Uma noite encantada- One-shot. escrita por Bruzinha


Capítulo 1
O baile.




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O cheiro doce de licor inebriava o olfato e os corações de todas as pessoas naquela noite. Vestidos de tecidos finos, saltos altos, ternos, eram inúmeros, naquela profusão de pessoas. Uma música clássica fazia bailar todas as pessoas presentes, e corações. Exceto por uma pessoa.

(POV Gabrielle) Tudo o que eu sentia era cansaço e vontade de ir embora dali- merda, eu me sentia tão...insegura, feia, nesse vestido rosa decotado, por mais que a festa toda estivesse me dizendo o contrário. E ainda por cima eu era abstêmia- e o cheiro horroroso de bebida mais me irritava do que me deixava bem-humorada- já tinha dispensado o mesmo cara de sempre, umas dez vezes ao menos. Ele não se cansava de chegar em mim? Pff. Mesmo eu dando foras de duzentas mil maneiras diferentes, não adiantava. Caramba, como homens eram cansativos. Eu estava em uma rodinha com amigos e amigas- todo mundo bêbado. Ora eu dava risada, ora segurava uma amiga para que não capotasse. Estava absolutamente cansada- aquela merda de sapato doía, aquela droga de música estava me deixando louca, mas eu fingia estar tudo bem e forçava a porra do sorriso. Eu estava odiando meu cabelo- que insistia em alternar entre longo e liso- por mais que eu tivesse feito chapinha nele até que ele quase caísse. Era simplesmente...terrível.

“There I was again tonight

Forcin’ laughter

Faking smiles

Same old tired, lonely place

Walls of insencirity

Shifting eyes and vacancy (...) “

( Flashback moment)

Esqueci de mencionar. A gente ensaiou essa merda de valsa ao menos umas cem vezes nos últimos 3 meses. Talvez você já sacou o que está rolando, mas se não sacou eu explico, leitor. Bem, eu estou me formando. Depois de cinco anos infernais e de ser subestimada por ser “latina” e pior ainda, negra, numa faculdade de Cênicas em New Orleans. Sim, New Orleans, justo o berço de James Brown. Tudo o que eu queria na maior parte das minhas aulas de interpretação e de música era morrer- tendo dificuldades em me expressar, e sendo uma moça “na minha”, alguns professores achavam que eu não iria me formar.

Mas o que ela passava, era muito pior. Quantas vezes não vi as pessoas debochando do seu cabelo crespo- lindo, a propósito, enquanto ela desabava, logo acolhida por outros amigos negros. Eu não tinha coragem de me aproximar. Quem era eu, tímida e calada, perto de uma moça que tinha uma voz maravilhosa- sim, eu ficava a ouvindo cantar, escondida, dentro de um baú velho que havia na sala de canto. Era escuro, quente- às vezes eu dava de cara com uma aranha- mas tudo para ouvir aquela voz linda. E ela também atuava. Maravilhosamente bem. Dançar? Melhor ainda. Era exímia bailarina. Eram visíveis os pés machucados, sangrentos e cheios de calos na aulas de ballet- nas quais eu era péssima- mas ainda assim, ela continuava a dançar, sem expressar nada da dor que eu sabia que ela sentia.

Quantas vezes não a vi ser subestimada por causa de sua cor, quantas vezes não a vi ser humilhada e até comprei brigas com professores após a aula- longe dela- e chorava quieta quando era também humilhada- mas bem menos que ela. O que eu aguentava estava longe de aguentar. Não é à toa que seu nome é forte- belo, digno da mulher que ela é- Dandara.

( Fim do flashback)

Eu já estava completamente desesperançosa- olhando para os lados, vendo se tinha como haver alguma saída, alguma escapatória- na verdade eu praticamente girava em 360 graus no salão, procurando a porta aberta mais próxima. Parei- já tonta por estar girando- e também desconfiava que os desgraçados dos meus amigos colocaram álcool no meu refri. Vou matar eles. Eu estava praticamente cambaleando, quase caindo ao chão- braços estirados ao próprio- quando eu ouvi a sua voz. Era bela, doce, porém forte. Como cabia a uma mulher negra empoderada.

“ Shifting eyes and vacancy vanished when I saw your face” (...)

-Está tudo bem? – Ela sorria- simpaticamente- céus, como o sorriso dela era maravilhoso- estendendo a mão a mim, ajudando-me a se levantar.

Olhei-a nos olhos, corando furiosamente ao reparar no quanto ela estava linda. Pensem numa deusa africana. Pensem numa mulher perfeita. Pois é. Ela estava perfeita com um vestido em degradê laranja e amarelo- o turbante, enorme, vermelho, ornando perfeitamente com a maquiagem. Lábios vermelhos- provocativos- brilhantes. Eu tentava não dar em cima dela enquanto a observava- o que era uma tarefa particularmente difícil, então eu olhava para o chão, e murmurava coisas sem sentido- a cada dois minutos. Ela repetidamente, me perguntava se eu estava passando mal- afinal, cambaleante e abaixando a cabeça. Sem resposta. Meu rosto ficava mais vermelho. Droga. Uma hora ela, preocupada, e um pouco sem paciência, agaixou-se, e levantou o meu rosto, delicadamente, com a mão- tão bela, tão macia...tão sofrida. Cheia de calos, porém era a mais bonita do mundo para mim.

