Nem pense em clicar aqui. escrita por Jujubas Azuis


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho cinco enxadas e uma foice, quantas ferramentas eu tenho? Quatro, pois uma foi-se.



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Andamos muito para sair da cidade de Cato, que não tinha esse tipo de coisa e foi dominada pelo caos. Depois de muito tempo, chegamos em um lugar simples e aconchegante, peço um sanduíche de salada e carne, que eu combinei que pagaria ao Bryce depois e ele pediu um vegetariano. Não sei como ele gosta de carne de soja.

– Você está bem?- pergunta.

– Claro que estou!! Não é a primeira vez que eu apanho!- digo um pouco ofendida.

– Não assim, digo, o Leen não está meio estranho?

Baixo a cabeça depois dessa pergunta. Tipo, o Leen nunca foi tão legal comigo quanto ele foi nas últimas dez horas, talvez fosse por causa da prova que eu faria daqui a dois dias, ou podia ser por conta da falta no meu aniversário.

– Desculpa, eu não devia ter perguntado.

– Não é isso.- minto rapidamente.- é só tipo... não sei... algum dia eu não vou mais conseguir manter meu lugar aqui e eu não vou ter formação para ir para outra cidade.

– Já viu os monjes shaulin? Eles tem tipo, cento e cinco anos e ganham de mim!

– Eu sei, mas eu não sou um monge, eu sou Bine Jolly, uma garota que nasceu no lugar errado.

– Ouça, esse não é o lugar errado, junte um dinheiro fácil aqui, mude-se para uma cidade melhor, começe um negócio estável e viva sua vida confortavelmente!

Para quebrar o clima tenso, lembro de uma piada horrível que eu contava com minhas amigas.

– Mas eu tenho dinheiro para viver confortavelmente o resto da minha vida...

– Então por que está aqui?

– Você não me deixou terminar! Se eu morrer semana que vem.

Bryce apoia a cabeça nas mão. Piadas toscas em ação!!

– Você é inacreditável as vezes, sabia?

– Vou lembrar dessa.

Fico com o olhar perdido, hoje é a prova do primeiro escalão, onde era para eu estar, onde jovens tentar entrar para um polo da cidade, nós não temos nome, só somos identificados por símbolos, o da melhor gangue é uma espada cruzando com algumas adagas, todos os integrantes, inclusive meu pai, tem isso tatuado no ombro, eu conseguiria isso.

O carinha da chapa avisou que o nosso número estava pronto, levanto e pego os pratos, fazendo milagre para que a refeição não caísse no chão. Quase solto um rojão quando coloco ambos os pratos sobre a mesa.

– Valeu, eu acho.- diz Bryce.

Pucho minha cadeira e dou uma grande mordida no pão, só notando minha fome quando o faço.

Olho em um relógio de parede que estava (na parede) e vejo que eram quase duas da tarde, demoramos nas caminhadas, mas isso também ajuda com a resistência.

Terminamos de comer e eu me preparo para sair, já que não tem ninguém olhando, mas Bryce segura minha mão.

– É bom ser honesto de vez em quando, sabia? Deixe o dinheiro em cima do balcão e eu levo os pratos.

Faço o que ele pediu quase que de forma automática, sempre que possível, eu e o Leen tirávamos proveito da situação, mas acho que Bryce é diferente.

Saímos do restaurante e o garoto segurou minha mão com força enquanto andávamos.

– Você não devia ter feito isso, sabe como é trabalhar duro!

Tento não mostrar reação, ele não é meu irmão mais velho para falar o que eu devo ou não fazer, mas chega a um ponto em que parece que minha mão vai explodir.

– Quer me soltar?- pergunto brava.

– Desculpa. Foi pouca coisa comparado ao que você já fez, certo?

Eu soube a provocação naquela frase, mas respondo com o máximo de paciência que ainda restava depois de apanhar tanto.

– Verdade, isso é coisa pouca.

