em seu celular – imagino a cena e deixo um leve sorriso tomar conta de mim. Marco percebe, me olha bastante sério e em seguida também ri. – Acho que ele pode estar envolvido, mas não acredito que seja o responsável.

― Você atacou o garoto na biblioteca? – ele parece incrédulo.

― Voei por cima da mesa e o derrubei no chão – acrescento. – A bibliotecária, com a ajuda de um garoto, me tiraram de cima dele.

― Não consigo imaginar essa cena – ele admite.

― Se me contassem eu também não acreditaria – brinco.

― Eu fiquei assustado quando vi aquele blog – ele confessa. – No começo achei que era alguma montagem, algum tipo de brincadeira. Mas parecia muito real. Quando você me respondeu eu soube que era verdade e eu fiquei... Fiquei enfurecido.

― Sim... – resmungo. Ele para de andar de repente e se posiciona na minha frente.

― Mas isso não será o suficiente para me separar ti – ele sorri de canto e abre os braços, me envolvendo em um abraço apertado logo em seguida. – Gosto de ti, Miah. Quero que saibas disso.

― Obrigada por entender – disparo. – Gosto muito de você também.

― Está tarde e você tem aula amanhã cedo. Vamos descansar? – ele propõe.

― Vamos sim.

― ― ―

Entro na biblioteca correndo, esqueci completamente da prova de Ciência dos Materiais. “Agradeça a Deus por entrar na cabeça do professor e fazê-lo permitir que a prova seja de consulta”.

― Obrigada Deus – sussurro.

Por nada, Viola escuto ele responder em minha mente.

Anne me cumprimenta e eu retribuo com um aceno de mão, infelizmente não tenho tempo para conversar com ela. Gosto dela. Entro no corredor dos livros para o curso de engenharia e sem querer, esbarro em uma garota, derrubando seus óculos – “Obrigada Deus por não fazê-los quebrar. Obrigada mesmo. Juro que não incomodo mais o Senhor hoje” – e os livros em suas mãos.

― Perdão, perdão – imploro. – Me desculpa, mesmo. Estou com tanta pressa que não te enxerguei.

― Deve-se ao meu tamanho? – ela responde bastante séria. – Ou é o amarelo do meu camisete que refletiu em seus olhos impedindo-a de enxergar direito?

― Foi só a pressa mesmo. Tome – entrego seus óculos e reparo em sua roupa, pela primeira vez, então, definitivamente, não foi o camisete. O camisete amarelo dela tem mangas compridas, combinando com uma calça branca repleta de flores escuras. O salto dela também é amarelo. – Eu preciso ir, desculpa.

Depois de dar alguns passos percebi que os livros dela ainda estavam espalhados pelo chão. Voltei em silêncio e ajudei a garota a pegá-los, colocando todos em seus braços. Ao terminar, assenti com a cabeça e continuei meu caminho na busca de qualquer livro que me ajude.

A prova não estava tão difícil. Acabei utilizando o livro em apenas uma questão, as demais eu – acho que – lembrava do que o professor explicou em sala. “Você pega as coisas tão fácil, estou orgulhoso!” Meu inconsciente diz, alegrando o meu dia.

Saio da prova e vou em direção aos bancos localizados na frente da Universidade, onde combinei com Ricky de esperá-lo, para almoçarmos juntos. Após alguns minutos identifiquei seu carro chegando, percebi que havia pessoas sentadas no banco de trás.

― Temos companhia – ele diz, sorrindo ao parar o carro. – Espero que não se importe.

― De modo algum – respondo ao embarcar ao seu lado e lhe dar um rápido beijo. Depois olho para trás e observo Rose e Eliie. “Que diabos essa garota está fazendo aqui?” – Olá meninas.

― Ellie está dormindo lá em casa – Ricky explica, enquanto dá partida no carro. – Ela e Rose vão almoçar com a gente.

