– Nanda vamos embora, por favor! – Dylan implorou tentando me puxar mas eu já não o ouvia mais.

– É tarde demais pra dizer que eu te amo há mais tempo? – ele disse suave enquanto eu levantava minha cabeça para fita-lo.

Depois dessa cena as imagens mudaram e logo mostraram Dylan sentado em frente a sua câmera, estava em sua cama e olhava pra frente com um olhar irônico.

– Fernanda, Nanda, Nan, Nandinha – ele sorriu sinico – Você realmente acredita que eu gosto de você?- ele deu uma risada desafinada e estranha – Não meu amor, eu não gosto de você. Quem iria gostar?

Você é ridiculamente feia, uma rata de biblioteca que se esconde atrás dessas roupas mais bregas do que você, é patética e incrivelmente irritante! – ele fez cara de nojo e prosseguiu – Tive que me segurar para não vomitar quando tive você em meus braços... Nessa cama... Mas que tal voltarmos um pouco mais atrás?

– Nanda, vamos sair daqui. – Carrie apareceu na minha frente, seu olhar era de pura pena.

– Eu quero ver. – falei decidida e amargurada voltando meu olhar para o telão.

Tudo começou depois de nosso confronto naquele maldito treino, você me atiçou a ter raiva de você querida Nan! Ninguém me confronta e sai ileso... eu disse que você pagaria!

– Nanda me ouve meu amor! Vamos sair daqui! – Dylan puxou meu braço com certa força, o que me fez virar o rosto para ele. Eu estava chorando desesperadamente, minha respiração ofegava e eu estava um pouco tremula.

– Cala a boca! – falei cega de raiva e o empurrei fazendo com que se afastasse alguns centímetros, percebi a presença de Fred ao seu lado o segurando, será que todos ali sabiam disso?

Vamos pular pra festa agora, minha primeira jogada.

Aproveitei o interesse de Fred e Carrie para me aproximar de você, e o destino deu uma ajuda e tanto lhe pondo no meu quarto e naquele dia eu descobri exatamente como te atingir.

Você é uma caipira que acredita em romances idiotas e em sua mente eu e você somos um deles.

Naquele dia eu provei o pior beijo da minha vida e adivinhe só você nunca havia beijado ninguém? – ele riu sarcástico – E estava tão fácil comigo que eu pensei que te traçaria ali mesmo!

O namoro de Fred e Carrie e minhas aulas de matemática foram minha segunda jogada, convenci a professora te pôr comigo e você caiu como um patinho.

O telhado, nossas conversas, nossos momentos querida Nanda foram tudo uma mentira inventada por mim!

E para piorar eu não estava só com você, Samantha mantinha relações comigo, quando eu te beijava imaginava a deliciosa boca dela... Só assim para eu ter coragem.

Procurei por Samantha e a encontrei perto do vídeo, sorria vitoriosa. E eu apenas queria que aquilo parasse eu não queria mais ouvir ou ver nada, olhei para a diretora e os outros professores mas eles apenas assistiam estupefatos não se importando em intervir.

Rimos dessa sua cara de idiota o tempo todo e você nunca percebeu, é uma tonta totalmente desligada!

Só não chore, porque se você é patética sorrindo imagina quando chora...

E só mais um recado:

Caipira volta para o interior, bem lá pro sul e quando você sentir cheiro de chiqueiro saberá que chegou! – Samantha apareceu no vídeo totalmente feliz e beijou Dylan, logo depois a cena de nossa primeira vez estava sendo passada novamente, mas a diretora enfim fez algo e acabou tirando o vídeo.

Todos voltaram seus olhares curiosos, com pena ou com deboche me fazendo sentir uma vergonha imensa eu só queria sumir dali.

Por um momento eu não consegui me mover, eu só queria chorar e chorar até todas as energias do meu corpo se esgotar.

– Nanda me ouve! – Dylan chorava tão desesperado quanto eu.

– Sai! – eu berrei tomada por fúria – Seu mentiroso! Então é isso foi tudo uma vingança, cada promessa, cada frase, cada palavra de amor trocada? – coloquei a face entre às mãos, tentando me controlar.

– Eu te amo! Não duvide disso... Eu mudei por você! – ele se aproximou de mim e pôs suas mãos junto as minhas.

