A Cruzada escrita por DemonKingley


Capítulo 26
Miguel & Erika - Fim - segunda parte


Notas iniciais do capítulo

Its over guys, terá dois capítulos hoje, sendo esse o final da história e o próximo um epílogo curto. Espero que gostem.

Boa leitura!



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— Quem é você? — uma voz ecoou pela minha cabeça. Em um momento eu estava olhando Julio, no outro eu estava em um quarto escuro, sozinha, com frio.
— Sou aquela que você deve ser. Eu sou Anya — respondeu, atrás de mim, eu me virei assustada e encarei aquela mulher, que não era diferente de mim. Não era muito alta, tinha a minha altura, mais ou menos um e sessenta e cinco; seu cabelo tinha uma linda cor, era vermelho brilhante que iluminava toda aquela escuridão e chegava até seus pés. Seu rosto era idêntico ao meu, e ao de minha mãe; o que implica que nós, mulheres descendentes de Anya, somos a mesma pessoa. — Não se assuste, não tem com o que se preocupar.
— Você é ela?
— Sim — ela falou, botando sua mão em meu rosto, me acalmando no mesmo instante.
— Então por quê? Por que só veio agora? Agora que meu pai, Miguel entre outros já se foram, por que só agora? — perguntei para ela, que sorriu, dona de um curto vestido branco, que ficava pouco acima de seu joelho e deixava seus braços a mostra. Seus pés descalços pareciam leves enquanto ela planava ao meu redor.
— Porque você ainda não estava pronta. Eu nunca fui capaz de derrotar Unya, meu poder não é bruto como o de meu irmão, então se lutarmos não seremos capazes de derrotar ele. Não sem meu marido.
— Seu marido Quer dizer o Miguel?
— Não, Miguel é seu marido. Meu marido, Lumière, foi o homem que derrotou ele há mais de mil anos. Após minha morte, ele ficou sozinho vagando pelo mundo, deixou nossos filhos cuidando de nosso reino e saiu em uma jornada pelo mundo.
— E o que que tem?
— Ele ainda meditou por cem anos, onde transcendeu para algo próximo de um Deus e assim iniciar um ciclo de reencarnação. Doou seu sangue para uma família que se transformou naquele clã que hoje é conhecido como Lumière e iniciou seu sono eterno anos depois.
— Então ele, seu marido, a alma dele dorme dentro do Miguel?
— Sim, mas ele é diferente de mim, eu posso ter uma reencarnação completa. Nesse momento eu posso assumir seu corpo criando uma nova existência; já meu marido repassa sua experiencia, habilidades e conhecimento para sua vida futura. Se Miguel adquirir essas habilidades, nós seremos capazes de derrota-lo.
— Mas como faremos isso? Ele morreu.
— Se conseguirmos trazer a alma dele de volta para o corpo, podemos fazer com que ele volte a vida.
— Mas a alma de um morto é enviado ao submundo, como iremos busca-lo? Sem falar que ele esta com um buraco enorme no peito, é impossivel que ele consiga voltar.
— Esqueceu que sou uma deusa? — ela falou, seguido de uma risada leve e infantil. — Mandarei seu espirito para lá, traga sua alma de volta. Eu cuido do meu irmão, apresse-se e vá.
Eu segurei a mão dela, porem aos poucos a vi se distanciar como se o espaço ao nosso redor fosse esticado e eu me senti como se estivesse caindo. Enquanto estava caindo, eu olhei ao meu redor, eu vi lembranças por toda parte. Desde o dia em que eu conheci Miguel, quando ainda tinha sete anos; uma outra lembrança é de quando eu tinha quatorze anos e tive meu primeiro namoradinho, mas eu era princesa e só podia ficar com ele as escondidas, até o dia que Miguel descobriu, eu pensei que ele fosse falar para o rei ou algo do tipo, ao invés disso ele me olhou, bocejou, coçou o nariz e me disse para voltar para casa cedo, caso contrário meu pai iria me enxer de perguntas eu claramente não dei ouvidos. Quando voltei para casa, meu pai me enxeu de perguntas, sobre onde eu estava e também disse que eu jamais voltaria a sair nesse horário, Miguel, apareceu na sala e me protegeu — Ela só estava no parque com as outras garotas. Ela pode ser uma princesa, mas ainda é uma adolescente, deixe-a se divertir. — o rei me olhou após isso e se desculpou, Miguel que já era um adulto saiu da sala sem dizer uma palavra. Continuei a sair com o garoto até meus dezesseis anos, onde o mesmo se mostrou ser diferente do que sempre foi, ele começou a usar algum tipo de droga; ele me ofereceu e eu por estar em uma fase difícil acabei que por aceitar e usar, após isso fomos para um beco escuro onde começamos a nos beijar, a coisa piorou quando a gente começou a passar dos limites tentando fazer sexo no meio da rua. Antes que eu abaixa-se minha saia, Miguel apareceu, ergueu o garoto pelo pescoço — Nunca mais encoste um dedo nela, ou arrancarei esse dedo e vou enfiar no seu rabo tão fundo até sair pela boca você ta entendendo? — o garoto fugiu e eu nunca mais o vi desde então.