― O que aconteceu, Ellie? – pergunto. – Óh, desculpe. Entendo se não quiser comentar. Fui um pouco enxerida agora, não?

― Sem problemas, Viola – ela diz ao sorrir. – Digamos que discuti com minha irmã e preferi sair de casa.

― Resolvi adotar – Rose brinca, fazendo-nos rir. Ricky põe a mão em meu joelho e aperta carinhosamente.

― Shopping? – ele sugere.

― Acho ótimo – responde imediatamente e percebo que as meninas concordam.

O clima entre nós quatro está bastante agradável, mas confesso, nunca imaginei que sairia para qualquer coisa com a minha principal inimiga. No momento acho que ela – Suzy demônia – está com a cabeça em outras coisas. O que é bom, pois parece que está esquecendo um pouco de mim.

― ― ―

Logo após o meio-dia, Miah e Marco passaram no alojamento e me levaram ao hospital comandado pela Universidade. Eu tinha uma consulta para verificar algumas questões da cirurgia e, quem sabe, ser liberada para andar um pouco.

Lauren, se você precisar, eu venho te buscar depois – Marco oferece.

― Obrigada Marco. Eu acredito que Viola e Ricky virão me buscar, mas caso não aconteça, aceitarei sua oferta – respondo. – Você vai ficar aqui comigo, não é? – me dirijo à Miah.

― Claro que sim – ela sorri.

Já estou em uma cadeira de rodas, guiada por Miah. Marco, como está em horário de trabalho, precisou nos deixar. Assim que chego à recepção, o doutor que realizou a cirurgia me recebe e encaminha para uma sala reservada. Com a ajuda de outro médico, me colocam na maca para o exame. Miah teve que me esperar fora da sala, mas o fato de saber que ela está ali, já me deixa mais tranquila. Após realizar alguns testes, o doutor notifica que devido a uma urgência, terá que se ausentar da sala, mas que outro médico virá com os resultados.

Permaneço na sala sozinha, até que um jovem loiro, bonito por sinal, entra na sala. Está com um jaleco branco, no qual possui seu nome em cima do bolso. Niklaus.

― Boa tarde Lauren – ele diz assim que entra na sala. – O Dr. Ledinows teve que atender uma emergência, por isso, lhe darei os resultados.

― Ele havia avisado – sorrio. Ele fecha a porta e se aproxima da maca. Ajeito-me e com esforço consigo sentar, com as pernas esticadas.

― A cirurgia está cicatrizando normalmente, como esperado. Como você provavelmente fez repouso absoluto, você já pode arriscar andar de muleta, nada de grandes esforços – ele orienta. – Você estuda?

― Sim, sou calouro de Psicologia – afirmo.

― Legal – ele sorri de canto e eu fico um pouco desnorteada com aquele sorriso. Ele possui um ar de mistério. Sua voz é tão envolvente que me faz entrar em devaneios. – Alguma dúvida?

― Desculpa – fico levemente corada. – Você pode repetir?

― Disse que você pode voltar a assistir algumas aulas, mas assim que se sentir desconfortável, deve se ausentar – ele informa. – Daremos uma declaração afirmando a necessidade de se ausentar, caso precise.

― Ótimo, eu não aguentava mais ficar em casa – confesso.

― Estudo no mesmo lugar que você – ele comenta gratuitamente.

― Óh, você ainda não é medico? – no mesmo instante me preocupo com as suas recomendações.

― Estou no último ano, não precisa temer – ele sorri.

― Sabe, acho que já te vi, mas não lembro onde – me esforço para lembrar, mas não tenho êxito.

― Quem sabe a partir de agora você não esqueça mais – ele coloca uma mexa do meu cabelo para trás da orelha e se aproxima lentamente de mim.


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Notas finais do capítulo

Acredito que aos poucos as coisas 'voltem ao normal'. Será? HAHAHA. Sei não ;x
Comentem o que vocês acharam, por favor ><
Beijocas.



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