Agradeço por não ter encontrado ninguém conhecido na caminhada, pelo o menos isso aconteceu de bom.

Entramos o mais discretamente no lixão e recomeçamos a treinar.

– Você sabe o que fazer, certo, Beni?- pergunta Bryce me provocando.

Assinto e demarco um quadrado de dez por dez pés na terra.

– Quer que tenha prenda?- pergunto.

– Se você ganhar não vai ter que pagar sua parte da conta, mas se perder, paga o dobro.

Faço sinal de que ele deve continuar.

– E uma surpresa no final do dia.

– Que seria?

– Não é melhor você tentar logo? Não tem certeza se vai ganhar.

– Feito.

Esse é um treino parecido com tourada, (sim) quem conseguir ficar no quadrado por mais tempo, sai vitorioso, mas tem que tentar tirar o adversário com esquivas e coisas parecidas.

– Você é pequena, então tem certa vantagem!- diz Bryce sentindo-se um pouco ofendido.

– Está se chamando de gordo.- digo rindo.

Crio um apoio com os pés, mas que teve que ser desfeito com uma rasteira do meu amigo, com um chute, empurro-o para perto do limite, como vingança, ele me derruba, segura meus braços e quase me joga fora, mas eu piso no pé dele com a parte de metal da minha a bota.

– Ei, isso é golpe baixo!- reclama.

– Em todos os sentidos.

Me coloco de pé e, com as mãos, empurro Bryce para fora da área.

– Venci!!- faço uma pequena dancinha.

– Melhor de três!

– Por que? Ficou bravinho que perdeu para uma garota duas vezes seguidas?

– Só não quero te dar a surpresa!

Fizemos tudo de novo, foi um pouco cansativo, mas eu queria muito saber o que era. Aguento o resto do dia com um treino parecido com esse, outras variações que vocês não precisam saber.

Quando finalmente Bryce decide declarar que não dava mais para continuar. Tiro as luvas, guardo-as no bolso. Acho que com o que Bryce me fez fazer, ele também se cansou, já que estava ofegando em uma cadeira antiga.

– Nós vamos ter que andar até meu prédio?- digo perdendo as esperanças de voltar com as pernas inteiras.

– Me da um tempo, eu não sou de ferro!

Me sento de pernas cruzadas de frente para Bryce e fico o encarando.

– O que, o que você está fazendo?- pergunta.

– Tentando mandar energia para você, maria-mole.

– Eu fiz tudo o que você fez e tive de dar as instruções.

– Você não falou que é um menino?

– Me deixa recuperar o fôlego!

Rio um pouco e me jogo no chão, olhando as estrelas que tornavam o céu noturno um peneira. As luzes da cidade não atrapalhavam, já que eram poucas e as pessoas viviam de janelas fechadas. Uma vantagem de viver em um lugar violento.

Para mim, foram horas, mas na verdade, foram minutos o tempo que eu fiquei continuando minha história na minha mente, imaginando coisas cada vez mais fora da realidade, o livro é sobre isso, mas de qualquer jeito.

– Vamos.- diz Bryce se levantando.

– Eu quero ficar aqui!- reclamo.

– Eu sou o seu responsável agora, levanta e vamos!

– Você não é meu pai!- digo sorrindo.

Num movimento rápido, Bryce me põe de pé.

– Nós não vamos treinar amanhã, eu juro.- ri.

– Eu sei que não. - digo olhando para cima

– No que está pensando?

Baixo a cabeça depois de saímos das grades.

– Eu queria voltar a ser criança.- respondo pensando em tantas coisas que eu fiz nessa época.

– Cresca.

– Sim, senhor, capitão, senhor!!- digo imitando um soldado.

Bryce me leva para um caminho diferente do que era para minha casa, estranho um pouco, mas desde que eu ande menos, tudo bem.

– Lembra da surpresa que eu te disse?- murmura o garoto constrangido.