— Por que fez isso? — eu gritei com ele, onde o mesmo deu um tapa forte em meu rosto. Eu coloquei minha mão no local e fiquei olhando para o chão.
— Você é idiota? Usando esse tipo de drogas? Você não é uma pessoa qualquer, é uma princesa que um dia deverá levar esse reino para a glória, um dia vai carregar o peso das pessoas em suas costas e passará a ser a referencia de milhões de pessoas. Se você quer gastar sua vida assim com drogas e sexo no meio da rua vá em frente, mas saiba que se entrar nessa vida não terá mais volta.
Ele me pegou pelo braço e começou a me levar de volta para o castelo. Eu voltei de cabeça baixa, mas agradeci — Obrigada — falei ainda olhando para baixo, enquanto a chuva começará a cair sobre nós. Ele parou no meio da rua, acariciou minha cabeça, eu gostei por algum motivo, talvez tenha sido a primeira vez que meu coração acelerou pra ele.
— Sua cabeça é ótima pra limpar minha meleca — ele falou, sorrindo pra mim.
— Seu imbecil! — gritei, tirando a mão dele de minha cabeça.
— Toma — ele falou, botando sua camisa em minha cabeça para me proteger da chuva. — É melhor pensar em uma boa desculpa para seu pai, porque já são duas da manhã e ele vai estar com a fúria de dez mil dragões.
— E o que eu falarei?
— Nada, eu vou dizer que te levei para minha casa em Leicester e acabamos presos por causa da tempestade. Quando chegarmos vá para seu quarto, deixe o resto comigo.
Foi a primeira vez que ele me protegeu em relação ao meu pai. Depois disso, eu não o vi por dois dias, até que ele novamente apareceu, sorriu ao me ver, mas logo em seguida bocejou e continuou caminhando acenando para mim, eu vi pela camisa dele que tinha cicatrizes, foi então que eu percebi que ele levou doze chicotadas por minha culpa e foi acusado de me raptar. Miguel nessa época ainda nem sonhava que seria meu noivo anos mais tarde e provavelmente estava em relacionamento com a Fiora. Ele levou chicotadas para impedir que eu levasse bronca e tivesse minha liberdade arrancada. Foi então que eu percebi o quão bondoso ele era, embora fosse irritante.
Após passar por essas lembranças cai em um mundo completamente diferente. Eu estava no submundo, olhei para baixo e vi que estava com as roupas de Anya. Ao meu redor e tudo era cinza, as arvores tinham essa cor, o céu, o chão tudo. Percebi que tinham alguns olhos vermelhos me olhando; demônios estavam me cercando, avistei uma montanha que ficava abaixo de uma estrela. Meus olhos brilharam e eu me teleportei para lá, os poderes de Anya estavam embutidos em mim, então facilitou bastante.
— Erika? O que você está fazendo aqui? — ele falou, aquecendo sua mão em uma fogueira. — Você também morreu?
— Não, eu não morri. Posso tirar você daqui, mas você tem que colaborar.
— Como assim?
— Anya é uma parte de mim. Nesse momento, o outro eu está la fora combatendo Unya, mas precisamos de você. Você precisa encontrar uma conexão com seu antepassado para poder retornar.
— Antepassado? — ele perguntou confuso. — Esta falando do marido de Anya?
— Como sabe disso?
— Seu pai me disse isso quando me trouxe para seu país ‘’Sua ligação com Anya vem do seu antepassado, sua conexão com ele será a chave quando tudo estiver perdido’’ — ele falou, tentando imitar o tom de voz de meu pai. — Acho que agora faz sentido.
