Relicário de uma vida [Hiatus] escrita por Farfalla


Capítulo 6
Perdão e Traição


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeeeeee, gente linda que eu amo s2
Sei que demorei, mas não me batam, não briguem comigo, e não me matem! (Se não ficarão sem o fim da história muaahahhaha) ~me ignorem
Isso tudo é felicidade porque terminei o capítulo! Foi evento atrás de evento para ajudar a minha irmã, e aí crise de inspiração, e aí acabaram as desculpas. Vão ler logo o capítulo hauahuah
Ah, só mais uma coisa, eu tinha uma história guardada com vários capítulos prontos, por isso comecei a postá-la, sabendo que não afetaria as outras. Falarei mais sobre ela nas notas finais! Até lá!



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Um ser humano como eu merece perdão? Matar o pai, ver a mãe desfalecer em depressão e medo, viver em becos e ruelas, envolver-me com mulheres descartáveis, passar noites sob o céu estrelado, tendo como companhia apenas um cigarro.

Já espanquei fotógrafos, quando me irritavam. Já espanquei meu irmão, quando ele me seguia. Ficar enfiado entre latas de lixo não parece nada além do meu próprio lugar.

O brilho que outrora tivera nos olhos verdes de minha mãe se foi por minha causa, e levou com ele toda a vida que tivera nos meus.

Me pergunto: não havia ninguém para salvar mulher e criança afundados em desgraça? A senhora, minha mãe, não tinha senso algum ao ter um filho com um homem inescrupuloso como Bart?

Bart era lixo. Minha mãe também. Eu me tornei o mesmo. E toda a humanidade nos acompanha.

Um ser humano merece o perdão?



A primeira coisa que Ulquiorra viu depois de cair da Garganta foram listras. Levou a mão ao rosto, sentindo a pele regenerada. Em compensação, seus dedos ainda revelavam parte dos ossos, e seu corpo estava quase imobilizado, de tão fraco.

— Por quê? — indagou.

— Quem sabe? — o outro respondeu, com ar cômico.

— Você é um idiota, Kisuke Urahara — murmurou as palavras há muito tempo ditas.


Ulquiorra olhou o endereço no papel em sua mão, e conferiu se estava no lugar correto. Apoiou a mão em sua zanpakutou, sentindo-se estranho naquele quimono negro. Ele não tinha um motivo específico para ter ouvido o conselho de Aizen de ir até ali, apenas se moveu pela curiosidade.

Avançou e abriu a porta de madeira, dando de cara com uma loja aparentemente comum.

— Em que posso ajudar, estranho-kun? — indagou uma voz divertida.

O moreno encarou o mais velho à sua frente. Alguém, no mínimo, estranho. Utilizava um chapéu com listras brancas e verdes, e segurava um leque sobre o rosto; seus olhos brilhavam de forma inquietante por trás da sombra dos dois objetos.

— Você é Kisuke Urahara? — perguntou.

— Isso depende de quem você é.

— Ulquiorra Schiffer, e, como pode ver, sou um Shinigami.

Ele disse as palavras com naturalidade, mas, em seu interior, acreditava que talvez soasse como um idiota. Já estava habituado a ver coisas que as pessoas comuns não viam, e constatara que nenhum humano era capaz de enxergá-lo com aquelas roupas, mas se autointitular um ser da mitologia japonesa o incomodava. Parecia piada.

— Está certo disso? — indagou, e Ulquiorra percebeu que ele sorria.

— Preciso de uma Gokon Tekko — limitou-se a responder, ignorando a provocação de Kisuke.

Ulquiorra nunca tivera paciência para joguinhos, não seria com um velho excêntrico que isso iria mudar.

Urahara moveu-se para uma parte mais reservada do local, onde pilhas de estoque se encontravam. Retirou de lá a luva vermelha com a imagem de uma caveira, e a estendeu para o moreno, mas, antes que o cliente pegasse, puxou-a alguns centímetros de volta para si.

— Posso saber com quem encomendou um Gigai?

Manteve-se em silêncio, recolhendo a mão estendida, e se sentindo incomodado pela falta de bolsos naqueles trajes.

Kisuke apertou os olhos minimamente, mas abaixou o leque e revelou um sorriso.

— Uma concorrência misteriosa. Posso ao menos saber quem recomendou meus serviços? Se veio à minha procura, acredito que seu fornecedor esteja falhando em seu trabalho.

— Não acho que seja correto a um empresário falar desta forma de seus parceiros de profissão — comentou com indiferença, os olhos cravados nos do mais velho em um desafio silencioso.

Não houve mais conversa, e Ulquiorra comprou o que lhe era necessário. Quando estava saindo do local, porém, a voz do loiro falou atrás de si.

— Ultimamente a Inglaterra têm tido destaque interessante nos noticiários — disse, divertido, fazendo Ulquiorra entender que ele se referia às reportagens que escreviam sobre ele, como herdeiro dos Schiffer.

Fechou os olhos por um instante.

