Crônicas de um Bebê escrita por Kuroashi Boy


Capítulo 2
Dia da Fralda




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– Dá buu!! [Sons de bebês tentando se comunicar]

– Awn, você é tão bonitinho! – Meu papai Rosinante estava brincando comigo com os dedos, e eu estava sorrindo para ele. Sério, esse loiro é maravilhoso!

– Nyaa! Buu..

Assim que eu cheguei na Mansão dos meus dois pais, tudo melhorou rapidamente. Eu já tinha um quarto todo pronto pra mim, mas nunca ficava sozinho, já que o Rosinante estava o tempo todo comigo. E nós brincávamos sempre!

– Oh, vocês estão aí. – Mas aí aparecia o Doflamingo...

– Doffy, vem cá brincar com o Law!

– Dá dá bu!! – Eu estava totalmente hipnotizado pelos dedos do Rosinante, que pareciam ser a coisa mais divertida do mundo.

– Oh, ele é uma gracinha mesmo. – Doflamingo começou a imitar o marido e a sorrir pra mim. – E então Law, quer brincar com o seu papai preferido?!

– ... – Nossa, eu parei de sorrir na hora que aquele homem veio falar comigo. Sério, estragou totalmente o meu bom humor.

– Tsc, qual é o problema desse bebê comigo?!

– Não fica assim, Doffy, é claro Law gosta de você.

– Rosinante, não precisa ser muito inteligente pra perceber que esse protótipo de ser humano tem alguma coisa contra mim.

– Você tá exagerando. É que ele ainda não nos conhece muito bem, então é só questão de costume.

– Que seja. Aliás, você tá sentindo esse cheiro..?

– Cheiro? Que cheiro?

– O bebê tá fedendo! Você não tá sentindo?

– Ahn? – Ele me levantou e começou a me cheirar. – Ah, é verdade!

– Será que a validade dele venceu?

– Claro que não, nós só temos que trocar a fralda.

– Fralda? Ah não, nem pensar! Eu vou ter que encostar minhas mãos em cocô de bebê?

– M-Mas Doffy, nós precisamos fazer isso! E se o Law acabar ficando assado?

– Que tal nós devolvermos ele ao orfanato e pegarmos um bebê mais limpinho?

– Não inventa, vai. Todo bebê faz isso e eu já amo o Law como se ele tivesse saído de dentro de mim!

– E você sabe trocar uma fralda?

– Não... você sabe?

– Eu tenho cara de quem sabe fazer isso?

– Então como faremos?

– Eu tive uma ideia.

Então sim, primeiro eu fui abandonado pela minha mãe por ser homem e agora eu quase fui abandonado pelos meus pais não saberem trocar uma simples fralda. Bom, mas pelo menos eu tinha o Rosinante que me salvou de sofrer esse destino.

De qualquer maneira, o Doflamingo teve uma ideia "espetacular". Nós três fomos até o banheiro, e de lá, ele levantou a tampa da privada, tirou minhas roupas e começou a me sacudir. Sim, ele teve a brilhante ideia de me fazer usar o vaso sanitário.

– Nhee... – Imagina. Você é um bebê e tem um monstro assustador te sacudindo, pelado, em cima de um vaso com o triplo do seu tamanho. Eu já estava chorando com medo de morrer.

– Doffy, ele tá se sentindo totalmente desconfortável...

– Bobagem. E quem precisa de fraldas? Vamos ensiná-lo a cagar como adulto!

– Ele só tem dois anos, não exagera.

– Com dois anos eu já era líder de gangue na creche. Ele precisa de responsabilidade! Você vai mimá-lo se ficar fazendo o Law usar fraldas o tempo todo.

– Nhéeee! – Eu estava desesperado pra sair dali. Que ideia de bosta foi essa?

– D-Doffy, isso não tá dando certo! Para com isso agora!

E assim, começou uma pequena briga. Meu pai sensato tentou me tirar das garras do meu pai psicopata, mas não deu certo. Doflamingo não queria me soltar então eu acabei servindo de cabo-de-guerra entre dois adultos. Deu pra ver que eu era o mais maduro dali.

– Rosinante, você não vai pegar o Law! – Doflamingo me tira das mãos dele mais uma vez.

– Eu vou colocar uma fralda nele! – E ele me pega de novo.

– Você vai mimá-lo se fizer isso! – E de novo.

– N-Não se mima um bebê fazendo ele usar fraldas! – E de novo.

E tudo estava indo bem. Eu estava em cima de uma privada, pelado, sendo passado de um lado para o outro. Confesso que estava divertido pra caralho e eu comecei a rir! E assim, seguiu o tempo, até que o inevitável aconteceu.