— Então por favor, entre em conexão com ele o mais rápido possível.
Ele caminhou até mim, segurou minha mão e fechou seus olhos. De mãos dadas, um circulo magico apareceu em baixo de nossos pés. Novamente eu senti o espaço esticando ao nosso redor, só que não começamos a cair, ficamos parador ali, sobre o lugar escuro. Um homem apareceu em nossa frente, tinha cabelos brancos e olhos avermelhados, sorriu ao ver Miguel, esticou sua mão e Miguel segurou a mesma, nos acordando logo em seguida.
Eu voltei para nosso mundo, eu estava parada segurando o braço de Unya com uma mão, e a espada dele com a outra. Miguel ainda estava deitado no chão, ainda morto com o enorme buraco em seu peito.
— Você conseguiu? — disse Anya em minha cabeça. — Miguel vai voltar?
— Eu não sei, estávamos juntos até agora pouco, não entendi, era pra ele ter voltado.
— Acho que ele não voltou porque a conexão não foi completa, estamos por nossa conta — ela disse, era estranho ouvir sua voz em minha cabeça, eu parecia esquizofrênica, mas por algum motivo aquela voz doce me acalmava. — O corpo é seu, você luta melhor do que eu, eu ajudarei você.
Eu chutei o estomago de Unya, soltei seus braços e saltei sobre ele com a lança de Miguel que estava sobre meu domínio. Mirei em sua cabeça, mas não obtive sucesso, ele deu alguns passos para trás desviando de meu ataque e levantou sua mão, criando uma enorme esfera negra a jogando em minha direção, eu me esquivei dela, porem uma segunda esfera me acertou no ar me fazendo cair no chão. Eu sentia uma dor muito aguda em meu peito, dificultando minha respiração.
— Erika finalmente se uniu, minha irmã sempre foi uma ótima estrategista, porem fraca no combate — ele falou, sorriu e apontou sua espada em nossa direção, enquanto caminhava lentamente.
— Ele ta certo, eu nunca derrotei meu irmão em nada... Mas eu sei que você pode, você viu Miguel lutar várias vezes, você consegue.
Unya veio em minha direção, eu me levantei, ainda ferida usei minha lança para manter uma distancia segura dele. Uma lança de dois metros é bem vantajoso quando se esta na defensiva e podemos usar com bastante facilidade para contra atacar. Minhas previsões eram inúteis, pois Unya tinha o mesmo poder e sendo assim nós acabávamos que anulando ambos os poderes. Eu saltei sobre ele e lancei uma rajada de raios utilizando a ponta de minha lança e arremessei a mesma, ele girou para sair da direção do raio e pegou a lança, porem a mesma ao entrar em contato com ele o eletrocutou, como se ele estivesse sendo negado. Aproveitei a brecha e acertei um soco em seu rosto o arremessando, me teleportei para cima dele e o chutei contra o chão criando uma grande cratera no lindo jardim, deixando o local coberto pela poeira.
— Conseguimos? — eu falei, estava com a respiração pesada e consegui usar a magia de Miguel, no entanto aquilo parecia ter destruído meu corpo por dentro. Sentir raios em meu corpo foi doloroso e lançar um ataque assim causou um certo desconforto, não sei como Miguel consegue aguentar isso.
— Não sei, a magia de Unya ainda esta emalando dali — disse Anya, com sua voz doce. — O que devemos fazer?
— Atacar — eu falei, novamente criei raios sobre meu corpo, foi doloroso, mas eu sei que golpes assim causam um dano imenso em seu inimigo. Continuei arremessando uma enorme quantidade de raios ali na cratera até ficar exausta. — Agora ele não deve estar bem.
— Não devo? — ele gritou, saltando da cratera em minha direção, fincando sua espada em meu estomago. — Sua tentativa foi valida.
Eu me ajolhei ali na frente dele, tentei o atacar por trás, chamando minha espada a fazendo voar em nossa direção, porem Unya percebeu e moveu sua cabeça para o lado, fazendo a espada passar reto caindo em minha frente. A peguei e tentei corta-lo na diagonal, o fazendo dar um mortal para desviar, lançou uma rajada de chamas negras em minha direção, queimando meu braço esquerdo. Eu gritei de dor, mas resisti, tentei ataca-lo novamente, onde ele me aplicou uma rasteira, ele apontou sua espada para mim e tentou me acertar, onde eu rolei para me esquivar e lancei uma nova rajada de raios nele o acertando em cheio. Ele ficou com sua roupa rasgada, sua camisa ficou em pedaços, mas não o impediu de ficar em pé.
