Bati na porta e entrei no quarto de meus pais. Minha mãe estava na varanda tocando uma música no violino que eu conhecia muito bem. Era a música que ela tocava para mim quando eu estava nervosa ou com algum problema. Tentei não me emocionar com aquela cena, pois essa melodia cabia tão bem na situação que estávamos passando que era incrível.

Só quando eu abri a porta da varanda ela me notou e parou de tocar.

–Você poderia ter continuado a tocar. –eu disse sorrindo enquanto me assentava em uma poltrona perto dela.

–Prefiro escutar você, querida. –disse ela singelamente. Estava tão calma que acabei com um aperto no coração por ter que tirar isso dela.

–Mãe... Aconteceram umas coisas... –eu disse encarando o chão. Ela se aproximou e encostou a mão no meu ombro.

–O que houve meu bem?

–Ean... ele deu um show na entrevista com Gavril. –eu olhei para ela, com os olhos inchando um pouco por vontade de chorar. –Ele gritou com meu pai, insultou a monarquia e disse que se recusava a cumprir suas penas...

–Oh... então seu pai... eles optaram pelo açoitamento agora, certo? –eu comecei a chorar e afirmei com a cabeça. Minha mãe me abraçou e me aconchegou em seu colo.

–E...Eu... Não queria que isso acontecesse, mãe... –eu consegui um pouco do folego que eu havia perdido no meio do choro.

–Eu sei minha querida, mas agora você precisa se acalmar pois isso não vai melhorar nada. Na verdade, nós não podemos fazer mais nada. Já demos a esse rapaz todas as chances que pudemos, agora ele tem de arcar com as consequências desses atos imprudentes dele. –ela disse secando as lágrimas de minhas bochechas.

–Eu entendo... –estava começando a me acalmar. Ficamos um pouco em silêncio, então ela propôs:

–Querida, seu pai com certeza não vai te pedir nenhuma ajuda para esse assunto, que tal irmos para a biblioteca e tirarmos isso um pouco da cabeça? –ela disse sorrindo e me dando a mão para que levantássemos.

–Seria ótimo mãe. –levantei e fomos de mãos dadas pelo corredor até a biblioteca real.

Estava tudo vazio lá em cima, mas percebíamos que no andar de baixo estava havendo muita movimentação. Eu tentei parar de prestar atenção, mas estava bem difícil. Era estranho a falta de guardas por perto, haviam somente um ou outro por ai. Ao menos havia um bem ao lado da porta para a biblioteca. Eu não me sinto segura sem os guardas por perto.

Minha mãe e eu entramos, escolhemos alguns livros e nos encostamos em poltronas super confortáveis para ler. Ficamos lá por bastante tempo sem termos a mínima noção de tempo. Só descobrimos quando um guarda bateu à porta.

–Majestade, Alteza. –ele fez uma reverência. -O rei pediu que vocês se arrumem para o evento. São 15:00h . Suas criadas já as esperam em seus quartos. Com licença. – ele fez outra reverência e saiu. Nós colocamos os livros em seus respectivos lugares e seguimos para os quartos.

–Minha filha, fique bem. Nós vamos conseguir passar por isso, tudo bem? –ela disse sorrindo quando estávamos prestes a nos separar para entrarmos em nossos quartos.

–Tudo bem, mãe. Nos encontramos logo. –ambas sorrimos e seguimos para nossos quartos.

Neena estava me esperando na porta. Ela fez uma reverência e abriu a porta. Ela deve ter notado a minha tensão, pois não disse nada além do necessário.

–Boa tarde, Alteza. Seu banho já está preparado. –ela disse com um sorriso amigável.

–Boa tarde, Neena. Obrigada. –sorri e entrei no banheiro.

Ela me ajudou com as roupas e no banho, como sempre. Depois arrumou meu cabelo, roupa e maquiagem. Ela havia escolhido um vestido azul claro,longo e acinturado. Era bonito e simples, nada extravagante. Combinava bem com a ocasião. A maquiagem era bem simples, somente base, rímel e um batom rosa claro.

Olhei o relógio e faltavam 15 minutos para as 16:00. Todos já deviam estar lá em baixo organizando as últimas coisas. Estava na hora de eu encarar a situação. Eu agradeci à Neena e deixei o quarto. Estava decidida a fazer aquilo do jeito certo.