Little Bird escrita por oakenshield


Capítulo 1
I had strings, but now i'm free


Notas iniciais do capítulo

Esse é um final extremamente alternativo. É improvável, claro, mas eu espero que vocês gostem e comentem e que sejam team sansa.PS: nos livros a Sansa não é estuprada. Ela nem sequer está em Winterfell de acordo com a linha do tempo.



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Observava a chama crepitando enquanto a vela derretia. O tempo estava se esgotando e a hora estava chegando.

Não queria casar. Não com ele. Sempre sonhei em como esse dia seria e depois de tudo o que aconteceu em King's Landing, decidi que não valia mais a pena sonhar com algo que jamais aconteceria.

Me olhei no espelho. Tinha os traços de minha mãe. Pensar nela me aperta o peito. Começo a lembrar de quando era feliz e não sabia, de quando toda a minha família estava viva.

Respiro fundo para que as lágrimas não caiam e espero. A criada logo aparece e enche a banheira no meio do quarto com água quente. Me dispo e entro devagar para não me queimar.

– Você é bonita - a criada começa a falar -, mas precisa mantê-lo feliz. Ramsay se entedia fácil.

Ela começava a tagarelar enquanto lavava meus cabelos. Me lembrava dela, de quando ela me fez ir até o canil e reencontrar Theon. Não confio nela e gostaria que parasse de falar, mas não queria me incomodar, então não a interrompi.

– Você não gostaria de acabar como as outras.

– Que outras?

Então ela lista as belas e meigas garotas com quem Ramsay Bolton dormiu e, quando se entediou, jogou fora.

– Por que eu estou falando isso? É o dia do seu casamento, afinal.

– Qual é o seu nome mesmo? - pergunto enquanto ela torce meu cabelo.

– Myranda.

– E há quanto tempo você o ama, Myranda?

Percebo que ela para de mexer em meus cabelos e viro o rosto para encará-la.

– Imaginou que ele ficaria com você para sempre? Que seria diferente? - olho para ela e analiso a raiva escondida em seu olhar. - Então eu vim e estraguei tudo.

Penso em tudo o que eu perdi para chegar até ali, em todos que haviam pisado em mim e me aterrorizado. Passei por tanta coisa e ali estava. Não deixaria que ninguém ousasse passar por cima de mim novamente.

– Eu sou Sansa Stark de Winterfell. Esse é o meu lar e você não pode me assustar.

+++

Myranda não voltou. Nem qualquer outra criada apareceu. Me vesti sozinha, com grossas lãs por baixo do comprido vestido branco. Uma criada entrou no quarto em silêncio mais tarde e trançou o meu cabelo.

Então eu fiquei sozinha e esperei. Esperei até que Theon apareceu.

– Eu vim acompanhá-la até o Bosque Sagrado, minha senhora.

Não era o mesmo Theon que eu havia visto no canil ou aquele que servia a mesa no almoço. Parecia Theon Greyjoy, com suas vestes negras e espada, e não apenas mais um servo de Ramsay. Parecia o Theon que eu conhecia.

Porém eu sabia que não. Eu jamais o conheci de verdade. Apesar de ter crescido conosco, traiu nossa família na primeira oportunidade e isso é algo que eu jamais perdoarei.

– Você poderia, por favor, minha senhora, tomar o meu braço?

– Não. Eu não tocarei em você.

Ele respira fundo. Parece cansado, mas não me importo. Não cederia.

– Lorde Ramsay me disse que eu deveria acompanhá-la pelo braço.

– Não.

– Ele irá me punir, por favor.

– Não.

Algo muda em seu olhar.

– Minha senhora...

– Não! - altero o tom da voz. - Você matou Bran e Rickon! Traiu Robb quando deveria protegê-lo. Meus irmãos poderiam estar vivos se não fosse por você.

– Sansa - ele me chama -, tem algo que você precisa saber.

+++

O casamento acontece rapidamente e eu não consigo prestar atenção em nada. Não com a revelação de Theon.

Bran. Rickon. Ambos estão vivos. Desaparecidos, porém vivos. Os lobos não deixariam nada acontecer a eles, eu sabia disso. Verão e Cão Felpudo os protegeriam.

– Não espere que eu o perdoe, de qualquer maneira - disse. - O que você fez é imperdoável.

– Lorde Ramsay me torturou - ele contou. - Ele tirou... ele...

– Minha senhora? - a voz de Ramsay me desperta. - Espero que esteja confortável.

– Sim.