– Sei, que tem?

Acho que eu não estou ajudando nas coisas, mas o nervosismo que ele estava na voz me contaminou.

– Quer passar a noite em casa?- Bryce pergunta rápido.

– O Nikky não está lá?

– Nope, ele e o seu pai saíram para uma noite de jogos e eu moro sozinho.

Concordo e entro em um apartamento não muito diferente do meu.

– Sinta-se em casa.- comemora Bryce trancando a porta. - eu pensei em a gente assistir um filme, que tal?

Assinto, Bryce me pede para ficar na cama enquanto ele pegava o DVD.

– Um bom e velho filme de terror!- ri o garoto colocando o disco no aparelho, ajeita algumas coisas e se deita comigo, admito que eu estava com frio, mas a última coisa que eu fiz foi entrar nas cobertas ou me aquecer nele.

O filme estava muito chato, as cenas não tinham tanto sangue quanto o que eu estava acostumada e não criava suspense. Começo a pegar no sono, mas me repreendo na mesma hora. Eu. Não. Dormia. Na. Casa. De. Outra. Pessoa. Regra.

– Não é o meu melhor.- diz Bryce percebendo que eu não estava gostando.

– Não mesmo.- respondo momentaneamente acordada.

– Malvada.

– Não estou sendo malvada, só realista.

Depois dessa, Bryce parou de falar.

– Sua mão está melhor?- pergunta em tom baixo.

– Sim.- digo cruzando os braços na barriga.

– Quer alguma coisa de jantar, Bine?

Movo a cabeça negativamente e me aconchego na cama. Muitas vezes eu já fui convidada para festas de pijama por ser a popular da classe, mas nunca só eu e um garoto.

– Tem algo errado, eu sei disso. Você está mais estranha que o normal.

Não, de verdade, estava tudo bem. A não ser o fato de o pai não poder ir no meu niver, nem um cupcake. Fico em dúvida se conto isso para ele ou não, nós nos conhecemos desde sempre, ele sempre me ajudou quando eu me culpava mesmo eu não merecendo. Não. Eu estaria parecendo uma garota mimada.

– Quando você falou que eu passaria a noite aqui, não era verdade, era?

Ele sorri para mim de forma maliciosa.

– Eu não minto.

– Tá bom, garoto certinho.

Sorrio retribuindo o mesmo olhar e começo a fazer o mesmo tipo de pergunta que ele fez.

– Você está estranho sabia?

– Olha quem fala.

Ficamos nos encarando por um tempo e tudo o que eu queria era que ele começasse a falar. Sendo que ambos ficamos quietos, resolvo tentar puxar assunto.

– Sem querer ser mimada, mas você tem um pijama?- pergunto cortando TODO O CLIMA.

Eu achei que isso cortou o clima. Zerei a prova.

– Durma de langerrie.

– Se morre, eu não vou fazer isso.

– Eu já te vi no banho muitas vezes.- ri Bryce olhando para o teto.

– Eu também. Mas é só... sei lá.

– Explica.

– Por que eu faria isso?- pergunto me sentando.

– Confia em mim?- pergunta o garoto.

– Não.- rio.

– Feche os olhos. Quem disse que o filme era a surpresa?

Como ele pediu, fecho os olhos e espero qualquer coisa acontecer, ouço alguns barulhos na cama, mas os ignoro, só queria saber o que aconteceria em seguida.

– Eu sempre gostei de você, Bine, muito.- diz Bryce passando a mão no meu rosto.- muito mais do que uma amiga.

Todo o calor que eu tinha, desceu para meus pés quando ele disse isso. Era verdade, eu já sabia que ele gostava de mim a muito tempo e eu também gostava muito dele.

– Eu também.- digo fazendo menção de abrir os olhos.