— Mas que droga, esse cara não cai não importa o que eu faça! — eu falei para Anya, que se mostrava preocupada.
— Precisamos do Miguel, eu sabia que precisaríamos dele. O Lumière era filho de Antares, assim como eu era filho de uma divindade maior, e mesmo que nunca tenha chegado a ser um deus, seu poder para batalha era imensurável. Ele é quase um deus da calamidade, o único que pode parar Unya.
— Mas eu tentei, ele não acordou.
— Se preocupa com essa espada vindo na sua direção — ela falou, me alertando do ataque de Unya. Usei meus pés para pegar impulso e me arrastei dali me esquivando do ataque. — Tente chegar até ele. Talvez possamos puxar ele de volta a força.
Usei a espada para me levantar, corri até Miguel, porem Unya lançou esferas de magia negra em minha direção. Usei Anya de exemplo, deixei meus pés leves, senti como se estivesse planando, senti a brisa em meu rosto, era como se eu tivesse uma visão sísmica, só que pelo ar ao invés da terra. Cheguei ao lado do corpo de Miguel botando sua cabeça em meu colo, ergui meu braço para me proteger das esferas de meu inimigo.
— Vamos Miguel, acorda — falei, enquanto passava minhas mãos em seu cabelo. — Por favor, precisamos de você. — acrescentei, vendo meu escudo rachando aos poucos. — Miguel!
O escudo quebrou, porem a esfera não me atingiu. Eu olhei para minha frente, onde vi Miguel se levantar, lentamente, parando a esfera negra com sua mão, como se não fosse nada.
— Odeio quando você grita na minha orelha — ele falou, ele parecia estar usando todo seu poder, mas seu cabelo diferente de antes não ficou branco, ou seus olhos mudaram de cor. Ele parecia controlar seu poder por completo.
— Demorou sabia? — falei, fazendo Anya dar leves risadas.
— Ele é igualzinho ao meu marido.
— Ta, mas você ta morta e não vai dar encima dele.
— Desde quando você fala sozinha? — Miguel falou, o que deixa claro que ele não consegue ouvir a voz de Anya. — Ah, esqueci que você foi possuída.
— É um prazer te conhecer também Miguel — Anya falou, — Rei dos otários — brincou, sabendo que ele não iria ouvir, me fazendo dar uma pequena risada.
Miguel me olhou estranho, pois não sabia o que se passava, mas logo voltou a encarar seu inimigo. Unya sorriu olhando para ele. Miguel pegou as espadas de volta, também pegou a lança e o escudo, transformando em um artefato único, deixando somente meu arco de fora. O artefato, arma, ou seja lá como eu devo chamar, parecia uma lança de magia, era azul e dela emalava uma magia e fazia um som quando movimentada.
— Miguel, parece que se conectou com seu antepassado. Como é? Sentir esse poder, a habilidade dele? Como se sente? — o ruivo disse, caminhando em circulo ao nosso redor.
— Estranho, ter esse poder em meu corpo é bem desconfortável — Miguel respondeu, saltando na direção dele abrindo um ferimento no ombro do inimigo que deu alguns passos para trás, revidando seu ataque o acertando na área do pescoço, abrindo um pequeno corte.
Unya aumentou seu poder, a aura vermelha e negra ficavam ao seu redor, dava para avistar novamente suas asas, grandes asas. Miguel não ficou para trás, também aumentou seu poder, raios ficavam sobre seu corpo o transformando em uma arma humana. Ele se transformou em um raio e foi na direção dele, Unya fez o mesmo, abriu suas asas e voou na direção de meu marido, em alta velocidade se chocaram no centro criando uma onda de impacto. Miguel foi arremessado para trás, eu vi o poder de Unya crescer, eu fiquei com medo, mas me levantei, peguei meu arco e mirei nele, atirando novas flechas que sequer eram capazes de penetrar pela magia.
— Você precisa se concentrar mais — falou Anya. — O poder do arco vem da sua concentração e da maneira que você molda sua magia. Unya esta ficando em seu auge.