— Você é um idiota, Kisuke Urahara.


Orihime sorriu e colocou os bolinhos na mesinha da sala, tentando, de alguma forma, fazer aquele choro parar, pois lhe doía o coração.

Acariciou a cabeça de Nel por cima da máscara. A Arrancar, em sua forma adulta, era maior do que a ruiva, e isso só deixava a situação ainda mais estranha.

Nelliel havia chegado berrando, mas Orihime a recolhera para sua casa, e agora tentava acalmá-la. Quanto tempo para aparecer um Shinigami?

— Aqui não dá para respirar... — falou, choramingando.

— Você não quer voltar para o Hueco Mundo? — indagou, tentando ser o mais gentil possível. — Até onde sei, aqui é um lugar difícil para vocês ficarem, porque não tem muitas partículas espirituais.

— Mas Nel quer ver Ichigo!

A humana deu um sorriso de lado, compreendendo. Ela mesma não via o garoto há bastante tempo.

— Quer um bolinho? Acabaram de sair do forno — ofereceu.

— Eu não posso comer. — Ela retomou o choro.

Não? Bem, Orihime nunca tinha visto mesmo um hollow comer alimentos. Eles estavam mortos, afinal.

A porta se escancarou, revelando Sado, que simplesmente encarou a situação por sob a franja castanha. Orihime o convidou a se sentar. Ishida apareceu na janela quase no mesmo instante, ofegante, pois estava ocupado com suas próprias coisas antes de disparar até ali. Orihime o convidou a se sentar. Tatsuki, para a surpresa de todos, apareceu preocupada na porta entreaberta. Orihime a convidou a se sentar.

Estavam todos entulhados na sala, e a ruiva mantinha um meio sorriso constrangido. Todos recusaram seus bolinhos, então ela os puxou para o colo e começou a comer.

— Onde está o Ichigo? — choramingou Nelliel.

— Quem é ela? E por que está atrás do Ichigo? Ela me dá uma sensação ruim — Tatsuki falou com a amiga.

— É uma Arrancar. Ela é como aqueles caras da cratera, só que boazinha.

O olhar de Tatsuki endureceu, mas, talvez porque Sado e Uryuu estavam agindo naturalmente, aceitou a declaração da outra.

— Yo! — Uma nova voz foi ouvida.

Todos se viraram para o corredor da casa.

— Ichigo! — gritou a Arrancar, arrastando a letra "o" ao se jogar em cima dele.

— O que está fazendo aqui? — o ruivo perguntou, afastando-a gentilmente.

— Ichigo não queria ver Nel?

— É bom ver você, Nel — ele se adiantou. — Mas não pode simplesmente vir aqui à visita.

— Eu não ligo — falou, petulante. Sua expressão, em seguida, ficando séria. — E eu vim para uma busca. Ulquiorra está aqui na Terra.

O clima na sala esfriou, e todos os olhos se voltaram para a ex-Espada.

Orihime sentiu o coração dar um salto, e levou as mãos ao peito. Agora percebia algo que não lhe era evidente antes: aquilo que sentia era como uma traição aos seus amigos. Ela desejara que aquele homem, que havia causado tantos problemas àquelas pessoas ali na sala — e a tantas outras —, estivesse vivo. E, agora que estava de frente para a situação, não sabia o que fazer. Ulquiorra poderia ter entendido o que era um coração, mas quanto isso o teria mudado? Sequer alguma mudança tal fato causara?

Nervosa, começou a comer os bolinhos mais rápido, esperando pelo que viria a seguir.

— Ulquiorra está morto — declarou Ichigo, embora não parecesse muito convicto.

Nelliel balançou a cabeça.

— Ele se regenerou, embora não completamente. — Sua voz aguda parecia ecoar por todo o apartamento. — Eu o levei para Halibel em Las Noches, mas ele fugiu depois de ferir uma Arrancar. — A garota suspirou. — Embora, provavelmente, ela o tenha provocado.

Ichigo travou a mandíbula, desviando o olhar para Orihime. O garoto apertou os punhos ao notar que ela estava nervosa, roendo bolinhos com euforia exagerada.

— Eu vou encontrá-lo — pronunciou, com a voz firme, um vinco ainda mais profundo se formando entre suas sobrancelhas. — Nós temos uma luta não concluída.

A ruiva arregalou os olhos ao notar que ele falava para ela, a encarando com os olhos preocupados.

Como explicar que não era aquilo o que queria? Como lidar com seus sentimentos estranhos sem parecer uma traidora?

Ela perdeu-se tanto em seus sentimentos, que nem percebeu que Uryuu agora estava de pé.

— Eu vou com você — o moreno declarou.

— Não, eu... — Ichigo começou a dizer.

— Da última vez que lutou contra ele, você levou uma surra, Kurosaki — Uryuu respondeu, cético. — E só não morreu por causa daquela... transformação.

O ruivo perdeu o argumento ao lembrar-se daquilo, ao rever diante de seus olhos a cena de Ishida transpassado por Zangetsu. Engoliu a saliva que se acumulava em sua boca, e aquiesceu em silêncio.