De forma inesperada, Bryce segura minha nuca e me puxa para um beijo, tão longo de que foi difícil de eu me lembrar do começo do filme. O garoto coloca a mão debaixo da minha camisa e procurou a abertura do meu sutiã. Tiro sua mão de lá e vejo que ele estava um pouco desapontado, mas quem disse que eu ia parar?

– Isso não abre por trás.- e o solto.

Bryce troca a mão que nos mantinha juntos e a colocou onde eu disse que ele iria conseguir o que queria. Ele tira minha camisa e sutiã a mesmo tempo e os joga para algum outro lugar. ( Narnia )

Levo minha mão para os botões da calça dele e Bryce pergunta:

– Você tem certeza?

– Já voltei em alguma coisa?

– Já, você sempre voltou para mim.

– Você é inacreditável as vezes, sabia?

– Claro que sim.

Abro tudo, a minha e a dele e as jogo na mesma pilha de roupas. Bryce me pressiona na cama e tudo o que eu pensei era que eu queria que aquilo durasse para sempre.

– Posso?- pergunta Bryce para mim.

– Se não pudesse, eu diria antes.

Ele coloca a mão no meu seio e começou a acaricia-lo, dando-me uma sensação maravilhosa, eu não sabia fazer isso, essa era minha primeira vez e eu queria ter certeza que foi com o cara certo, mas o clima me levou, parecia que algo tinha transmitido as instruções para minha cabeça e todas as dúvidas se foram.

No final da noite, eu já não era mais uma menina, mas agora, uma mulher, no sentido biológico, mas ainda assim, verdade. Depois de um tempo, me deparo com nós dois sentados na cama, eu estava exausta, como último ato do dia, busco aconchego nele, que me cede sem problemas e adormeço em um sono sem sonhos, esperando pelo depois de amanhã, com uma ótima sensação em todo o corpo.

Acordo com o sol que entreva pelas cortinas. Eu ainda estava deitada com o Bryce, ele me abraçava perto do seu peito, me dando espaço somente para respirar.

Ele é forte como eu, mas com uma pele branca que fazia contraste com a minha, tirando isso, nossa única diferença é a cor dos olhos, já que meu cabelo é preto como o dele.

Silenciosamente, saio do seu abraço e me visto com a mesma roupa de ontem, ando até a cozinha e faço uma café para nós dois, torrada e ovos mexidos e fico esperando Bryce acordar.

Ele demora um pouco para acordar e quando aparece, está vestindo uma bermuda xadrez ridícula.

– Bom dia, Bine.- diz Bryce sonolento.

– Oi, eu fiz o café.

Ele faz um cafuné na minha cabeça.

– Valeu.

Ele se senta e come o que eu fiz.

– Então?- pergunto.

– Sem sal.

– Eu fiz alguma coisa.

Fico UM POUCO decepcionada com a nossa conversa, mas eu não queria ter que falar de outras coisas.

– Sua prova é amanhã, certo?- pergunta Bryce.

– Sim.

– Vai precisar estar cem por cento para vencer dos convencidos do terceiro escalão.

– Tipo, quantos anos?

– Tipo, seu pai.

– Tiozão de sunga da piada do pavê?

– Sim.

– Nossa.

– Você é pequena, então eles não vão te acertar facilmente.

Depois de um silêncio, lembro que Bryce arranjou um console da cidade vizinha com alguns jogos e que daria para ficar lá o dia inteiro.

– Videogame?- pergunto.

– Videogame.

Bryce liga o console e joga um dos controles na minha mão, eu o pego por puro reflexo.

– Qual você quer jogar?

– Aquele que tem o jogo de bebedeira.

Ele seleciona o arquivo e a tela preta de carregar começa a aparecer, fico esperando o jogo começar batendo em todos os controles do joystick. Finalmente o jogo começou e o personagem aparece num parque comum esperando pelo nada acontecer.

– Você pode escolher o carro.- diz Bryce.- pelo o menos no jogo eu sou rico.

– Pelo o menos no jogo.- repito.