– Ótimo - ele me olha por completo. - Tire sua roupa.

Olho para Theon ali parado. Ele entende o recado. Está pronto para se retirar dos aposentos quando Ramsay o faz parar.

– Você fica - ele fala, olhando para Theon. - Você vai assistir.

Não, penso. Eu me nego a fazer isso. Não na frente de um dos homens que destroçou a minha família.

– Não - digo.

– Não o quê? - Ramsay pergunta, irritado. - Não tem não. Eu mando aqui. Eu decido. Sou o herdeiro de Winterfell e do Forte do Pavor. Sou um Bolton. O Norte é meu.

Sinto o sangue esquentar dentro de mim e de repente parece calor demais dentro daquele quarto. As várias camadas de pele que eu usava não eram mais necessárias. Meu sangue fervia dentro de mim, minhas veias borbulhavam. Eu prometi que não me renderia a ninguém. Jamais abaixaria a cabeça depois de tudo.

– Eu sou Sansa, da Casa Stark e Tully, verdadeira herdeira de Winterfell. Seu pai conquistou o Norte matando o verdadeiro Protetor, Robb Stark, meu irmão. Não de uma forma honrada, mas de uma forma suja, matando seu suserano com uma facada.

Então meu rosto queima. Percebo que ele me acertou com um tapa, o que me faz ter mais raiva ainda.

– Como ousa falar mal de Lorde Bolton, meu pai, diante de mim?

– Seu pai? - rio. - Você não passa de um bastardo. Seu pai, por não ter outra opção, o tornou legítimo. Mas agora que um herdeiro de verdade está chegando...

Ramsay, irado, me empurra para a parede, derrubando uma cômoda ali perto e quebrando algo que estava em minha família por anos: um jarro da família Tully.

– Nunca mais, está entendendo, nunca mais ouse...

O lobo dentro de mim é acordado naquele momento.

– Se você me tocar novamente, eu vou gritar para que todos ouçam - sibilo calmamente - e então veremos se os Bolton vão se manter no poder sem o apoio do Norte.

Era como se o meu lobo tivesse hibernado por um bom tempo e agora ele estivesse acordado depois de um longo inverno. Me sentia aquecida, poderosa, mas, acima de tudo, me sentia viva.

Ramsay recua diante de minha ameaça por alguns segundos. Então começa a rir de mim. Pega meu braço com força e me joga na cama com brutalidade, virada de costas. Ele rasga meu vestido, espalhando botões pelo quarto.

– Você não tem influência alguma aqui, Sansa da Casa Stark - ele sussurra ameaçadoramente em meu ouvido. - Não há ninguém para ouvir seus gritos. Você está sozinha.

Sabia que Petyr tinha ido à King's Landing porque foi convocado por Cersei, mas fazia muito tempo. Esperava que ele estivesse de volta para o casamento, como havia prometido. Porém ele não veio. Me abandonou, como tantas outras pessoas. Ramsay estava certo: eu estava completamente sozinha.

Fecho os olhos e seguro as lágrimas quando ele ergue meu vestido. Me forço a pensar em outras coisas para não enlouquecer diante do que vai acontecer. Sabia da fama da sua loucura, mas não pensei que tudo isso fosse acontecer dessa maneira.

– Você conhece Sansa desde que ela era uma menina - escuto Ramsay dizer à Theon. - Agora assista ela virar uma mulher.

As lágrimas caem dos meus olhos. Não consigo. Não iria suportar viver com esse homem horrível, ser obrigada a dormir com ele todas as noites, dividir a cama com esse ser terrível, ter filhos com o sangue desse monstro. Me negava a isso.

Ramsay para. Ouço um estrondo e depois mais outro. Abro os olhos, viro para trás. Vejo Ramsay no chão, desmaiado, e um candelabro nas mãos de Theon enquanto lágrimas enchiam seus olhos.

– Eu não podia deixar ele fazer isso com você - ele sussurra. - Eu sei que você nunca vai me perdoar por todo o mal que eu fiz, Sansa, mas...

– O que nós vamos fazer? Lorde Bolton ainda manda no Norte. Ramsay ainda está vivo. Quando acordar...

– Lorde Ramsay estava vigiando Lorde Baelish. Bom, ele me manda ler suas cartas. Lorde Baelish se encontra em uma estalagem há alguns quilômetros daqui. Se pegarmos uns cavalos rápidos, podemos chegar lá pela manhã.

– Viajar pela estrada no meio da noite?

– É isso ou enfrentar a ira dos Bolton. Se ficar, nem Lorde Baelish poderá salvar seu pescoço.