Miguel se levantou, seu braço estava quebrado, mas ele não se deixou levar pela dor. Com sua mão esquerda ele segurou a espada, a deixou apontada para Julio que deu um sorriso. Começou a caminhar em nossa direção, eu me lembrei da jaula que Miguel disse, ele falou que Anya saberia a resposta, então eu perguntei.
— Como eu faço pra criar a jaula? — perguntei atirando flechas para atrasar Unya, que criou uma barreira com sua mão.
— A jaula... Me deixe assumir seu corpo, eu precisarei despertar completamente para criar a jaula, mas se eu fizer isso talvez eu não consiga trazer você de volta.
— Então faça! — gritei sem hesitar, Miguel olhou para mim, sabia que eu parecia estar pronta para me sacrificar. — Desculpa Miguel.
A aura vermelha de Anya cobriu meu corpo. Eu sai de meu corpo, para uma sala vermelha onde comecei a ver tudo pelo ponto de vista dela, eu podia controlar meu corpo, mas era muito estranho, como se não fosse eu.
— Erika? — Miguel perguntou, me olhando com uma certa estranheza. — Quem é você?
— Me desculpe, mas Erika não existe mais — eu falei pra ele, não foi o que eu quis dizer, mas simplesmente saiu, eu me unifiquei com Anya, nos tornamos um só. — Olhe pra frente garoto, nosso inimigo esta ali.
Miguel ainda com estranheza me olhou, mas rapidamente voltou a olhar para o inimigo. Ele estava muito incomodado, queria reclamar e fazer coisas do tipo, mas se segurou, sabia que seria em vão se parássemos a luta agora. Eu avancei rapidamente, Unya se protegeu usando suas asas agora bem visíveis, fui arremessado para trás, no entanto criei milhares de flechas e atirei na direção dele o acertando em alguns lugares. Miguel aproveitou a brecha e cortou uma de suas asas o fazendo gritar. Seu grito fez o jardim tremer, mesmo estando acima das nuvens, podíamos sentir a vibração lá baixo, como se uma forte tempestade estivesse começando.
— Me desculpe irmão — ela falou, bati minhas mãos e as toquei no chão logo em seguida criando um circulo magico atrás de Unya, uma jaula com grades magicas começou a aparecer atrás dele. — Miguel, empurre ele para jaula!
Miguel mudou a realidade, nos trouxe para a alternativa onde espadas saiam das nuvens. Começou a atirar nele o fazendo recuar pouco a pouco em direção a gaiola. Ele com somente uma de suas asas, a balançou criando uma forte onda de vento destruindo a realidade, após isso eu fechei meus olhos por um segundo, tempo o suficiente para Unya me atacar, fiquei paralisada, não consegui ter reação, novamente fechei meus olhos e esperei a morte. Escultei alguns sons de correntes, fiquei com meus olhos fechados por dois segundos e os abri logo em seguida sentindo uma leve fisgada em minha testa; Unya estava ali, parado com sua espada encostando em minha testa fazendo cair sangue pelo meu rosto deixando um rastro; seu braço estava preso por correntes que saiam de cima da gaiola, outras vieram logo em seguida o puxando pelo pescoço; cintura; pernas e uma em especial perfurou sua asa a destruindo.
— Se tem tempo pra voltar dos mortos vai ter tempo pra empurrar ele para jaula — Ethan falou, ele ainda estava preso em baixo do castelo, mas de alguma forma nos ajudou. — Faça Miguel! — terminou.
Miguel aproveitou que as correntes já o puxavam e com seu artefato enfiou no peito de Unya e assim continuou até o jogar contra jaula, porem a mesma não fechava. Eu tentava de diferentes maneiras, mas não consegui, a jaula não queria fechar. Corri na direção do inimigo com meu arco em mãos e o abracei ficando ambos dentro dela. A jaula se fechou logo em seguida e começou a entrar no chão. Miguel ficou do lado de fora, batendo nas grades enquanto a mesma descia, gritava por meu nome desesperado, mas eu nada pude fazer, sorri de volta enquanto uma lagrima escorria de meu rosto. Não conseguia ouvir as palavras dele, apenas sabia que clamava por mim, me ajoelhei ao chão, tampei minha boca enquanto lagrimas pingavam no chão, pouco a pouco meu corpo ficava submerso até que desapareceu.