– A culpa é dos políticos.

– Eu já sabia disso.

Seleciono um daqueles que o design me agrada e dirijo no jogo visivelmente bêbada para o bar, se eu já estava assim antes de beber, imagina depois.

– Assim você vai chamar a polícia.- ri Bryce.

– Já tenho prática fugindo dela.- digo tentando reestabilizar o veículo na pista.

Bato nas lixeiras do bar com força e o personagem beija a parede em um romance platônico e se coloca de pé aparentemente sem nenhum ferimento da batida de carro.

– Nossa, que violência.- ri Bryce.

– Faça melhor.

Ando com o personagem até o cara com o qual apostaríamos e tento não perder nubosamente, o jogo é basicamente apertar os botões certos e não desmaiar. Lindo e educativo.

Perdi.

– Noob.- ri Bryce tirando o controle da minha mão.

– Humpf.- reclamos cruzando os braços.- maldade.

– Não estou sendo mal, só realista.

Jogamos por mais um tempo e eu vou para casa andando. Bato na porta do meu apartamento por eu não ter chaves e Leen a abre furioso.

– Onde você estava?- pergunta ele com cara de bravo.

– Na casa do Bryce.

– Você ficou fora a noite inteira!!

– Como se você se preocupasse!!- grito em resposta.

– O que você fez?

Sabe aquela hora em que você quer evaporar e ficar assim até que a situação se resolva sozinha? Então.

– Treinei com ele.

– Ele te bateu lindamente para ter esse roxo no seu pescoço.

Coloco a mão na nuca tentando esconder.

– Me deixa.

– Eu sou seu pai, tenho pouco tempo com você e fico preocupado. Me fala, o que aconteceu.

– A gente assistiu um filme e eu cai da escada.

– E tava tão tarde a ponto de você nem andar para cá?

– Porra pai, me deixa!

– Eu tenho quarenta anos e muita experiência. Vocês transaram.

– Como você sabia?

– Não sabia, valeu por contar.

Suspiro de raiva.

– O que você ganhou sabendo disso?

– Nada, só uma explicação de você ter ficado fora a noite inteira. Como foi?- Leen cruza os braços.

Tipo, o cara estava explodindo comigo a cinco segundos atrás, então eu dou uma explicação e bum! Tudo bem, como foi?

– Foi ótimo.- murmuro a verdade.

– Que bom, pois a diretora me ligou, foi um assunto sério.

– Quando vocês vão sair?

– Quando eu não, quando você, você vai ter que ajudar nos médicos, do que você fez com a Camila.

– Me obrigue.

– Vou te tirar da prova.

– Golpe baixo.

– Estão te esperando na arena.

Leen bate a porta na minha cara e eu o xingo de todos os nomes que vieram na minha mente. Fui ignorada completamente. Ando até onde me pediram para ir e sou recebida calorosamente pela Camila.

– Ora ora ora, quem temos aqui? A pobrezinha do apartamento.

– Antes ser pobre e querida do que ser rica e odiada, espeto de banha.

– Menos gorda que a sua mãe, Ah! Desculpa, você não conhece sua mãe.

– E seus pais não voltam para casa para não terem que ver o show de horrores que é você.

– Grossa.

– Sua barriga.

Camila vira-se, serra os pulsos com raiva e fica assim por um tempo, até que decide tentar me socar, eu aparo o golpe sem dificuldade nenhuma.

– Terceiro escalão, esqueceu?- rio.

– Convencida.

– Você nunca se olhou no espelho.

"Camila Gomes" Chama o locutor.

– A próxima não será tão fácil.- diz Camila com raiva.

– Não para você.

Me sento em uma cadeira e espero a filha do médico vir para cá com uma perna quebrada, mas minha espera foi interrompida pelo pai dela.

– Sabe o que precisa fazer?- pergunta.

– Mais do que você pensa.- eu já tive que fazer essas coisas de primeiros-socorros antes.