Orihime saltou de seu lugar, pondo-se de pé com uma expressão decidida.

— Eu também vou!

Todos se voltaram para ela agora, que se sentiu envergonhada pelo ataque súbito. Não sabia o que poderia fazer se o encontrasse junto dos outros. E também não sabia o que Ulquiorra faria. Será que quando eles se reencontrassem, ele a beij…

Inoue levou as mãos ao rosto, envergonhada pelo próprio pensamento. Ichigo, compreendendo errado seu gesto, se aproximou dela.

— Inoue, você não precisa ir. É perigoso. Além disso, eu estou mais forte que da última vez que lutei contra ele.

Orihime assentiu. Ela teria que arrumar outra forma. Precisava encontrar Ulquiorra antes deles, e, finalmente, entender o que se passava em seu coração.


Ulquiorra entrou no cômodo com as mãos nos bolsos, e se recostou contra a parede em silêncio.

— Você já se perguntou por que tem esse poder? — Sua voz calma pareceu rodopiar ao redor dos ouvidos da ruiva.

Ela balançou a cabeça negativamente. Estava com o coração apertado, o corpo inquieto, sendo rondada por uma sensação incômoda. Como se não bastasse a presença indiferente de Ulquiorra, os olhos de Aizen cravados nela lhe davam arrepios, e ela sabia que, mesmo que não o estivesse vendo diante de si, poderia sentir aquela aura misteriosa que o Shinigami carregava.

— É curioso... — continuou o Arrancar, observando-a.

Aizen apoiou o rosto na mão direita, em sua posição típica, e havia um sorriso em seu rosto, que deixava Orihime ainda mais sem lugar. Ela levou as mãos unidas ao peito.

— Você segue alguma religião? — Aizen perguntou, de repente, fazendo-a dar um pulo no mesmo lugar.

— Eu acredito em Deus — respondeu, apenas.

— Então também deve acreditar em um Demônio, certo? Belzebu, Lúcifer, Diabo, como preferir chamar. Mas... — Seus olhos ficaram ainda mais intensos, parecendo hipnotizá-la. — ...e se Deus e o Demônio, na verdade, fossem exatamente o oposto do que você imagina?


A garota limpou o suor da testa. O estresse do dia devia tê-la feito se lembrar daquilo. Orihime nunca pensara muito sobre o que Aizen quisera dizer, e percebeu que, mesmo depois de tanto tempo, ainda não compreendia.

Jogou as pernas para fora da cama, sentando-se na beirada. Apoiou as mãos no colchão e fitou o teto.

O que Ulquiorra estava fazendo na Terra? Ele ainda se lembrava dela? Havia algo que poderia fazer para encontrá-lo? E então a última pergunta a fez arregalar os olhos: teriam Ichigo e os outros já o encontrado, e começado uma luta?

Seus olhos vagaram até a janela, e ali se cravaram. Ela não sabia bem o que era, mas algo absorvia sua atenção.

Foi devagar até ela, puxando o vidro para abrir, sentindo a brisa da noite invadir o quarto e refrescar sua nuca suada.

Colocou a cabeça para fora cautelosamente, e olhou para baixo.

Um par de olhos verdes faiscaram ao se levantar na direção dos cabelos laranjas. Não havia qualquer sentimento ali, apenas a habitual indiferença, mas, mesmo assim, o coração de Orihime falhou por uma vez, e então disparou. Ulquiorra estava banhado pela luz da lua, sua pele pálida reluzindo no meio da escuridão.

Encarou os lábios escuros dele, quando o moreno falou:

— Finalmente, mulher.


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Notas finais do capítulo

Finalmente, mesmo, Ulquiorra, seu lerdo e.e sahushauhsah Não me matem pela zoeira de não ser ele caindo na Garganta perto da casa da Hime xD
Então, agora o povo tá tudo atrás dele querendo matá-lo :/ vamos ver no que isso vai dar... E, sobre a lembrança da Orihime, gostaria de dizer que isso será importante mais à frente hahahaha vamos abalar as consciências alheias *-*
Ahhhhhhhh, o que acharam das novas capinhas de capítulo? Sim! Já coloquei nos outros capítulos ^^ é a primeira vez que faço algo assim em uma história :v

Quanto à nova história, chama-se O Dominador de Sonhos, e se trata de um garoto que viajou no tempo por acidente e acabou parando na Itália Medieval (azarado e.e), mas ele só foi um agente para a história de Tiago Morelli, que vive nos tempos atuais e passa por várias tretas. É de fantasia? Sim! Tem outras coisas além da viagem no tempo... hehehe Tem ação e aventura? Sim! E romance também ahuauha E aquela história é o meu xodó s2
Se quiserem passar lá: http://fanfiction.com.br/historia/624893/O_Dominador_de_Sonhos/

Beijos, amores, e até o próximo! Tentarei demorar menos para postar T-T