Two? escrita por Miss Lamarr


Capítulo 1
Capítulo 1




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E lá estava eu, estacionando o meu carro na garagem depois de uma segunda-feira cansativa. Como as segundas tem o poder de acabar com a nossa felicidade, não é? Desci do carro e vi alguma coisa cutucar minha perna. Me virei, notando Lucas, meu filho, segurando um furão.

- E aí, Lucas? - Troquei um highfive com ele. - Que é isso?

- É o Curry. - Ele sorriu animado. - O furão que a tia Thalia me deu.

Entrei em casa junto ao Lucas e o furão. Ele pulava de alegria e colocava o bichinho perto de mim, para ele me cheirar.

- E a Thalia vai ajudar cuidar dele? - Perguntei. - E vai comprar a comida dele? E vai limpar ele?

- Ah, papai! - Ele exclamou, triste. - Mamãe deixou. É a mamãe que manda em casa.

Eu ri, me sentando no sofá. Lucas se sentou do meu lado e começou a acariciar o furão.

- Tudo bem. Fique com o furão que tem nome de comida - Respirei fundo. - Onde está sua mãe?

- Na cozinha. - Ele respondeu.

- Ok, obrigado, Lucas. - Eu baguncei os cabelos do meu filho.

Me levantei e fui até a cozinha. Vi Lucas brincar com o furão através da porta. Annabeth estava sentada comendo um bolo azul, ela parecia bem interessada nele. Quando me viu, parou de comer e lançou um sorriso amigável até mim.

- Boa noite, flor da noite. - Dei um beijo casto e rápido nos seus lábios.

A boca de Annabeth costumava ter gosto artificial de menta, devido a pasta de dente que ela usava, mas agora tinha gosto de pasta americana, chantilly e chocolate branco. É nojento falar que não era tão ruim assim? Certo, talvez seja um pouco.

- Boa noite. - Ela voltou a comer o bolo.

- Você fez esse bolo?

- Não, sua mãe trouxe para a gente. - Respondeu. - Faz uns dois dias. Eu tinha me esquecido dele completamente. Uma pena, porque é muito bom.

- Pensei que odiasse esses doces azuis. - Comentei, limpando um pedaço de bolo no canto dos seus lábios.

- Odeio sua obsessão por eles. - Ela olhou Lucas na sala, por trás de meus ombros. - E a daquele garoto ali.

Eu sorri e peguei um pedaço do seu bolo com a mão.

- Em falar naquele garoto ali - Eu disse, de boca cheia. - você viu que Thalia deu um furão para ele?

- É meio óbvio. - Ela comentou. - Lucas brincou com ele a tarde inteira.

- Não acredito que você deixou. - Cocei as sobrancelhas. - Bichos de estimação dão trabalho.

- Ele vai fazer 7 anos em dois meses e nunca teve um, deixa ele aproveitar. - Annabeth deu de ombros. - Talvez faça bem.

- A Annabeth que eu conheço diria algo como "Pode devolver isso para Thalia agora, Lucas Jackson! E engole esse choro!" - Eu ri.

Ela acompanhou meu riso e revirou os olhos.

- Como foi o trabalho hoje? - Perguntou ela, mudando de assunto.

- Desgastante, mas bom. - Respondi. - As pesquisas ferveram. Estudei bastante, você ia ficar orgulhosa.

Eu sou biólogo marinho, não sou um gênio como minha mulher, mas me esforço sempre que possível.

- E o seu, como foi?

- Foi ótimo. - Ela se animou. - Fazia tempo que eu não botava a mão na massa com tanta vontade, sabe?!

- Imagino. - Falei, indo pegar uma lata de refrigerante na geladeira. - Você ainda tem a sorte de trabalhar só das 09:00 até as 14:00 nas segundas.

Ela se endireitou na cadeira, esperando eu voltar a sentar. Quando o fiz, ela segurou minha mão por cima da mesa e acariciou-a, cheia de ternura. Me fitou com aqueles olhos cinzas brilhantes e charmosos. Que olhos lindos aquela mulher tinha, meus deuses!

- Eu fui ao shopping hoje depois que sai da empresa. - Ela agora olhava para cima, com um ar sonhador e feliz. - Comprei uma camiseta para Lucas, é tão linda. De todas as camisetas que ele já teve, essa é a minha preferida.

- Melhor que a dos Yankees? - Arrisquei perguntar.

- Muito melhor. - Ela sorriu com orgulho.

- Melhor que aquela com pequenos monumentos? - Continuei.

- Melhor que todas! - Ela levantou o tom de voz.

- Hum. - Dei um gole generoso no meu refrigerante. - Que legal!

- Você não vai querer ver? - Annabeth desfez a expressão alegre.

- Homens não se animam com camisetas infantis, meu amor. - Falei. - Sabe que qualquer coisa que vestir nele está bom para mim.

Annabeth ergueu uma sobrancelha, demonstrando insatisfação.

- Percy! - Exclamou. - Essa é especial. Eu tenho certeza que você vai gostar.

- Certo, Annie. - Passei os dedos entre os cabelos. - Onde está a bendita camiseta?

- Naquela sacola marrom. - Ela apontou, ansiosa. - Em cima do balcão.

Fui até o balcão e peguei a tal sacola marrom. Vi que havia alguns enfeites de caminhões nela. Voltei para a mesa balançando-a nas mãos. Annabeth me olhava curiosa. Quando me sentei e estendi a sacola na mesa, comecei a pensar que talvez fosse uma camiseta especial mesmo. Uma que soltasse raio laser. Ou uma que mudasse de cor toda vez que fosse molhada. Não sei, as opções eram tantas. Tirei a camiseta da sacola, ela estava envolvida em um plástico vermelho e decorado. Sacodi o plástico freneticamente para a camiseta cair. Assim que ela caiu, eu a desdobrei. Aí veio a surpresa! Não, de jeito nenhum, ela não soltava raio laser. Mas era tão assustadora quanto. Assustadora no bom sentido, diga-se de passagem. Devo ter feito alguma cara bem engraçada, pois Annabeth começou a rir feito louca.

- Está brincando, Sabidinha? - Perguntei, já não podendo conter o sorriso.

Ela fez que não com a cabeça, ainda rindo. Eu olhei mais uma vez para a camiseta, sem acreditar. A camiseta dizia "Eu vou ser um irmão mais velho". Eu estava atordoado por sentimentos bons.

- Irmão mais velho? - Esfreguei meu rosto. - Não acredito. Você está..

- Uhum. - Sorriu. - Grávida, idiota.

- Oh, deuses. - Beijei-a com vontade. - Obrigado por isso, Annie. Muito obrigado.

- Não precisa me agradecer, fizemos isso juntos. - Ela arrumou meus cabelos com a mão. - Parabéns, papai, pela segunda vez.

Ela me abraçou. O abraço durou uma bela quantidade de tempo. Sussurrei que a amava. Quando nos separamos, ela examinou meu rosto.

- Seus olhos estão marejados! - Ela apontou para mim, dando gargalhadas.

- Ei. - Limpei eles rapidamente. - Não estão não.

- Cade o cara que não ligava para roupinhas de criança? - Ela bateu em meu ombro, se divertindo. - Cade, hein, machão?

Revirei os olhos.

- Homens não se animam com camisetas infantis, meu amor. - Ela imitou minha voz de um jeito ridículo. - Não foi isso que você disse?

- Vamos fazer 12 anos de casados e você ainda não perde a oportunidade de me irritar. - Falei.

- Eu já disse, Cabeça de Alga. - Ela colocou a camiseta de volta na sacola. - Nunca vou tornar as coisas mais fáceis para você.


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