Concordo com a cabeça. Theon pega uma capa e a coloca ao redor dos meus ombros.

– Obrigada - me forço a dizer. Apesar de querer me perdoá-lo depois de tudo o que ele fez hoje por mim, algo dentro de mim ainda me travava. Não conseguiria, eu sabia. Levaria tempo. Porém Theon se arriscou para me salvar. Ele me contou a verdade.

– É o mínimo que eu posso fazer depois de tudo.

+++

Havia sido como Theon disse: ao nascer do sol, encontramos uma estalagem no meio da estrada onde Petyr estava. Ele nos recebeu com surpresa e eu contei tudo o que aconteceu. Deixei que seus braços me envolvessem e que sua boca pousasse em minha testa.

– Sinto muito por não estar lá - ele sussurra. - Meu navio atrasou. Eu deveria estar lá...

– Já passou - digo, olhando fixamente em seu mar misterioso que ele chama de olhos.

– Não. Eu sou seu tutor, eu deveria estar lá para protegê-la e eu falhei. Sinto muito, Sansa.

Sorrio fracamente.

– Lorde Baelish, você tem me ajudado há muito tempo e eu sou grata por isso. Acredite quando eu digo que você não falhou.

Ele concorda depois de muita insistência e beija minha testa novamente antes de se afastar.

– E esse aí?

– Theon - murmuro. - Theon Greyjoy.

Petyr me olha como se eu estivesse maluca.

– Mas...

– Eu sei. Bom, Bran e Rickon estão vivos, na verdade. Theon me ajudou a fugir. Ele me salvou e agora precisa de nossa ajuda. Ramsay iria matá-lo.

– Ainda há bondade nesse seu coração - Mindinho diz. - É bonito ver que ainda existe compaixão no mundo, mesmo que eu não seja um apreciador da piedade.

– Para onde nós vamos? - pergunto.

– O único lugar em que você estará segura é o Ninho da Águia. Partiremos o mais rápido possível.

– Hoje ainda - insisto. Lorde Baelish concorda. - Theon irá conosco.

Com relutância, Petyr concorda. Havia dito a mim mesma que me esforçaria para perdoar Theon. Não seria fácil, mas meus irmãos estavam vivos. Eles precisavam ser resgatados, onde quer que estivessem.

– Mandaremos, assim que possível, um grupo atrás de Bran e Rickon.

– Tudo bem. Você tem a localização deles?

– Para lá da muralha.

Petyr quase se engasga com o vinho.

– Uma equipe para lá da muralha?

– Meus irmãos precisam de ajuda. Mandaremos um grupo atrás deles - falo, decidida. - Um Stark sobrevive ao inverno, mas todo lobo precisa de sua matilha.

Mais tarde naquele mesmo dia, pegamos um navio. Sinto meus pés abandonarem meu lar mais uma vez. Talvez, quando a guerra acabar e o Norte estiver seguro, eu volte. Talvez, Winterfell volte a ser minha casa. O que eu levava dentro de mim eram as lembranças boas dali e tudo o que era ruim tinha sido deixado para trás. Estaria segura no Ninho da Águia e logo meus irmãos estariam ao meu lado. Petyr é esperto, ficaria do lado vencedor dessa guerra e, no final, todos venceríamos, apesar de tudo que tivemos que abrir não no percurso até ali. Tantas mortes, tantas pessoas queridas deixadas para trás. Todo o dinheiro, toda a terra... tudo o que me restava era o meu nome.

Não importava. Iria lutar com as armas que tinha e venceria. Se tem uma coisa que eu aprendi em King's Landing é que uma mulher, quando está disposta a arriscar, consegue tudo o que quer. Uma mulher pode pregar. Uma mulher pode trabalhar. Uma mulher pode lutar. Uma mulher pode reinar. Uma mulher pode conquistar. Uma mulher pode destruir.

Reinar. Conquistar. Destruir.

Me vem a memória um momento em que Sandor Clegane, o Cão de Caça, me disse que eu era um passarinho preso em uma gaiola. Se ele estivesse aqui, eu seria capaz de mostrar que o passarinho cresceu e que se libertou das correntes e das barras de ferro da gaiola que o mantinham aprisionado por tanto tempo. Eu aprendi a voar.

Agora, sou um pássaro livre.


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Notas finais do capítulo

Theon Greyjoy meu bebezinho assim como Petyr Baelish e Sansa Stark. Espero que tenham gostado. XOXO.