Nossa história é antiga

Mais velha do que o vento

Tem sido essa tristeza há anos

Como podemos fingir

Que todos nós sabemos como vai terminar?

— Rescue Me (Daughtry)

POV’S Violetta

— Você tem que lutar filha, por favor...não desista agora – Aquela voz estava um pouco distorcida, mas mesmo assim, eu a conhecia. Não tinha como esquecer ou não reconhecer.

— Pai? – Minha voz, assim como eu, estava fraca.

— Você tem que vencer eles filha, faça o que eu não consegui fazer, projeta quem você ama...proteja a sim mesma.

Não sei se alguma vez em minha vida eu já sentira algo parecido, mas minha cabeça doía como o inferno, parecia que eu tinha sido atingida por algo.

— Hey Vilu, já acordou querida?

Tive que piscar várias vezes, podia ser apenas um sonho ou minha mente me pregando peças, mas era Gery á minha frente, com os braços cruzados e seu sorriso irritantemente cínico nos lábios.

— O que aconteceu? Onde estou? Onde a Lara está?!  – Me remexi e só nesse momento percebi que estava em uma cadeira, com os braços amarrados atrás das costas, em uma posição extremamente desconfortável.

— Ai ai...tantas perguntas – A garota encenou um bocejo e aproximou-se de mim, logo segurando meu queixo e me obrigando a olhá-la nos olhos. – O que aconteceu? A etapa final está se iniciando. Onde você está? Ah me desculpe, isso não lhe interessa. Onde aquela vadia está? – Revirou os olhos e virou meu rosto bruscamente, logo Lara estava em minha visão.

Eu nunca a vira tão vulnerável em todo esse tempo. A garota estava jogada em um canto, amarrada como eu e com alguns machucados pelo corpo, totalmente inconsciente.

— Solta ela sua desgraçada! – Um tapa desferido em meu rosto, e mais um pouco de uma dor incrivelmente forte.

Mesmo com minha mente revirada e certos pontos de interrogação dentro da mesma, eu estava ligando os pontos enquanto me recuperava.

A etapa final.

— Foi você, não foi?! Foi você que destruiu minha vida inteira!

— Mas vocês já estão brigando meninas? – A pessoa que vinha de uma porta escura deixou uma risada reverberar pelo ambiente.

Eu estava certa. Meu inferno pessoal estava mais perto do que eu imaginava.

— Olá irmãzinha, olá Vilu – Só de ouvir meu nome sendo pronunciado por Clement daquela forma eu já sentia uma enorme vontade de vomitar- Sentiu minha falta?

— Saia de perto de mim ou eu...- Me encolhi toda na cadeira, sentindo uma leve fisgada no pulso. Eu quase esqueci que estava amarrada e completamente indefesa.

— Ou você o que meu amor? Dessa vez não tem como fugir, você simplesmente não consegue escapar – Se ele chegasse um pouco mais perto de mim, eu iria ficar mais enjoada do que já estava. – Espera. Eu meio que preparei um discurso para esse momento.

Gery sorriu irônica, assim como seu irmão. Claramente se divertindo com aquela porcaria toda.

— Violetta, você deve aprender que basta apenas um coração partido para acabar com tudo. Um coração partido com uma perda inconsolável logo em seguida é mil vezes pior. Sim, agora, neste momento eu confesso. Eu e Gery somos as pessoas que você tanto odeia, nós somos os responsáveis por cada morte. – O sorriso não abandonara seus lábios nem por um segundo. Nesse momento eu concluí que o ódio pode crescer cada vez mais – Você me rejeitou e nosso grande e respeitado Germán matou o nosso pai, a única pessoa que tínhamos por perto. Você não acha justo?

Lágrimas escorriam contra minha vontade, mas dessa vez eram de raiva.

— Mas você deve se perguntar, porquê deixar você por último?               Ah isso é fácil de responder, é para você aprender que não se deve brincar com os sentimentos de Clement Galan.

— Você é um monstro! Um psicopata! – Minhas tentativas de arrancar as cordas de meus pulsos eram falhas.

— Posso até ser. As melhores pessoas são assim baby – Chegou próximo a meus lábios e me deu a chance de poder cuspir em seu rosto, era algo um tanto idiota de se fazer, mas no momento fora o que me veio à mente.

— O que essa criatura tem na cabeça?!- Gery levantou rápido da mesa, vindo em minha direção com a mão já levantada, pronta para outro lindo tapa.

— Gery, para! Já não basta ter apagado ela com aquele taco antes? – Clement segurou Gery e a empurrou para longe de mim, me dando a chance de tentar lembrar de como eu chegara aqui.

Já estava conseguindo me acalmar, não importava quantas vezes eu falava sobre minha família morta, eu sempre iria ficar mal no final. Lara não sabia de nada, eu não podia culpar ela.

— Eu vou pegar uma água para você...- A garota do rabo de cavalo seguiu para a cozinha, me deixando sozinha na sala, tentando limpar os resquícios das lágrimas.

Um grito e um barulho de vidro chocando- se contra o chão foi o suficiente para que eu fosse em direção a cozinha.

— Lara?

Um forte baque em minha cabeça e após isso, apenas escuridão.

— VIOLETTA! ONDE VOCÊ ESTÁ?

Não, ele não. Por favor.

— Olha só quem resolveu juntar- se a nossa pequena reunião. Olá querido – Gery disse ao ver León, que estava ofegante e com a expressão assustada.

— Gery, você o atraiu até aqui? – Clement disse e após perceber Gery concordando com um aceno de cabeça, sorriu de lado – Bom movimento irmãzinha. Vou adorar ver o Vargas tentando bancar o Superman e salvar a mocinha em perigo.

— Solta ela, agora! – Ele tentava demonstrar que estava confiante, mas eu sabia que o medo de que algo ruim acontecesse estava o corroendo por dentro.

— León, por favor...saia daqui antes que você acabe machucado – Meu tom era de súplica, eu não queria o perder também.

— Não! Eu não vou te deixar para trás!

— Oh meu Deus, não deu nem um minuto e vocês dois já estão me dando vontade de arrancar meus olhos para que eu não veja essa ceninha. Vamos para um lugar mais reservado Vilu – Levantei o olhar e pude perceber que Clement estava com uma arma de fogo na mão, mesmo que não me agradava eu deveria obedecer a ele. Suspirei aliviada ao sentir que minhas mãos estavam libertas, mas logo arfei ao sentir um aperto forte em meu braço.

León tentou nos seguir e tentar me soltar de Clement, mas ele o empurrou longe e Gery assumiu a tarefa de manter o garoto de olhos verdes no chão, onde não poderia fazer nada a menos que assistir.

— Me solta sua va...- Ele poderia ter completado sua fala, se não fosse Gery tentando mostrar-se superior com uma arma na mão.

— O que você ia dizer Leonzinho?

Se eu sair viva dessa, essa garota vai me pagar.