– Me solta! – falei com amargura – Eu tenho nojo de você...

– Não fala assim... – ele implorou.

– Eu odeio você! Eu odeio! – afirmei com os olhos brilhando de ressentimento.

– Você mudou esse cara babaca que eu fui!

– Eu concordo você foi, é e sempre será um babaca! Feliz por ter acabado com a minha vida? – sequei minhas lagrimas certa de que minha maquiagem estava toda borrada.

Sai correndo dali mesmo sentindo a dor dos saltos em meus pés e quase caindo por culpa dos mesmos, ao chegar na porta do baile pedi minha chave praticamente berrando com a recepcionista que a deu quase que imediatamente, antes de sair para fora arranquei os saltos e joguei em um canto qualquer.

Agora meus pés apenas protegidos pelas meias calças ultrafinas que eu usava, e ao sair do lado de fora pude sentir o chão com as leves camadas de gelo os queimar mais que fogo. Mas eu não me importava, apenas queria sair dali.

Em um ato impensado dei o grito mais alto, forte e cheio de sentimentos negativos que dei na vida, capaz de ser escutado a metros de distância. Acabei caindo de joelhos no chão sabendo que estava sujando e estragando aquele belo vestido, mas eu não me importava queria apenas chorar e gritar até meus pulmões estourarem por falta de fôlego.

Senti alguém se ajoelhar ao meu lado, usava um smoking preto de pano muito nobre e seu cheiro que me inebriou eu poderia reconhecer em qualquer lugar. Era Dylan.

– Me solta! – eu falei tentando me desvencilhar, porém ele mantinha o abraço forte.

– Não vou te abandonar, você não ta bem... Ouve-me... Eu aprendi a gostar de você eu mudei por isso, eu te amo tanto Nanda...

– Já disse para me soltar! – aproveitei de um momento “fraco” que ele teve ao dizer essas palavras e me levantei num impulso me soltando dele, vi que algumas pessoas haviam saído entre elas estavam Samantha, Carrie, Fred, Candice e Fred. – Eu nunca mais quero olhar na sua cara!

– Nanda me ouve... – ele tentou se aproximar novamente.

– SAAAI! – eu berrei novamente, sentindo minha garganta doer. Ele assustado parou bruscamente e ficou a me fitar com um olhar de cãozinho abandonado que não me comoveu nem um pouco. Dei uma ultima olhada naquele rosto que eu tanto havia amado ou pior... Amo e apenas corri dali indo em direção ao estacionamento.

Sem querer que alguém me seguisse sai a toda velocidade dali com o objetivo já determinado:

Iria retornar a Cavencity, lugar de onde eu não deveria ter saído nunca!

Iria chorar no colo de Mônica, Fred e Julie, visitaria o tumulo do meu pai e choraria até minhas lagrimas finalmente se esgotarem! Permaneceria lá para o resto de minha vida!

Naquele momento o meu verdadeiro amigo Ruivo me veio a mente, eu havia sido tão injusta com ele... ele me avisou tantas vezes e eu não o ouvi.

Ele teria sido o cara certo pra mim!

Peguei meu celular no banco carona e com uma das mãos busquei por seu nome, o ligando logo em seguida:

– Ora ora, senhorita Johan? – ele perguntou maroto.

– Matt... – disse chorosa e em um momento de fraqueza minhas mãos ficaram tremulas e acabei ziguezagueando na pista quase batendo em outros carros que buzinaram em aviso.

– Que foi Nan? Você ta chorando? – ele perguntou preocupado.

– Você sempre teve razão, Dylan mentiu para mim – falei magoada – ele é um nojento, você é o cara certo pra mim eu acho... sei la! Desculpa-me por ter sido tão idiota com você!

– Onde você ta? – ele questionou.

– Indo embora, espero que não sinta minha falta como irei sentir a sua. – falei com um leve sorriso no rosto, e ao olhar no espelho retrovisor vi minhas lagrimas escorrerem silenciosamente por minha face.

– Onde você ta? – ele indagou ainda mais preocupado.

– Na ponte da cidade, indo embora pra... – não terminei a frase.

Afinal a luz excessivamente branca me cegou e eu apenas senti a colisão daquele caminhão que veio em minha direção e eu não vi.