Em uma das passadas, Rosinante escorregou as mãos, e acabou me derrubando. Sim, eu fui parar no vaso sanitário igual a uma merda qualquer. Isso sim foi desconfortável e os dois começaram a ficar desesperados, gritando como loucos.

– ROSINANTE, OLHA O QUE VOCÊ FEZ!

– AI MEU DEUS, DESCULPA!

– Você quase suicidou o bebê! Bom, pelo menos agora ele tá usando o vaso.

– F-Foi sem querer! – E assim, o meu pai desastrado me pegou do vaso, mas logo foi impedido.

– Você não vai segurar esse bebê nunca mais!

– Desculpa...

– Que seja. O que vamos fazer agora? Ele continua fedendo.

– Vamos dar um banho nele!

"Isso não vai dar certo" é que todos pensaram neste momento, mas acabou dando certo sim. Quer dizer, primeiro o Doflamingo cismou em me dar banho no chuveiro e, depois que foi negado, ele inventou que seria uma boa ideia me colocar em uma panela de cozinha com água. Foi até pensado que a melhor opção era me jogar na lavanderia!

Mas graças ao Rosinante, que por incrível que pareça era o mais sensato dali, eles acabaram me botando em uma bacia com água como pessoas normais e civilizadas fariam. Porém, depois do banho, o problema inicial veio à tona.

– E agora? – Eu estava deitado na cama, totalmente pelado e ambos estavam me olhando.

– Doffy, precisamos aprender a colocar uma fralda.

– Não deve ser tão difícil assim. Primeiro nós precisamos jogar talco nele. – E assim, o Doflamingo pegou o pó branco e jogou tudo em cima de mim. Acabei espirrando, óbvio, devido a toda aquela porra branca me cobrindo.

– Não é assim! Talco é só nas partes baixas, não no bebê todo!

– É só agora que você fala?!

Deixando tudo isso de lado, eles começaram com o "Desafio da Fralda". Parece que colocar isso é tão complexo que foi capaz de fazer dois adultos agirem como crianças. Repito, eu sou a pessoa mais madura do local, já que ambos simplesmente não conseguiam fazer nada direito!

Na primeira tentativa, eles, não sei como, prenderam meus dois pés na maldita fralda. Tentaram tirar depois que viram não estar dando certo, mas aí não conseguiam mais soltar a porra do nó! Sim, eles fizeram um nó naquela merda pra não soltar. E não soltou, tanto é que eu estava preso.

– Eu vou pegar a faca. – Afirma Rosinante, com sangue nos olhos.

– Hahaha, boa piada, você com facas. Até parece que eu vou deixar! Você lembra o que aconteceu na primeira vez?

– Eu quase perdi meu braço esquerdo e meu olho direito, mas isso não vem ao caso. Eu tô com raiva! Como pode ser tão difícil colocar uma fralda?

– Eu te disse que seria melhor botá-lo no vaso, mas você não me ouviu. Aliás, você me ouviu sim, só levou o "botá-lo no vaso" da maneira literal!

Mas eles não desistiram. Tentaram colocar a maldita mais uma vez, mas tudo que conseguiram foi: botar a fralda ao contrário, amarrá-la na minha barriga e até mesmo deram um jeito de colocá-la na minha cabeça. Como? Não me perguntem!

– ISSO É IMPOSSÍVEL! – Rosinante já estava perdendo o controle.

– Calma, calma, vamos dar um jeito.

– Por que será que nós não conseguimos? Todos os outros pais conseguem!

– É que geralmente são as mães que fazem isso, mas não tem mãe aqui.

– E o que a gente faz?

– A gente pode contratar uma mãe. Que tal?

– Claro que não, Doffy, isso tiraria totalmente a graça em sermos um casal de dois pais. Nós precisamos acabar com esse estigma de que só as mulheres conseguem cuidar de bebês!

– Então... JÁ SEI! – Uma lâmpada surge na cabeça dele. – E se nós chamarmos um homem? O Vergo tem um filho, ele deve saber fazer isso.

– Boa ideia!

– Hey, Vergo. – Doflamingo pega o telefone e liga pra ele. – Você pode vir até aqui com o Dellinger?

"Oi, Doffy. Posso sim, mas por quê?"

– Ah, nada demais. Eu te contei que eu e o Rosinante adotamos, não é? Eu quero que você conheça o Law!

"Então estamos indo aí."

E foi assim que eu conheci o Vergo e o Dellinger. Os dois foram lá para casa, e assim que chegaram, foram direto para o quarto onde eu estava. Meus pais tinham colocado uma roupa em mim para disfarçar, mas eu ainda estava sem a fralda.

