Vollfeit - Interativa escrita por N Spar


Capítulo 9
Capítulo 8: vendedores de flores


Notas iniciais do capítulo

Olá, galera, tudo bem? (:
Neste capítulo conheceremos a Myra, que faz parte do bônus de hoje (deixarei, novamente, nas notas finais) ^y^
Espero que gostem de ambos e boa leitura, :)



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– CAPÍTULO OITO -

Vendedores de flores



– Obrigada pelo convite, senhor Aaron – a garota de olhos verdes agradeceu cordialmente.

– Não há motivos para agradecer, senhorita – o dono do Thorodan disse e olhou para Cecília, em pé ao seu lado. – Vocês serão as ruivas mais bonitas de sábado! – exclamou convencido, fazendo as moças rirem.

– Cuide-se, senhorita Myra – Cecília falou com leveza. – Agradecemos novamente por aceitar trabalhar conosco na última apresentação da temporada – e sorriu.

Myra devolveu o sorriso com um aceno e começou a andar, distanciando-se do circo. Puxou o capuz de sua capa, cobrindo o rosto, e caminhou quase toda a extensão da rua antes de virar à esquerda, numa via apertada com laterais de casas e lojas cercando-a.

Caminhava lentamente pela passagem comprida quando um ruído abafado a fez parar. Aquela via costumava estar deserta sempre que a usava. Concentrada, ficou ali, tentando captar mais algum som, porém o que ouvia era, novamente, apenas o canto dos lugres distantes misturado ao movimento das carroças.

Com passos silenciosos e desconfiados, voltou a andar. Talvez fosse um animal abandonado ou... Thoa. Lembrou-se rapidamente do garoto e seu coração disparou. Tomada pela preocupação súbita, acelerou a caminhada para chegar ao fim da rua, onde uma curva dava início a uma cena de luta recente. Tábuas de madeira tombadas, vasos quebrados e terra espalhada enfeitavam negativamente a continuação do corredor. Myra encarou o beco vazio. Suas sobrancelhas franziram enquanto observava atentamente as portas do local. Para recuperar a criança, deveria fazer a escolha certa em segundos.

Olhou para o fim da rua, onde poucas pessoas apareciam caminhando entre mais carroças e cavalos. Decidida e em passos acelerados, aproximou-se da saída do beco e diminuiu a velocidade, voltando a andar normalmente – atrair atenção não é o que desejava. Observando a movimentação da avenida, encontrou-se desprevenida quando uma voz masculina apareceu em suas costas.

– O que está fazendo, Myra?

A garota se virou e enxergou um rapaz de cabelo castanho e curto, quase rente à cabeça. Suas mãos eram protegidas por luvas de cor preta, que se sobressaía no resto de seu vestuário. Com as sobrancelhas arqueadas, encarava a garota.

– Você os viu? – perguntou rapidamente, pulando cumprimentos e questionários sobre o fato de parecer estar sendo seguida por ele.

– Sim... – suspirou como se mais uma guerra estivesse prestes a começar. – Seu pai vai gostar disso.

– Continue seguindo-os, irei avisá-los.

Myra, com passos ligeiros, voltou a andar. Por sorte, Will estava no “lugar certo e na hora ideal”. Enquanto o companheiro de gangue estivesse perseguindo o sequestrador, deveria avisar o resto do Corpus para resgatar Thoa.

A segurança do garoto, no entanto, não seria a única consequência do plano. Myra e Will sabiam, sem dúvidas, que estavam atrás dos recentes inimigos de Vollfeit. Aqueles inimigos que eram capazes de bloquear sua memória até para os curandeiros mais famosos do reino.

“Thoa não será a próxima criança”, pensou com firmeza antes de entrar na base oculta em Diellor dos Corpus.

(...)

– Ela é forte, senhor. Nada de ruim acontecerá.

Joseff encarou Will, o rapaz de olhos pretos que se juntara ao grupo cinco anos atrás. Seu rosto estampava desinteresse e tranquilidade, talvez pela fé que tinha em Myra.

– E se acontecer, meu caro, você pagará por isso – respondeu indiferente, mas sua voz passou toda a autoridade de líder que possuía.

Parados na esquina, observavam Myra bater em uma das portas da rua vazia e ser atendida por um homem corpulento. Com um vestido de cores alegres, oferecia buques de margaridas que descansavam na cesta de palha que segurava. O homem, parado na porta, sinalizou para dentro da moradia e logo mais duas figuras masculinas apareceram. Um destes começou a se aproximar da garota, que não demonstrava mudança de humor – sua encenação de moça ingênua continuava firme.

Joseff, ao assistir a filha entrar na construção malconservada, reclamou em tom baixo. Saber que Myra estava entrando no abrigo do inimigo não era animador. Em qualquer erro, sua vida e a de Thoa estariam prejudicadas. Reclamou sozinho novamente. Dissera inúmeras vezes para aquele garoto de rua parar de seguir sua filha.

Após um minuto, um arranjo de flores caiu da janela do segundo andar.

– É branca – Will avisou.