Ele tinha aquele olhar de convencido que eu sempre usava mas não sabia o quanto era irritante.

– O que você quer?- pergunto tentando fazê-lo parar de me olhar daquele jeito.

– Que você passe pela mesma coisa que ela passa.

– Acha que eu não sei?- minto para ele calar a merda daquela boca.

– Os bullys não sabem como doí.

– Que foi? Você é fraco para falar para sua filha crescer?

– Seu pai é fraco para te mandar parar de fazer isso.

– Querido, meu pai provavelmente fez muito mais coisas úteis em um mês de atividade do que você.

– Ele destrói e eu refaço, certo, filha de assassino?

– Tenho orgulho disso.

– Orgulho de se rebaixar a esse nível?

Reviro os olhos e fico quieta, quando eu era menor, ainda inocente, eu era como a Camila, nada que algumas frases de efeito e uma boa surra em todo mundo não resolva.

– Olha aqui, pirralha, se você não parar, eu vou te parar e vai doer muito mais.

– Se você quer tanto isso, vem me parar. Convencido.

– Você sabe quem eu sou?

– Um pedaço de merda.

– A diretora vai saber disso.

Parei totalmente e sentir pena da Camila e sinto toda a pena do mundo do pai dela, por esse motivo que a Camila quase considerava a diretora uma mãe.

– Não estamos na escola, estamos no ring de luta, aqui é meu território. Talvez eu não tenha um mestrado em medicina que nem você, ó deus todo poderoso, mas pelo o menos eu não fui expulsa da capital.

Uma garota que parecia ter quinze anos entra na enfermaria, Mari, a filha do Kenny.

– Vai nessa, filha de chefe.- diz o médico.

Corro para a maca em que ela estava e vejo todos os danos que a baleia lhe causou.

– Bine!!- murmura a garota.

– Quieta.- digo.

Ela tinha alguns lugares onde teriam possíveis hematomas, alguns cortes da terra que usam, mas nada muito sério, acho que ela desistiu. Pego algumas coisas da caixa vermelha que estava em cima da mesa e começo a cuidar dela.

"Tom Brigh" diz o locutor de novo.

O filho do Raul, ele daria uma lição na convencida da Camila.

Termino com a Mari que encontra com Kenny de cabeça baixa.

– Eu disse para você não vir aqui!!- grita o moço.- sua mãe quase teve um treco!!

– Pare de gritar com ela!- grito.- ela tentou.

– Cale a boca!- responde Kenny.

Fico de cara emburrada enquanto olho Camila lutar com Tom, garoto visivelmente mais forte que ela. Eu não cuidaria dela quando ele vir em uma maca para a enfermaria.

Queria que desse para desenhar já que parecia que a Camila só ficava fugindo. Era para isso desclassificar, mas parece que mimadas tem vantagem. Por esse exato motivo eu me inscrevi como garoto. Eu não queria que ninguém pegasse leve comigo.

"Vencedor, Tom!" Salvas de palmas, ele ganhou!!

Camila e levada por uma garota e um garoto para a enfermaria. Rio dela enquanto seu pai ajuda-a a se recuperar dos terríveis ferimentos. Fraca.

Aguento toda a segunda prova, anunciaram os dez melhores em ordem de nota, Camila não passou. Tom ficou em quinto lugar e um outro garoto ficou em primeiro.

Ando para casa com o coração a mil, se o segundo escalão estava tão difícil o que diriam do terceiro? Está bem que teriam muitas pessoas da minha idade ou próxima, mas ainda teriam pessoas muito mais velhas e fortes.

Abro a porta do apartamento, desenho o dia todo para tentar esquecer da tensão, mas, na hora de dormir, tive que tomar algumas coisas para poder pegar no sono.


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Notas finais do capítulo

O maior problema da filosofia é o suicídio, pois nele se responde com vulgaridade a maior questão da filosofia: Vale a pena viver?



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