– Então... – Diz Doflamingo.

– O que foi? – Indaga Vergo.

– Pra falar a verdade, eu só pedi pra que você viesse aqui porque eu e o Rosinante não sabemos colocar uma fralda.

– Sério..?

– Você pode nos ajudar?

– Claro...

Graças a isso, eu finalmente pude voltar às minhas preciosas fraldas. Ficar sem elas é super desconfortável, e o Vergo era muito mais maduro que qualquer ser humano presente. Ele logo ensinou os meus pais a colocarem uma bendita fralda.

Depois, eles começaram a conversar. Eu fui apresentado ao Dellinger, apesar de nós dois não sabermos falar ainda. Eis que Vergo começou a falar sobre o desenvolvimento das crianças e o assunto principal finalmente chegou.

– O Law não sabe andar?

– Na verdade nós nunca testamos. – Afirma Doflamingo.

– E-Eu queria ensiná-lo, mas eu fiquei com medo de acabar caindo... – Responde Rosinante.

– Ele tem dois anos, já deve saber andar sim. – Suspiro longo. – Olha, eu vou mostrar.

Vergo me colocou sentado no chão, e ambos meus pais olhavam para a cena como um filme de cinema. Eu logo mostrei as minhas habilidades de engatinhar, mas eu fazia isso de um jeito diferente. Eu andava com a bunda mesmo, deixando meu pé me arrastar sentado pra qualquer lugar.

– Rosinante.

– Oi.

– Nosso filho é retardado.

– E-Ele só não engatinha como as outras crianças, mas está dando o seu melhor!

– Isso é normal. – Afirma Vergo. – Cada criança tem um jeito de engatinhar. Agora vamos botá-lo de pé.

Lá no orfanato, as tias sempre me botavam para andar, então eu já era especialista nisso e pude mostrar as minhas incríveis habilidades de me locomover com os dois pés no chão. O Vergo segurou os meus braços no inicio, mas logo que eu comecei a me equilibrar, ele me soltou.

– Oh... – Rosinante e Doflamingo estavam encantados. – Então ele anda...

– Espero que ele não seja desequilibrado que nem o pai. – Murmura Doflamingo.

– Agora ele e o Dellin podem brincar juntos! – Exclama Rosinante.

E assim, eu fui posto de pé junto com aquele loiro ridículo do Dellinger. Como nós somos bebês, nossa rivalidade ainda não existia, mas saibam que atualmente ele me irrita até dizer chega. De qualquer maneira, nossos pais criaram uma espécie de rodinha e nos botaram no meio.

– Eu tive uma ideia! – Grita Doflamingo, diabolicamente.

– Qual?

– Vamos ver qual deles é o bebê mais forte.

– Aposto que é o meu. – Gaba-se Vergo.

– Bobagem. O Law vai ser lutador de boxe quando crescer.

– Pera, pera, quê? – Rosinante não gostou nenhum pouco. – N-Nós vamos colocar as crianças pra brigar? E não afirme coisas pelo Law, Doffy, ele é só um bebê!

Bom, não adiantou nenhum pouco o meu pai sensato falar alguma coisa. Vergo e Doflamingo já estavam decididos em nos fazer lutar, sendo que fizeram uma espécie de ringue improvisado no chão para tal. Eu e Dellinger éramos vítimas dos nossos pais malucos.

– Pega ele, Law! – Graças às ordens do meu pai, eu meio que empurrei o garoto no chão, fazendo ele cair.

– Dellinger, levanta daí e mostra do que você é capaz! – E graças aos gritos do Vergo, ele se levantou de fato, me empurrando e me fazendo cair. Nós ficamos nesse mesmo ritmo toda hora, até nós dois não aguentarmos mais nos levantar.

– J-Já chega, né? – Rosinante tenta impedir, sem sucesso.

– Não! Eu quero ver sangue! – Doflamingo me levantou pelos braços, me usando como marionete total.

– Dói admitir, mas eu acho que o Rosinante tem razão, Doffy. E também já está ficando tarde, eu preciso voltar pra casa.

– Tsc, tudo bem então. Nós continuamos nossa batalha depois, Vergo.

– Ah, só mais uma coisa! Vocês podiam botá-lo na creche, não é? Seria legal se os meninos estudassem juntos.

Fim.

Próximo capítulo: Dia da Creche.


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Notas finais do capítulo

Curiosidades: eu engatinhava da mesma forma que o Law! qqq (fora dos padrões desde 1998 pq simmm)

E aí, gostaram da Mini-diva ser filho do Vergo? (=