Joseff olhou para o buque estendido no chão. Apertando os olhos, conferiu a cor da fita que prendia as flores.

– São sete – disse enquanto sinalizava rapidamente para três homens parados no outro lado da rua. – É hora, Will.

Em passos longos e velozes, a dupla alcançou a porta da casa e se juntou ao trio anterior. Will, que tinha a aparência mais jovial, se endireitou e bateu na tábua de madeira enrugada que tinham como entrada. Segundos depois, um dos homens passados o atendeu.

– Ah, outra vendedora de flores? – perguntou com puro sarcasmo e um sorriso torto.

– Ah, senhor... – olhou para o chão e balançou a cabeça negativamente – Você não disse isso.

Voltando os olhos para o inimigo, lançou brutalmente o braço na direção da cabeça redonda do homem, que se dobrou e colocou as mãos na área atingida. Deixando a barriga desprotegida, logo foi acertado por outro soco na região. O homem caiu inconsciente e abriu espaço para que a gangue adentrasse o sobrado.

Dentro, a primeira coisa que encontraram foi uma sala vasta de teto baixo. A parede oposta continha uma larga janela de vidro, deixando à vista um jardim de mesmas proporções do cômodo. De frente para a lareira, um sofá velho e escuro aconchegava um menino de, aparentemente, oito anos. Joseff se aproximou e, tocando os cabelos bagunçados e castanhos do garoto, suspirou.

Esticou seus braços fortes e coletou a criança, que dormia tranquilamente. Ao se levantar, uma língua de fogo passou a centímetros de sua cabeça. Olhou para o lado e encarou Will, que se encontrava em uma posição torta após defender o ataque inimigo com mais fogo. O garoto notou o líder e, como pedido de desculpas, deu de ombros com indiferença. Joseff adorava o comportamento desencanado do jovem aprendiz. E adorava ironias.

Na escada, mais três homens apareceram. Desceram os degraus entre pulos enquanto lançavam labaredas nos invasores, que contra-atacavam com jogadas igualmente quentes e tiros molhados.

– É bom ter gente da Lua no grupo, hein... – um dos homens de Corpus pronunciou vaidosamente.

Ignorando-o, Joseff carregou Thoa para fora do local enquanto seu grupo dava cobertura. Na via, um homem de cabelo raspado se aproximou e, após Joseff esticar os braços em sua direção, pegou a criança. Acenou ligeiramente com a cabeça e voltou para a esquina, cruzando-a e desaparecendo.

Virando-se de costas, o chefe do Corpus retornou ao campo de batalha que o sobrado havia se tornado. Fumaça saía das janelas enquanto as paredes internas se encontravam em combustão. Joseff localizou os inimigos desmaiados no pé da escada e suspirou. Olhou ao redor do ambiente nebuloso e achou, perto da janela de vidro, seus companheiros.

– Onde está Myra? – questionou com pressa.

– Lá em cima! – Bura, um de seus homens, respondeu em voz alta para compensar o barulho de toras de madeira se despedaçando. – Não a vimos descer, senhor!

Joseff assentiu com a cabeça e, seguindo seus homens, abandonou o local através da janela quebrada. Atravessaram o jardim rapidamente e contornaram o quarteirão, voltando para a frente da casa.

Parada ao lado de uma elevação, antes inexistente, no meio da rua, Myra sacudia seu vestido para tirar o pó criado pelo incêndio. Will olhou para os montes de terra em formato de escada à direita da garota e sorriu.

– Construa um vaso sanitário para minha casa depois, Myra. Mas tente usar terra macia, minha pele é sensível.

A jovem o mirou enquanto seus lábios vermelhos e carnudos se contorceram em um sorriso de diversão. Olhou para trás e encontrou seu pai.

– Thoa está bem? – seu ar descontraído sumiu, dando lugar à antiga preocupação.

– Sim, Jenai está indo para a base com ele – disse enquanto analisava atentamente a filha. – Se machucou?

Myra discordou com a cabeça.

– Estou bem. Dois daqueles homens ficaram comigo esse tempo todo discutindo sobre margaridas – sorriu.

– E eles acham que você é inocente, certo?

– Sim, tudo deu certo.

Joseff sorriu ligeiramente com alívio, embora uma casa em chamas fosse o plano de fundo do final feliz.

– Voltemos agora, já fizemos o que precisávamos.

Ao dar as costas para a construção inimiga com o intuito de ir embora, uma voz tão autoritária quanto a sua chamou a atenção da gangue. Mais uma vez, virou-se. Encarou Kodir, o líder da divisão de guardas. Os olhos azuis e pacientes do homem o centralizaram enquanto seus guardas entravam na casa ardente em busca de sobreviventes.

– E o que vocês fizeram? – questionou com curiosidade.

O Corpus ficou estático, observando aqueles homens do castelo de Diellor como se a resposta viesse deles.

Aquilo, Joseff pensou, talvez não fosse um final feliz.


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Notas finais do capítulo

Bônus: http://www.ezimba.com/work/150803C/ezimba18341477281404.jpg



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