— Então é isso? — falei para Anya. A jaula descia cada vez mais fundo, estávamos claramente no submundo, no lugar mais denso de lá. Tinha somente um caminho para a jaula, ela era cercada por correntes que a prendiam no ar enquanto raios caiam ao nosso redor. Mesmo que estivéssemos na mesma jaula eu não conseguia ver Unya, que se escondia no outro canto da jaula.
— Sim, parece que pensamos a mesma coisa — Anya falou. — Mesmo que fossemos a mesma existência, só fazemos aquilo que nossas mentes concordam, isso é, se discordamos em algo a ação não é feita. Parece tanto eu como você queria se sacrificar por isso.
— Então agora ficaremos aqui por mil anos? — eu novamente perguntei, me sentando no fundo da sela para observar aquele local assustador.
— Não, essa jaula é feita para conter deuses — ela comentou, enquanto seu corpo apareceu ao meu lado, se mostrando separado do meu. — Essa sela nos separou, Erika, você não pertence a esse lugar.
— Erika! — ouvi o grito de Miguel que ecoou pela jaula. — Volta pra mim, Erika!
— Ouviu não é? Você não pode desistir dele. Esse não é o seu lugar, vá.
— Não posso deixar você sozinha com ele — apontei para Unya, que estava no outro lado da grade, nos encarando com seus olhos brilhantes. — Não posso aceitar isso!
— Você não tem escolha — ela disse, enquanto eu sentia pingos em meu rosto.
— Não adianta ficar preocupada, vocês vão precisar de nós — Unya falou, se sentando no chão, apoitando seu braço sobre o joelho, tampando sua boca. — O deus Unalak vai ressurgir daqui a dezoito anos. Quando isso acontecer, venham até mim com o rabo entre as pernas.
— Calado Unya — a deusa falou, botando sua mão em meu ombro. — A gente se vê.
Eu senti meu corpo sendo puxado bruscamente; novamente comecei a perceber gotas caindo em meu rosto. Uma voz me guiava, a voz de Miguel me puxava para fora dali. Lembranças novamente me cercou, me lembrei do dia que soube que Miguel seria meu noivo. Me lembrei do dia que eu pensei estar irritada e nervosa por isso, quando na verdade estava amando a ideia. Me lembrei do nosso primeiro beijo naquela manhã e mesmo que foi estranho, foi bom.
— Vamos Erika, acorda meu amor, fique comigo — Miguel dizia.
Naquela escuridão, eu vi uma mão estendida, a segurei firme e a deixei me puxar pra luz. Abri meus olhos lentamente, vi Miguel chorando sobre mim, eu estava com minha cabeça apoiada sobre a perna dele. Suas lagrimas escorriam pelo meu rosto, ele me abraçou forte ao ver que eu estava viva. Eu tentei o abraçar de volta, mas não tinha força para levantar o mesmo.
— Acorda meu amor? — eu falei lentamente, com minha voz fraca. — Nunca pensei que fosse viver para ouvir o Miguel dizer isso.
Ele me ergueu e começou a descer a torre comigo em seu colo. Os soldados ainda nos esperavam de fora da torre. Observando, sem saber o que acontecia lá em cima.
— Foi só um sonho, você estava dormindo — ele falou para mim minutos depois. — Nunca mais faça isso — acrescentou beijando minha testa.
Miguel caminhou para frente de todos os encarou. Olhou para mim, segurando minha mão e o os encarou devolta, e com somente uma palavra, fez todos urrarem.
— Liberdade chegou, eu aqui declaro: A guerra milenar acabou.
Seus soldados lançaram seus chapéus para o céu. Tiraram suas armaduras, e jogaram suas armas ao chão. Acampamos em Drunger no meio da festa que ali fizemos.
— O que aconteceu com o artefato que você estava segurando? — perguntei para ele, eu ainda estava deitada, não tinha muita força para me mover.
— Não sei, ele desapareceu logo após a jaula sumir. Não entendi o que aconteceu também.
— Eu não sei se devo te dizer agora, mas eu acho que isso ainda não acabou.
— Conte-nos mais tarde. Agora o importante é... Nos beijar, e voltarmos para casa, vamos criar uma família e largar dessa vida de soldados por um tempo. Vamos viver como pessoas normais, eu tenho uma casa na floresta muito boa, quer ir comigo?
— Sim — aceitei seu pedido.


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Notas finais do capítulo

Bom, agora postarei o epílogo ainda hoje



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