Meu rosto passou por todos os tons possíveis do arco-íris e mais um pouco. Até que ficou estacionado no vermelho- eu poderia sentir que um incêndio estava ocorrendo nas minhas bochechas- droga, pare de agir assim Gabi! Que coisa! – Eu brigando mentalmente comigo mesma. Ela arqueou uma sombrancelha- minha expressão deveria estar bem esquisita. Porém, ela só gargalhou, olhando-me.

-Você está sem par? Tudo bem, então vamos dançar, sua boba! Por que está me olhando assim? – Puxando-me entusiasmada, e até com certa pressa- o puxão brusco quase me deu um tombo- porém, ela não me machucara em nenhum momento. Era impossível. Uma moça tão frágil- o corpo excessivamente magro- tanto que os ossos pululavam- fazer-me algum mal. Eu, que era fora do padrão, “gordinha”- também debochada por causa do meu peso- era mais fácil eu fazer mal a ela. Eu não tinha palavras para traduzir o que sentia enquanto valsava com ela- desajeitadamente- eu sempre fui uma negação em dança- a música falava por mim.

Chegou um momento em que ambas valsavam- perfeitamente- e parecíamos mais almas gêmeas- ao menos no quesito dança. Eu não entendia como do nada eu parecia achar aquela droga de valsa tão fácil. Eu a olhava nos olhos corada, e ela me olhava, também. Ela pareceu deitar o rosto no meu ombro- um pouco cansada- e logo, surpreendentemente- levantou o rosto- até o meu- eu podia sentir as respirações próximas- logo aproximando-se do meu ouvido- e cochichou baixinho nele:

- Preciso ir. – E eu parecia triste- afinal, era tão pouco tempo com ela. Porém, outra surpresa. Sinto minha bochecha se molhar- um beijo silencioso, breve- longo, com gosto de que queria se alongar- a cobriu. E eu poderia jurar que dessa vez ela ficou roxa. –Logo ela se afastou, eu segurando a mão dela- com um olhar que dizia- “nos veremos novamente?” – Ela pela primeira vez pareceu triste. Logo falando, o mais breve possível, explicando, brevemente, que tinha coisas importantes a fazer em seu país- a África- crianças a ensinar, a cuidar- do seu povo, dos seus iguais. Nesse momento ela forçou um sorriso- logo olhando-me, com seus olhos amendoados- tão marrons como um chocolate- tão penetrantes como os de uma águia. Logo sussurrou, soltando a minha mão, e afastando-se aos poucos. –Quando você sentir minha falta, feche os olhos. Eu estarei lá, nos seus sonhos. – E assim, Dandara se foi. Eu fiquei ali, ao mesmo tempo embabascada pela sensação de felicidade e êxtase de estar com a pessoa amada- e ao mesmo tempo triste, pois demoraria a revê-la- mas ela virou-se para trás, abrindo um sorriso e acenando- não pude evitar de sorrir- logo, a bochecha dela tornou-se tão vermelha quanto seu batom, e ela saiu correndo apressada e delicadamente- profundamente envergonhada. Acabei minha noite levemente bêbada, e sorrindo que nem uma boba- a despeito das zoações dos meus amigos- e tive lindos sonhos naquela noite.

“ All I can say is it was enchanting to meet you (...)

Your eyes whispered "have we met? "

Across the room your silhouette

Starts to make it's way to me

The playful conversation starts

Counter all your quick remarks

Like passing notes in secrecy

And it was enchanting to meet you

All I can say is I was enchanted to meet you



This night is sparkling, don't you let it go

I'm wonderstruck, blushing all the way home

I'll spend forever wondering if you knew

I was enchanted to meet you



The lingering question kept me up

2am, who do you love?

I wonder till I'm wide awake

Now I'm pacing back and forth, wishing you were at my door

I'd open up and you would say

It was enchanting to meet you

All I know is I was enchanted to meet you



This night is sparkling, don't you let it go

I'm wonderstruck, blushing all the way home

I'll spend forever wondering if you knew

This night is flawless, don't you let it go

I'm wonderstruck, dancing around all alone

I'll spend forever wondering if you knew

I was enchanted to meet you



This is me praying that this was the very first page

Not where the story line ends

My thoughts will echo your name until I see you again

These are the words I held back as I was leaving too soon

I was enchanted to meet you

Please don't be in love with someone else

Please don't have somebody waiting on you

Please don't be in love with someone else

Please don't have somebody waiting on you



This night is sparkling, don't you let it go

I'm wonderstruck, blushing all the way home

I'll spend forever wondering if you knew

This night is flawless, don't you let it go

I'm wonderstruck, dancing around all alone

I'll spend forever wondering if you knew

I was enchanted to meet you



Please don't be in love with someone else

Please don't have somebody waiting on you


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